Análise: Hifiman RE400 - O fim de uma busca

danimoca

Colaborador
Staff
Introdução


Fundada em 2007 pelo Dr. Fang Bian, a Hifiman tem desde então sido considerada como um dos grandes impulsionadores no mundo do áudio portátil. Desde auscultadores (tanto headphones como IEM’s) até leitores de áudio topo de gama, tudo o que sai desta empresa costuma, em geral, ser bastante bem recebido.

Há uns anos, um certo in-ear desta marca causou grande furor no mundo áudio: os RE0. A imbatível relação qualidade/preço tendo em conta o som bastante detalhado e preciso levou-os a criticas fantásticas em tudo o que era análises.

Podemos dizer que Fang Bian “endoideceu” um pouco, quando decidiu descontinuar toda a linha de IEM’s e introduir apenas dois novos meninos: os RE-400 e os RE-600. Mas aquilo que iremos ver agora é o que os meros 99$ dos RE400, os supostos substitutos dos aclamados RE0, nos conseguem dar em termos de qualidade.


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Conforto, isolamento e construção


O tamanho minúsculo dos IEM's (e quando digo minusculo: são do tamanho de uma moeda de 2 cêntimos), permite-lhes encaixar perfeitamente em qualquer tipo de ouvido, até porque as Ear-tips de origem são dos mais variados tipos e tamanhos.


O isolamento é bastante bom. Acima do nível dos Phonak, mas não por muito. Ainda assim, são perfeitos para serem usados na rua e nos transportes.

Quanto à construção, têm havido algumas preocupações, dado que as primeiras unidades que foram fabricadas apresentavam alguns problemas nas strain-reliefs. Segundo a Hifiman, esses problemas estão 100% resolvidos nas unidades mais recentes. Não me posso queixar dos meus. São totalmente feitos de aluminio e aparentam ser bem construidos. O cabo é totalmente de tecido até ao repartidor em Y e depois até às unidades em si é feito de um cabo em borracha. Como disse, boa construção, em geral.


Acessórios

Vêm incluidos bastantes acessórios de origem:

2 pares de “tips” Bi-Flange Tamanho Small
1 par de “tips” Bi-Flange Tamanho Large
1 par de “tips” Single-Flange Tamanho Médio
1 par de “tips” Single-Flange Tamanho Pequeno
1 par de “tips” transparentes Single-Flange com um corte angular
1 par de “tips” transparentes Single-Flange mais compridas
1 par de “tips” transparentes Single-Flange mais largas
2 pares de “tips” Comply Foam T400 Tamanho Médio
1 clip de T-Shirt
10 filtros extra (servem para impedir a passagem de cera dos ouvidos para as driver’s)
1 bolsa de transporte rígida

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Som

Estes são os auscultadores com o som mais dificil de descrever que alguma vez me passaram pelos ouvidos. Mas farei um esforço para tentar transmitir a minha sincera opinião.

O período de rodagem pré-análise rondou as 100 horas. Embora tenham havido pequenas mudanças no som ao longo do mesmo período, as mesmas foram relativamente ligeiras.

A análise foi feita recorrendo a duas fontes ligadas aos Hifiman:
- Fiio E7
- Sandisk Sansa Clip+

Gama baixa – A quantidade, embora para alguns possa parecer não suficiente, é a absolutamente correcta para os meus ouvidos. Nunca senti, em qualquer música, a necessidade quer de aumentar, quer de diminuir em quantidade os graves. Mas é na qualidade onde eles brilham. O impacto é mais lento que o de um BA, mas bastante mais rápido que o de qualquer dinâmico que já ouvi. A dinâmica surpreende muito. Fazem-me lembrar os Blox M2C em termos de dinâmica, mas com mais controlo e bastante maior extensão (muito mais). Um album de testes do conhecido engenheiro de som Alan Parsons permitiu-me ver que até aproximadamente aos 30 Hz não existe, ou existe muito pouco, “roll-off” nos graves. É um tipo de grave extremamente viciante, pelo menos para mim, graças ao “kick” rápido e profundo que dão. Têm também talvez ligeiramente maior quantidade, nos graves médios, que os Blox, mas a diferença não é muita. Não existe aquela ressonância muitas vezes presente em muitos, e é absolutamente impensável a sobreposição das gamas baixas para o resto do espectro.

Gama média – algo que inicialmente não estava à espera. Foi aqui onde estes pequenos IEM’s me desafiaram bem a sério. Estava à espera de algo mais centrado nos médios, coisa que não temos aqui. As vozes não “gritam”. Os instrumentos não “ressoam” em tudo o que é sala. É tudo controlado, tudo muito preciso, tudo muito suave. Mas esta suavidade não estraga a brilhante textura e vivacidade dos médios. Quando as cordas vibram, quando os sopros tocam, quando as vozes ganham vida, eu não sinto que as estou a ouvir através de uns auscultadores. Eu sinto que as estou a ouvir (ponto). Todo o detalhe é apresentado de uma forma harmoniosa, incrivelmente natural, nada é simplesmente disparado para o ouvido como em muitos auscultadores que, embora detalhados, lhes falta esta suavidade.

Gama alta – a viciante suavidade e controlo da gama média é igualmente percorrida nas gamas mais altas. Sibilância? Não existe. Picos irritantes? Não me parece. É, no entanto, engraçado, que à primeira audição, esta falta de picos possa levar a crer que estamos perante uns IEM’s com alguma falta de claridade. Após bastantes audições e comparações com outros auscultadores, posso confirmar que isso não é verdade. Estamos apenas a ver o resultado de uns IEM’s neutros e com uma claridade naturalmente apresentada, ao contrário do que acontece com a maioria dos IEM’s que já ouvi. São, além disso, bastante extensos. Muito mais do que a assinatura possa fazer parecer.

Palco, separação instrumental e imagem – O ar que existe entre os instrumentos é deveras impressionante. Nada soa “misturado”, excepto quando audicionados a volumes mais altos. O palco ao principio poderá não parecer nada de extraordinário. Mas, mais uma vez, a primeira audição nuns IEM’s com este equilibrio, engana sempre. Fechamos os olhos e é-nos apresentado no espaço sonoro com uma precisão que, sinceramente, não achava possivel de recriar nuns IEM’s deste tamanho, muito menos deste preço. A imagem destes Hifiman é extraordinariamente boa. Fecho os olhos e consigo apontar para o local de onde me parecem vir os instrumentos. Uma experiência muito, muito interessante, sem dúvida.

Dados relevantes adicionais:
- São bastante transparentes em más gravações, mas não ao ponto de soarem sibilantes ou insuportáveis. Boas gravações soam, geralmente, fantásticamente bem nestes IEM’s;
- Não são de todo exigentes com a amplificação. Tenho andado a ouvi-los através de um Sandisk Sansa Clip Zip e não sinto qualquer necessidade de amplificação extra. Aliás, devo frisar que os RE-400 juntamente com o Sansa Clip Zip formaram um conjunto que me deixou literalmente de boca aberta. Excelente par.

Comparações

Blox M2C – Assinatura relativamente parecida. Mas os graves dos Blox simplesmente não conseguem acompanhar os RE-400. A extensão nos Hifiman é infinitamente superior, embora tenham os dois o mesmo nivel de controlo e rapidez. A gama média dos Hifiman é consideravelmente mais “encorpada”, muito mais detalhada, e com o mesmo nível de naturalidade. Os agudos nos Blox são um pouco mais energéticos, mas nenhum dos dois transmite sibilância nem picos de grande importância. Em termos de tamanho, o palco sonoro é maior nos Blox (são earbuds, pelo que é de esperar). Em termos de precisão, bastante superior nos RE-400.

Phonak PFE (filtros verdes) – onde está o grave? Falta extensão, dinâmica e impacto, quando comparados com os Hifiman, embora em termos de rapidez os Phonak sejam mais ao estilo BA (muito competentes, talvez até demasiado). A gama média soa um pouco “fininha” nos Phonak, embora a nivel de detalhe sejam os dois até bastante comparáveis. Os agudos nos Phonak talvez tenham um pouco mais de “ar”, mas, mais uma vez, soam talvez um pouco demasiado “fininhos”. Nota-se a falta de médios-altos/altos-baixos nos Phonak. O palco dos PFE é comparável com o dos Hifiman. O único aspecto que dá pontos aos Phonak é na separação. Os Hifiman por comparação atrapalham-se um pouco em gravações extremamente complexas (não de todo grave). Mas a precisão e imagem dos RE-400 não deixa margem para dúvida. Os Hifiman ganham.


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Conclusão

A minha recente entrada na faculdade, e a consequente falta de tempo para me dedicar ao que gosto, levaram-me a repensar no meu hobby durante uns tempos. Mas o “bichinho” do áudio não ia desaparecer assim tão facilmente. Queria re-entrar em grande. Os RE-400 foram o bilhete de entrada que escolhi.

A proposta da Hifiman, num mercado extremamente concorrido de IEM’s até ~100€ realmente pôe-nos a pensar sobre o que será o futuro do áudio. O ritmo de evolução destas marcas e deste sector em partícular de preços tem sido assustador.

Aquilo que aqui temos é um In-Ear que nunca irá surpreender alguém que esteja à espera de algo fantástico nalgum aspecto. Os RE-400 brilham em tudo, mas em nada ao mesmo tempo. Tudo o que é género musical vai tocar bem neles. Não ouvi nada que os tornasse menos bons, desde que quem os compre não esteja à espera de nada com o factor “WOW” nalgum ponto especifico do espectro.

Posto isto, é dificil criticar negativamente estes Hifiman nalguma coisa que seja. Levam a minha muito alta recomendação. São daqueles produtos raros que dificilmente venderei, alguma vez, por mais IEM’s de topo que compre.

Com isto tudo poderei dizer: depois de tantos IEM's, tantos headphones que já me passaram pelos ouvidos, acho que encontrei o "meu som". Uma verdadeira referência.


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Última edição:
Obrigado aos dois :)

Pelo que sei os Yamaha serão um pouco mais virados para uma assinatura em V, sobretudo pelos graves. Os Hifiman serão mais precisos, mais naturais. Funcionarão melhor com géneros musicais mais diversificados.
 
Boa review.

Andava à procura de um sucessor para os meus Sony MDR-EX52 e, depois de ver este tópico, fui à procura de informações e reviews destes phones.
Não conhecia este modelo, pelo que li toda a literatura que encontrei.
Estava indeciso entre vários modelos (Sennheiser CX400ii, AKG K374, Beyerdynamic DTX 102iE, Yamaha EPH-100), mas acabei por encomendar hoje os RE-400.
Como oiço vários tipos de música, pareceu-me a escolha mais acertada. Espero não me arrepender ;)
 
Boa review.

Andava à procura de um sucessor para os meus Sony MDR-EX52 e, depois de ver este tópico, fui à procura de informações e reviews destes phones.
Não conhecia este modelo, pelo que li toda a literatura que encontrei.
Estava indeciso entre vários modelos (Sennheiser CX400ii, AKG K374, Beyerdynamic DTX 102iE, Yamaha EPH-100), mas acabei por encomendar hoje os RE-400.
Como oiço vários tipos de música, pareceu-me a escolha mais acertada. Espero não me arrepender ;)

Eles são certamente indicados para os mais variados tipos de música ;)
 
Boa análise danimoca, no entanto tenho algumas observações a fazer:

- Não confio em cabos revestidos a tecido, daí continuar a achar que ainda falta bastante para os produtos da hifiman serem equiparados em termos de soluções e qualidade de construção a outras marcas de referência com mais anos no mercado (para toda a gama de produtos deles), isto sem prejuízo para a boa qualidade sonora dos seus produtos, apesar de recorrerem muito ao underdamping;
- Apesar do "casulo", ou câmara ser em alumínio, não indica que tenha uma qualidade de construção acima da média, poderá ter efeito no processo acústico, nomeadamente na reverberação, daí teres gostado da apresentação sonora;
- O conforto sonoro que tiveste ao ouvir os RE400 indicam que também são ergonómicos;
- De referir que os Blox são uns earbuds (não são de enfiar no ouvido e daí terem algumas limitações e também vantagens), já os Phonak PFE que referiste é a versão perfect bass que está um pouco abaixo da versão normal PFE1xx.

Os yamaha parecem-me ser diferentes dos RE400. Os Yamaha têm um som muito apelativo para as "massas", já os RE400 será para quem consegue distinguir pequenos pormenores que fazem toda a diferença na altura de escolher uns iems para uma audição mais criteriosa.

Sem dúvida uma excelente opção e valem com certeza o esforço monetário adicional.
 
Boa análise danimoca, no entanto tenho algumas observações a fazer:

- Não confio em cabos revestidos a tecido, daí continuar a achar que ainda falta bastante para os produtos da hifiman serem equiparados em termos de soluções e qualidade de construção a outras marcas de referência com mais anos no mercado (para toda a gama de produtos deles), isto sem prejuízo para a boa qualidade sonora dos seus produtos, apesar de recorrerem muito ao underdamping;
- Apesar do "casulo", ou câmara ser em alumínio, não indica que tenha uma qualidade de construção acima da média, poderá ter efeito no processo acústico, nomeadamente na reverberação, daí teres gostado da apresentação sonora;
- O conforto sonoro que tiveste ao ouvir os RE400 indicam que também são ergonómicos;
- De referir que os Blox são uns earbuds (não são de enfiar no ouvido e daí terem algumas limitações e também vantagens), já os Phonak PFE que referiste é a versão perfect bass que está um pouco abaixo da versão normal PFE1xx.

Os yamaha parecem-me ser diferentes dos RE400. Os Yamaha têm um som muito apelativo para as "massas", já os RE400 será para quem consegue distinguir pequenos pormenores que fazem toda a diferença na altura de escolher uns iems para uma audição mais criteriosa.

Sem dúvida uma excelente opção e valem com certeza o esforço monetário adicional.

Concordo quase integralmente. No entanto, não considero que os Hifiman não consigam ser para as "massas". Não estamos a falar de uns AKG, por exemplo.

Eles não são analiticos, de todo. Até na versão Perfect Bass dos Phonak PFE consegue-se notar uma frontalidade no detalhe que não se nota nos Hifiman. É algo complicado de explicar. Estes IEM's são verdadeiramente diferentes de tudo aquilo que já ouvi.

Normalmente quando estou a ouvir uns headphones/IEM's durante muito tempo, é natural que me habitue ao som deles. Há sempre um aspecto mental. Por exemplo, quando passo dos meus Sennheiser HD 380 Pro para os Blox, consigo notar uma diferença bastante grande nos graves (os Sennheiser têm mais) e nos agudos (os Blox têm um pouco mais). Os Blox, antes de me habituar novamente a eles, passam a ter um som que não aprecio de todo.

O estranho é que nunca sinto isto com os Hifiman. Mesmo depois de muito tempo a ouvir, por exemplo, os Sennheiser, não sinto inferioridade ou algo que me faça dizer que há algo de errado no som. É um som que "desaparece". Apenas fica a música. E é por isto que são o primeiro produto áudio que já tive que eu verdadeiramente adoro, e não apenas gosto muito.

Quanto à construção, sim, sem dúvida que não vão de encontro ao que é de costume em modelos japoneses, por exemplo. Mas sinto que a construcção é superior à dos Phonak, um modelo que na versão normal é (ou era) até mais caro que os RE400.

Prefiro, inclusivé, o cabo dos Hifiman ao dos Phonak, especialmente pelo efeito tipo "mola" do cabo dos Phonak.
 
Última edição:
Concordo quase integralmente. No entanto, não considero que os Hifiman não consigam ser para as "massas". Não estamos a falar de uns AKG, por exemplo.

Eles não são analiticos, de todo. Até na versão Perfect Bass dos Phonak PFE consegue-se notar uma frontalidade no detalhe que não se nota nos Hifiman. É algo complicado de explicar. Estes IEM's são verdadeiramente diferentes de tudo aquilo que já ouvi.

Compreendo e era bom que todos os auscultadores fossem assim. São iems dinâmicos e sem problemas de variação da fase e impedância na frequência até aos 20 kHz. Já os que utilizam tecnologia BA, tais como os phonak, já é mais complicado. [/QUOTE]

Normalmente quando estou a ouvir uns headphones/IEM's durante muito tempo, é natural que me habitue ao som deles. Há sempre um aspecto mental. Por exemplo, quando passo dos meus Sennheiser HD 380 Pro para os Blox, consigo notar uma diferença bastante grande nos graves (os Sennheiser têm mais) e nos agudos (os Blox têm um pouco mais). Os Blox, antes de me habituar novamente a eles, passam a ter um som que não aprecio de todo.

Repara que os Blox são earbuds praticamente só com médios, contudo existem earbuds com uma resposta na frequência mais alargada, mas igualmente limitada. Era interessante ouvires um dia os Sennheiser MX980.

O estranho é que nunca sinto isto com os Hifiman. Mesmo depois de muito tempo a ouvir, por exemplo, os Sennheiser, não sinto inferioridade ou algo que me faça dizer que há algo de errado no som. É um som que "desaparece". Apenas fica a música. E é por isto que são o primeiro produto áudio que já tive que eu verdadeiramente adoro, e não apenas gosto muito.

Quanto à construção, sim, sem dúvida que não vão de encontro ao que é de costume em modelos japoneses, por exemplo. Mas sinto que a construcção é superior à dos Phonak, um modelo que na versão normal é (ou era) até mais caro que os RE400.

Prefiro, inclusivé, o cabo dos Hifiman ao dos Phonak, especialmente pelo efeito tipo "mola" do cabo dos Phonak.

Os Phonak se não me engano eram produzidos no Vietname. Os aspetos em termos de construção que destaco nos phonak são os acessórios: Qualidade da bolsa, qualidade elevada das tips, etc.. Depois tens outros aspetos que dão maior valor ao produto: Ergonomia, utilização de filtros substituíveis que permitem aumentar a durabilidade do iem e ajustar o som de acordo com as preferências pessoais. Em termos de assistência, a Phonak deve ter sido a marca com melhor assistência que alguma vez existiu no mercado. Já a Hifiman estás dependente dos revendedores, dado que a marca não faz nada a não ser que envies o material de volta para a a China e a mercadoria desapareça. Tens que ter em conta que os Phonak utilizam drivers que custam cada um cerca de $20, talvez 10x mais do que o dos hifiman, logo não podem utilizar um cabo de referência. Contudo acredito que os Hifiman sejam mais do teu agrado que os Phonak, embora sendo de tecnologia diferente, e não quero tirar mérito ao produto que para mim também é a primeira ou segunda recomendação nesta gama de preço (100€).

Referi que os Yamaha são do agrado da maioria, dado que reparei que a maioria das pessoas que dá o salto de uns iems banais para uns de 100€ procura imediatamente um "bom bass" e os Yamaha têm bass em quantidade e qualidade (existem dois pedidos quase seguidos com este critério destacado na parte de Qual in-ear comprar). Dado que não posso saber a reação de uma pessoa a uns iems como os RE400, HF5, Vsonic GR07, acredito que os yamaha são muito mais fáceis de recomendar e quem os ouviu sabe disso. Para quem já experimentou uma série de iems, tenho maior interesse nos RE400 do que nos Yamaha.

Em termos de construção não sei se têm melhor qualidade de construção que os Shure SE215, yamaha EPH-100, Etymotic HF5, p. ex.
 
Os hifiman RE-400 estão em promoção a cerca de 72€ na head-direct, c/ portes.

@danimoca e quem souber, como se comportam os RE400 em comparação com a concorrência atual?
 
Acho que os RE-400 posicionam-se no mercado como os Phonak PFE se posicionaram na altura. São um modelo de referência, e a concorrência não é muita (para o preço).

Existem os Havi B3 Pro I (análise para vir), que se comparam bem com os Hifiman. São um pouco mais analiticos e transparentes, com a desvantagem de que os Hifiman conseguem soar melhor com géneros mais exigentes nos graves. Por outro lado os Havi parecem ser, em geral, de gama mais alta, sobretudo pela transparência em certas gravações, onde os Hifiman soam mais congestionados e com um certo "veil".

Continuo a achar, apesar de tudo, que os Hifiman são muito, mas muito difíceis de criticar para o consumidor comum. Enquanto que muita gente será capaz de achar os Havi algo agrestes e com falta de graves, nos Hifiman duvido muito que tal aconteça.

Em termos de construção, os Havi são sem dúvida melhores. Mas o cabo "flat" pode ser incomodativo nalgumas situações.
 
Última edição pelo moderador:
Acho que os RE-400 posicionam-se no mercado como os Phonak PFE se posicionaram na altura. São um modelo de referência, e a concorrência não é muita (para o preço).

Existem os Havi B3 Pro I (análise para vir), que se comparam bem com os Hifiman. São um pouco mais analiticos e transparentes, com a desvantagem de que os Hifiman conseguem soar melhor com géneros mais exigentes nos graves. Por outro lado os Havi parecem ser, em geral, de gama mais alta, sobretudo pela transparência em certas gravações, onde os Hifiman soam mais congestionados e com um certo "veil".

Continuo a achar, apesar de tudo, que os Hifiman são muito, mas muito difíceis de criticar para o consumidor comum. Enquanto que muita gente será capaz de achar os Havi algo agrestes e com falta de graves, nos Hifiman duvido muito que tal aconteça.

Em termos de construção, os Havi são sem dúvida melhores. Mas o cabo "flat" pode ser incomodativo nalgumas situações.
Introdução


Fundada em 2007 pelo Dr. Fang Bian, a Hifiman tem desde então sido considerada como um dos grandes impulsionadores no mundo do áudio portátil. Desde auscultadores (tanto headphones como IEM’s) até leitores de áudio topo de gama, tudo o que sai desta empresa costuma, em geral, ser bastante bem recebido.

Há uns anos, um certo in-ear desta marca causou grande furor no mundo áudio: os RE0. A imbatível relação qualidade/preço tendo em conta o som bastante detalhado e preciso levou-os a criticas fantásticas em tudo o que era análises.

Podemos dizer que Fang Bian “endoideceu” um pouco, quando decidiu descontinuar toda a linha de IEM’s e introduir apenas dois novos meninos: os RE-400 e os RE-600. Mas aquilo que iremos ver agora é o que os meros 99$ dos RE400, os supostos substitutos dos aclamados RE0, nos conseguem dar em termos de qualidade.


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Conforto, isolamento e construção

O tamanho minúsculo dos IEM's (e quando digo minusculo: são do tamanho de uma moeda de 2 cêntimos), permite-lhes encaixar perfeitamente em qualquer tipo de ouvido, até porque as Ear-tips de origem são dos mais variados tipos e tamanhos.

O isolamento é bastante bom. Acima do nível dos Phonak, mas não por muito. Ainda assim, são perfeitos para serem usados na rua e nos transportes.

Quanto à construção, têm havido algumas preocupações, dado que as primeiras unidades que foram fabricadas apresentavam alguns problemas nas strain-reliefs. Segundo a Hifiman, esses problemas estão 100% resolvidos nas unidades mais recentes. Não me posso queixar dos meus. São totalmente feitos de aluminio e aparentam ser bem construidos. O cabo é totalmente de tecido até ao repartidor em Y e depois até às unidades em si é feito de um cabo em borracha. Como disse, boa construção, em geral.


Acessórios

Vêm incluidos bastantes acessórios de origem:

2 pares de “tips” Bi-Flange Tamanho Small
1 par de “tips” Bi-Flange Tamanho Large
1 par de “tips” Single-Flange Tamanho Médio
1 par de “tips” Single-Flange Tamanho Pequeno
1 par de “tips” transparentes Single-Flange com um corte angular
1 par de “tips” transparentes Single-Flange mais compridas
1 par de “tips” transparentes Single-Flange mais largas
2 pares de “tips” Comply Foam T400 Tamanho Médio
1 clip de T-Shirt
10 filtros extra (servem para impedir a passagem de cera dos ouvidos para as driver’s)
1 bolsa de transporte rígida

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Som
Estes são os auscultadores com o som mais dificil de descrever que alguma vez me passaram pelos ouvidos. Mas farei um esforço para tentar transmitir a minha sincera opinião.

O período de rodagem pré-análise rondou as 100 horas. Embora tenham havido pequenas mudanças no som ao longo do mesmo período, as mesmas foram relativamente ligeiras.

A análise foi feita recorrendo a duas fontes ligadas aos Hifiman:
- Fiio E7
- Sandisk Sansa Clip+

Gama baixa – A quantidade, embora para alguns possa parecer não suficiente, é a absolutamente correcta para os meus ouvidos. Nunca senti, em qualquer música, a necessidade quer de aumentar, quer de diminuir em quantidade os graves. Mas é na qualidade onde eles brilham. O impacto é mais lento que o de um BA, mas bastante mais rápido que o de qualquer dinâmico que já ouvi. A dinâmica surpreende muito. Fazem-me lembrar os Blox M2C em termos de dinâmica, mas com mais controlo e bastante maior extensão (muito mais). Um album de testes do conhecido engenheiro de som Alan Parsons permitiu-me ver que até aproximadamente aos 30 Hz não existe, ou existe muito pouco, “roll-off” nos graves. É um tipo de grave extremamente viciante, pelo menos para mim, graças ao “kick” rápido e profundo que dão. Têm também talvez ligeiramente maior quantidade, nos graves médios, que os Blox, mas a diferença não é muita. Não existe aquela ressonância muitas vezes presente em muitos, e é absolutamente impensável a sobreposição das gamas baixas para o resto do espectro.

Gama média – algo que inicialmente não estava à espera. Foi aqui onde estes pequenos IEM’s me desafiaram bem a sério. Estava à espera de algo mais centrado nos médios, coisa que não temos aqui. As vozes não “gritam”. Os instrumentos não “ressoam” em tudo o que é sala. É tudo controlado, tudo muito preciso, tudo muito suave. Mas esta suavidade não estraga a brilhante textura e vivacidade dos médios. Quando as cordas vibram, quando os sopros tocam, quando as vozes ganham vida, eu não sinto que as estou a ouvir através de uns auscultadores. Eu sinto que as estou a ouvir (ponto). Todo o detalhe é apresentado de uma forma harmoniosa, incrivelmente natural, nada é simplesmente disparado para o ouvido como em muitos auscultadores que, embora detalhados, lhes falta esta suavidade.

Gama alta – a viciante suavidade e controlo da gama média é igualmente percorrida nas gamas mais altas. Sibilância? Não existe. Picos irritantes? Não me parece. É, no entanto, engraçado, que à primeira audição, esta falta de picos possa levar a crer que estamos perante uns IEM’s com alguma falta de claridade. Após bastantes audições e comparações com outros auscultadores, posso confirmar que isso não é verdade. Estamos apenas a ver o resultado de uns IEM’s neutros e com uma claridade naturalmente apresentada, ao contrário do que acontece com a maioria dos IEM’s que já ouvi. São, além disso, bastante extensos. Muito mais do que a assinatura possa fazer parecer.

Palco, separação instrumental e imagem – O ar que existe entre os instrumentos é deveras impressionante. Nada soa “misturado”, excepto quando audicionados a volumes mais altos. O palco ao principio poderá não parecer nada de extraordinário. Mas, mais uma vez, a primeira audição nuns IEM’s com este equilibrio, engana sempre. Fechamos os olhos e é-nos apresentado no espaço sonoro com uma precisão que, sinceramente, não achava possivel de recriar nuns IEM’s deste tamanho, muito menos deste preço. A imagem destes Hifiman é extraordinariamente boa. Fecho os olhos e consigo apontar para o local de onde me parecem vir os instrumentos. Uma experiência muito, muito interessante, sem dúvida.

Dados relevantes adicionais:
- São bastante transparentes em más gravações, mas não ao ponto de soarem sibilantes ou insuportáveis. Boas gravações soam, geralmente, fantásticamente bem nestes IEM’s;
- Não são de todo exigentes com a amplificação. Tenho andado a ouvi-los através de um Sandisk Sansa Clip Zip e não sinto qualquer necessidade de amplificação extra. Aliás, devo frisar que os RE-400 juntamente com o Sansa Clip Zip formaram um conjunto que me deixou literalmente de boca aberta. Excelente par.

Comparações

Blox M2C – Assinatura relativamente parecida. Mas os graves dos Blox simplesmente não conseguem acompanhar os RE-400. A extensão nos Hifiman é infinitamente superior, embora tenham os dois o mesmo nivel de controlo e rapidez. A gama média dos Hifiman é consideravelmente mais “encorpada”, muito mais detalhada, e com o mesmo nível de naturalidade. Os agudos nos Blox são um pouco mais energéticos, mas nenhum dos dois transmite sibilância nem picos de grande importância. Em termos de tamanho, o palco sonoro é maior nos Blox (são earbuds, pelo que é de esperar). Em termos de precisão, bastante superior nos RE-400.

Phonak PFE (filtros verdes) – onde está o grave? Falta extensão, dinâmica e impacto, quando comparados com os Hifiman, embora em termos de rapidez os Phonak sejam mais ao estilo BA (muito competentes, talvez até demasiado). A gama média soa um pouco “fininha” nos Phonak, embora a nivel de detalhe sejam os dois até bastante comparáveis. Os agudos nos Phonak talvez tenham um pouco mais de “ar”, mas, mais uma vez, soam talvez um pouco demasiado “fininhos”. Nota-se a falta de médios-altos/altos-baixos nos Phonak. O palco dos PFE é comparável com o dos Hifiman. O único aspecto que dá pontos aos Phonak é na separação. Os Hifiman por comparação atrapalham-se um pouco em gravações extremamente complexas (não de todo grave). Mas a precisão e imagem dos RE-400 não deixa margem para dúvida. Os Hifiman ganham.


IMG_20140515_125016-600x450.jpg



Conclusão

A minha recente entrada na faculdade, e a consequente falta de tempo para me dedicar ao que gosto, levaram-me a repensar no meu hobby durante uns tempos. Mas o “bichinho” do áudio não ia desaparecer assim tão facilmente. Queria re-entrar em grande. Os RE-400 foram o bilhete de entrada que escolhi.

A proposta da Hifiman, num mercado extremamente concorrido de IEM’s até ~100€ realmente pôe-nos a pensar sobre o que será o futuro do áudio. O ritmo de evolução destas marcas e deste sector em partícular de preços tem sido assustador.

Aquilo que aqui temos é um In-Ear que nunca irá surpreender alguém que esteja à espera de algo fantástico nalgum aspecto. Os RE-400 brilham em tudo, mas em nada ao mesmo tempo. Tudo o que é género musical vai tocar bem neles. Não ouvi nada que os tornasse menos bons, desde que quem os compre não esteja à espera de nada com o factor “WOW” nalgum ponto especifico do espectro.

Posto isto, é dificil criticar negativamente estes Hifiman nalguma coisa que seja. Levam a minha muito alta recomendação. São daqueles produtos raros que dificilmente venderei, alguma vez, por mais IEM’s de topo que compre.

Com isto tudo poderei dizer: depois de tantos IEM's, tantos headphones que já me passaram pelos ouvidos, acho que encontrei o "meu som". Uma verdadeira referência.


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Sei que faz um tempo que voce escreveu essa sua análise maravilhosa. Como voce tem um ouvido apurado gostaria de saber se sabe algo sobre o fone Audio Technica ATH-CKM55. Me prece que também é um ótimo fone. Se não testou, tem como testar e fazer uma compra com esse magnifico RE-400?
 
@danimoca

Ainda tens os RE-400? Tiveste algum problema com eles?

Uso os meus diariamente para ouvir música no trabalho e sempre funcionaram sem qualquer problema.
Chego agora do almoço e, sem motivo aparente, o auscultador do lado direito está a debitar um som muito mais abafado e com menor volume.
Aparentemente está tudo ok. Não tenho nada obstruído, nada de marcas nos cabos, nada de folgas, ...

Edit: Problema resolvido. Troquei os filtros e ficou tudo ok ;)
 
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