Mas isso não só não garante que satisfaça as tuas necessidades como é certo que não satisfaz as de toda a gente. Há quem faça 90% do seu trabalho (ou mais) com primes apesar de usar FF.
Sim, de acordo. Apenas estabeleço como base de comparação aquilo que é mais ou menos padrão, percebes?
Confesso que desta vez vocês me surpreenderam, pois não contava com esses argumentos. São válidos e estou a considerá-los seriamente.
Com APS-C, se estiveres apertado com falta de luz, ficas basicamente impedido de usar zooms (tirando as Sigmas f/1.8).
É exactamente isso que me faz usar as primes. Gosto delas, claro, mas reconheço que tinha mais versatilidade com zooms. Quando a luz não é assim tão pouca até pego na minha 17-55 f/2.8 para algumas coisas, devido à sua conveniência.
podes estar, talvez mesmo sem ter consciência disso, a comprometer outros parâmetros da exposição
Se bem me lembro, costumas fotografar eventos noturnos com iluminação prática, certo?
Com o passar do tempo, tenho vindo a fotografar mais e mais à noite. Sobretudo concertos, até porque tenho alguns músicos de quem sou próximo, mas por vezes também eventos como festas ou concentrações.
Não uso definições de disparo fixas, vou variando de acordo com as necessidades. Para o caso de músicos, vai sempre depender do ritmo da música, no entanto procuro evitar motion blur (a menos que o queira intencionalmente). Raramente sinto que possa descer abaixo de 1/200. O mais habitual é andar em 1/250 ou 1/500, e há momentos em que subo, conforme o movimento das pessoas, numa música mais mexida, ou num momento de dança, ou num estilo de performance em que o artista se movimente rapidamente no palco. Por exemplo, há coisa de duas semanas fotografei um concerto rap e eles movimentavam-se no palco sempre em passo rápido ou quase a correr. Claro que aqui tive que fazer escolhas, ou subia na velocidade e no ISO, ou passava a disparar de forma estratégica, e optei pela segunda para preservar a qualidade dos ficheiros e trazer mais margem de edição para casa.
Devo começar por dizer que fotografei quase todo este concerto com a 17-55, pois estava com acesso ao corredor em frente ao palco, e por isso recorri à zoom para poder fazer uns disparos mais wide. Portanto desta vez eu não estive a f/1.4 (pouco tempo, apenas).
No exemplo desse concerto, analisando os RAW's vejo que 14% deles foram tirados entre ISO100 e 1000, 32% deles foram tirados com ISO1250, 38% foram tirados com ISO entre 1600 e 6400, e que os restantes 16% foram tirados acima de 6400 (estas são sobretudo fotos do público, que não estava bem iluminado).
Como disse, optei por disparar de forma estratégica, e então o resultado é que só tenho duas velocidades de obturador aqui, que são 1/250 e 1/500.
A minha franca opinião é que isto correu muito bem. Pelo menos correu melhor do que eu esperava. Usei a 17-55 com receio de ficar mal, mas usei. Obviamente tenho fotos com blur, porque se eles se moviam tão depressa não era com 1/500 que os congelava, mas os resultados foram satisfatórios, ainda que não perfeitos.
No entanto mais tarde a luz de palco reduziu, e ficou assim até ao fim do concerto, e tive logo que trocar para uma das primes. Continuei a 1/500, abri a lente a 1.4, e ainda assim mais de 80% dessas fotos com a prime foram acima de ISO 2500.
Estabilização não uso. Sinto que me atrasa os disparos naquele instante entre carregar a meio no obturador e dar o click, pois os movimentos que faço com a câmara são irregulares (esquerda, direita, cima, baixo, diagonais, rodar, etc) e noto sempre o OVF a fazer resistência aos meus movimentos.
Enfim, foi só um exemplo. Há realmente momentos em que a luz é muito pouca. Se eu sou exigente? Confesso que sou um bocado, pois vejo trabalhos doutros fotógrafos de música e eles publicam online todas as fotos com motion blur, e eu não publico as minhas assim, mas para já..acho que ainda me custa um pouco a desistir da 80D.
Como digo, pretendo ir para full-frame, mas de momento não tenho possibilidades para isso. Espero que mais tarde seja possível.
Mas agradeço os vossos pensamentos, porque acho que me estão a conseguir convencer a não ir para uma 85mm f/1.4 ou f/1.2. Parece-me que acham mais sensato aumentar o tamanho do sensor. Não sou contra essa ideia, e é algo que espero realizar.
Noutra nota, eu disse acima que anteontem encomendei um artigo que ia na direcção de full-frame, e posso dizê-lo: estou a aguardar a chegada duma 70-200mm f/2.8 L, versão sem estabilização (lá está, porque não uso a estabilização). Assim já irei trocar mais um pedaço de vidro APS-C por full-frame (claro que não foi essa a razão de a ter escolhido, foi por causa da abertura constante - mas já fica).