Oi,
A minha opinião sobre esta matéria tem mudado ao longo do tempo.
No inicio era da opinião que se tratava apenas de uma opção técnica para um problema técnico. O "throtling" é a solução mais comum para preservar o tempo de vida da bateria. Usada hoje em tudo o que é dispositivo, desde colunas a portáteis PC passando por smartphones.
Estava assim inclinado a deixar a coisa apenas por aqui. Mas com o passar do tempo e mais informação sobre o impacto da solução adoptada, não me permite deixar a coisa apenas por aqui e acreditar na "sinceridade" do Tim Cook tanto quanto a palavra significa no meu dicionário.
Apenas um exemplo entre outros. Tenho um amigo com um iPhone 6 que mesmo antes desta informação vir a lume, falava em comprar um iPhone mais recente devido à sua lentidão. Pensava que estava normalmente ultrapassado. Sem mais qualquer informação isto é o pensamento lógico de qualquer pessoa que use o seu telemóvel como um utilitário.
Não está aqui em causa a necessidade da contra medida para evitar outros problemas tendo em conta o desgaste do material. Não está aqui em causa a benefício de se evitar um shutdown no meio de uma chamada, de uma urgência e outras coisas mais chatas que advém de actos inesperados. É a medida possível sem intervenção do utilizador. Ok, acho muito bem. Penso que toda a gente sã da cabeça irá contra uma medida técnica para evitar outros problemas técnicos potencialmente mais desagradáveis.
No entanto esta opção "silenciosa" da Apple deu-lhe nenhuma outra opção que não o pensar desta forma. Segundo as informações prestadas pelo telemóvel ao utilizador, a bateria estava ok, estava tudo a funcionar na perfeição, o telemóvel estava apenas mais lento. E não há retórica alguma que me convença que um comum utilizador deveria pensar em opção "tenho que substituir a bateria". Nenhuma.
Este é um efeito colateral da opção tomada pela Apple. Em engenharia e design, os efeitos colaterais de uma solução são tidos em conta. E não acredito, que tanta gente na Apple bem mais inteligente que eu, ninguém tenha tido em conta este efeito colateral e decidido que ... "Se a lentidão for assim tão chata para ele, é pá nesse caso compra-nos um novo telemóvel". E certamente alguém na Apple, no seu delírio, rodeado pelos $$$ que deve ter na conta bancária, não teria qualquer problema em adquirir um novo telemóvel telemóvel nesta situação, afinal de contras isto de substituir a bateria para o telemóvel durar mais uns anos é coisa da "plebe". E nesse sentido, certamente no seu delírio e afastado da realidade da maior parte dos seus utilizadores poderia pensar que estava a agir naquilo que considera a melhor solução para eles
Acontece porém, que este meu amigo ao saber desta notícia mandou substituir a bateria. E tocaram os sinos, o resultado foi que a experiência de utilização do seu telemóvel passou a ser semelhante ao dia de quando o comprou. Deixando no caso dele, de sentir a necessidade de fazer um upgrade para já. Acha agora que dura mais dois anos, retirando o sentido de urgência.
Como este meu amigo, tenho outros.
Não me considero um designer, apenas um engenheiro. Mas parece-me, sem complicar em nada a coisa, não custava nada à Apple de em vez desta solução, adoptar uma semelhante à adoptada pelos criadores de automóveis, quando um carro tem algo que não está a funcionar a 100%. Quando começa a faltar óleo, água ou caso haja alguma outra falta que impeça que o automóvel possa atingir a sua performance máxima, aparece umas luzinhas no painel de controle do carro não é verdade? Sugerindo a melhor opção a tomar. Ora pois bem, aqui seria a mesma coisa. A Apple poderia continuar a tomar as contra-medidas necessárias para evitar possíveis shutdowns, mas alertava o utilizador que o telemóvel precisava de ter a sua bateria substituída para uma performance óptima. Quanto muito, os utilizadores poderia lidar com esses alertas (em popup ou coisa semelhante) como lidam com os lembretes: Ignorar para sempre ou alterar mais tarde ...
Isto seria uma solução de design e engenharia à moda da Apple que eu conheci quando o Steve Jobs era vivo. Cria uma solução que poderia ter um bom marketing associado no âmbito de do "Self Diagnostics" pois era algo diferenciador dos restantes. Ao contrário da adoptada pela Apple de hoje, que na minha opinião dado o efeito colateral, foi na minha opinião propositadamente metida totalmente à socapa!!
Outra evidência para mim de que este efeito colateral era certamente conhecido. Esta do "Tim Cook" vir agora fazer mega anúncios que num futuro update as pessoas vão poder desligar as contra medidas necessárias, ignorando a melhor medida segundo a Apple. Ora isto nunca foi a Apple que conheci (agora dar ao utilizador uma opção que considera em termos de design pior? ... nunca). Vindo a reforçar para mim a ideia que eles sabiam muito bem do efeito colateral assim assinalado. É uma solução sem ponta de design de qualidade, é uma solução tomada ... como alguém diria ... com o fogo no cu! Isto na minha opinião claro.
Resta-me apenas dizer que neste episódio encontro o melhor e o pior desta nova Apple. O pior já o descrevi. É mesmo muito mau. O melhor, é a sua capacidade de reacção pública rápida aos problemas. O pouco que se calhar resta dos tempos em o CEO sabia de design e se preocupava muito com isso. Dando quando necessário razão aos utilizadores arranjando a melhor solução possível de seguida (algo qu faz parte das práticas do design). Ao contrário de muitas outras empresas que normalmente optam por ignorar o problema, dizer que não há problema algum e coisas mais ... até à última. O que em termos práticos vai dar no mesmo, o utilizador tem a necessidade de fazer um upgrade, ou se calhar é ainda pior porque é mantido na ignorância e na dúvida.
E por este último ponto a par de outras coisas que não vem ao acaso irei continuar a comprar Apple. Mas certamente muito mais atento às sua "contra-medidas"!
O ar de Padreco, a juntar as mão como quem está a jurar, um acto celeste sem o dizer ... sorry não é suficiente para me convencer que permanece consciente com os pés juntos da realidade da vasta maioria dos seus clientes. Tenho em mente que pessoas com a consciência da normalidade sabem muito bem que entre pagar no imediato cerca 80 Euros para bem resolver uma coisa chata que acontece diariamente no seu iPhone topo de gama em 2014 (faz 3 anos quando o comprou) ou pagar 800+ Euros por um equivalente de 2017, considerando o anterior obsoleto para as tarefas, sabem que iria a maioria preferir. Alguns poderiam optar por comprar um novo certamente mas não a vasta maioria ... pelo menos quem vive fora dos EUA. Que se segundo o Tim Cook compõe 2/3 da receita da empresa. E em última análise isto é que estará a ser julgado na minha opinião nos tribunais.
Abraço.