Análise: Phonak PFE 012

danimoca

Colaborador
Staff
Análise: Phonak PFE 012

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Introdução

Para quem não conhece, a Phonak é uma empresa especializada há muito tempo em aparelhos auditivos, maioritariamente para o mercado Europeu. É uma das empresas lideres no ramo.

Em 2008, a Phonak decidiu entrar no mercado dos IEM’s, com a gama PFE, e com grande sucesso imediato. Os IEM’s da marca usam um sistema de troca filtros que permite alternar entre diferentes assinaturas sonoras. Em 2010, estes modelos foram “re-lançados”, com algumas modificações para dar conta de alguns problemas a nível de construção observados nas primeiras versões. Ao mesmo tempo, decidiram introduzir na gama PFE um novo modelo, idêntico aos outros PFE, denominado “Perfect Bass”, com um novo filtro (o verde), menos acessórios, e um preço inferior.


O mercado está hoje em dia completamente “inundado” de IEM’s. Provavelmente a prateleira monetária onde mais concorrência tem havido nos últimos tempos será a dos 50-100€. Os Phonak PFE 012 (“Perfect Bass”) inserem-se exactamente nesse conjunto. Serão então uns bons concorrentes nesta gama?


Carateristicas dos Phonak PFE 012:
- SPL (Sound Pressure Level): 107 dB SPL/mW, 1 kHz
- Impedância: 32 Ohm’s, a 1kHz
- Resposta em frequência: 5Hz-17kHz
- Comprimento do cabo: 120 cm
- Peso: 14 g
- Acessórios incluidos: “tips” S, M, L (Small, Medium, Large)



Design e ergonomia

Os Phonak PFE 012 surpreendem em várias vertentes, mas desapontam em algumas. Aquilo em que mais se destacam será provavelmente o conforto alcançável pelos mesmos. A forma ligeiramente peculiar poderá estranhar ao principio, mas a questão é que em grande parte é graças a esta que com a maioria das pessoas os Phonak conseguem ter um “fit” excelente, senão mesmo quase perfeito. Foi este o meu caso, e tenho que acrescentar que foram os IEM’s mais confortáveis que já experimentei. São desenhados para o cabo ser usado à volta da orelha (como melhor funcionaram comigo), mas podem também ser usados como a maioria dos IEM’s, ou seja, com o cabo virado directamente para baixo. No entanto, ao usá-los desta forma, nota-se perfeitamente um certo peso do cabo, e portanto mais facilmente são capazes de sair da orelha.

As “tips” fornecidas com os Phonak (tamanhos S, M e L, como na maioria dos IEM’s) ajudam bastante ao conforto e são também as “tips” de silicone mais confortáveis que experimentei, não sendo nem demasiado moles, nem demasiado duras. Infelizmente, as “tips” são o único acessório dos PFE 012. Seria de esperar um pouco mais pelo preço, nem que apenas uma caixa de transporte simples.


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E falo na caixa de transporte sobretudo pelo que vem a seguir. Embora espetacularmente confortáveis, os Phonak PFE 012 têm uma qualidade de construção (a nível geral) que embora seja decente, não é nada de extraordinário. São totalmente feitos de plástico, o que não surpreende muito a este nível monetário, mas os plásticos usados deixam um pouco a desejar.

O
isolamento fornecido pelos Phonak, a par das “tips”, não é o melhor do mundo, mas aos meus ouvidos é minimamente decente. Embora pouco recomendável por motivos óbvios, consigo suficiente isolamento na rua, mesmo com algum barulho considerável no exterior.


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O
cabo dos auscultadores vai agradar a uns, mas a outros não. O nível de vibrações transmitidas para os auscultadores (“microphonics”) é extremamente baixo, e o cabo em si tem uma textura que aprecio bastante, por ser muito suave, e tem uma grossura considerável. Para o lado negativo, temos o facto de o mesmo ter uma certa “memória”, mesmo quando devidamente enrolado e arrumado (volta a desenrolar-se logo). Por um lado é muito bom pois não se enrola entre si muito facilmente, mas por outro lado é mau porque torna a tarefa de arrumar os auscultadores, numa caixa pequena, muito mais complicada.


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Som e ciência

As configurações de dispositivos usadas durante a realização da análise foram as seguintes:
Configuração 1 – Sansa Fuze 8GB (fonte) [+] Fiio E7 (amplificação) - MP3 320kbps (CBR)
Configuração 2 – PC genérico (fonte) [+] Fiio E7 (DAC/amplificação) - FLAC

Os Phonak foram submetidos a um período de “burn-in” que não vale a pena estar a mencionar muito isto, pois as diferenças foram praticamente inexistentes. Isto já seria mais ou menos de esperar, pois estamos a falar de um IEM de tecnologia BA (não dinâmica, como nuns Sennheiser IE8, por exemplo), que são conhecidos por beneficiarem muito pouco (ou mesmo nada) com o “burn-in”. Farei também comparações ao longo da análise, em diversos aspectos sonoros, com os Denon AH-C551.

A primeira coisa que surpreende imediatamente ao serem postos os Phonak é a incrível
sensação de “ar” que dão. O palco é grande, não gigantesco (mesmo assim muito maior que o dos Denon), mas é como se tudo estivesse mais separado do que é normal. Por um lado, isto é uma critica negativa, por outro lado não. Os instrumentos, lá está, estão separados, o que faz com que estes sejam ouvidos bastante claramente (e não misturados todos em cima uns dos outros, como em outros auscultadores), mas o foco não é nada de espetacular. Ou seja, os instrumentos estão separados, mas não se sabe bem para onde, pelo menos com grande exactidão. Isto é um pequeno problema que pode ser facilmente resolvido com alguma amplificação, tal como veremos mais a seguir.


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Em termos de
assinatura, assistimos a um som a pender um pouco para o lado “dark”, mas não a um grande nível. A gama média é talvez o aspecto que lhes dá mais esta caraterística. Não é recuada (muito menos em comparação com a dos C551). Está mais ou menos com a proporção que considero ser a correcta, mas está um pouco mais “quente” que aquilo a que se poderá chamar “neutro”.

As vozes são ligeiramente acentuadas na gama média-baixa, o que acentua bastante aquele tipo de vozes mais rocas e “quentes”. A nível geral, esta caraterística torna o som bastante “cheio” (nos Denon C551, acontecia o oposto, sendo a gama média-alta a mais acentuada). Isto dá-lhes um certo carácter a pender para o “divertido” e agradável. Em música Clássica, nota-se também isto nos violinos. Ouvem-se com bastante mais clareza do que alguma vez já ouvi nuns auscultadores aquele roçar grave nas cordas dos mesmos. Juntando isto à sensação de “ar” que os Phonak criam, e durante as passagens de faixas ou momentos em grande orquestras até o próprio “ar” se ouve. É muito difícil de explicar, mas é como que se aquela separação instrumental pouco focada que já descrevi antes criasse um espaço entre os instrumentos, e que depois este mesmo espaço fosse simplesmente preenchido com algo que não o puro silêncio. Infelizmente os Denon não conseguem alcançar os Phonak no que toca a esta característica. Tudo soa de forma muito mais congestionada.


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O nível de detalhe alcançado pelos Phonak é deveras impressionante, tanto nas gamas médias, como nas altas. Embora as gamas altas não tenham aquela quantidade de agudos perfeita (também um dos contributos para o som ligeiramente “dark”), são muito extensos (mais que os C551) e detalhados. Ainda assim, simplesmente não existe o mínimo toque de agressividade. Quando existe sibilância nas gravações, é como se esta fosse ouvida mais ao longe. Portanto, ouvem-se estas “falhas” nas gravações, mas não ferem os ouvidos. São os agudos mais agradáveis e inofensivos que já ouvi em qualquer auscultador, de qualquer tipo, mas ao mesmo tempo muito reveladores e arejados (tal como todas as outras gamas). Se tiver que fazer uma critica negativa, será que eles talvez não tenham aquele factor “brilhante” que muitos têm. A gama alta dos Denon é provavelmente dos pontos que mais desaponta neles. Não é extensa o suficiente por comparação com os Phonak, e tem uma agressividade que em algumas músicas é deveras preocupante.

A gama baixa dos PFE 012 é capaz de ser o aspecto menos espectável de um IEM de desenho BA, especialmente tratando-se de um BA com apenas uma driver. Em termos de quantidade, nota-se que existe um ligeiro “bump” nos graves-médios, mas nunca sacrificam as outras gamas. Aquilo que mais surpreende é que não se trata de um grave “rápido” e energético, mas sim de um grave suave, “elegante”, “aconchegador” e muito divertido de ouvir em certas músicas. Surpreendem-me porque são estas as caraterísticas de que me consigo lembrar quando penso no grave de uns dinâmicos, não BA’s. Os graves-baixos não são muitíssimo extensos (menos que o dos Denon), mas têm uma profundidade bastante decente. São, acima de tudo, envolventes, e nada agressivos na sua apresentação. O grave dos Denon, por outro lado, é mais rápido, mas também mais agressivo e muito menos suave.

Como mencionei mais acima, estes IEM’s sofrem uma grande melhoria no foco, quando a eles se lhes junta alguma
amplificação decente (no meu caso, usei as configurações 1 e 2 para o feito, com o E7). Os instrumentos tornam-se muito mais fáceis de se posicionar no espaço, mas a sensação de “ar” no som não desaparece, muito antes pelo contrário, aliás. A questão é que as melhorias não se ficam por aqui. O segundo ponto onde se notam mais melhorias é no grave. Em termos de quantidade, dependendo talvez um pouco do amplificador, não se alterou muito, mas o controlo sobre o mesmo aumentou imenso (ressonâncias menos desejáveis ficaram muito menos perceptíveis). Ao mesmo tempo, a gama média fica mais “limpa” e descola-se mais do estilo de som “dark” dos PFE 012. Os agudos ficam também mais frontais, mas sem perder a pouca agressividade que têm, mesmo sem amplificação.


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Músicas que mais me surpreenderam a ouvir com os Phonak PFE 012 (por ordem crescente):
4 - Joe Cocker - Don’t Let The Sun Go Down On Me = Pela apresentação em geral, especialmente na suavidade (mas detalhe) das vozes e na “abertura” total do som. Não parece sequer que o som estava a vir de uns IEM’s minúsculos.
3 - Norah Jones - Back To Manhattan = Pela envolvência em geral do som. O grave está presente, e é dos pontos que mais contribuiu para a fluidez do som.
2 - Beethoven - Sinfonia nº 9 - Presto - Recitativo - Alegro Assi = Pelo posicionamento das vozes, especialmente quando bem amplificados. As vozes não vêm simplesmente dos ouvidos, nem dos lados, mas por vezes são-nos apresentadas à nossa frente ou mesmo entre a frente e um dos lados, esquerdo ou direito.
1 - Roger Waters - Three Wishes = Pelo detalhe (especialmente), incrível sensação de espaço, e grave bastante profundo, mas controlado ao mesmo tempo. Embora não seja dos mais extensos, o grave consegue surpreender pela sua “grandiosidade” (do estilo dos grandes headphones) e “ar”.


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Conclusão

Uma das dificuldades que tive nesta análise foi facto de dificilmente conseguir descrever o som como um todo. Porque nesse aspecto, e aos meus ouvidos, os Phonak “rebentam” com tudo aquilo que já ouvi, em qualquer gama, de qualquer preço, quer auscultadores ou colunas. Não são excelentes em nenhum ponto em particular, mas a união de todas as gamas e a musicalidade destes auscultadores faz-me querer ouvir, ouvir mais um bocado, e outro bocado, muitas vezes muito tempo sem parar (até porque o conforto deles assim o permite). E claro, o facto de terem o tal sistema de troca de filtros vai permitir que pela simples compra de uns, se mude completamente a assinatura do som. Aparte de uns pequenos problemas na construção, para puro entretenimento sonoro, qualquer que seja o estilo musical a ouvir, temos aqui uns concorrentes verdadeiramente excelentes. A não ser que se tenha a certeza da assinatura que se queira para uns IEM’s à volta deste preço, não consigo imaginar melhor alternativa que os Phonak.

Destaco pela positiva:
- Som impressionantemente “arejado”, descontraído e detalhado em todas as gamas;
- Excelente conforto;
- Relação qualidade/preço.

Destaco pela negativa:
- Qualidade de construção/materiais mediana.


Para quem são afinal?

São para quem quer ouvir música de qualquer tipo (não analisá-la ou adoptar um carácter analítico sobre a música), sem perder a nível técnico e de detalhe e ao mesmo tempo pagar uma quantia bastante baixa para o que se obtém.


Preço pela Zwame Selection Store


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Depois de ler a análise, quando os comparo com os Phonak PFE 12x, acho interessante como um modelo pode assumir 3 assinaturas distintas, bastando para tal optar pelos filtros verdes, cinzentos ou pretos. A verdade é que a performance é sempre muito boa. A vantagem da versão 12x, é o maior detalhe e definição, para além da quantidade de acessórios.
 
Boas,

Apesar de estar satisfeito com o som dos filtros verdes, estou curioso em experimentar os pretos. Onde posso comprar isso? No site da phonak não enviam para PT.

Alguém que tenha um par estará interessado em vender-me?
 
Comprei estes meninos e fiquei pasmado com a qualidade com que apresenta cada som, em cada soundstage. Como tenho um Sony a826, preciso de comprar um amplificador porque mesmo metendo o volume no maximo, este, nao passa de som médio. Baixam imenso, no a826 pelo menos, o som. E como li aqui e ja tinha lido noutro lado que os phonak beneficiam, e muito, de som amplificado, vou comprar o Fiio E6 + LOD sony ->3.5mm. Acho que vou ficar ainda mais pasmado do que ja fico.

Óptimo, óptimo era ter umas Comply, mas como nao são baratas vou esperar e compro mais para a frente!
 
Uns filtros "home made" simples. E não poderiam fazer melhor o trabalho. A diferença face aos filtros verdes é dramática. Mais transparência, mais detalhe.

Os materiais usados:
- 2 pequenas bolas de algodão (têm que ser mesmo pequenas, senão não cabem; mas também não podem ser muito pequenas, senão podem entrar para dentro do canal; façam por vossa conta e risco);
- 2 almofadas para "earbuds", que ficam entre o algodão e as "tips" (de forma a impedir que o algodão saia do sitio).

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Não dá para perceber muito bem.
O algodão é que substitui o filtro? se puderes põe fotos a exemplificar todo o processo.

Se puderes compra os filtros pretos, dão um som bem melhor que os verdes! E não perdem bass nenhum!
Esse home-made fica muito feio, mas deve isolar bem com as almofadas.
 
Não dá para perceber muito bem.O algodão é que substitui o filtro? se puderes põe fotos a exemplificar todo o processo.Se puderes compra os filtros pretos, dão um som bem melhor que os verdes! E não perdem bass nenhum!Esse home-made fica muito feio, mas deve isolar bem com as almofadas.
Sim o algodao substitui os filtros.

Prefiro que fique feio do que ter que gastar logo 35 euros nuns filtros :) Nao perco nada em experimentar este metodo. O isolamento melhora ligeiramente, sim.
 
Última edição:
Sim o algodao substitui os filtros.

Prefiro que fique feio do que ter que gastar logo 35 euros nuns filtros :) Nao perco nada em experimentar este metodo. O isolamento melhora ligeiramente, sim.

Vejo que já andaste a fazer estragos dani...
Mas claro que é sempre melhor do que gastares um dinheirão nuns filtros ;)

Aquela "rodela" em torno deles não fica um bocado feio/são confortáveis na mesma?

PS: andas a estudar quimica nos phonak (tabela periodica xD)?
 
Vejo que já andaste a fazer estragos dani...
Mas claro que é sempre melhor do que gastares um dinheirão nuns filtros ;)

Aquela "rodela" em torno deles não fica um bocado feio/são confortáveis na mesma?

PS: andas a estudar quimica nos phonak (tabela periodica xD)?

Sim, fica mais feio do que sem as almofadas de "earbuds". Mas se o conforto não se altera (pelo menos comigo), não gasto os 35€ e fazem os Phonak soar bem melhor do que com os filtros verdes, digam-me porque razão é que me haverei de importar com o aspecto?
 
Aspecto? basta usar um pedacinho de lycra de meia, apenas o suficiente para se segurar com os dedos e conseguir meter a tip....podendo cortar as "rebarbas", não se vê fora da tip, e evita-se estragar a foam dos earbuds.
 
Para mim o aspecto também importa, nunca iria sair com eles assim com esse aspecto :D

Não são headphones... Nota-se muito pouco com eles postos :)

Aspecto? basta usar um pedacinho de lycra de meia, apenas o suficiente para se segurar com os dedos e conseguir meter a tip....podendo cortar as "rebarbas", não se vê fora da tip, e evita-se estragar a foam dos earbuds.

Uma boa alternativa. Tenho que ir testando com vários materiais :D
 
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