Análise: Fiio E11
Design
Design em geral
A primeira coisa que nos salta imediatamente à vista quando olhamos para o E11 é o quão pequeno ele é. As imagens observadas na net não fazem justiça ao seu tamanho. É ligeiramente mais pequeno que o E7, embora o botão de volume o faça tecnicamente quase do mesmo tamanho. Por falar neste botão, este é provavelmente das melhores provas de como o design deste aparelho foi realmente pensado bem. Em muitos amplificadores de auscultadores portáteis, os botões de volume estão completamente desprotegidos, tornando-os muito vulneráveis a simplesmente partirem-se. No E11, este botão de volume está coberto por uma peça de plástico que impede que isso aconteça, mas que o torna perfeitamente utilizável ao mesmo tempo, cobrindo apenas uma parte deste. O botão de volume em si também serve para desligar e ligar o aparelho, e na verdade até aparenta ser de bastante boa qualidade (bem acima do que estava à espera), sendo bastante suave e não sendo nem muito nem pouco sensível no seu manuseamento.
O E11 é quase totalmente feito de plástico, embora as duas “placas” a preto sejam feitas de um tipo de metal muito fino, mas que na realidade dá ao aparelho uma boa sensação de qualidade. A construção do E11 também surpreende. Embora seja feito em grande parte de plástico, todos os botões e plásticos aparentam estar bem ligados entre si. O peso do equipamento é extremamente baixo. Aparenta ser bastante mais leve que o E7, o que não é nenhuma surpresa, já que este é quase totalmente feito de metal.
Uma função/capacidade interessante no E11 que não existe em muitos amplificadores do estilo (à parte dos que usam pilhas como fontes de alimentação), é a capacidade de substituir a bateria interna do aparelho. Ora, não só isto é interessante, como o facto de a bateria ser uma extremamente comum em muitos telemóveis (uma BL-5B, de 800mAh), tornado-se a tarefa de a substituir razoavelmente simples e barata. A autonomia da bateria está indicada pela Fiio como andando pelas 10 horas. Não realizei medições nenhumas, mas a estimativa parece-me até estar um pouco para o lado conservativo, pelo que acho ser ainda superior.
Conexões/botões
Dentro do básico, encontramos quatro coisas: o botão de volume (que serve também como botão para ligar/desligar o aparelho), a entrada de linha, a saída de auscultadores (as três umas ao lado das outras) e uma entrada Mini-USB para carregar a bateria do aparelho.
Embora o E11 seja um simples leitor de auscultadores portátil, existem algumas outras coisas de notar, que embora simples, adicionam valor ao aparelho. Primeiro, temos um botão de ganho, com duas opções: H-High e L-Low. Diferentes auscultadores respondem de forma diferente a ganhos, pelo que é uma função bem vinda, e que definitivamente funciona bem no E11. Ao lado deste, temos um “switch” chamado “EQ” com três posições: 0, 1 e 2. Esta função está também incorporada no E7, e embora se chame “EQ”, não passa de um simples alternador de graves (embora seja, a par do que se encontra no E7, dos melhores que já experimentei, por resultar numa mudança subtil na quantidade de graves, e não afectando o resto do espectro sonoro, como acontece em muitos).
Por fim, existe um outro botão, bem escondido. É necessário retirar a bateria do aparelho para o descobrir (presumo que mesmo de propósito, para não ser mudado enquanto o aparelho está em funcionamento). Aquilo que faz é mudar entre “High Power” e “Low Power”, conforme se queira usar o potencial todo do E11 (em termos de potência), ou poupar um pouco de bateria aquando da sua utilização. Para além disto tudo, dispomos de duas simples luzes indicadoras: uma indica que o aparelho está ligado e a outra serve para avisar, através de sucessivas piscadelas que a bateria está a terminar.
Som
Todos os testes sonoros nesta análise foram realizados utilizando várias configurações de dispositivos. Ao longo da análise farei as respectivas referências, de forma a tornar a comparação de fontes/"outputs" mais fácil. As configurações de dispositivos são as seguintes:
• Configuração 1 - Sansa Clip+ (fonte) [+] Fiio E11 (amplificação) [+] Auscultadores (modelos a seguir)
• Configuração 2 - PC genérico (fonte) [+] Fiio E7 (DAC) [+] Fiio E9 (line-out para E7) [+] Fiio E11 (amplificação) [+] Auscultadores (modelos a seguir)
• Configuração 3 - Marantz CD-72 (fonte) [+] Fiio E11 (amplificação) [+] Auscultadores (modelos a seguir)
Na configuração 1 foi utilizado o FLAC (lossless) como formato áudio, enquanto que nas restantes, 2 e 3, foi utilizado o CD.
Gama alta
Ora, tudo é relativo, todos sabemos disso. Sem haver comparações, poderei dizer que os agudos do E11 são bastante extensos e têm um nivel de detalhe muitíssimo próximo do irmão grande (o E9), mas contêm um toque de substância “quente”. São inclusivé uns agudos mais “líquidos” que os do E9. Fez-me lembrar as comparações que se fazem entre amplificadores a transístores e a válvulas, embora a um nível não tão grande. Esta característica não está presente, por exemplo, no E9, mas já se encontra um pouco presente no E7. Ainda assim, direi que neste aspecto o E11 se encontra entre o E7 e o E9.
Não existe definitivamente aquela característica “aguçada” nos agudos com alguns auscultadores no E9, mas os agudos também não estão com falta de definição como no E7. Ainda assim, não são neutros. O toque “quente” impede-os de o ser. Comparando o E11 com o E7, acontece algo curioso. A sensação imediata que tive foi que os agudos do E11 eram mais frios, mas a questão é que são exactamente o oposto, mais quentes. Aquilo que acontece é que são mais frontais e presentes que no E7, fazendo por vezes dar a sensação de um som mais “frio”, ainda que muito mais “controlado” que o E7. Se irei considerar isto como um ponto negativo? Não, pois embora ache que poderia haver uma maior neutralidade e talvez até quantidade de agudos, tecnicamente não existe nada de errado com eles. Digamos que são muito “generalistas” e que para a maioria das pessoas e auscultadores irão funcionar perfeitamente, mas que para pessoas que gostem de analisar a música ao pormenor e adorem neutralidade, talvez não os satisfaçam completamente.
Usando a configuração 2 é que podemos observar esta diferença ligeira face ao E9. Na configuração 1 os resultados nos agudos foram curiosos. Usando os Phonak PFE 012 nesta configuração, sem o E11, o som, por comparação a ser usado o E11 é extremamente diferente. Mas o curioso é que a característica ligeiramente “quente” dos agudos do E11 não passa para os Phonak, com o Clip, aliás, muito antes pelo contrário. Os agudos são mais realçados, mais controlados e ainda menos “quentes” se compararmos com a utilização dos Phonak apenas com o Clip. E o mesmo se passou com todos os outros auscultadores que experimentei, com excepção de uns: os complicados de amplificar AKG K 701. Aqui, aconteceu exactamente o oposto: os agudos tornaram-se mais controlados, sim, mas ficaram mais “quentes”, mais agradáveis de ouvir, mesmo face à utilização do E9, cuja sinergia com os K 701 até tinha funcionado relativamente bem.
Gama média
A referência às comparações entre amplificadores a válvulas e a transístores na parte da “gama alta” também se aplicam na gama média. O E9 tem uma gama média mais “fina” e com mais “grão” que a do E11, isto por comparação, e graças à sua maior neutralidade. A questão da caracteristica “quente” dos agudos também se aplica nos médios. Mas a maior diferença, de longe, entre um e outro está na frontalidade. As vozes e a maioria dos instrumentos estão muito mais frontais no E11 do que no E9. A nível de detalhe, são os dois incrivelmente semelhantes. A maior frontalidade do E11 até poderá criar para muitos a ilusão de que este tem mais detalhe, mas a questão é que o detalhe mais minucioso ainda é descoberto melhor pelo E9, embora marginalmente melhor. O que temos aqui então, mais uma vez, é praticamente uma só diferença entre os dois: tonalidade.
Em comparação, o E7 parece que junta o pior dos dois mundos: não é tão frontal e agradável na gama média como o E11 nem tem o detalhe e a delicadeza nas vozes que o E9 tem. E tal como nos agudos, a sensação errada de maior frieza do E11 face ao E7 está também presente nos médios, sendo desta vez encontrada uma maior frontalidade na gama média. Em resumo: está tudo “mais à frente” do que no E7. Mas estamos a falar do E11, portanto passemos para as configurações.
Na configuração 1 esta frontalidade do E11 é onde menos é notada (tornando-se em geral o som mais neutro), sendo que é na configuração 2 onde se nota mais esta caracteristica. Os melhores resultados foram observados na configuração 3 (e de longe), desta vez retendo o melhor dos dois mundos: o som ficou muito natural, a frontalidade continuava a existir, mas sem aquele toque “quente” que se observava com as restantes configurações (mais na configuração 2). Com todos os auscultadores com que experimentei, a gama média foi sempre muito coerente, agradável e controlada, embora com os Phonak se notasse bastante, e mais uma vez, aquele aspecto “quente” no som, que se notava menos com o E9.
Gama baixa
Para um amplificador desta gama, o E11 porta-se excelentemente bem. Embora a neutralidade e a rapidez no grave seja muito ligeiramente inferior à do E9, esta ainda é retida bastante bem pelo E11. O controlo é muito equivalente ao do E9, embora haja uma caracteristica que possa torná-lo aparentemente pior que o do E9: a quantidade de graves é consideravelmente maior que a do E9. E isto leva-nos ao funcionamento do E11 com as diversas configurações/auscultadores.
Por muito bom que seja o E11, a sua utilização com os mais diversos auscultadores é mais restrita: auscultadores que tenham algum ênfase no grave ou apostam no carácter quente do mesmo, não funcionarão totalmente bem, ou tão bem como alguns com outras caracteristicas. No caso dos K 701 (e na configuração 2), “o casamento” foi até bastante bom, embora fosse também onde se notassem mais os defeitos no grave face ao E9 (embora houvesse maior quantidade do que no E9, era um grave mais “monofónico”, ou seja, não tinha aquela dinâmica do E9). Onde também se notaram diferenças consideráveis foi com os Phonak PFE 012. Os filtros verdes destes IEM’s dão-lhes por vezes um toque de grave em demasia, quando mal “casados”. No caso do E9, o par conjugou excelentemente bem. Com o E11, embora ainda houvesse uma excelente definição, detalhe e bastante rapidez no grave, estas eram inferiores às ouvidas com o E9. Ainda assim, fiquei bastante surpreendido com o resultado.
Mas o sistema onde mais prazer tive de ouvir o E11 foi na configuração 1. O grave menos frontal e em geral bastante equilibrado do Clip tornou o som simplesmente fantástico com os Phonak. Todas as caracteristicas do E9 (em conjunto com o E7) ainda estavam presentes, e a própria rapidez ainda era observada nesta configuração. Em termos de graves, e a nivel geral, o E11 está bastante acima do E7 e está também, mais uma vez, a meio dos dois (o E9 e o E7).
Palco, separação instrumental e foco
O palco do E11 está mais ou menos ao mesmo nivel do E9. Aquilo que muda mais é o foco e a separação instrumental, sobretudo esta ultima. Existe um certo congestionamento que não se ouve com o E9. De qualquer maneira, e mais uma vez, está perfeitamente a um nível que considero ser bom. O foco também está ligeiramente abaixo do E9. Estas coisas notam-me mais em músicas onde a quantidade de instrumentos a serem tocados ao mesmo tempo é muito grande. Enquanto que o E9 consegue gerir de forma excelente estes instrumentos, o E11 por vezes mistura um pouco as coisas, ainda que muito pouco.
Conclusão
Como resumir este amplificador? Vejamos uma coisa, o E11 não é, a nível de som, tão bom como o E9. Mas será esta diferença assim tão grande? Não, não é. A qualidade em si até não é assim tão diferente. O que muda muito é a sonoridade, sendo esta um pouco mais “quente” e com uma tonalidade mais “espessa” e “liquida”. Mas isto não quer dizer que tenha um som pior, nada disso. É apenas um som diferente, que quando não comparado com o E9 é impossível de ser criticado para o lado negativo.
Tal como o E9, este não é nem de perto um produto revolucionário. É um simples amplificador de auscultadores portátil, para ser usado com qualquer leitor de MP3/MP4 no mercado. Em termos de funcionalidade é bastante simples e também não “grita” nada de novo. Poderei então dizer que lhe falta alguma coisa, algo que o distinga da concorrência, algo que chame à atenção, e que portanto, tem esta falha, certo? Não, nem um pouco. Ás vezes são as coisas simples que mais nos surpreendem. E é o caso do E11. Em muitos sentidos, até parece um produto da Apple: é extremamente bem desenhado, tem bom aspecto, muito boa qualidade de construção e a ergonomia do aparelho é excelente. Mas mais uma vez, por ser um produto da Fiio, é a relação qualidade/preço que dará vantagem ao E11 face a muitos outros amplificadores de auscultadores portáteis da concorrência.
E dito isto tudo, existe alguma desvantagem no E11? Após uma muito cuidada reflexão, a minha resposta simples é “não”. O E11, a meu ver, é um soberbo amplificador.
Destaco pela positiva:
- Excelente construção e ergonomia;
- Som muito bom e boa capacidade de guiar auscultadores exigentes;
- Autonomia da bateria.
Destaco pela negativa:
- [Nada]
Mencionado nesta análise:
- Phonak PFE 012
- AKG K 701
- Fiio E9
- Fiio E7
- Fiio E11
Design
Design em geral
A primeira coisa que nos salta imediatamente à vista quando olhamos para o E11 é o quão pequeno ele é. As imagens observadas na net não fazem justiça ao seu tamanho. É ligeiramente mais pequeno que o E7, embora o botão de volume o faça tecnicamente quase do mesmo tamanho. Por falar neste botão, este é provavelmente das melhores provas de como o design deste aparelho foi realmente pensado bem. Em muitos amplificadores de auscultadores portáteis, os botões de volume estão completamente desprotegidos, tornando-os muito vulneráveis a simplesmente partirem-se. No E11, este botão de volume está coberto por uma peça de plástico que impede que isso aconteça, mas que o torna perfeitamente utilizável ao mesmo tempo, cobrindo apenas uma parte deste. O botão de volume em si também serve para desligar e ligar o aparelho, e na verdade até aparenta ser de bastante boa qualidade (bem acima do que estava à espera), sendo bastante suave e não sendo nem muito nem pouco sensível no seu manuseamento.
O E11 é quase totalmente feito de plástico, embora as duas “placas” a preto sejam feitas de um tipo de metal muito fino, mas que na realidade dá ao aparelho uma boa sensação de qualidade. A construção do E11 também surpreende. Embora seja feito em grande parte de plástico, todos os botões e plásticos aparentam estar bem ligados entre si. O peso do equipamento é extremamente baixo. Aparenta ser bastante mais leve que o E7, o que não é nenhuma surpresa, já que este é quase totalmente feito de metal.
Uma função/capacidade interessante no E11 que não existe em muitos amplificadores do estilo (à parte dos que usam pilhas como fontes de alimentação), é a capacidade de substituir a bateria interna do aparelho. Ora, não só isto é interessante, como o facto de a bateria ser uma extremamente comum em muitos telemóveis (uma BL-5B, de 800mAh), tornado-se a tarefa de a substituir razoavelmente simples e barata. A autonomia da bateria está indicada pela Fiio como andando pelas 10 horas. Não realizei medições nenhumas, mas a estimativa parece-me até estar um pouco para o lado conservativo, pelo que acho ser ainda superior.
Conexões/botões
Dentro do básico, encontramos quatro coisas: o botão de volume (que serve também como botão para ligar/desligar o aparelho), a entrada de linha, a saída de auscultadores (as três umas ao lado das outras) e uma entrada Mini-USB para carregar a bateria do aparelho.
Embora o E11 seja um simples leitor de auscultadores portátil, existem algumas outras coisas de notar, que embora simples, adicionam valor ao aparelho. Primeiro, temos um botão de ganho, com duas opções: H-High e L-Low. Diferentes auscultadores respondem de forma diferente a ganhos, pelo que é uma função bem vinda, e que definitivamente funciona bem no E11. Ao lado deste, temos um “switch” chamado “EQ” com três posições: 0, 1 e 2. Esta função está também incorporada no E7, e embora se chame “EQ”, não passa de um simples alternador de graves (embora seja, a par do que se encontra no E7, dos melhores que já experimentei, por resultar numa mudança subtil na quantidade de graves, e não afectando o resto do espectro sonoro, como acontece em muitos).
Por fim, existe um outro botão, bem escondido. É necessário retirar a bateria do aparelho para o descobrir (presumo que mesmo de propósito, para não ser mudado enquanto o aparelho está em funcionamento). Aquilo que faz é mudar entre “High Power” e “Low Power”, conforme se queira usar o potencial todo do E11 (em termos de potência), ou poupar um pouco de bateria aquando da sua utilização. Para além disto tudo, dispomos de duas simples luzes indicadoras: uma indica que o aparelho está ligado e a outra serve para avisar, através de sucessivas piscadelas que a bateria está a terminar.
Som
Todos os testes sonoros nesta análise foram realizados utilizando várias configurações de dispositivos. Ao longo da análise farei as respectivas referências, de forma a tornar a comparação de fontes/"outputs" mais fácil. As configurações de dispositivos são as seguintes:
• Configuração 1 - Sansa Clip+ (fonte) [+] Fiio E11 (amplificação) [+] Auscultadores (modelos a seguir)
• Configuração 2 - PC genérico (fonte) [+] Fiio E7 (DAC) [+] Fiio E9 (line-out para E7) [+] Fiio E11 (amplificação) [+] Auscultadores (modelos a seguir)
• Configuração 3 - Marantz CD-72 (fonte) [+] Fiio E11 (amplificação) [+] Auscultadores (modelos a seguir)
Na configuração 1 foi utilizado o FLAC (lossless) como formato áudio, enquanto que nas restantes, 2 e 3, foi utilizado o CD.
Gama alta
Ora, tudo é relativo, todos sabemos disso. Sem haver comparações, poderei dizer que os agudos do E11 são bastante extensos e têm um nivel de detalhe muitíssimo próximo do irmão grande (o E9), mas contêm um toque de substância “quente”. São inclusivé uns agudos mais “líquidos” que os do E9. Fez-me lembrar as comparações que se fazem entre amplificadores a transístores e a válvulas, embora a um nível não tão grande. Esta característica não está presente, por exemplo, no E9, mas já se encontra um pouco presente no E7. Ainda assim, direi que neste aspecto o E11 se encontra entre o E7 e o E9.
Não existe definitivamente aquela característica “aguçada” nos agudos com alguns auscultadores no E9, mas os agudos também não estão com falta de definição como no E7. Ainda assim, não são neutros. O toque “quente” impede-os de o ser. Comparando o E11 com o E7, acontece algo curioso. A sensação imediata que tive foi que os agudos do E11 eram mais frios, mas a questão é que são exactamente o oposto, mais quentes. Aquilo que acontece é que são mais frontais e presentes que no E7, fazendo por vezes dar a sensação de um som mais “frio”, ainda que muito mais “controlado” que o E7. Se irei considerar isto como um ponto negativo? Não, pois embora ache que poderia haver uma maior neutralidade e talvez até quantidade de agudos, tecnicamente não existe nada de errado com eles. Digamos que são muito “generalistas” e que para a maioria das pessoas e auscultadores irão funcionar perfeitamente, mas que para pessoas que gostem de analisar a música ao pormenor e adorem neutralidade, talvez não os satisfaçam completamente.
Usando a configuração 2 é que podemos observar esta diferença ligeira face ao E9. Na configuração 1 os resultados nos agudos foram curiosos. Usando os Phonak PFE 012 nesta configuração, sem o E11, o som, por comparação a ser usado o E11 é extremamente diferente. Mas o curioso é que a característica ligeiramente “quente” dos agudos do E11 não passa para os Phonak, com o Clip, aliás, muito antes pelo contrário. Os agudos são mais realçados, mais controlados e ainda menos “quentes” se compararmos com a utilização dos Phonak apenas com o Clip. E o mesmo se passou com todos os outros auscultadores que experimentei, com excepção de uns: os complicados de amplificar AKG K 701. Aqui, aconteceu exactamente o oposto: os agudos tornaram-se mais controlados, sim, mas ficaram mais “quentes”, mais agradáveis de ouvir, mesmo face à utilização do E9, cuja sinergia com os K 701 até tinha funcionado relativamente bem.
Gama média
A referência às comparações entre amplificadores a válvulas e a transístores na parte da “gama alta” também se aplicam na gama média. O E9 tem uma gama média mais “fina” e com mais “grão” que a do E11, isto por comparação, e graças à sua maior neutralidade. A questão da caracteristica “quente” dos agudos também se aplica nos médios. Mas a maior diferença, de longe, entre um e outro está na frontalidade. As vozes e a maioria dos instrumentos estão muito mais frontais no E11 do que no E9. A nível de detalhe, são os dois incrivelmente semelhantes. A maior frontalidade do E11 até poderá criar para muitos a ilusão de que este tem mais detalhe, mas a questão é que o detalhe mais minucioso ainda é descoberto melhor pelo E9, embora marginalmente melhor. O que temos aqui então, mais uma vez, é praticamente uma só diferença entre os dois: tonalidade.
Em comparação, o E7 parece que junta o pior dos dois mundos: não é tão frontal e agradável na gama média como o E11 nem tem o detalhe e a delicadeza nas vozes que o E9 tem. E tal como nos agudos, a sensação errada de maior frieza do E11 face ao E7 está também presente nos médios, sendo desta vez encontrada uma maior frontalidade na gama média. Em resumo: está tudo “mais à frente” do que no E7. Mas estamos a falar do E11, portanto passemos para as configurações.
Na configuração 1 esta frontalidade do E11 é onde menos é notada (tornando-se em geral o som mais neutro), sendo que é na configuração 2 onde se nota mais esta caracteristica. Os melhores resultados foram observados na configuração 3 (e de longe), desta vez retendo o melhor dos dois mundos: o som ficou muito natural, a frontalidade continuava a existir, mas sem aquele toque “quente” que se observava com as restantes configurações (mais na configuração 2). Com todos os auscultadores com que experimentei, a gama média foi sempre muito coerente, agradável e controlada, embora com os Phonak se notasse bastante, e mais uma vez, aquele aspecto “quente” no som, que se notava menos com o E9.
Gama baixa
Para um amplificador desta gama, o E11 porta-se excelentemente bem. Embora a neutralidade e a rapidez no grave seja muito ligeiramente inferior à do E9, esta ainda é retida bastante bem pelo E11. O controlo é muito equivalente ao do E9, embora haja uma caracteristica que possa torná-lo aparentemente pior que o do E9: a quantidade de graves é consideravelmente maior que a do E9. E isto leva-nos ao funcionamento do E11 com as diversas configurações/auscultadores.
Por muito bom que seja o E11, a sua utilização com os mais diversos auscultadores é mais restrita: auscultadores que tenham algum ênfase no grave ou apostam no carácter quente do mesmo, não funcionarão totalmente bem, ou tão bem como alguns com outras caracteristicas. No caso dos K 701 (e na configuração 2), “o casamento” foi até bastante bom, embora fosse também onde se notassem mais os defeitos no grave face ao E9 (embora houvesse maior quantidade do que no E9, era um grave mais “monofónico”, ou seja, não tinha aquela dinâmica do E9). Onde também se notaram diferenças consideráveis foi com os Phonak PFE 012. Os filtros verdes destes IEM’s dão-lhes por vezes um toque de grave em demasia, quando mal “casados”. No caso do E9, o par conjugou excelentemente bem. Com o E11, embora ainda houvesse uma excelente definição, detalhe e bastante rapidez no grave, estas eram inferiores às ouvidas com o E9. Ainda assim, fiquei bastante surpreendido com o resultado.
Mas o sistema onde mais prazer tive de ouvir o E11 foi na configuração 1. O grave menos frontal e em geral bastante equilibrado do Clip tornou o som simplesmente fantástico com os Phonak. Todas as caracteristicas do E9 (em conjunto com o E7) ainda estavam presentes, e a própria rapidez ainda era observada nesta configuração. Em termos de graves, e a nivel geral, o E11 está bastante acima do E7 e está também, mais uma vez, a meio dos dois (o E9 e o E7).
Palco, separação instrumental e foco
O palco do E11 está mais ou menos ao mesmo nivel do E9. Aquilo que muda mais é o foco e a separação instrumental, sobretudo esta ultima. Existe um certo congestionamento que não se ouve com o E9. De qualquer maneira, e mais uma vez, está perfeitamente a um nível que considero ser bom. O foco também está ligeiramente abaixo do E9. Estas coisas notam-me mais em músicas onde a quantidade de instrumentos a serem tocados ao mesmo tempo é muito grande. Enquanto que o E9 consegue gerir de forma excelente estes instrumentos, o E11 por vezes mistura um pouco as coisas, ainda que muito pouco.
Conclusão
Como resumir este amplificador? Vejamos uma coisa, o E11 não é, a nível de som, tão bom como o E9. Mas será esta diferença assim tão grande? Não, não é. A qualidade em si até não é assim tão diferente. O que muda muito é a sonoridade, sendo esta um pouco mais “quente” e com uma tonalidade mais “espessa” e “liquida”. Mas isto não quer dizer que tenha um som pior, nada disso. É apenas um som diferente, que quando não comparado com o E9 é impossível de ser criticado para o lado negativo.
Tal como o E9, este não é nem de perto um produto revolucionário. É um simples amplificador de auscultadores portátil, para ser usado com qualquer leitor de MP3/MP4 no mercado. Em termos de funcionalidade é bastante simples e também não “grita” nada de novo. Poderei então dizer que lhe falta alguma coisa, algo que o distinga da concorrência, algo que chame à atenção, e que portanto, tem esta falha, certo? Não, nem um pouco. Ás vezes são as coisas simples que mais nos surpreendem. E é o caso do E11. Em muitos sentidos, até parece um produto da Apple: é extremamente bem desenhado, tem bom aspecto, muito boa qualidade de construção e a ergonomia do aparelho é excelente. Mas mais uma vez, por ser um produto da Fiio, é a relação qualidade/preço que dará vantagem ao E11 face a muitos outros amplificadores de auscultadores portáteis da concorrência.
E dito isto tudo, existe alguma desvantagem no E11? Após uma muito cuidada reflexão, a minha resposta simples é “não”. O E11, a meu ver, é um soberbo amplificador.
Destaco pela positiva:
- Excelente construção e ergonomia;
- Som muito bom e boa capacidade de guiar auscultadores exigentes;
- Autonomia da bateria.
Destaco pela negativa:
- [Nada]
Mencionado nesta análise:
- Phonak PFE 012
- AKG K 701
- Fiio E9
- Fiio E7
- Fiio E11
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