Bem, fui contactado pela ***** agradecendo a participação e informado que os vencedores já teriam sido congratulados pela própria *****.
Uma vez que não fui um dos vencedores venho partilhar convosco o trabalho que teve origem nestes registos que fiz por Itália e que partilhei aqui convosco.
Quero apenas voltar a dizer que o meu intuito nunca foi vencer (se bem que ganhar uns € era bem do meu agrado) uma vez que nem sequer tinha noção como se fazia um trabalho deste género.
A ideia era esforçar-me e obrigar-me a fazer um trabalho com pés e cabeça.
Independentemente das críticas e de saber que, como primeiro trabalho, há muito para melhorar, fiquei satisfeito com o resultado final:
(Aconselho a visualização no Flickr apesar da leitura não ser tão fácil).
https://www.flickr.com/gp/127185167@N02/mRYtdJ
https://www.facebook.com/pg/madeinimagineland/photos/?tab=album&album_id=252830628481552
Sinopse:
“Altri tempi, altri costumi” é um documentário fotográfico realizado numa viagem a Itália e que visa a mudança de paradigma. Este trabalho nasce da minha sensibilidade à digitalização do ser humano e a uma certa degradação do mesmo. Incisivo, visa a hipocrisia, a dicotomia entre um passado que é história e um presente que, de certa maneira, o ignora. A voracidade das vicissitudes do dia-a-dia, o desinteresse por tudo o que não é imediato. Este é um trabalho retrospectivo, que teve origem na junção dos pontos.
Memória descritiva:
A imponência dos restos de história, que sobraram, contrastam com os objectos habituais e enfadonhos do quotidiano. Por todo o lado a mistura dá-se, de forma desenfreada, rotineira e organizada. Perante tamanha imensidão de vidas passadas, a vida, a própria, perde valor. Significa menos. Os resquícios de história, esses, não perdem valor. Geração após geração, lá estão. Carregam consigo muitas vidas, mais do que podemos imaginar. E é por isso que têm tanto valor.
Essa era a transformação do ser. O pináculo da criação. A sua imortalização. A transformação do ser no seu legado. A sua vida, um presente que, de forma sagrada, queria tornar-se passado histórico para um qualquer futuro. Essa era a sua marca, essa era a sua transformação.
Hoje? Hoje a transformação é menor. O umbigo é maior que a vontade. A história é vivida como forma de auto elogio. E quando estamos cheios de nós próprios, não há espaço para sermos melhor. Não há espaço para virmos a ser história.
Ao invés, existe uma transformação instantânea mas efémera. Há quem se imortalize várias vezes ao dia. Em imponentes muros digitais, qual muralha da china, com quilómetros de comprimento e onde se comprimem tantas transformações que, no fundo, valor nenhum têm.
Relâmpagos de informação, de vidas, de acontecimentos, sem valor, sem interesse, que nunca virão a ser um resto de história. Este é o espelho da vontade, da necessidade de afirmação, da necessidade de ser, de ter valor. Contudo, a transformação, essa quase nunca existe.
A história, a verdadeira, que atravessou gerações, vive paredes meias, cara a cara, com o ruído, com as fantasias, fugazes, efémeras. O contraste é maior. O regozijo de digitalizar uma história eterna é efémero também ele. O que não tem mérito está fadado ao fracasso. O consolo e a falsa aprovação vêm na forma de
“likes”.
Enquanto durarem, os restos de história, apesar da sua impotência, cumprirão o seu papel provando a capacidade de transformação do ser em algo melhor, em algo maior. Esta é a nossa história, esta é a nossa identidade. Quando a desprezados, tornamos-mos em seres sem alma. Quando esta escassa, homens e restos de história partilham o mesmo estado. A falta de alma não está muito longe da pedra, rígida, fria. Se por um lado, estas últimas cumprem o seu papel, os outros, os homens, ignoram a triste e pesada realidade: Não existe resto de história onde, antes, não existiu curiosidade, alegria e entusiasmo.
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