Por alguma razão é aconselhado tirar quase tudo a -0.3EV ou mesmo -0.7EV desde a D40 até à D80 (incluindo as D70). A D90 já não sofre desse mal, foi remediado
E nos jpegs ainda se nota mais, já agora ...
Eu pessoalmente acho que isso é uma daquelas coisas que se vai repetindo e repetindo na Internet e agora é visto como uma verdade inquestionável, mas quanto a mim é um erro muito grande...
Como é sabido os sensores têm uma resposta linear à luz, ao contrario dos nosso olhos, que têm uma resposta logarítmica.. Ou seja, para os nosso olhos duplicar a quantidade de luz existente (+ 1 Stop) é apenas mais um passo, se duplicarmos outra vez, parece uma evolução linear igual à anterior, e se duplicarmos outra vez quando na verdade estamos a adicionar 8 vezes mais luz do que no passo inicial, para os nosso olhos parece uma adição de luz igual à do primeiro passo... Mas para um sensor, o dobro da luz é efectivamente o dobro da luz, e se voltarmos a duplicar, ele "sente" esse aumento como um aumento de 4 vezes em relação ao inicial e por ai fora.. Por isso é preciso converter as imagens RAW (espaço de cor linear) para JPG (espaço de cor logaritmico), para que estas tenham utilidade e possam ser usadas.
Ao converter o sinal linear dos RAW, para o sinal logarítmico dos JPG's, assumindo que um JPG de 8 bits (256 gradações de cinza por canal) em média consegue ter uma gama dinâmica de uns 5 stops (5EV) significa isto que praticamente metade da gama dinamica do sensor será usada para os tons que se enquadram no stop mais claro dos 5 que o JPG compreende.. Ou seja, para o 1/5 dos tons mais claros, ou pegando nas gradações do cinza, os tons com uma claridade entre o 255 e 204, vão usar metade da capacidade dinamica do sensor. O stop seguinte, vai usar metade do que sobra, e por ai a fora... Até que os tons mais escuros estão a usar uma pequena fracção da gama dinamica e por isso mesmo, é que nas zonas mais escuras encontras ruido, muitas vezes mesmo com ISO baixo..
Ora, se tu na tua máquina pões constantemente uma compensação negativa de 0.7EV, significa que estás sempre a deitar fora praticamente metade da gama dinamica do teu sensor.. Ou seja, estás a captar a imagem com apenas 50% da capacidade do sensor da tua máquina..
O resultado em máquinas mais antigas em que o ruido é bem presente, como a D70, é que mesmo a ISO 200 vais notar uma subida consideravel do ruido... Especialmente nos canais vermelho e azul..
Quando fotografas em RAW o ideal é tentar encostar o histograma da fotografia o mais à direita possivel.
Formas fáceis de o fazer:
- Disparar, olhar para o LCD, compensar e disparar outra vez...
- Colocar a máquina em medição pontual, com uma compensação de +2EV. Ao fotografar, apontar para o ponto mais brilhante da cena, carregar no AE lock, enquadrar e disparar..
Etc.. Etc.. Etc... Cada um pode encontrar o seu truque..
Como é obvio fotos tiradas assim precisam sempre de pós processamento, porque foram deliberadamente mal expostas. É preciso depois no conversor RAW definir o black point de forma adequada e por vezes dar compensação negativa.. De forma a tornar as fotos contrastadas e naturais e sem o aspecto deslavado que esta técnica introduz nas imagens.
O resultado é imagens MUITO mais limpas de ruido..
A técnica do -0.7 EV, muito pessoalmente só deve ser usada quando se está a fotografar pessoas, eventos, etc, em que as situações não ficam ali à espera que nos configuremos a exposição da máquina, e em que perder uma foto é muito mais grave do que introduzir ruido desnecessario na mesma.. Quando fotografo paisagens, locais, ou coisas que não vão sair dali e não, nunca uso compensações negativas à partida.