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Fonte: Revista Exame informática edição nº153Começou a corrida à Fibra.
Nas telecomunicações todos esperam por uma decisão da Anacom. Será que a PT vai poder investir em Fibra óptica ?
Não há volta a dar: por muito larga que seja a banda, tarde ou cedo, o internauta vai querer mais. Uma pequena viagem no tempo confirma a insaciabilidade generalizada: em Portugal, a banda larga arrancou com o novo milénio, a uns “estonteantes” 512 kbps e foi duplicando de 1,5 em 1,5 anos, até chegar aos 30 Mbps de hoje. Para não variar, o cliente não quer saber de grandes feitos tecnológicos e está louco por ter IPTV e vídeo a pedido; velocidade de upstream para usar no youtube e afins; ou apenas largura de banda para downloads. Resultado: o tráfego de redes como a da PT tem crescido a uma média de 54 % ao ano. Com um pormenor nada despiciendo: alguns troços da rede datam dos anos 30.
Conhecedores das limitações das maiores redes do País, os intervenientes do sector já começaram a trabalhar no desenvolvimento das sucessoras das redes de cobre e cabo. A primeira iniciativa partiu da Associação de Operadores de Telecomunicações (Apritel), com a apresentação de um projecto de implementação de acessos fibra óptica para 80% da população num período de cinco anos.
O projecto está orçado entre 1000 e 1300 milhões de euros e prevê a constituição de uma empresa participada pelos vários operadores, que toma por modelo a SIBS, a sociedade gestora do Multibanco, cujo corpo accionista integra os vários bancos com presença em Portugal.
O projecto prevê fornecer larguras de banda que, em teoria podem chegar aos 2,5GBps em Downstream (da rede para a casa utilizador ) e 1GBps em upstream (da casa do utilizador para a rede). Segundo a Apritel, o modelo gestão partilhada teria como virtudes evitar o atraso na adopção de novas tecnologias e um modelo de exploração que racionaliza recursos.
Tecnologia e estratégia
Os efeitos da apresentação do projecto da Apritel não se resumiram ao plano tecnológico. Ao propor a congregação de esforços em torno de uma rede de nova geração, a associação de operadores acabou por exercer pressão em duas frentes – na PT, que não se revê na direcção da Apritel (liderada por Luís Reis, da Sonaecom) e também pela autoridade Nacional das Comunicações (ANACOM), que tem o poder de determinar o modelo de exploração de uma futura rede de fibra óptica.
Em causa estão os elevados investimentos exigidos pela instalação das novas redes e também quem pode ou não explorar a futura infra-estrutura. Ao que a Exame Informática apurou, o “Dossiê rede de nova geração” já começou a ser analisado pela ANACOM. Tudo aponta para que, na segunda metade de 2008, sejam divulgadas as condições em que deve ser feita a exploração da rede de fibra óptica.
A PT não tardou muito a responder à proposta da Apritel, pela voz do presidente Henrique Granadeiro, que rejeitou participar no projecto. É sabido que a PT está interessada em instalar uma rede de fibra óptica e tem o arcaboiço financeiro que, provavelmente, outros operadores não têm para o fazer. Nas também é dado adquirido que a PT não arranca com um projecto a sós, enquanto não souber se a ANACOM vai ou não obrigar o operador incumbente, que domina largamente a rede de cobre, a abrir uma eventual rede de fibra à concorrência depois.
O Primeiro tem Vantagem
Estamos no início. Ainda não se sabe quais vão ser as condições económicas, as exigências das entidades reguladoras ou as estratégias comerciais. Mas sabemos que as necessidades de banda larga na casa das pessoas não vão parar nos próximos tempos. À semelhança do que aconteceu com a televisão por cabo em Portugal, o primeiro operador que lançar rede de Fibra óptica ganha uma vantagem enorme sobre os concorrentes, analisa Carlos Brazão, director-geral Cisco em Portugal.
Além da ANACOM, um eventual investimento da PT numa rede fibra óptica também tem de ter em conta as condições regulatórias ditadas por Bruxelas. Em causa está a intenção demonstrada pela comissária da Sociedade da Informação, Viviane Reding, em potenciar a concorrência nas redes de Fibra óptica. Segundo as crónicas a comissária está “inclinada” para a adopção de arquitecturas “ponto-a-ponto”, que obrigam a instalar em cada casa um cabo de fibra óptica, em detrimento da arquitectura “ponto-multiponto”, que é menos onerosa, mas limita a concorrência, ao instalar um distribuidor para várias casas.
O primeiro operador que começar a instalar fibra óptica ganha uma vantagem enorme face à concorrência.
Apesar de potenciar a concorrência, a imposição das arquitecturas “ponto-a-ponto” aumenta de forma considerável os investimentos a fazer na infra-estrutura. O que eu talvez ajude a explicar as apostas da espanhol telefónica e France Telecom, que decidiram arrancar com projectos de distribuição de redes fibra óptica “ponto-multiponto”, malgrado a decisão da comissão Europeia pode contrabalançar o cenário concorrencial com a exigência de separação das empresas que investem na rede em unidades grossistas (que venham tráfego a outros operadores) e unidades retalhistas (que vendem directamente ao cliente final).
Arranque em 2008
No sector, há a expectativa de que vivian reding dê a conhecer uma decisão nos próximos tempos, o que pode servir de contributo para que o mercado, finalmente, se clarifique e os operadores lancem mãos à obra.” Até ao final de 2008, deverão arrancar os primeiros serviços-piloto”, prevê Joaquim Santos, director da Área de Infra-estruturas de Rede da Ericsson.
O responsável da fabricante de equipamentos de rede lembra que é na “última milha” que se joga o futuro das redes em Portugal: “hoje, o factor limitativo do aparecimento de uma rede de nova geração está nos últimos metros que dão acesso à casa dos utilizadores.
É possível que, ao instalarem fibra óptica na casa dos utilizadores, as empresas de telecomunicações também tenham de proceder a alterações do Backbone (rede principal que transporta o tráfego à escala nacional), mas não vai ser tão difícil fazê-lo, porque o backbone já tem bastante fibra passada.
Joaquim Santos enumera vários factores que fazem na instalação de fibra óptica um processo complexo: Os custos de replicar o actual parque de banda larga em Portugal com fibra óptica um processo complexo: Os custos de replicar o actual parque de banda larga em Portugal com fibra óptica variam consoante o preço da mão-de-obra, condições do terreno, se é necessário abrir valas, se existem condutas, se não subterrâneas ou aéreas, ou se a fibra substitui na totalidade os cabos de cobre.
Não é por acaso que a maioria dos factores enumerados por Joaquim Santos não tem relação directa com as tecnologias. Entre 60% e 70% dos custos de instalação de uma rede de fibra óptica provêm das obras necessárias. De resto a fibra óptica é mais barata que o cobre.
À espera de uma decisão
Actualmente, já existem casos em que construtores civis optam por instalar fibra óptica “de raiz” em urbanizações recentes. Mas trata-se apenas de uma parte ínfima do mercado. A esmagadora maioria das casas terá de substituir cobre por fibra óptica (ou combinar os dois) para entrar na nova geração de redes. Estamos a atrasar-nos, e não vemos investimentos significativos. Está tudo em stand by ou fazer testes, Miguel Simões, gestor do negócio de acesso, comunicações IP, e Redes para operadores da Alcatel-lucent.
A par do investimento na última milha, Miguel Simões estima que a migração para fibra óptica implique a expansão do backbone. As tecnologias evoluem com as necessidades dos utilizadores e nos backbones passa-se o mesmo. Entre 2010 e 2011 devem surgir os primeiros interfaces de 100 Gbps para backbones. Com o tempo e a evolução tecnológica, não duvido que vamos ter 1 Gbps em casa.
A fibra óptica sempre é mais barato os cabos de cobre. O problema são as obras que se têm que fazer.
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