Tudo o que está relacionado com a inigualável perseguição de enquadramentos cinematográficos na qual a Rockstar Games investe torna Red Dead Redemption 2 num jogo deslumbrante, mas, como referido em cima, existem outros elementos que podem testar a tua paciência e dificilmente vão gerar consenso. Falo de elementos relacionados com o gameplay, com os menus e até com o ritmo de algumas tarefas. Tendo em conta a multiplicidade de coisas que podes fazer, desde tarefas como cortar cabelo e barba, tomar banho, comprar e alimentar cavalos, caçar, pescar, comprar roupa, limpar armas e até escovar cavalos, desde logo seria complicado gerir menus e botões, mas outros elementos simplesmente parecem exibir falta de polimento.
O pensamento que a Rockstar faz tudo bem por natureza e dom divino poderá ser perigoso, especialmente perante um jogo como Red Dead Redemption 2 que será exibido entre as referências desta geração. Como referi no início, o ADN da Rockstar Games está visível em tudo o que forma esta jornada inglória de Arthur Morgan (personagem não tão carismático ou atractivo como esperarias da Rockstar), mas se isso é uma marca incontestável de qualidade cinematográfica e detalhes incríveis, também significa que o gameplay "clunky" está de volta.
A Rockstar Games optou por manter-se fiel a si mesma e isso não tem qualquer problema, mas teve cinco anos para aplicar melhorias e não o fez. Os controlos de Arthur Morgan são muito similares ao que viste nos jogos da Rockstar, isso significa que frequentemente parece um tanque - lento e irritante, enquanto noutros momentos os controlos e animações são simplesmente desajeitadas, trapalhonas. Sim, faz parte do ADN da companhia, é uma característica sua e ocasionalmente serve para engrandecer o efeito cinematográfico, mas frequentemente é irritante. Mesmo os controlos do cavalo, com o vínculo no máximo, podem ser inconsistentes e trapalhões.
No meio de um tiroteio, poderás encontrar inesperadas dificuldades em usar a roda de armas e itens para trocar entre armas, poderás ter dificuldade em agachar-te ou poderás sentir dificuldades em "colar" Arthur a uma parede com o efeito que desejas. A lentidão de alguns movimentos, alguns defeitos nas animações e até ocasionais bugs são uma pequena mancha numa experiência que no seu geral merecia mais atenção neste departamento. Os tiroteios vibram com o sistema "Dead Eye" - que tal como outros atributos vão evoluindo conforme os usas ou quando comes alguns alimentos, podes até ajustar alguns parâmetros para personalizar o gunplay típico da Rockstar Games, mas é pena não ver melhorias significativas.
Será fácil contra-argumentar que "é o estilo Rockstar e não tem problemas", mas é um problema quando não existem melhorias e até permitem que cause desconforto em alguns momentos. Frequentemente, senti que os comandos e controlos podiam ser mais suaves, mais leves, mais fluídos. Ao invés disso, fiquei com o que é característico da Rockstar Games - mesmo que isso não signifique uma evolução. Em nome do detalhe e do tom cinematográfico, a Rockstar Games vai mais longe e mostra animações detalhadas para todo o tipo de movimentos e actos, mas nem sempre isso é bom - frequentemente sacrifica a própria diversão do gameplay (especialmente no acto de saquear inimigos).
Isto é especialmente perceptível no Acampamento, uma das melhores novidades de Red Dead Redemption 2, mas que é afectado pelo movimento incrivelmente lento de Morgan e pela infindável quantidade de botões nos quais podes pressionar. A atenção ao detalhe e o aumento da profundidade do mundo virtual através de uma impressionante quantidade de tarefas que podes realizar é louvável, mas o preço podia ser menor