Empresas portuguesas não investiram no transístor em papel

Dialmedia

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Recebeu o primeiro prémio do European Research Council na área das Engenharias e Ciências Físicas, é uma das cinco melhores investigadoras em electrónica transparente a nível mundial e já ultrapassou Cristiano Ronaldo na lista de portugueses mais citados na Internet. Elvira Fortunato tem em mãos “a patente mais cobiçada do mundo”, a dos transístores em papel, que pode revolucionar tanto a electrónica como o paradigma das publicações em papel, fazendo jornais e revistas com imagens em movimento. Mas a indústria portuguesa ou radicada em Portugal nunca se mostrou interessada nos seus projectos.

Quando ontem foi homenageada na Assembleia da República com um voto de congratulação aprovado por unanimidade, a investigadora da Universidade Nova de Lisboa não escondeu ao PÚBLICO a sua decepção face ao país de onde tem resistido sair: “Portugal é muito grande, os portugueses é que são pequeninos”.

Elvira Fortunato e Rodrigo Martins - ela directora do Centro de Investigação de Materiais, ele catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL - contam o que têm em mãos. Tudo começou em 2004, quando inventaram óxidos amorfos, com ingredientes de protectores solares e pomada Hallibut, para criar semicondutores à temperatura ambiente para substituir o silício.

Em 2005, candidataram este projecto ao programa europeu FP6 e foi recusado. Solicitaram à Qimonda que “tentasse apanhar a ideia”, mas ouviram um “não” como resposta. Foi a Samsung quem financiou o projecto que culminou, em 2008, com o registo da patente internacional. “Os ecrãs planos do futuro vão ter um dedo português”, frisa Elvira Fortunato, agora com um contrato de quatro anos com a LG para desenvolver ecrãs invisíveis.

Os investigadores passaram a explorar outros materiais para o fabrico de transístores, desta vez para substituir o vidro como isolante. Começaram pelos materiais cerâmicos comuns e chegaram ao papel, abrindo horizontes à imaginação. O júri da maior bolsa de investigação científica europeia considerou que as suas aplicações permitem criar “um novo campo da electrónica transparente que poderá colocar a Europa como líder nesta nova tecnologia”.

Elvira Fortunato gostava que esta descoberta fosse rentabilizada por um consórcio de indústria portuguesa. Mas quando procurou papeleiras portuguesas para parceiras na investigação, viraram-lhe as costas. A parceria foi para a brasileira Suzano. Recebeu grandes ofertas de multinacionais mas acabou por ser a UNL que “pegou no projecto”, mantendo para já a inteligência em Portugal. Resta saber até quando.

Fonte: pplware/Público

Como é que é possível, nunca pensei que Portugal fosse abrir mão desta tecnologia. Já há muito tempo que uma notícia não me deixava chocado com este país, enfim...
 
se calhar há outra coisa, que é eles quererem dinheiro que a indústria nacional não se dispõe a pagar, e que os gigantes internacionais podem pagar facilmente.
 
Enfim, os portugueses com medo de arriscar no futuro. É por isso que este pais não evolui, porque as mentalidades das pessoas continuam no século passado, têm medo de arriscar. Tudo bem , investir em cientistas é arriscado, porque podem gastar 5 milhões e não chegar a conclusão nenhuma, mas a investigação já avanço. No próximo investimento talvez cheguem à conclusão.
Podem pedir muito dinheiro, mas é uma tecnologia que vai dar muito dinheiro também.
 
Última edição:
Acredito que talvez seja muito capital para investir mas acredito ainda mais que a boa vontade dos investigadores em manter esta IP em solo nacional daria lugar a uma boa negociação para encontrar formas de financiamento.
Mas o que não dá $ nos primeiros meses não interessa à industria nacional... por isso não se passa da cepa torta e não existe industria NACIONAL que invista em sectores de ponta como o tecnologico. Existem empresas sim, mas a esmagadora maioria é entrangeira que nos usa como mão-de-obra e as nacionais não tem qualquer expressão interna ou há muito preferiram abandonar esta horta.
 
Mau, muito mau mesmo!

Como é que possível nenhuma empresa Portuguesa não apoiar um projecto destes ? :004:

Enfim.. É este o país que temos!
 
Essa descrição da notícia é muito simplória para conseguir ter algum tipo de opinião sobre o assunto, ainda para mais conhecendo relativamente bem como funciona a investigação académica.
 
Essa descrição da notícia é muito simplória para conseguir ter algum tipo de opinião sobre o assunto, ainda para mais conhecendo relativamente bem como funciona a investigação académica.

Para não falarmos do facto de estarmos a lidar com uma tecnologia completamente nova em que são necessários investimentos de grande dimensão e com um grau de risco enorme. Duvido que exista alguém em Portugal com tamanha disponibilidade financeira e dispostos a correr o risco...
 
É triste ver que ninguem em Portugal tem o minimo de visão estratégica.
A patente dura 20 anos e os anos passam rapido, isto é, ta-se por cada ano de atraso ta-se a perder um potencial de muito dinheiro.
 
Mas desde quando temos empresas tecnológicas portuguesas? Estamos a brincar?
Infelizmente esta é a nossa realidade, a investigação científica de qualidade requer muito investimento com retorno a médio/longo prazo e as empresas portuguesas 1º não têm dimensão nem disponibilidade financeira e 2º temos uma mentalidade muito pequenina, preocupamo-nos mais em impedir que empresas estrangeiras saiam de cá, do que criar uma mentalidade e uma estruturas que possa apoiar este tipo de iniciativas.
Realmente tenho pena que isto seja assim...
 
A realidade é esta:

Mais vale que isto fique entregue a uma empresa/consórcio/governo (estrangeiro, pois claro) que seja capaz de lidar com um projecto deste tamanho sem fazer asneira, do que deixar alguma empresa local ou mesmo o governo meter os pés pelas mãos e dar cabo disto à nascença.

É triste mas é assim. Infelizmente o nosso país ainda não tem a capacidade tecnológica e de gestão, para lidar com algo assim grande sem meter os pés pelas mãos.
 
Não percebi, então o que criaram já não é nosso, a ideia foi vendida e ja não possuem direitos sobre ela ?


A investigação foi patrocinada pela Samsung, logo o sponsor tem direitos sobre a mesma.

Depois no teu post tens um problema de tempos de lógica, aquilo nunca foi (totalmente) "nosso", alias os creditos pertencem à equipa de investigação e não à nação.
 
Sem querendo entrar muito em política o sócrates falou nas novas tecnologias, agora que até era um projecto interessante deixou-o cair por terra. Afinal o que é as novas tecnologias, é os smartboards das escolas ou o magalhães?
Na conjectura actual é difícil para os pequenos grupos associarem-se à ideia, por falta de verbas, logo não podem esperar pelo lucro a médio-prazo, se fosse apoiado por subsídios do estado ou europeus, assim talvez alguma empresa se associa-se.
Agora que se fala em crise, ninguém quer pegar neste projecto sozinho, sem parceiros, sem saber os resultados.
 
Quanto a mim estes comentários são o espelho do nosso pais. Não temos portanto não fazemos.
Graças a deus que existem pessoas com mentalidades diferentes!!! Se fossem todos assim nem de caravela tinhamos saido daqui! O problema do nosso pais é este, não confiamos em nós e não queremos arriscar. Sem investimento e sem risco nunca vai haver retorno e nunca sairemos da cepa torta. Quanto a mim isto é mais um exemplo de algo que podíamos ter aproveitado, desenvolvido e comercializado. Enquanto não mudarmos a mentalidade do somos uma maravilha e não conseguimos fazer nada vamos continuar no cu da europa. Se os outros conseguem porque é que nós não conseguimos???
 
Eu acho que os Portugueses que querem ser grandes certamente sabem que este País não é para eles porque aqui corta-se as pernas ao pessoal que quer fazer algo nesta vida. Eu acho que estamos repleto de Jovens Universitários de grande talento mas que não conseguem nadar dentro de água estão a nadar fora da água.
 
Eu acho que os Portugueses que querem ser grandes certamente sabem que este País não é para eles porque aqui corta-se as pernas ao pessoal que quer fazer algo nesta vida. Eu acho que estamos repleto de Jovens Universitários de grande talento mas que não conseguem nadar dentro de água estão a nadar fora da água.

Em termos grosseiros é isto. Cá premeia-se a chico-espertice e a corrupção, o andar a sacar ao estado (que somos todos nós). Não há espírito de comunidade, de trabalhar para um bem comum. Quem consegue sair da cepa torta nesta espécie de país, das duas uma: ou tem bons patrocinios e amigos especiais, ou tem muita sorte por ninguém ter ainda aparecido para lhe lixar o esquema, porque as invejazinhas são muitas. Cá tem-se inveja do sucesso do vizinho do lado em vez de se sentir orgulho por isso. Porque é que as grandes cabeças vão saíndo todas para outros países?
 
Trabalho numa empresa papeleira, (que gera muito mais riqueza para o estado do que a Quimonda)... e sinceramente acho bem eles não quererem comprar a patente... Neste momento (caros amigos portugueses), as empresas portuguesas não têm €€€€, neste momento a minha empresa está a cortar o máximo possivel sem ter de despedir colaboradores...

Estamos numa altura de apertar cintos, não se pode gastar €, mesmo sendo uma excelente descoberta tecnologica não acredito que seja rentável num futuro próximo... Só o investimento em maquinas para criar esse transistor... nem quero imaginar...
Só para fabricar papel, houve recentemente um investimento de 550Milhões de €, só em construção, sem falar em formação de pessoal e contratações...

Esperem uns anos, e se essa tecnologia vingar, vão ver que podemos fabricar e ainda obter lucros
 
neste momento a minha empresa está a cortar o máximo possivel sem ter de despedir colaboradores...

Desculpa lá a pergunta... mas a "tua" empresa é daquela que quando se corta, corta-se para TODOS ou só para os trabalhadores, deixando administradores, gestores e restantes xupistas de bolsos cheios ???

Claro... as empresas não querem apostar (à minima dificuldade, fecham portas) e a culpa é de quem tem vindo a incentivar à investigação e avanço tecnológico.
Se li bem a noticia, a investigação está feita. Falta pegar no que foi descoberto e aplicar!
 
Última edição pelo moderador:
Sim concordo que foi uma pena a descoberta não ter ficado por terras portuguesas... mas acredito que na situação ACTUAL não haja uma empresa portuguesa capaz de pegar nisto e desenvovler. Sim porque já falei com quem percebe do assunto, e por acaso faz investigação em áreas semelhantes, e simplesmente esta descoberta não passa de um proof of concept.

Ou seja, conseguem "às vezes" por um transístor a funcionar em papel... montanhas vão para o lixo sem funcionar. Não é como juntar farinhas e ovos e fazer um bolo! Os processos de produção deste tipo de dispositivos ainda estão muitíssimo atrasados e não é "tiro e queda". Sair um que funcione é a excepção e não a regra. Muito dinheiro ainda tem que se investindo para tornar esta tecnologia viável a uma escala minimamente rentável. No mínimo faltam 10 anos para começar a aparecer esta tecnologia, e outras semelhantes em outros suportes físicos, e em pequena escala e apenas para certas bolsas. Para uma produção massiva e acessível à "classe média" estamos a falar talvez de 20 anos ou mais.

Simplesmente não existe presentemente em Portugal ninguém capaz de desenvolver esta tecnologia... quer dizer alguém há certamente, não há é €€€ para investir decentemente no projecto. Além disso como já falaram a Samsung terá alguns direitos sobre a investigação.
 
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