Informática pós Covid

Acho que quando passar o contexto atual vamos ter outra crise em mãos. O nosso setor pode sofrer um bocado, mas também não me parece que seja por causa de reconversões para a area de IT.

Tenho 24 anos de experiencia profissional na area, sou um dos exemplos que não acabou o curso superior, tenciono voltar este ano para terminar o mesmo e quem sabe o mestrado.
Já fiz bastantes recrutamentos, e trabalho com outsourcing e nestes anos já apanhei de tudo.
A area de IT não termina no desenvolvimento, se queremos um Administrador de Sistemas por exemplo, vai ser difícil ter alguém licenciado, é mais fácil alguém com curso profissional.

Se queres por exemplo um DBA, se calhar vai ser mais fácil alguem que já tem um background de desenvolvimento e tenha interesse nesta area.

Ja tive pessoal que tinha acabado de tirar o curso e que dava cartas a pessoal com o curso acabado e com anos de experiencia.
Também tive pessoal que com o curso de Engenharia Informática acabada e não viam nada de desenvolvimento à Frente.
E estes últimos são os mais preocupantes, pois são os que se veem muito ultimamente.
Muitos nem sequer sabem utilizar um git, não sabem nada de arquitetura de software, arquitetura aplicacional, de rede, de segurança.

E tenho pessoal sem curso, ou com curso inacabado, que pode não entender algumas coisas, mas que quando se explica aprendem e passam a fazer como deve de ser porque gostam do que fazem e são humildes o suficiente para ouvirem os conselhos, pois sabem que tem algo novo a aprender.
 
Mas por exemplo o caso do git eu nem me preocupa. A quantidade de engenheiros q sai do curso a usar git é inferior a 2-3%.
Mas é algo q eles assim q chegam à minha empresa e precisam usar, compreendem e aprendem num instante. Command sheet e ler um bocado stack overflow e dá para 95% dos use cases.
 
Mas por exemplo o caso do git eu nem me preocupa. A quantidade de engenheiros q sai do curso a usar git é inferior a 2-3%.
Mas é algo q eles assim q chegam à minha empresa e precisam usar, compreendem e aprendem num instante. Command sheet e ler um bocado stack overflow e dá para 95% dos use cases.

Eu os que tenho apanhado é uma tristeza nesse aspeto. Estamos a mudar de metodologia de TFSVC para git e tem sido muito complicado.
Não é que seja preocupante, mas deveria ser uma coisa básica e fácil de introduzir.
 
está tudo a esquecer-se de soft skills.

Um mestrado em 5 anos com média de 16 ou 17 poder ter as soft-skills de uma pedra e não servir para nada em ambiente profissional.

Um caramelo que deixou o curso a meio pode pode ter as soft-skills de um Steve Jobs.

E depois existe tudo do meio.

Neste universo todo o complicado é encontrar o par (ou match) certo (pessoa/role).

Estar a tentar conjecturar que um é melhor que o outro usando apenas o facto de ter canudo ou não, onde tirou o canudo ou qual o tamanho do canudo... é apenas parvo.
 
Projetos de Engenharia requerem conhecimentos de Física, Modelos Matemáticos, Arquitectura de Software, etc. Isso aprende-se na Faculdade. É uma das muitas diferenças entre o chamado "code monkey" e um Engenheiro.
Portugal é o país dos doutores e dos Engenheiros sem o serem... Engenheiro é um título profissional cedido pela Ordem dos Engenheiros. Tens de pagar quotas para o ser. Se estudaste enfermagem e não te inscreveste na ordem não és enfermeiro, és apenas alguém que estudou enfermagem.

Pela maneira como falas estás a dizer que ou é 8 ou 80 e dás a entender que pertences à elite, ao supra sumo que sabes tudo. Nada na vida é binário.

De que adianta seres um excelente programador se depois não tens soft skills para falares com a tua equipa ou com clientes? A matemática é uma ferramenta, dá muito jeito, mas a física podes não precisar dela para nada. Achas que um electricista precisa de saber a definição de diferença de potencial? Claro que é mais fácil a alguém com formação superior "descer um pouco de nível" que ao contrário, mas nada é impossível.

Claro que o electricista faz vida da electricidade, é para aquilo e nada mais, um engenheiro electrotécnico pode construir uma carreira. Sempre foi assim, mas enquanto pessoa de carne e osso como todas as outras, se estagnares no tempo e não aprenderes vais chegar a um beco sem saída.

Não estou a atacar-te a ti, mas a pegar apenas no teu post. Um pouco de humildade nunca fez mal a ninguém, antes pelo contrário. Conheço "engenheiros" que tiraram o curso há séculos antes dos computadores e quando trabalhavam não sabiam utilizar o Excel, nem se esforçavam para isso.

Já trabalhei com pessoas com o quinto e sexto ano. É claro que se nota em muitos aspectos, não apenas profissionais que alguns são "limitados", mas sempre aprendi algo com eles e eles aprenderam algo comigo. Depois havia aqueles que ficaram parados no tempo e só sabiam fazer tarefa x, outros gostavam de ler e aprender e dentro das sua limitações lá se conseguem manter actualizados.

Estão a ver um jogador de futebol? Aos 20 anos têm corpo mas não te experiência. Aos 30 já há coisas que não consegue fazer porque já não tem 20 anos, mas tem experiência. O pico de um futebolista é atingido algures aqui quando o corpo e a experiência maximizam os seus resultados ao máximo.

E eu posso dizer que na minha carreira toda, essas cadeiras tieram 0 utilidade.
Arquitetura de Software aprendi à séria a trabalhar. A faculdade e outros cursos servem para teres bases.
Concordo contigo. Além de bases que em caso de necessidade tenho de as explorar, a melhor coisa que o ensino superior me deu foi uma cabeça para pensar.

Já programei em Assembly, mas foi num processador/arquitectura usado apenas a nível educacional. Não tem utilidade prática nenhuma, mas potenciou as bases para quem seguir a área saber como funciona a coisa.

EDIT: Lembrei-me agora da música para provar que ao centro é que está um equilíbrio. Há muitas pessoas que estudam música, sabem a teoria musical toda, tiram formações na área. Carreira na área? Bola. Depois há gente que nem sabe ler uma pauta musical mas sabe tocar um instrumento de ouvido e/ou compor músicas. Muitos se calhar ouvem vocês todos os dias na rádio. Claro que também é preciso ter sorte, mas acho que deu para explicar o meu ponto de vista.
 
Última edição:
Mas se for para fazer trabalho de Engenharia a sério, onde é que alguém sem Mestrado vai buscar as bases de Física e Matemática (já para não falar do resto)?

Isso não é verdade. Não precisas de ter frequentado um mestrado para ter essas cadeiras. Eu apenas fiz licenciatura e tive Física, Análise Matemática, Matemática Discreta e Matemática Computacional.

E nos 10 anos de experiência que tenho, já fiz alguns trabalhos de engenharia (informática) a sério, e essas cadeiras não tiveram tanta utilidade como dás a entender. Outras sim, tiveram imensa utilidade, tais como Engenharia de Software ou Engenharia de Aplicações por exemplo


Desculpem o off topic mas isto é um tema em que tenho pensado bastante desde que entrei para a faculdade este ano.
Acabei o curso profissional em 2014 e realmente nao se aprende o suficiente para começar no mundo de trabalho nesta area. De uma forma autodidata continuei a aprender. Este ano letivo entrei em engenharia informatica no ISEP e este ano civil, no inicio de janeiro, comecei a trabalhar como developer. Na minha opiniao, e claro que é baseada num semestre e pouco, ser um engenheiro é uma boa treta em grande parte. A quantidade de gente que vai acabar o curso superior a saber pouca coisa vai ser demasiado grande. Grande parte das cadeiras é trabalhos de grupo e o pessoal vai passando as custas dos outros.
Ja para nao falar que estamos la a pagar propinas para estar a aprender sozinhos. Apesar de ainda ser o primeiro ano, nao ha nada que tenha aprendido la que nao conseguisse aprender sozinho na internet. As cadeiras que precisam de mais dedicaçao sao realmente as de matematica

Não é correcto dizeres que aí não vais aprender nada baseado apenas na tua experiência de um semestre. Existem cadeiras e cadeiras, existem professores e professores.

Quanto aos trablhos de grupo, isso é verdade. Mas aí o problema é do pessoal que se encosta. Mas o prejuízo é deles, pois depois no mercado de trabalho vão passar dificuldades.

Eu entrei no curso vindo do geral e tinha zero bases de programação. No início tive muitas dificuldades em programação. Só à terceira matrícula na cadeira de Algoritmia e Programação é que comecei a perceber alguma coisa de programação e foi porque tive um trabalho de grupo em que os outros 2 elementos se baldaram para o trabalho e eu tive de me virar. Fiz o trabalho todo sozinho e foi aí que começou a fazer luz na minha cabeça. A cadeira a seguir de programação que tive, Paradigmas da Programação, já foi canja e fui a exame com 20.
 
Última edição:
Não é correcto dizeres que aí não vais aprender nada baseado apenas na tua experiência de um semestre. Existem cadeiras e cadeiras, existem professores e professores.

Quanto aos trablhos de grupo, isso é verdade. Mas aí o problema é do pessoal que se encosta. Mas o prejuízo é deles, pois depois no mercado de trabalho vão passar dificuldades.

Eu entrei no curso vindo do geral e tinha zero bases de programação. No início tive muitas dificuldades em programação. Só à terceira matrícula na cadeira de Algoritmia e Programação é que comecei a perceber alguma coisa de programação e foi porque tive um trabalho de grupo em que os outros 2 elementos se baldaram para o trabalho e eu tive de me virar. Fiz o trabalho todo sozinho e foi aí que começou a fazer luz na minha cabeça. A cadeira a seguir de programação que tive, Paradigmas da Programação, já foi canja e fui a exame com 20.


Disse que era apenas num semestre ja para quem ler o meu post saber que a opiniao é baseada num intervalo pequeno de curso.

"Mas aí o problema é do pessoal que se encosta. Mas o prejuízo é deles" - O prejuizo será deles, ou nao.. mas isso é outro tema de conversa. O meu ponto era que estas pessoas vao acabar o curso e vao ser engenheiros. E vais ter muita gente que nao tem um curso que sao melhores que estes engenheiros, mas nunca vao sequer ter a oportunidade de o mostrar.

Embora grande parte do pessoal aqui discorde, ter um curso e seres engenheiro nao faz de ti bom nessa área.
 
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Eu entrei no curso vindo do geral e tinha zero bases de programação. No início tive muitas dificuldades em programação. Só à terceira matrícula na cadeira de Algoritmia e Programação é que comecei a perceber alguma coisa de programação e foi porque tive um trabalho de grupo em que os outros 2 elementos se baldaram para o trabalho e eu tive de me virar. Fiz o trabalho todo sozinho e foi aí que começou a fazer luz na minha cabeça. A cadeira a seguir de programação que tive, Paradigmas da Programação, já foi canja e fui a exame com 20.
Revi uma parte da minha vida neste teu comentário.
 
Já entrevistei e contratei todo o tipo de pessoal e a conclusão a que chego é esta: IT DOESN'T MATTER. Não existe nenhum grupo que se destaque hoje em dia, entre pessoal com licenciatura/mestrado ou pessoal de reconversão. A excepção, são os vindos de cursos profissionais, porque são -naturalmente- muito verdinhos.
Uma coisa nota-se bem (mais 1 vez, vale para todos os grupos): é cada vez mais o pessoal que não é sequer interessado pela área. Isso sim, é preocupante.

Isto. Já fiz centenas de entrevistas, contratei dezenas de pessoas e sinceramente acho que nunca olho à universidade/curso/média das pessoas. Passa-me completamente ao lado a não ser que seja alguém sem experiência, e mesmo assim só conta até ao momento em que a entrevista começa. Se a entrevista for boa, siga a marinha. Se for má, azar, tirem o curso onde tirarem.

De resto, sobre a thread em si, isto já é um assunto velho. Não há nenhum problema em reconversão, em formar pessoas de outras áreas. Se têm medo disso o meu conselho é: especializem-se. Não terão problemas. Há áreas em que é quase impossível contratar um senior engineer em Portugal, e os que há recebem muito bem. Esses nunca terão problemas.
 
Já agora, e falando mais dentro do tema:
Ando a ser inundado com cvs de empresas de outsourcing, tudo pessoal com disponibilidade imediata. Só hoje já recebi mais de 50.
 
Ja ha empresas a despedir people, segundo parece PrimeIT uma delas
Fdx, Já? Eu apanhei a crise anterior mas na altura as empresas da nossa área não despediam pessoal cortavam era nas ajudas de custo, prêmios, seguros de saúde e afins. Sendo assim esta situação parece ser mais grave que a anterior.
 
Está a acontecer mais com os brasileiros porque muitos estão a recibos verdes ou como contractors. Quando digo muitos é talvez a maioria dos que têm vindo, ou seja, milhares.
 
Eu sou daqueles que acha que o rombo na economia que aí vem vai afectar tudo e IT não é excepção. Grande parte do pessoal agora está em casa a trabalhar e não sente diferenças mas a economia é uma bola de neve, seja porque empresas fecharam ou por pessoas a consumirem menos porque perderam rendimento. As consultoras vão ser as primeiras a sentir devido ao ser mais fácil cortar os contractos, mas as empresas de produto e startups não estão imunes. Pode não resultar em despedimentos, mas na minha opinião, aumentos e bónus congelados é quase uma certeza na grande maiorias das empresas de TI nos próximos meses.
 
Eu sou daqueles que acha que o rombo na economia que aí vem vai afectar tudo e IT não é excepção. Grande parte do pessoal agora está em casa a trabalhar e não sente diferenças mas a economia é uma bola de neve, seja porque empresas fecharam ou por pessoas a consumirem menos porque perderam rendimento. As consultoras vão ser as primeiras a sentir devido ao ser mais fácil cortar os contractos, mas as empresas de produto e startups não estão imunes. Pode não resultar em despedimentos, mas na minha opinião, aumentos e bónus congelados é quase uma certeza na grande maiorias das empresas de TI nos próximos meses.

É que nem tenha dúvidas. As empresas de IT vendem serviços ou produtos a alguém, portanto se esse alguém tem menos poder de compra....
 
Acho que não se pode generalizar.

Vamos a ver: uma consultora a prestar serviços para uma empresa de distribuição... será que vai sentir dificuldades? Ou será precisamente o contrário?! Mas uma empresa de produção de eletrodomésticos (p.e.) pode vender menos, fechar a linha de produção (seja por quebra nas vendas ou porque não sendo um dos sectores essenciais tenha que encerrar a sua produção) e quem presta serviços a este tipo de negócios irá certamente sofrer (seja IT ou não).

Depende do sector de negócios dos clientes dessas consultoras.
 
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