Quando Metal Gear Solid chegou à primeira PlayStation em 1998 deixou a crítica especializada e os jogadores absolutamente rendidos à genialidade de
Hideo Kojima, com o título protagonizado por Solid Snake a receber instantaneamente a designação de jogo de culto, indispensável a qualquer gamer digno desse nome e que, por si só, fazia valer a pena a aquisição de uma PS1.
No início dos anos 2000, o criador de Metal Gear tenta uma aproximação à Nintendo, tentando, por exemplo, colocar Solid Snake em Super Smash Bros. Melee (não tendo sido bem sucedido, devido aos prazos impostos pela Nintendo para o lançamento do jogo, ficando essa estreia adiada para a entrega da série na Wii). Fruto desta aproximação, Kojima e Miyamoto acordaram o lançamento de um título Metal Gear para a consola de mesa da Nintendo, a Game Cube, de forma a auxiliar as vendas da mesma. No entanto, os jogos principais da série estavam apalavrados para as consolas da Sony, pelo que a Game Cube teria de se contentar com um spin off, à semelhança do que aconteceu com o Game Boy Color.
Os sortudos dos japoneses tiveram direito a um pack com o jogo que vinha com um bonus muito apetitoso...
No entanto, preocupado com a possibilidade de um título paralelo à serie principal não atingir os parâmetros de qualidade exigidos por Kojima para a sua série, o criativo propõe o lançamento na GC de um remake do MGS original, que ficou a cargo da
Silicon Knights (empresa responsável pelo excelente
Eternal Darkness) e que foi batizado como Metal Gear Solid: The Twin Snakes.
O jogo foi apresentado em 2003, tendo insurgido uma enorme onda de protestos de muitos fãs da série que, fieis à marca PlayStation, queriam ver a Konami anunciar uma versão PS2 deste remake, decisão essa que, e embora os muitos rumores que assolaram a internet sobre este assunto, nunca se veio a verificar, devido essencialmente à promessa de Kojima a Miyamoto de que a Game Cube teria o seu MGS exclusivo.
Em Twin Snakes não ficaram de parte os pormenores deliciosos que os jogos made in Kojima apresentam sempre
Para além da obvia melhoria do grafismo, The Twin Snakes trouxe também duas grandes novidades: novas cenas escritas e dirigidas por
Ryuhei Kitamura e novas mecânicas na jogabilidade. Estas alterações na essência do jogo da PS1 foram alvo de algumas críticas por parte dos fãs mais acérrimos que defendiam que as alterações desvirtuavam o trabalho original.
Metal Gear Solid: The Twin Snakesfoi uma produção conjunta entre a
Silicon Knights e a
Konami, ficando a primeira responsável pela programação e a segunda pela arte, ficando naturalmente encarregue pela criação das cut-scenes. Kojima quis inovar e quis oferecer ao seu jogo um tom mais acentuado na vertente ação, tendo para isso contratado o diretor de cinema
Ryuhei Kitamura. O resultado final acabou por dividir opiniões, já que alguns fãs não ficaram satisfeitos com as mudanças, considerando que as cenas de ação ficaram demasiado over the top.
Tal como no original, Mantis mantem todo o seu charme e originalidade neste remake
Relativamente à jogabilidade, a Silicom Knights adicionou ao jogo mecânicas que apareceram apenas em
Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty e, portanto, não estavam presentes no original. Assim, enquanto que todas as áreas e inimigos foram mantidos, novas maneiras de o jogador poder defender-se em combates foram introduzidas, como a habilidade de disparar na primeira pessoa. Esta introdução nem sempre funcionava, pois o jogo foi feito para ser jogado na terceira pessoa e em muitas zonas não foi devidamente readaptado para ser fluidamente jogado na primeira pessoa. A Inteligência Artifical dos inimigos também foi melhorada, fazendo com que nas dificuldades mais elevadas seja um verdadeiro desafio passar invisível pelos soldados inimigos.
Metal Gear Solid: The Twin Snakes é um excelente remake e uma das perolas do catalogo da Game Cube e, embora hoje em dia não seja um jogo fácil de encontrar a preços decentes, a sua aquisição é obrigatória para os possuidores do cubo da Nintendo. Embora os mais puristas continuem a defender que a versão PlayStation é a definitiva, a verdade é que o grafismo na 32 Bits da Sony envelheceu mal, o que leva a que Twin Snakes seja a melhor opção para quem quer, pela primeira vez, conhecer esta aventura de Solid Snake. E como eu invejo esses sortudos que vão poder presenciar pela primeira vez a genialidade desta obra intemporal de Hideo Kojima. Seja na PlayStation ou na Game Cube, este é um dos jogos mais emblemáticos e importantes da industria, um clássico instantâneo que merece ser jogado por todos.