strikereg
Power Member
Ora, como o Raines teve a bondade de me enviar os Hippo dele para eu comparar com os melhores auscultadores que tenho actualmente, os Hifiman RE0, aqui vão algumas impressões sobre os dias que passei com os mesmos.
Dividi a análise em 2 partes: a primeira é suficiente para perceber o essencial, a segunda são algumas notas que fui escrevendo e que, uma vez que já estavam feitas, decidi incluir, podem ser úteis para quem continuar com dúvidas ou quiser simplesmente saber algo mais.
Tópicos do fórum sobre cada um dos auscultadores:
-- Hifiman RE0
-- Hippo VB
-- Hippo Shroom
PARTE 1 - O essencial
Para começar é preciso ter em conta que estamos a comparar auscultadores completamente diferentes, podendo a "sound signature" de cada um ser descrita da seguinte forma:
-- Hippo VB - Som poderoso nos baixos, envolvente, com relevo também para os agudos, com os médios a ficarem um pouco mais em segundo plano, como num equalizador disposto em V. O som fica um pouco escuro com este relativo apagamento dos médios.
-- Hippo Shroom - Som quase totalmente concentrado nos médios e agudos, numa reprodução do som que parece neutra mas incompleta, pela quase toa ausência dos baixos, tanto em quantidade como em impacto. Som brilhante resultado do detalhe e clareza dos médios e agudos, mas um pouco áspero, pouco refinado.
-- Hifiman RE0 - Som equilibrado, detalhado em todo o espectro, sem destaque para nenhuma parte, mas com especial brilho nos agudos, por serem aqueles em que mais se consegue apreciar os pequenos detalhes escondidos na música. Os baixos estão presentes mas como apenas mais uma faixa de som, sem preencher o resto da música. A reprodução acaba por ser musical e pouco fatigante pela suavidade dos médios e agudos.
Depois de os ouvir com muita atenção e muitas experiências, atribuo-lhes as seguintes classificações e ordeno-os pela seguinte preferência:
Os baixos são o ponto forte dos VB, forte, detalhado e com grande impacto, mesmo quando escutados a volumes mais baixos.
Não são para todos os gostos nem para todos os estilos, no entanto.
-- Em termos de quantidade, os baixos dos VB são muito semelhantes aos Sennheiser CX300, que muitos conhecem. O detalhe, a textura, e a capacidade de ter impacto sem perder definição é que não têm nada a ver, muito melhores os VB, embora por vezes a sua quantidade gere uma ressonância desagradável.
-- Os RE0 têm o mesmo detalhe, mas com menos impacto e com menos destaque (menos quantidade), não estão tão presentes. O baixo numa banda é mais um instrumento e não um aparelho que parece preencher toda a música (como nos VB).
-- Nos Shroom é diferente. Além de não atingir as frequências que os outros atingem nos baixos, apresentando menos detalhe, a quantidade de baixos é significativamente menor (eu diria pouco mais de metade dos RE0). O som fica mesmo anémico, praticamente sem graves nenhuns em níveis de audição normais. Para se ouvir decentemente os baixos só furando os tímpanos com os agudos.
Os médios é onde existem menos diferenças entre estes 3 in-ear.
-- Na minha opinião destacam-se os RE0 pelo detalhe e equilíbrio, pelo facto de não ser minimamente afectado pelos baixos, e pelo som ligeiramente quente e muito brilhante mas refinado que reproduzem.
-- Os VB e os Shroom são semelhantes neste aspecto, com um som detalhado, embora um pouco menos que os RE0, com um pouco menos de separação dos instrumentos.
-- Diferem no entanto pelo facto de os VB, nalgumas músicas, deixarem os baixos e a sua ressonância colorir e abafar os médios, algo que não acontece nos Shroom pelo simples facto de os baixos estarem muito pouco presentes.
Nos agudos a diferença volta a ser mais marcada, com os VB e os RE0 em extremos opostos.
-- Existem bastantes diferenças na qualidade do detalhe e da extensão dos agudos entre os VB, por um lado, e os RE0 e Shroom, por outro.
-- Os Shroom são neste aspecto algo semelhantes aos RE0, mas falta-lhes um certo refinamento, controlo, uma suavidade que é característica dos RE0.
-- Os VB têm tendência para uma reprodução dos agudos que, aos meus ouvidos, soam por vezes um pouco artificiais, "digitais", como um mp3 com pouco bitrate, muito comprimido. Isto é especialmente notório em músicas complexas em que os agudos se sobrepõem uns aos outros.
-- Tanto os agudos dos Shroom como dos VB podem ser demasiado estridentes, pouco refinados.
-- Nos RE0 está lá todo o detalhe e extensão sem se tornar desagradável. Ouvir os cymbals de uma bateria nos RE0 e depois nos VB é um choque. Aliás, é um choque ainda maior do que passar dos RE0 para os CX300: é que estes como não tentam apresentar tanto detalhe nos agudos, acabam por não soar tão mal como os VB, que tentam atingir o detalhe e extensão, não conseguem, e acabam por ficar ásperos e desagradáveis.
Destaco ainda:
-- O menor isolamento proporcionado pelo RE0 comparativamente aos restantes (não é nada do outro mundo, mas nota-se que é um pouco inferior)
-- O hiss presente nos VB, para mim por vezes incomodativo, que se nota nos silêncios ou quase-silêncios das músicas. Obviamente não é da fonte, porque os outros auscultadores não o têm na mesma proporção. Nota-se mais frequentemente em música clássica.
-- O palco não difere grande coisa entre estes auscultadores, talvez os VB sejam um nada mais espaçosos, mas muito pouco.
-- Os VB não são para mim alternativa aos RE0, podendo eventualmente ser um complemento, se tivessem os baixos menos fortes ou um conjunto mais equilibrado.
-- Os Shroom são para mim uma desilusão: não têm bass praticamente nenhum (por opção ou porque só assim a Hippo conseguiu pô-los a apresentar detalhes nos agudos? Não sei.) O detalhe dos agudos têm o detalhe dos RE0 mas este perde-se um pouco pela falta de suavidade, de refinamento. Desta forma, não os consigo recomendar a ninguém.
PARTE 2 - Detalhes adicionais, testes às frequências, notas relativas a algumas músicas
1) Notas adicionais
-- Os baixos dos VB - Para música clássica, ou até jazz, os baixos dos VB parecem-me artificiais, forçados e deslocados. Relativamente a Rock e Pop, a minha opinião varia de acordo com o peso que o produtor da música quis dar aos baixos na gravação: faixas com menos baixos ficam vivas, preenchidas, mas faixas mais puxadas nos baixos ficam exageradas, com os baixos a ressoar demasiado e a dificultar o apreciar dos detalhes. Claro que é uma questão de gostos. Para música electrónica, não instrumental, são excelentes, criam um ambiente fenomenal. Não é estilo que ouça muito, no entanto, por isso não posso comentar como deve de ser.
-- A neutralidade dos RE0 e Shroom - Os RE0 e os Shroom pelo contrário são mais neutros. Se recebem uma música em que os baixos são já fortes, então reproduzem baixos fortes, se pelo contrário recebem uma música relativamente neutra, é assim que a vamos ouvir, o que por vezes pode transparecer alguma falta de vida, de vibração. Isto é mais notório nos Shroom pela quantidade de baixos ser mesmo muito reduzida.
-- A minha preferência recairia numa alternativa com os médios e agudos dos RE0 e com baixos com intensidade intermédia, embora mais próxima dos RE0 do que dos VB.
-- Se tivesse que escolher apenas uns, sem dúvida os RE0 pelo equilíbrio.
-- Não percebo como é que o dfkt do Anythingbutipod diz que os baixos dos RE0 e dos Shroom são iguais em quantidade e melhores em qualidade nos Shroom. A primeira está simplesmente errada, a menos que exista variação entre unidades ou que alguém tenha usado um exemplar com defeito. A segunda já é discutível, é mera opinião, mas pessoalmente acho que tem mais qualidade o bass dos RE0, aliás, equalizado até se aproxima bastante (exceptuando em impacto) dos VB. Agora os Shroom são absolutamente anémicos em termos de bass, por isso mesmo que a qualidade esteja lá, nem se dá conta dela.
-- Há alguns cymbals, não sei precisar quais, que simplesmente soam mal nos VB. Soa a cana rachada, se é que me entendem. Um exemplo é a música Balaclava dos Arctic Monkeys, logo desde os 15s.
-- As guitarras de uma banda rock ganham com os VB um corpo quase sempre agradável, resultante dos graves, mas perdem algum do brilho dos agudos que os Shroom e RE0 têm.
-- Percebo os problemas que o Intifada tinha com a inserção dos VB, é que o seal cria uma pressão na caixa que faz a membrana do driver andar para a frente e para trás, e por vezes é como se ficasse presa e ficamos com um som abafado. Mexendo um pouco lá se solta e o som fica como deve ser.
Também percebo o que ele dizia relativamente a não ser uma diferença do outro mundo para os CX300: a assinatura de som é igual, simplesmente há mais detalhe em tudo.
-- Os VB lembram-me um sistema de som de um carro, com o chassis todo a vibrar, enquanto que os RE0 me lembram umas colunas de som de alta fidelidade, isto em termos de equilíbrio na apresentação do som. Ou seja, com os VB tem-se mesmo um subwoofer a acompanhar a música, enquanto que com os RE0 tem-se apenas os baixos produzidos por uma normal coluna de 2/3 vias.
2) Alguns testes realizados neste site
-- Baixos: CX300, VB, RE0 e ADDIEM, todos têm os baixos audíveis a partir dos 20hz, os Shroom a partir dos 30Hz. Mudando o volume para níveis que considero normais (mais baixo), os baixos dos ADDIEM passam a ser audíveis aos 30hz e os dos Shroom aos 40hz.
-- Agudos: Todos 17Khz
3)Algumas notas de músicas em particular
-- Deolinda - Mal Por Mal - O baixo tem o mesmo detalhe nos RE0 e no VB, mas mais ausente no 1º, dá menos corpo à música. A voz e a guitarra são mais refinados nos RE0. É difícil de explicar, mas é como se estivessemos a comparar um copo de cristal com um copo de vidro
Os Shroom têm um som ainda com menos corpo. O baixo é audível, mas não com o mesmo detalhe nem com a mesma intensidade que os outros.Os agudos são mais ásperos, embora pareçam ter a mesma extensão que os RE0. Aliás, o "arranhar" é algo que simplesmente não se nota nos RE0. Mas está em ambos os outros dois. Os médios dos CX300 são bem melhores do que o que me recordava. Mas perde em detalhe e separação dos instrumentos, seja em que frequência for. Os baixos são um pouco descontrolados, conseguem a intensidade dos VB mas perdendo algum detalhe.
Os ADDIEM aproximam-se mais dos RE0 em tudo, mas os baixos estão mais presentes. Esta música tem poucos agudos para se notar as diferenças.
-- Gorillaz Double Bass - música com 2 linhas de baixo, uma que vai bem às notas mais baixas. Aqui os Shroom não chegam lá abaixo. Os CX300 chegam mas sem a mesma definição dos VB. Todos os outros mostram os baixos e o seu detalhe, apenas com intensidades diferentes.
-- Gorillaz - Tomorrow comes today - Boa música para analisar os baixos. Há certas frequências dos baixos que parecem ressoar demasiado para o meu gosto nos VB, CX300 e ADDIEM. Nos RE0 talvez já tenham um pouco de força a menos, nos Shroom, quase que nem se notam...
-- Arctic Monkeys - If you were there, beware - A distorção que a música já tem não soa muito bem com os VB, soa demasiado confuso, mais do que devia. Existem momentos em que a música está a entrar em silêncio em que se continua a ouvir como se fosse o hiss de uma fonte como um PC. É raríssimo, mas suponho que em clássica se torne mais perceptível e incomodativo.
-- Algumas músicas mais electrónicas de Radiohead ficam espectaculares com os VB, eu acho que onde perde é, por vezes, na reprodução natural dos sons.
-- Pearl Jam - Live at Benaroya Hall - Immortality - Aqui apenas me concentrei na guitarra acústica com muitos agudos. Neste aspecto os Shroom aproximam-se dos RE0 mas com menos suavidade nos agudos e com perda de definição nas notas mais agudas (ringing?). Os ADDIEM parecem apresentar menos detalhe mas têm um pouco mais de suavidade do que os Shroom. Além disso tem o resto do corpo que parece faltar aos Shroom. Aqui os CX300 simplesmente não acompanham. O som é pouco detalhado, como um MP3 de fraca qualidade. Os VB talvez ao nível dos ADDIEM, mas mais ásperos.
-- Jamie Cullum - Just One Of Those Things - Aqui nota-se claramente que os baixos dos VB aparecem onde não devem: a sequência inicial de voz e piano, com notas relativamente agudas, simplesmente não deveriam ter absolutamente nada de baixos, mas têm. Enquanto que nos RE0 essas notas são limpas e cristalinas, nos VB têm como que um véu a tirar-lhes o brilho e abafá-las um pouco, com um traço de ressonância dos baixos que não deveriam ter.
Os agudos (cymbals) não têm o sparkle e extensão dos RE0. A voz (médios) também não tens alguns detalhes em termos de textura que se apanham com os RE0. Com os Shroom a voz tem outro detalhe, não tem o Hiss, mas os agudos incomodam um pouco. A falta de graves parece tirar corpo até à voz.
-- Joanna Newsom - Peach, Plum, Pear. Os Shroom encaixam bem no estilo, mas falta algum corpo para o meu gosto. OS RE0 dão esse corpo e dão alguma suavidade aos agudos. Os VB soam mais comprimidos nos agudos, com menos detalhe, e parecem ásperos. Parecem introduzir baixos e alguma ressonância dos mesmos numa música que não os tem (é uma harpa apenas).
Dividi a análise em 2 partes: a primeira é suficiente para perceber o essencial, a segunda são algumas notas que fui escrevendo e que, uma vez que já estavam feitas, decidi incluir, podem ser úteis para quem continuar com dúvidas ou quiser simplesmente saber algo mais.
Tópicos do fórum sobre cada um dos auscultadores:
-- Hifiman RE0
-- Hippo VB
-- Hippo Shroom
PARTE 1 - O essencial
Para começar é preciso ter em conta que estamos a comparar auscultadores completamente diferentes, podendo a "sound signature" de cada um ser descrita da seguinte forma:
-- Hippo VB - Som poderoso nos baixos, envolvente, com relevo também para os agudos, com os médios a ficarem um pouco mais em segundo plano, como num equalizador disposto em V. O som fica um pouco escuro com este relativo apagamento dos médios.
-- Hippo Shroom - Som quase totalmente concentrado nos médios e agudos, numa reprodução do som que parece neutra mas incompleta, pela quase toa ausência dos baixos, tanto em quantidade como em impacto. Som brilhante resultado do detalhe e clareza dos médios e agudos, mas um pouco áspero, pouco refinado.
-- Hifiman RE0 - Som equilibrado, detalhado em todo o espectro, sem destaque para nenhuma parte, mas com especial brilho nos agudos, por serem aqueles em que mais se consegue apreciar os pequenos detalhes escondidos na música. Os baixos estão presentes mas como apenas mais uma faixa de som, sem preencher o resto da música. A reprodução acaba por ser musical e pouco fatigante pela suavidade dos médios e agudos.
Depois de os ouvir com muita atenção e muitas experiências, atribuo-lhes as seguintes classificações e ordeno-os pela seguinte preferência:
Os baixos são o ponto forte dos VB, forte, detalhado e com grande impacto, mesmo quando escutados a volumes mais baixos.
Não são para todos os gostos nem para todos os estilos, no entanto.
-- Em termos de quantidade, os baixos dos VB são muito semelhantes aos Sennheiser CX300, que muitos conhecem. O detalhe, a textura, e a capacidade de ter impacto sem perder definição é que não têm nada a ver, muito melhores os VB, embora por vezes a sua quantidade gere uma ressonância desagradável.
-- Os RE0 têm o mesmo detalhe, mas com menos impacto e com menos destaque (menos quantidade), não estão tão presentes. O baixo numa banda é mais um instrumento e não um aparelho que parece preencher toda a música (como nos VB).
-- Nos Shroom é diferente. Além de não atingir as frequências que os outros atingem nos baixos, apresentando menos detalhe, a quantidade de baixos é significativamente menor (eu diria pouco mais de metade dos RE0). O som fica mesmo anémico, praticamente sem graves nenhuns em níveis de audição normais. Para se ouvir decentemente os baixos só furando os tímpanos com os agudos.
Os médios é onde existem menos diferenças entre estes 3 in-ear.
-- Na minha opinião destacam-se os RE0 pelo detalhe e equilíbrio, pelo facto de não ser minimamente afectado pelos baixos, e pelo som ligeiramente quente e muito brilhante mas refinado que reproduzem.
-- Os VB e os Shroom são semelhantes neste aspecto, com um som detalhado, embora um pouco menos que os RE0, com um pouco menos de separação dos instrumentos.
-- Diferem no entanto pelo facto de os VB, nalgumas músicas, deixarem os baixos e a sua ressonância colorir e abafar os médios, algo que não acontece nos Shroom pelo simples facto de os baixos estarem muito pouco presentes.
Nos agudos a diferença volta a ser mais marcada, com os VB e os RE0 em extremos opostos.
-- Existem bastantes diferenças na qualidade do detalhe e da extensão dos agudos entre os VB, por um lado, e os RE0 e Shroom, por outro.
-- Os Shroom são neste aspecto algo semelhantes aos RE0, mas falta-lhes um certo refinamento, controlo, uma suavidade que é característica dos RE0.
-- Os VB têm tendência para uma reprodução dos agudos que, aos meus ouvidos, soam por vezes um pouco artificiais, "digitais", como um mp3 com pouco bitrate, muito comprimido. Isto é especialmente notório em músicas complexas em que os agudos se sobrepõem uns aos outros.
-- Tanto os agudos dos Shroom como dos VB podem ser demasiado estridentes, pouco refinados.
-- Nos RE0 está lá todo o detalhe e extensão sem se tornar desagradável. Ouvir os cymbals de uma bateria nos RE0 e depois nos VB é um choque. Aliás, é um choque ainda maior do que passar dos RE0 para os CX300: é que estes como não tentam apresentar tanto detalhe nos agudos, acabam por não soar tão mal como os VB, que tentam atingir o detalhe e extensão, não conseguem, e acabam por ficar ásperos e desagradáveis.
Destaco ainda:
-- O menor isolamento proporcionado pelo RE0 comparativamente aos restantes (não é nada do outro mundo, mas nota-se que é um pouco inferior)
-- O hiss presente nos VB, para mim por vezes incomodativo, que se nota nos silêncios ou quase-silêncios das músicas. Obviamente não é da fonte, porque os outros auscultadores não o têm na mesma proporção. Nota-se mais frequentemente em música clássica.
-- O palco não difere grande coisa entre estes auscultadores, talvez os VB sejam um nada mais espaçosos, mas muito pouco.
-- Os VB não são para mim alternativa aos RE0, podendo eventualmente ser um complemento, se tivessem os baixos menos fortes ou um conjunto mais equilibrado.
-- Os Shroom são para mim uma desilusão: não têm bass praticamente nenhum (por opção ou porque só assim a Hippo conseguiu pô-los a apresentar detalhes nos agudos? Não sei.) O detalhe dos agudos têm o detalhe dos RE0 mas este perde-se um pouco pela falta de suavidade, de refinamento. Desta forma, não os consigo recomendar a ninguém.
PARTE 2 - Detalhes adicionais, testes às frequências, notas relativas a algumas músicas
1) Notas adicionais
-- Os baixos dos VB - Para música clássica, ou até jazz, os baixos dos VB parecem-me artificiais, forçados e deslocados. Relativamente a Rock e Pop, a minha opinião varia de acordo com o peso que o produtor da música quis dar aos baixos na gravação: faixas com menos baixos ficam vivas, preenchidas, mas faixas mais puxadas nos baixos ficam exageradas, com os baixos a ressoar demasiado e a dificultar o apreciar dos detalhes. Claro que é uma questão de gostos. Para música electrónica, não instrumental, são excelentes, criam um ambiente fenomenal. Não é estilo que ouça muito, no entanto, por isso não posso comentar como deve de ser.
-- A neutralidade dos RE0 e Shroom - Os RE0 e os Shroom pelo contrário são mais neutros. Se recebem uma música em que os baixos são já fortes, então reproduzem baixos fortes, se pelo contrário recebem uma música relativamente neutra, é assim que a vamos ouvir, o que por vezes pode transparecer alguma falta de vida, de vibração. Isto é mais notório nos Shroom pela quantidade de baixos ser mesmo muito reduzida.
-- A minha preferência recairia numa alternativa com os médios e agudos dos RE0 e com baixos com intensidade intermédia, embora mais próxima dos RE0 do que dos VB.
-- Se tivesse que escolher apenas uns, sem dúvida os RE0 pelo equilíbrio.
-- Não percebo como é que o dfkt do Anythingbutipod diz que os baixos dos RE0 e dos Shroom são iguais em quantidade e melhores em qualidade nos Shroom. A primeira está simplesmente errada, a menos que exista variação entre unidades ou que alguém tenha usado um exemplar com defeito. A segunda já é discutível, é mera opinião, mas pessoalmente acho que tem mais qualidade o bass dos RE0, aliás, equalizado até se aproxima bastante (exceptuando em impacto) dos VB. Agora os Shroom são absolutamente anémicos em termos de bass, por isso mesmo que a qualidade esteja lá, nem se dá conta dela.
-- Há alguns cymbals, não sei precisar quais, que simplesmente soam mal nos VB. Soa a cana rachada, se é que me entendem. Um exemplo é a música Balaclava dos Arctic Monkeys, logo desde os 15s.
-- As guitarras de uma banda rock ganham com os VB um corpo quase sempre agradável, resultante dos graves, mas perdem algum do brilho dos agudos que os Shroom e RE0 têm.
-- Percebo os problemas que o Intifada tinha com a inserção dos VB, é que o seal cria uma pressão na caixa que faz a membrana do driver andar para a frente e para trás, e por vezes é como se ficasse presa e ficamos com um som abafado. Mexendo um pouco lá se solta e o som fica como deve ser.
Também percebo o que ele dizia relativamente a não ser uma diferença do outro mundo para os CX300: a assinatura de som é igual, simplesmente há mais detalhe em tudo.
-- Os VB lembram-me um sistema de som de um carro, com o chassis todo a vibrar, enquanto que os RE0 me lembram umas colunas de som de alta fidelidade, isto em termos de equilíbrio na apresentação do som. Ou seja, com os VB tem-se mesmo um subwoofer a acompanhar a música, enquanto que com os RE0 tem-se apenas os baixos produzidos por uma normal coluna de 2/3 vias.
2) Alguns testes realizados neste site
-- Baixos: CX300, VB, RE0 e ADDIEM, todos têm os baixos audíveis a partir dos 20hz, os Shroom a partir dos 30Hz. Mudando o volume para níveis que considero normais (mais baixo), os baixos dos ADDIEM passam a ser audíveis aos 30hz e os dos Shroom aos 40hz.
-- Agudos: Todos 17Khz
3)Algumas notas de músicas em particular
-- Deolinda - Mal Por Mal - O baixo tem o mesmo detalhe nos RE0 e no VB, mas mais ausente no 1º, dá menos corpo à música. A voz e a guitarra são mais refinados nos RE0. É difícil de explicar, mas é como se estivessemos a comparar um copo de cristal com um copo de vidro

Os Shroom têm um som ainda com menos corpo. O baixo é audível, mas não com o mesmo detalhe nem com a mesma intensidade que os outros.Os agudos são mais ásperos, embora pareçam ter a mesma extensão que os RE0. Aliás, o "arranhar" é algo que simplesmente não se nota nos RE0. Mas está em ambos os outros dois. Os médios dos CX300 são bem melhores do que o que me recordava. Mas perde em detalhe e separação dos instrumentos, seja em que frequência for. Os baixos são um pouco descontrolados, conseguem a intensidade dos VB mas perdendo algum detalhe.
Os ADDIEM aproximam-se mais dos RE0 em tudo, mas os baixos estão mais presentes. Esta música tem poucos agudos para se notar as diferenças.
-- Gorillaz Double Bass - música com 2 linhas de baixo, uma que vai bem às notas mais baixas. Aqui os Shroom não chegam lá abaixo. Os CX300 chegam mas sem a mesma definição dos VB. Todos os outros mostram os baixos e o seu detalhe, apenas com intensidades diferentes.
-- Gorillaz - Tomorrow comes today - Boa música para analisar os baixos. Há certas frequências dos baixos que parecem ressoar demasiado para o meu gosto nos VB, CX300 e ADDIEM. Nos RE0 talvez já tenham um pouco de força a menos, nos Shroom, quase que nem se notam...
-- Arctic Monkeys - If you were there, beware - A distorção que a música já tem não soa muito bem com os VB, soa demasiado confuso, mais do que devia. Existem momentos em que a música está a entrar em silêncio em que se continua a ouvir como se fosse o hiss de uma fonte como um PC. É raríssimo, mas suponho que em clássica se torne mais perceptível e incomodativo.
-- Algumas músicas mais electrónicas de Radiohead ficam espectaculares com os VB, eu acho que onde perde é, por vezes, na reprodução natural dos sons.
-- Pearl Jam - Live at Benaroya Hall - Immortality - Aqui apenas me concentrei na guitarra acústica com muitos agudos. Neste aspecto os Shroom aproximam-se dos RE0 mas com menos suavidade nos agudos e com perda de definição nas notas mais agudas (ringing?). Os ADDIEM parecem apresentar menos detalhe mas têm um pouco mais de suavidade do que os Shroom. Além disso tem o resto do corpo que parece faltar aos Shroom. Aqui os CX300 simplesmente não acompanham. O som é pouco detalhado, como um MP3 de fraca qualidade. Os VB talvez ao nível dos ADDIEM, mas mais ásperos.
-- Jamie Cullum - Just One Of Those Things - Aqui nota-se claramente que os baixos dos VB aparecem onde não devem: a sequência inicial de voz e piano, com notas relativamente agudas, simplesmente não deveriam ter absolutamente nada de baixos, mas têm. Enquanto que nos RE0 essas notas são limpas e cristalinas, nos VB têm como que um véu a tirar-lhes o brilho e abafá-las um pouco, com um traço de ressonância dos baixos que não deveriam ter.
Os agudos (cymbals) não têm o sparkle e extensão dos RE0. A voz (médios) também não tens alguns detalhes em termos de textura que se apanham com os RE0. Com os Shroom a voz tem outro detalhe, não tem o Hiss, mas os agudos incomodam um pouco. A falta de graves parece tirar corpo até à voz.
-- Joanna Newsom - Peach, Plum, Pear. Os Shroom encaixam bem no estilo, mas falta algum corpo para o meu gosto. OS RE0 dão esse corpo e dão alguma suavidade aos agudos. Os VB soam mais comprimidos nos agudos, com menos detalhe, e parecem ásperos. Parecem introduzir baixos e alguma ressonância dos mesmos numa música que não os tem (é uma harpa apenas).