Review: Denon AH-C551

danimoca

Colaborador
Staff
Review: Denon AH-C551

Design:

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- Aspecto (15/20) - os C551 em si têm um aspecto bastante simples, mas definitivamente atraente. Já da ligação com a extensão não posso dizer o mesmo. É relativamente discreto mas um pouco grande. Tal como veremos a seguir, esta extensão trás outros problemas.

- Ergonomia (12/20) – começo logo pelo cabo e a extensão. Existem dois problemas aqui: primeiro, os dois em conjunto foram um cabo único com 1.3m, o que é, na minha opinião, um pouco comprido demais. E depois, e um pouco mais grave, existe o problema do peso que a conexão entre os dois cabos tem. Para pessoas com ouvidos que “encaixam” bem nos Denon (comigo, por exemplo), não haverá grande problema. No entanto, em pessoas cujo encaixe não é muito perfeito, o que vai acontecer é que o peso da conexão vai possivelmente fazer cair os auscultadores. Do lado positivo, temos o cabo, que não se enrola com muita facilidade. Após algum tempo de utilização, tenho que dizer o seguinte: tenho uma grande pena isto tenha que ser assim, mas o problema do peso na ligação entre a extensão e o cabo dos auscultadores é realmente um problema que pode afectar bastantes pessoas. Embora não me tenha logo apercebido ao principio, noto agora que em situações em que estou a andar com os auscultadores postos, a um ritmo “normal-um pouco acelerado”, o cabo começa a andar de um lado para o outro, o que se torna um pouco irritante. Embora os auscultadores não me caiam a mim, a ergonomia sai definitivamente prejudicada.

- Construção (20/20) – estamos aqui perante uns auscultadores muitíssimo bem construídos. Aliás, são dos produtos (de todo o tipo) mais bem construídos que me passaram pelas mãos. Os auscultadadores em si são quase totalmente feitos de alumínio, o que definitivamente parece torná-los bastante duráveis. A minha única queixa vai para o cabo, que, embora seja definitivamente bem construído, o material do mesmo não está a par dos ~90€ que pediam pelos auscultadores. Facto curioso: o cabo dos auscultadores é relativamente grosso. O da extensão é consideravelmente mais fino. Com o tempo de utilização, apenas tenho que dar um 20 a estes IEM's na construção. Parecem feitos de granito.

- Conforto (17/20) – estes são, simplesmente, sem contar com os AKG K 701, os auscultadores mais confortáveis que já experimentei. Embora sejam bastante compridos e relativamente grandes, são bastante leves e rapidamente esquecidos e “perdidos” dentro do ouvido. Os três pares de “tips” de ouvido incluídas são estranhamente moles, mas extremamente confortáveis.

- Acessórios (12/20) – pelo preço (mesmo pelo que paguei: 50€) seria de esperar um pouco mais de acessórios por parte do fabricante. Apenas estão incuidos no pack uns míseros três pares de “tips” de ouvido, todas do mesmo estilo, de tamanhos S, M e L. Não sei se o cabo de extensão deveria ser considerado um acessório, até porque, a este ponto da review já devem ter percebido que o deviam mas é ter integrado no cabo. Gostei, no entanto, da bolsa que enviam juntamente. É, tal como os C551, de extremamente boa qualidade e tem um tamanho excelente. E é de fecho, não de velcro ou outro material menos desejável. Até consegui lá meter o meu Clip+ em conjunto com os auscultadores, tendo a bolsa também um compartimento separado, no seu interior, em rede.

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Som:

Todos os testes sonoros foram maioritariamente feitos com o meu actual leitor MP3: um Sandisk Sansa Clip+ com o firmware Rockbox 3.7.1 instalado. O formato usado foi sempre, sem excepção, FLAC e nunca usei qualquer tipo de formato comprimido. Em algumas, mas raras, audições, usei o meu Marantz CD-72 como fonte, com os C551 ligados à sua saída frontal de auscultadores dedicada. Foi experimentado, mas nunca usado para o propósito desta review, o uso de qualquer tipo de equalizador ou “enhancer”, de forma a que os testes sejam justos para qualquer que seja o leitor usado e de forma a que as músicas soem segundo foram intencionados, mostrando assim as verdadeiras qualidades e fraquezas dos auscultadores. O burn-in, embora por muitos considerado como sendo um mito, foi tido bastante em conta nesta review. O método usado para fazer o dito burn-in foi o de meter a tocar uma playlist em Foobar2000 (v1.1.4) com os seguintes ficheiros (por ordem; em modo de reptição de playlist): 1-Pink Noise FLAC (10min); 2-Silence3 (3min); 3-White Noise FLAC (10min); 4-Silence3 (3min). Até ao momento do incio da review, os C551 estiveram aproximadamente 30 horas a fazer burn-in.

- Gama alta (17/20) – os agudos são possivelmente o ponto mais fraco. Mas ao mesmo tempo poderão também ser um dos melhores pontos. Deixem-me explicar. São, para mim, absolutamente perfeitos em quantidade. E isso nota-se perfeitamente em música Clássica. Está tudo no seu sitio. No entanto, especialmente em música Pop (ex.: Tracy Chapman; James Blunt) e Electrónica (ex.: Groove Armada; Daft Punk), os agudos tornam-se algo aguçados. Não excessivos, não demasiado frontais, mas com uma certa compressão aí à volta dos 10khz quando se puxa muito pelo volume. A estes volumes, algumas músicas tornam-se menos suportáveis que a maioria, de ouvir, o que é obviamente um pouco irritante, mas nem de perto um “deal breaker” por razões que verão ao longo da review. Isto melhora consideravelmente (não marginalmente) com o burn-in. Existe também uma ligeira sibilância em período “pré-burn-in”, mas que desaparece quase completamente, mas não completamente, mais ou menos a partir das 10 horas de burn-in. Existe outra questão ainda. O meu pai (que tem melhor ouvido que eu) disse-me que existe um certo hiss muito agudo em certas músicas, sinal de possível enfatização de alguma/s frequência/s. Tendo em conta o grau menor desta audição, considero que será um possível agudo à volta dos 20khz, talvez um pouco, mas não muito, menos. A única coisa que está a fazer os Denon em questão de merecer o 15 na pontuação e não menos é o detalhe na gama alta, que se nota ser claramente muito bom, notando-se tal especialmente em música Clássica, estilo de música onde os agudos conseguem ser mais “limpos” e onde existe menos da tal “compressão”, tudo isto pelo menos com estes auscultadores. No entanto, após um bom burn-in, tenho que admitir que estes IEM's apenas melhoraram. Aquela compressão que se notava antes diminuiu consideravelmente. Os agudos arredondaram um pouco também tornando-os mais fáceis de ouvir. No entanto, o detalhe na gama alta não se perdeu. Por outro lado, realço aqui uma coisa: em termos de quantidade, os C551 não têm tanta quantidade de agudos quanto possam esperar. Eles estão definitivamente lá. São detalhados também. Não são, no entanto, aqueles agudos cristalinos presentes em muitos. São frontais, diria na zona dos 10khz (onde se assiste à tal “compressão”, após o burn-in, muito menos pronunciada), mas no resto das frequências agudas, não estão em destaque.

- Gama média (20/20) – aqui é que os C551 começam espectacularmente a brilhar. Em período “pré-burn-in” fiquei um pouco assustado. Primeiro, as vozes estavam bastante distantes e a gama média estava, e geral, meio anémica. Um pouco chateado, decidi fazer aquela playlist do inicio da review e meter a rodar. Eu nem queria acreditar quando passado uma hora o som estava 70% irreconhecível. Os médios dispararam em frontalidade e os detalhes começaram a tornar-se muito mais dignos de uns auscultadores de >50€. Por falar em detalhes, posso-vos dizer que são os auscultadores mais detalhados que já ouvi, mais uma vez sem contar com os K 701 do meu pai. Mas os detalhes são claramente diferentes daquilo que estava à espera. Diferentes no sentido em que a própria gama média é extremamente “quente” e os detalhes não são tão evidentes como nos K 701, por exemplo. Eles estão definitivamente lá, mas estão mais “disfarçados” e não são tão surpreendentes como nos AKG. Por um lado, isto torna os C551 nuns IEM’s muito fáceis e agradáveis de ouvir em músicas onde a gama média é predominante (ex.: maioria da música Clássica; Acústica Vocal). Por outro lado, não surpreendem muito à primeira audição, sobretudo na área do detalhe. O tempo que estive com eles apenas serviu para reforçar a minha opinião em relação à gama média. Não vou perder tempo e vou já direito ao assunto: são, ao meu ouvido e com os meus gostos, os melhores médios que já ouvi em quaisquer auscultadores. Não são terrivelmente frontais. À primeira impressão nem são assim muito impressionantes. Mas quando nos “enfiamos” dentro da música, deparamo-nos logo com o incrível detalhe que estes IEM’s têm para dar. Ao longo do burn-in também melhorou uma coisa: a gama média tornou-se um pouco mais quente e menos frontal. Muito mais agradável de ouvir.

- Gama baixa (19/20) – não é só na gama média em que estes IEM’s brilham. Quando li as primeiras reviews na net, existia um grande “rave” quanto ao grave espectacular que eles produziam. Normalmente não sou um tipo de ouvir música com muito grave e aquilo que estava à espera antes de ouvir os C551 era que tivessem um grave um pouco mais presente que as outras frequências, especialmente os agudos. Não me preocupei muito, porque grande parte das reviews também elogiava os médios. Para minha surpresa, o grave não é nada frontal, mas sim incrivelmente extenso, profundo e sobretudo dinâmico. E isto apenas quando é necessário. Em música Electrónica, por exemplo, o grave é “cheio”, profundo e “quente”. Nunca exagerado, mas certamente com muita força. Quando passamos para música Clássica, tudo muda. O grave “espalha-se”, estando menos concentrado em certas frequências e diminui bastante em quantidade. Mas acima disso tudo, torna-se mais “frio”, rápido e dinâmico, essencialmente aquilo que é preciso no grave para música Clássica. Existe, no entanto, um ponto (no que toca ao grave) em que estes auscultadores não têm tanto sucesso. Especialmente em música Acústica/Jazz (ex.: Rekevin; Diana Krall), o grave arredonda talvez demasiado. Isto evidencia bastante bem a natureza mais “quente” do som destes auscultadores em geral, o que poderá não agradar a muita gente. A mim, agrada-me bastante e não tenciono desvalorizar o grave destes IEM’s pelo que disse. Continua a ser um grave melhor que o dos meus HD238 (mais dinâmico e preciso, sobretudo), o que para mim, é dizer muita coisa. Passadas algumas semanas o grave tornou-se ainda mais profundo, mas muitíssimo mais articulado. Digo agora que não são definitivamente IEM’s para bassheads, mas sim para quem quer um grave muito dinâmico e controlado, mas ao mesmo tempo profundo. Não são auscultadores que dão aquele ênfase muitas vezes exagerado na zona dos 100hz. Realizei um teste às frequências baixas através de um CD de testes do Alan Parsons que tenho. Reparei que são incrivelmente audíveis até na zona dos 20-30hz, coisa que não estava à espera. Abaixo disso começam a perder alguma intensidade, mas ainda com grave audível e muito sentido.

- Palco (17/20) – porque é que o som nestes auscultadores é tão difícil de explicar…? Assim muito sucintamente, poderei classificar o palco como sendo como o detalhe na gama média. Aparentemente parece ser meio fraquito, mas é porque está um pouco “escondido”. Talvez essa não seja a melhor palavra para o descrever pois onde se sente mais uma certa claustrofobia é em música mais mexida, nomeadamente Pop e Electrónica. O mais estranho, é que em música Clássica (e, em certa medida, também Acústica), até considero terem maior palco que os meus HD238. A questão é que é um palco extremamente controlado. Tudo está no seu sítio. Tudo bem definido. Sem confusões no detalhe. Lembremo-nos que estes são auscultadores in-ear (IEM’s). A abertura e o palco no som nunca serão equivalentes a uns bons headphones. É este ponto que mais me afasta nos IEM’s. Estes Denon são concerteza bons. Evoluiram muito deste a hora zero. Não é um palco extremanente aparente, como nuns Sennheiser HD555, por exemplo, mas tenho que admitir que é um palco muitíssimo mais controlado. Todos os instrumentos são distinguidos como estando longe, mas continuam a ser perfeitamente perceptíveis. Os instrumentos nunca se atropelam uns aos outros e estão sempre em lugares distintos, se é que me entende. O palco não é “enorme”, mas sim controlado e bastante bom no que toca à quantidade.

- Conclusão (Som-18/20) – Estamos portanto aqui perante uns IEM’s muito capazes pelo preço. Não vou dizer que têm uma relação qualidade/preço espectacular pelo preço original (~90€) em relação ao som, mas certamente valem muito bem os 60€ (com portes) que dei por eles. O som é extremamente equilibrado e conseguem ser IEM’s muito neutros, especialmente em música Clássica e Jazz, onde basicamente não se notam deficiências nenhumas no som, estando tudo extremamente equilibrado. O pior vem quando passamos para músicas bastante mais “mexidas”, tipo Rock e alguma Electrónica. Aqui notam-se ocasionalmente alguns problemas, especialmente nos agudos, que por vezes criam uma certa compressão quando chegámos aos momentos mais altos das músicas. Aquilo que posso dizer, para finalizar, é que são IEM’s extremamente competentes, e, acredito que quem dê bastante valor a música Clássica e Jazz deverá certamente dar uma vista de olhos nestes Denon. Nas outras músicas continuam com certeza a ser bastante bons, mas não estão tão à vontade.

Pontos fortes:
- Soberba qualidade/materiais de construção
- Extremamente neutros
- Gama média frontal e muitíssimo detalhada
- Graves profundos, controlados e sobretudo dinâmicos
- Palco amplo e preciso

Pontos fracos:
- Ridicula quantidade de acessórios incluídos pelo preço original (~90€)
- Ligação cabo/extensão um pouco pesada demais
- Compressão nos agudos, em algumas músicas

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Muito boa review danimoca, como sempre.

Mas fiquei estupefacto quando a vi, ainda no outro dia me disseste que ias mandar os IEM todos à fava e usar só headphones :rolleyes:, mudaste de ideias?

Continua o bom trabalho por aqui.
 
Muito boa review danimoca, como sempre.

Mas fiquei estupefacto quando a vi, ainda no outro dia me disseste que ias mandar os IEM todos à fava e usar só headphones :rolleyes:, mudaste de ideias?

Continua o bom trabalho por aqui.

O MMC recomendou-me que passasse as minhas análises para tópicos à parte. Já tinha feito esta análise à uns meses no tópicos dos IEM's. Fiz o mesmo para os Sennheiser HD238. Quanto à questão em si, não mudei de ideias. Continuo indeciso, mas quanto a que headphones é que haverei de comprar. Não me interpretes mal: os Denon são excelentes in-ear. Aliás, quanto à venda deles é que não sei se haverei de mudar de ideias, porque o som deles parece que "cresceu" realmente comigo. A questão do cabo é que é uma pena, mas pronto.
 
Última edição:
Bem me parecia que já tinha visto um análise tua a uns denon nos IEM, mas nem me dei ao trabalho de ir ver se era nova ou não, desde já as minhas desculpas.
Eu adoro IEM, mas não prescindo duns headphones (em casa só uso headphones), é uma decisão muito pessoal, só mencionei porque me tinhas falado em optar pelos headphones.
 
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