Final Fantasy VII é um RPG produzido pela Squaresoft (cujos jogos, a meu ver, metem os da atual SquareEnix num chinelo), tendo sido o primeiro titulo da série a utilizar gráficos 3D e a ser distribuído na Europa. A produção de Final Fantasy VII começou em 1994 e o jogo estava originalmente planeado para ser lançado na Nintendo 64, mas os cartuchos da Nintendo não possuíam a memória necessária (principalmente para as famosas sequências FMV), e a Square iria ter de capar o jogo, logo decidiu lança-lo na PlayStation, contribuindo também para esta decisão as condições muito favoráveis oferecidas pela Sony.
Final Fantasy VII chegou à Europa no já longínquo Natal de 1997. Eu, como tantos outros, nunca tinha pegado num RPG tipicamente japonês. Lembro-me perfeitamente: no Natal de 1997 pedi uma N64 e acabei por ter uma PS1 com o Crash Bandicoot 2, pois havia uma promoção qualquer e a consola da Sony ficava muito mais em conta (a 64 bits da Nintendo também acabou por aterrar em minha casa por alturas do lançamento do Ocarina of Time).
O primeiro jogo que me chamou à atenção do catalogo da consola foi FFVII, e comprei-o um bocado às escuras. Resultado? Amor à primeira vista e vários meses agarrado à consola a explorar cada recanto do jogo. Em 97/98 tinha apenas 9 anos, pelo que o meu inglês ainda era muito básico, pelo que me lembro de estar sempre agarrado ao dicionário, para poder perceber os diálogos todos e conseguir perceber o fantástico enredo do jogo. Lembro-me perfeitamente de ter ficado completamente boquiaberto com os eventos do final do primeiro cd, e de ter ficado triste quando acabei o jogo, porque queria mais! Recomecei um novo save nesse mesmo dia.
O jogo conta-nos a história de Cloud Strife, um mercenário a serviço de um grupo de ecoterrorismo denominado AVALANCHE, sob a liderança do explosivo Barret, que tem como objetivo derrubar a empresa Shinra, que controla boa parte do mundo, através da exploração do Lifestream, que está degradando o planeta.[/justify]
Cloud já foi um soldado da própria Shinra, mas, por razões desconhecidas de início, deixou a empresa e passou a trabalhar como um mercenário disposto a qualquer coisa, se o pagamento for satisfatório. Na AVALANCHE Cloud reencontra a sua amiga de infância, Tifa Lockhart, e uma florista muito especial, Aeris Gainsborough, uma Cetra que rapidamente consegue captar a atenção do jovem soldado.
Com o progresso da história, Cloud toma conhecimento do regresso de Sephiroth, um grande herói de guerra que havia sido dado por morto no incidente de Nibelheim, há cinco anos e que era um herói para Cloud, mas enlouqueceu por motivos misteriosos, e o nosso herói sabe o risco que ele representa para Midgar. Embora no inicio não demonstre grande apreço pela causa de Barret, a verdade é que com o desenrolar da história e conforme se vai apercebendo do que se passa à sua volta e descobrindo o seu passado, Cloud fica cada vez mais sensibilizado para a causa que defende, acabando por ser ele o seu principal impulsionador.

Tal como já referi, um dos pontos fortes do jogo é mesmo a história e as fantásticas personagens, sendo um dos raros RPGs e, que a evolução da personagem principal é excelente ao longo do jogo, sendo que, à medida que o jogo avança, mais vamos gostando de Cloud, Barret, Tifa, Red e do resto da malta, ficando mesmo preocupados com o que lhes pode acontecer. Até porque após os eventos que culminam o primeiro CD do jogo, temos a noção de que em FFVII pode mesmo acontecer qualquer coisa!
É sempre bom ser bem recebido!
Outro aspecto em que este titulo brilha é a jogabilidade, com o jogo a adaptar-se às mil maravilhas ao 3D e a introduzir um novo sistema de combate, que ainda hoje é recordado com saudade por milhares de fãs de RPGs: a Materia. Estas não passam de esferas para serem equipadas nas armas ou armaduras, que possuem espaços para acoplá-las. Cada Materia contém várias habilidades ou magias, e para usá-las e libertar todas é necessário equipá-la e evoluí-la junto com o personagem. Para realizar os movimentos mais poderosos é necessário a combinação de Materias no equipamento.
Há ainda os famosos Limit Breaks, ataques especiais e devastadores que só podem ser usados depois de se receber uma certa quantidade de dano. Os Limit Breaks também podem ser evoluídos de acordo com o nível do personagem.

Final Fantasy VII é, merecidamente, considerado como um dos melhores jogos de todos os tempos, tendo sido um autentico sucesso para a Squaresoft, vendendo 2,5 milhões de cópias em apenas num fim-de-semana, e 9,8 milhões de cópias até hoje, batendo o recorde de vendas da série e estimulando a venda da PlayStation. É um marco em desenvolvimento técnico e artístico, sendo considerado como um dos jogos mais influentes da história dos videojogos e, na opinião de muitos, como um dos fatores decisivos que deu à Sony um grande empurrão para liderar o mercado na sua primeira experiência no mundo dos videojogos, pois foi a partir do lançamento deste clássico que as vendas da PS1 disparam mundialmente, e a consola começou a ter um volume de vendas que a Nintendo 64 e essencialmente a Saturn nunca conseguiram acompanhar.
A força de FFVII foi de tal forma grande, que são muitos aqueles que defendem que se o titulo tivesse sido lançado na N64, a consola da Nintendo poderia ter tido outra posição nesta guerra das consolas, nomeadamente no mercado japonês. "Em 2004, Steven Spielberg disse que para os videojogos poderem ser considerados arte enquanto contadores de histórias, era alguém confessar que tinha chorado a jogar um jogo. Claramente nunca jogou Final Fantasy VII" (Game Trailers).