A história do João freelancer

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Era uma vez o João...

O João é freelancer designer gráfico. O João tem os seus clientes, e é feliz (tanto pessoalmente como financeiramente). Passado algum tempo de ter experiência como freelancer, o João começa a ter demasiados clientes, e achas que é uma boa oportunidade de negócio trabalhar com outros freelancers. O João paga aos freelancers regularmente todos os meses pelo trabalho que realizam. O João e os freelancers são felizes. Ou não serão?...

Certo dia, o João acorda e tem um pensamento plantado na cabeça. Uma ideia que lhe incomoda e deixa-o envergonhado até. O João não sabe se está a pagar o suficiente aos freelancers com quem trabalha. O João sabe que para além de pagar ao freelancer, é lógico que o João também tem de receber a sua parte. Porquê? Porque o cliente é do João, o João investiu muitos meses e horas no seu negócio para que pudesse crescer, porque o João orienta e gere cada projecto, etc, etc.

O João tem um dilema com a qual não quer viver. Quanto deve o João pagar aos que trabalham com ele?

50%?
Mais de 50%
Menos de 50%

Se o João tem um projecto de 600 Euros, o que deve fazer? O João quer tomar a decisão correcta, mas tem muitos factores na sua cabeça:

- O João tenta garantir trabalho regular para os freelancers.
- O João não é o cliente final. Se paga demasiado ao freelancer, fica sem dinheiro.
- O João, como qualquer outra pessoa, não quer sentir que está a perder dinheiro, mas também não quer sentir que é chupista e que está a alimentar o mau mercado de design em Portugal.
- O João não sabe se será fácil ou viável cobrar mais aos seus clientes para garantir uma maior remuneração ao freelancers com quem trabalha.
- O João acha que o que paga aos freelancers até é bom comparado ao mercado nacional (isto porque o João já fez propostas de valor igual (à remuneração dos freelancers) a clientes nacionais, e que praticamente recusam)

O João tem tantas dúvidas. O João já pensou em desistir de todo este negócio, e dedicar-se a uma vida standard de freelancer: trabalhar sozinho e não preocupar-se mais. O João sabe que há muitas pessoas que nunca estiveram deste lado, e que talvez possam não compreender. O João quer voltar a sentir-se confiante e que está a tomar as decisões correctas. O João quer ser feliz.

O João sabe que a ZWAME tem uma comunidade vasta de pessoas da mesma área. O João decide vir contar a sua história, e procurar ajuda e apoio.
 
Última edição:
Boas

Acho que o João fez aqui um excelente tópico. Não trabalho como freelancer, mas identifiquei-me com as tuas dúvidas e problema.

Pessoalmente acho que não deves desistir desse negócio, pelo contrário. Parece-me é que com o tempo até deverias pensar em transformar toda essa tua capacidade, tanto como designer como de networking social, em algo ainda mais sério. Tentares transformar o João freelancer na empresa do João.

Em relação ao pagamento que deves atribuir aos freelancer a trabalhar para ti, na minha opinião depende de como divides o trabalho entre ti e eles. Contrata-los para trabalharem contigo na realização do Projecto A ou é para trabalharem no Projecto B já que tu, como estás a trabalhar no projecto A, não tens tempo para isso? Por outras palavras contratas colaboradores directos ou fazes uma espécie de sub-contratação de modo a adjudicar projectos por inteiro?

Se for o primeiro caso - há um projecto A em que tu estás a trabalhar nele e precisas de outra pessoa para te ajudar - então penso que devias guardar a maior fatia do bolo para ti. Estás a ter tanto trabalho como a pessoa que contratas-te, foste tu a criar a oportunidade, foi a tua reputação que levou até aí e é isso que vai estar em causa se as coisas correrem mal. Imaginas que só precisas de uma pessoa a trabalhar contigo neste caso, então um pagamento tipo 55 ~ 65 % para ti e 35 % ~ 45 % para o colaborador poderia ser justo... duas pessoas a trabalhar contigo? Então é melhor baixares a tua margem, algo tipo 40 % para ti, 30 para cada um deles. Quanto mais pessoas tiveres a trabalhar nesse projecto, mais pequena deverá ser a tua margem.

Se for o segundo caso - o projecto A anda a dar-te água pela barba e entretanto aceitas-te o projecto B, mas simplesmente não tens tempo para o fazer - então basicamente o freelancer contratado deverá receber a maior fatia do bolo e tu tiras basicamente uma comissão para ti - não foste tu a ter trabalho ali, mas és tu que "assinas os papéis" no fim, é o teu selo de qualidade e como tal a responsabilidade é tua. Acredita, vais querer ter alguém motivado a trabalhar para ti, já que tu não vais acompanhar o projecto tão de perto.

Em relação a aumentar o preço pedido, cuidado com isso. Como já disseste algumas empresas simplesmente dizem que não, mas tudo vai depender do teu portefólio. No entanto, parece-me que ainda poderás precisar de criar um pouco mais de estrutura no teu negócio antes de entrares definitivamente por esse caminho de jogar com que pode pagar.
 
Um agente normalmente leva-te 30%, mas ele é que trata de tudo (arranja clientes e negoceia o budget) e chega a cobrar mais do dobro do que o artista cobraria sozinho (outro poder negocial) por isso poderá compensar (atenção a certas "agências" de freelances cá no burgo para designers/ilustradores que demoram tempo a dar o dinheiro ao artista...). Se for para trabalhos a nivel nacional ou trabalhas só para grandes empresas ou fazes mesmo muitos trabalhos mais pequenos para te compensar ao mês só os 30%, pois os valores a nivel nacional são muito baixos. Por outro lado como o rating diário de um freelance cá até podes vir a ficar com mais de 50% e o freelance ficar feliz a mesma.

É uma questão de discutires com os teus freelances que trabalhas normalmente. Quanto querem ganhar ao dia e depois veres quanto consegues negociar os valores com o cliente. Podem ficar os 2 a ganhar desde que falem antes, não deverá haver problema :)

Abraços
 
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