O astrónomo José Matos explicou hoje que as luzes brancas observadas terça-feira no céu em vários pontos de Portugal são o reflexo de um satélite que voltará a ser visto esta noite. A explicação teve por base a consulta de um site internacional (
www.heavens-above.com) que reúne informação sobre todos os satélites na órbita da Terra, assim como as zonas geográficas, data e hora a que podem ser vistos, disse José Matos à Agência Lusa.
Lusa
"O fenómeno observado tratou-se na verdade de um satélite Iridium. Estes satélites de comunicações orbitam a cerca de 780 quilómetros de altura. Cada um deles tem três antenas planas e polidas, como se fossem espelhos, que podem reflectir a luz solar", explicou.
"Se as condições de posicionamento forem favoráveis, o brilho do satélite pode chegar a ser extremamente forte. Foi isso que aconteceu terça-feira por volta das 11 e meia da noite e foi isso que as pessoas viram", defendeu o conhecido divulgador de astronomia.
José Matos tem tanta certeza que esta é a explicação para as luzes brancas, grandes e intensas vistas no céu - até agora classificados como objectos voadores não identificados pelas as autoridades e especialistas contactados pela Lusa, por não haver explicação para a sua origem - que indicou que esta noite o fenómeno vai repetir-se.
Confrontado com as informações do porta-voz da Força Aérea que confirmou que foi registado "um alvo" durante dois ou três minutos pelos radares de defesa área, o que seria impossível no caso de se tratar de um satélite, José Matos negou que tal pudesse ter acontecido.
"Os controladores viram primeiro um fenómeno luminoso. O que me parece é que naquela coisa de quererem confirmar no radar o que viram ficaram com a impressão de ter detectado alguma coisa, mas não", disse, explicando que um satélite "nunca poderia aparecer no radar".
"Basta ter aparecido qualquer coisa no radar para terem associado às luzes brancas que viram", continuou. O fumo que as várias testemunhas relataram ter visto também não convence José Matos, para quem que o fenómeno só pode ser o reflexo das antenas do satélite Iridium.
"Estamos perante relatos feitos por observadores pouco habituados, ocasionais e não experientes, que às vezes têm tendência para referir pormenores de forma imprecisa", continuou.
Hoje, a Lusa tentou obter uma possível explicação para as luzes brancas e intensas, sem som e com fumo, que foram vistas na noite de terça-feira em Portugal. José Fernando Monteiro, especialista em meteoros e meteoritos da Faculdade de Ciências de Lisboa, descartou qualquer explicação astronómica ou meteorológica.
O porta-voz da Força Aérea, Coronel Carlos Barbosa, disse à Lusa que os radares de defesa área registaram "um alvo" durante dois ou três minutos que "não era nenhum avião identificado como tal". No entanto, os radares da NAV, entidade que gere o espaço aéreo em Portugal, nada detectaram.
"Às 23:44 a torre de controlo do Porto detectou um objecto com um atitude ascendente, que 25 minutos antes tinha sido reportado no Montijo e em Beja como um objecto não identificado", explicou o porta-voz da empresa, Paulo Lagarto.
A confirmar-se a explicação de José Matos, o fenómeno vai repetir-se hoje à noite. Quem estiver em Lisboa, por exemplo, pode olhar para sudoeste e ver se as luzes brancas voltam a invadir os céus de Portugal