Vamos lá ver se nos entendemos, temos o CPU, fonte de calor por efeito Joule, os dissipadores que o rodeiam, as ventoinhas que aumentam a velocidade de dissipação de calor nos dissipadores e o universo (tudo aquilo que rodeia este sistema).
Conceptualmente a melhor forma de abordar uma questão deste género, é tratar o calor como foi historicamente definido, como um fluído. Esta consideração apesar de fisicamente não corresponder à realidade física, oferece uma descrição macroscópica correcta em todos os sentidos inclusive matematicamente. Sublinho que toda a termodinâmica macroscópica foi feita nestes pressupostos.
A partir do momento em que se liga o computador, a temperatura do CPU começa a aumentar por causa do calor gerado por efeito Joule, por contacto térmico, os dissipadores acompanham o aumento de temperatura, ainda por contacto térmico, o calor dos dissipadores é transferido para o universo.
A partir de um instante t, a temperatura em cada ponto do CPU e dos dissipadores é sensivelmente constante. Nesta altura podemos dizer que o fluxo de calor é constante o que basicamente significa dizer que todo o calor que é gerado no CPU é dissipado pelos dissipadores.
Sublinhar que naturalmente, a função gradiente que traduz a temperatura do CPU e dos dissipadores em cada ponto não é invariante para intervalos de tempo muito longos (isto é, precisamos de várias funções para descrever termicamente o sistema). Mas é perfeitamente razoável assumir que tal acontece para intervalos de tempo pequenos relativamente ao período de funcionamento de um computador, mas ainda assim suficientemente grandes para os fenómenos de transferência de calor que se estudam.
Suponhamos agora que há um corte na corrente eléctrica. Naturalmente o CPU deixa de dissipar calor por efeito Joule e as ventoinhas param. Se assumirmos que as ventoinhas param instantaneamente, naturalmente o fluxo de dissipação decresce quando comparado ao do computador ligado, por outro lado, o calor gerado no CPU até ao instante em que cortamos a corrente ainda não foi dissipado pelo que para um instante de tempo suficientemente pequeno após a quebra de corrente, temos um fluxo de geração de calor maior que o fluxo de dissipação. Consequentemente, neste pequeno intervalo de tempo há calor que foi gerado e não foi dissipado e como tal tem-se obrigatoriamente um aumento de temperatura, um pico.
Depois de atingir este pico, naturalmente há um decréscimo da temperatura até o sistema atingir a mesma temperatura do universo que o rodeia.
Por isso, há fundamento teórico para danos no cpu ou noutros componentes que o rodeiam? No intervalo de tempo em que há aumento de temperatura teoricamente pode-se esperar que isso aconteça.
Adenda: Naturalmente os eventuais danos dependem da temperatura a que se encontrava o sistema aquando da quebra de corrente, do calor gerado pelo CPU até esse instante, da capacidade dissipativa passiva dos dissipadores usados, etc, factores estes dos quais depende a amplitude do pico.
Até meto um boneco:
Isto traduz genericamente o comportamento térmico em cada ponto do sistema (CPU + dissipadores). Sublinho ser em cada ponto porque apesar de ser seguro assumir estas variações em cada ponto, os valores propriamente ditos das temperaturas em cada ponto dependem do mapa de temperaturas. Sou um grande artista