Bem, na minha opinião, em primeiro lugar tens de testar os leitores de cassetes que tens para ver se estão a funcionar normalmente. Agora posso dizer que esses leitores parecem ser modelos de entrada de gama. Além de ambos serem apenas VHS, o SLV-E300 parece ser mono e o SLV-315 nem entrada para fonte externa se tem...contudo isso não quer dizer que não façam o trabalho que é suposto fazer. Isso só testando e vendo os resultados obtidos. Seria então preciso responder a algumas questões: A qualidade de imagem está boa, sem falhas de maior? A resolução é satisfatória? Se sim, então servirão. Se não, então restará procurar por um leitor melhor...o que terá quase de certeza de ser procurado no estrangeiro. Nunca encontrei leitores S-VHS de qualidade à venda no OLX, até porque esse material custava na altura mais de 150.000 Escudos, podendo ir até aos 300.000 Escudos...o que corresponderia hoje em dia a 1500 Euros. Quantos equipamentos desses devem ter sido vendidos em Portugal? Ainda hoje no eBay leitores desses são vendidos a preços altos, muitas vezes dos 300€ para cima.
Mas então o que é que um leitor desse valor fará a mais que um de gama de entrada? Bem, algumas coisas. Primeiro, terá 4 cabeças e não 2 ou 3, como é o caso do SLV-315. Depois, terá saída S-video, o que é muito bom em termos da qualidade do sinal que sai do aparelho. Adicionalmente terá uma função chamada TBC - Time Base Corrector, que basicamente é um sistema que tenta corrigir falhas que possam surgir na imagem. É um sistema que funciona mas não faz milagres. Porém, por vezes surpreende pela positiva...portanto, se as cassetes estiverem em mau estado, esta função será praticamente indispensável. Por fim, a qualidade de imagem obtida por um VCR de topo será assim tão melhor do que a obtida por um VCR de entrada? Possivelmente, não. Isto se as cassetes tiverem sido gravadas com um sinal de qualidade e estiverem muito bem conservadas. Nesse caso, possivelmente a mais-valia do VCR de topo será a saída S-video.
Quanto a placas de captura de vídeo analógico, já experimentei diversas dessas placas com ligação USB e o resultado foi sempre o mesmo: lixo. Dão problemas na codificação dos vídeos, se o computador não tiver um bom processador, a imagem pode travar momentaneamente, são muito sensíveis ao ruído presente na imagem analógica, não têm funções de equalização dinâmica do sinal de vídeo, a compressão dada nos ficheiros de saída é demasiado alta, etc... Há uns bons anos atrás (início dos anos 2000) eu cheguei a adquirir uma placa dessas para digitalizar as minhas cassetes. Quantas vezes tive de repetir as digitalizações porque lá no meio do ficheiro aparecia uma parte com a imagem parada, fruto de sobrecarga do processador...anos depois, quando adquiri um deck com conversores de vídeo de qualidade, voltei a digitalizar todas as cassetes que eu ainda tinha. Felizmente não as tinha jogado fora, nem regravado por cima da maioria delas.
Por fim, eu compreendo o porquê de partires logo na posição de que contratar um serviço para esse fim não é opção, dado os conteúdos que tens para digitalizar. Algumas empresas até se recusam a digitalizar esse tipo de material devido a "direitos de autor". Porém, possivelmente essa seria a opção que daria a melhor relação qualidade/preço. Quem diz que os preços são exorbitantes é porque deve ter visto a tabela de preços de alguma empresa que de facto pede valores altos (porque no fundo já nem quer fazer serviços desses, dedicando-se a outro tipo de serviços), ou então não tem noção do trabalho que dá digitalizar cassetes de vídeo. Só para dar uma achega a tudo o que esse processo envolve, em primeiro lugar cada cassete tem de ser integralmente limpa, depois é preciso retensionar a fita, para então reproduzi-la ao mesmo tempo que é digitalizada, literalmente em tempo real. Ou seja, se uma cassete tiver 4 horas de gravação, irá levar 4 horas a digitalizar. Neste passo é preciso por vezes rezar para que a imagem não desapareça subitamente porque as cabeças ficaram sujas...o que é muito comum com fitas antigas, contaminadas com bolor, ou em mau estado de conservação. Depois de digitalizadas, é preciso fazer uma vistoria de todo o conteúdo para tentar encontrar partes sem imagem, com imagem degradada, onde acabam determinadas gravações, etc. Então é preciso fazer edição vídeo para tentar melhorar a qualidade de imagem, e por fim é preciso fazer a edição áudio, que é especialmente importante em cassetes VHS. Para isso é preciso separar a faixa de áudio da de vídeo, fazer a edição (que inclui a remoção de ruído, aumentar o volume geral, melhorar a inteligibilidade dos diálogos, transformá-la em stereo simulado se for originalmente mono)...e depois voltar a juntar o áudio ao vídeo. Finalmente é feita a conversão para o formato de vídeo final, o que leva mais algum tempo de processamento no computador (e a conta da luz a subir). Posto isto, os preços médio pedidos (5-10€ por cassete) ainda parecem exagerados? Obviamente que com dezenas ou mesmo centenas de cassetes, mesmo a 5€ por cada uma, o valor final será elevado...mas isso poderia ser feito de forma faseada. Ou será melhor adquirir um VCR de +500€ junto com um deck de mais uns 250€ para digitalizar algumas cassetes, correndo o risco de acontecer alguma avaria no leitor de cassetes? É preciso ver que qualquer leitor de cassetes terá no mínimo 10 anos de idade e que praticamente já não se encontra quem os arranje, e muito menos peças de reposição!
O meu conselho para o seu caso passa por ver se os VCR's que tens estão a funcionar. Se sim, então o passo seguinte seria ver o que cada cassete tem gravado e escolher as que têm coisas de interesse. Sendo filmes, procurar por fontes em que seja possível conseguir os mesmos com melhor qualidade que a que está gravada nas cassetes. Quanto a programas de TV...se não estiver, por exemplo, no YouTube, então só restará de facto digitalizar o que há nas cassetes. Penso que com esta estratégia será possível reduzir grandemente o número de cassetes a serem efectivamente digitalizadas.