Há uma questão: Se determinado(s) cliente(s) não interessa(m) à empresa (claramente identificados como incumpridores, incorrectos e abusivos), porque é que a empresa o(s) mantém como cliente(s)? É masoquismo empresarial?
Nao vi ninguém neste tópico a defender o comportamento abusivo, incorrecto, fraudulento, até potencialmente ilícito de seja quem for! Mau comportamento não se corrige com mau comportamento. Os fins não justificam os meios. Do mesmo modo que não vi ninguém a afirmar que os operadores de call center/loja têm de ser saco de pancada. Já a empresa obrigar os seus colaboradores a segurarem este tipo de clientes é algo que me incomoda.
Portugal é sim um estado de direito com primado da Lei. A justiça é aplicada em local próprio => tribunal, e não é feita por mão própria.
Ter uma empresa, seja ela qual for, a transformar o relacionamento com um cliente num inferno porque ele é um filho da pi é tudo menos sinal de profissionalismo e ética.
Foi uma besta a fazer o pedido da pizza vai levar com molho extra de fluidos humanos como vingança. O quê?... não estava mesmo a pedi-las?
Parece que há uma necessidade de manter estatísticas do n.º de clientes. Se a empresa tem a certeza de que a razão está do seu lado pode, e deve, dizer não. O cliente pode requerer (e pagar) uma auditoria externa, requerer a intervenção do ministério público, entrar em litigância e levar a mesma a tribunal se discordar da empresa. Mas a empresa não desce ao nível do desrespeito nem responde na mesma moeda. Uma empresa tem mais responsabilidades e deveres do que um cliente!!
A empresa tem a faca e queijo nas mãos: contratos quase blindados pelos vários juristas da mesma, gravações e cópias de todas conversas e documentos assinados, dados técnicos da qualidade do serviço e do consumo detalhado dos clientes (a empresa sabe quase tudo o que fazemos online, o que vemos na tv, com quem falamos ao telef/telem, horas, para onde viajamos,...), têm meios para despistagem técnica de eventuais falhas, departamentos de qualidade,... e facilidade de contratar advogados e litigar. Mas depois têm de criar uma task force para lidar com um grupo de clientes que não querem ser clientes nem sabem ser clientes?
A tolerância a este tipo de "pequenas" vinganças, retaliação e olho por olho dente por dente é o que permite a existência de departamentos de contencioso com métodos de funcionamento muito discutíveis (apesar de operados por juristas e nalguns casos até advogados), alegada promiscuidade com agentes de execução e empresas/agentes de cobranças difíceis/cobradores de fraque com uso de ameaças físicas e até mesmo violência; contornando a Lei de forma descarada.
Já só falta emitirem mil ciclos no volume máximo durante a chamada se a conversa não agradar ou fazer um upgrade de firmware nas boxes para estragarem as TVs a que estejam conectadas ou emitirem ruído a frequências não detectadas para causar dor de cabeça, como vingança por o cliente ser intragável.
Conheço vários exemplos, maus exemplos, de clientes que fazem uso do livro de reclamações porque a funcionária da loja não sorri, porque não lhe reservou a melhor mesa, porque o ar condicionado estava muito frio/quente, porque a gelataria não tinha o sabor de gelado favorito, etc Nos operadores de telecoms: livro de reclamação porque o ator favorito morreu na série/filme, porque o operador não lhe desejou bom Natal,...
E o pior que possam imaginar, mas isto não confere à empresa o direito de retaliar e se vingar sendo rude com o cliente. Se não está satisfeita termina o contrato. Sim ele poderá ir para outro operador, mas se repetir o comportamento não terá muitas hipóteses, pois não tem assim tantos operadores para ser um
jerk. E um dia terá de parar de ser abusivo ou deixa de ter serviços de telecom.
Se todos os dias um agente comercial de um dos operadores bater-me à porta, ou telefonar, e acordar o meu filhote e incomodar-me com ofertas não solicitadas, isso não me dá o direito de lhe dar um murro na cara nem despejar um balde de água fria por cima, nem de o ofender ou ser abusivo com ele (embora vontade não deva faltar). Tenho de lhe dizer para não voltar a fazer e se reincidir chamar a polícia e fazer uma denúncia.
Ou cumprimos a Lei ou não cumprimos, não há meio termo.