Iniciação à Fotografia - Flash

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Flash

Tipos de Flash e Funcionamento
Na fotografia moderna são usados três tipos de flash: o flash built-in, que vem incorporado na maioria das máquinas digitais (a Nikon D3 e a Canon 5D, por exemplo, não têm flash built-in); o flash compacto, também conhecido como "flash de sapata"; e o flash de estúdio.

Os flashes built-in são alimentados pela bateria ou as pilhas que alimentam a máquina; os flashes compactos são quase sempre alimentados por um conjunto de pilhas AA; e os flashes de estúdio são alimentados ora directamente de uma tomada ou então de fontes de alimentação transportáveis.

O princípio básico do funcionamento é igual para todos os flashes: primeiro é carregado um condensador e, no momento do disparo, essa energia é libertada rapidamente. Uma diferença importante entre os flashes compactos e os flashes de estúdio é que nos primeiros o condensador é carregado a 100% mas descarregado parcialmente, enquanto que nos segundos, o condensador é carregado parcialmente e descarregado a 100%. Isto é, nos flashes compactos a potencia é regulada pelo tempo de descarga, enquanto que nos flashes de estúdio a potencia é regulada pelo tempo de carga. Em consequencia, a duração do flash de um flash de estúdio e mais ou menos constante (ex.: 1/3000s é um valor típico), enquanto que num flash compacto varia consoante a potencia (ex.: de 1/1000s a 1/20000s).


Características de um Flash
Componentes. Normalmente um flash de sapata tem duas partes: (1) um corpo onde vão as pilhas, os controlos, os encaixes, e a electrónica e (2) uma cabeça, que permite ser orientada para os lados e para cima e que, lá dentro, tem algumas peças ópticas que permitem alargar ou estreitar o feixe do flash (o chamado "zoom" do flash). Nalguns casos é preciso usar um acessório (uma peça de plástico com pequenos prismas) para alargar ainda mais o feixe do flash e esse acessório está escondido na cabeça.


Potência. Os números 1, 2, 4, 8, 16, 32 e por ai fora são o denominador de uma fracção cujo numerador é 1 e indicam a potencia do flash (quando esta é ajustada manualmente no flash). Assim, 1/1 é a potencia máxima (100%) e 1/32 é uma potencia mais reduzida (~3%). Este é controlo mais básico de um flash e também deve existir num flash "built-in".


Zoom. O zoom tem como função original aproveitar ao máximo a potencia do flash concentrando-a na área visível ao ângulo de visão da lente. Por isso, usa-se um feixe de luz estreito para lentes de ângulo de visão estreito (lentes "longas") e usa-se um feixe de luz alargado para lentes de ângulo de visão alargado (lentes "curtas" ou wide). Mas isto só faz sentido se o flash estiver orientado na mesa direcção da lente, que é precisamente a "pior" forma de usar o flash.

A generalidade dos flashes externos têm cabeças orientáveis em dois eixos (elevação e rotação) e zoom. Alguns, como o Nikon SB-400, não têm zoom e são orientáveis apenas num eixo (elevação). O Sony HVL-F58AM é orientável em dois eixos, mas um deles é diferente do habitual (inclinação lateral em vez de rotação) e a elevação tem um movimento excepcionalmente amplo (quase 180º graus).

Os flashes built-in normalmente não têm zoom e raramente permitem orientar noutra direcção que não seja a mesma da lente.


GN (Guide Number). Este valor serve de referencia para a potencia máxima de um flash. Antigamente este número era usado para calcular o alcance do flash em determinadas condições, mas hoje em dia praticamente só serve para comparar flashes. O GN é medido em metros ou pés.


TTL (Trough-the-lens).
É um sistema que permite calcular automaticamente qual a potencia de flash necessária usando a informação que chega a lente da máquina. O TTL exige que sejam feitos pre-flashes (disparos do flash com o obturador da máquina ainda fechado) para determinar a contribuição que o flash faz à cena.


Utilização do Flash
Modificar a qualidade da luz.
O "bounce" é um das múltiplas técnicas de alterar a qualidade da luz. O "bounce" não é mais do que aproveitar uma superfície clara como uma parede, tecto ou outra coisa qualquer que esteja à mão para sobre ela reflectir a luz do flash e assim alterar simultaneamente a direcção e dureza da luz. Em bounce o zoom do flash pode ser usado para controlar a dimensão aparente da fonte de luz, pois altera o tamanho a projecção do flash. Os flashes com cabeça orientável têm a vantagem de fazer "bounce" mesmo quando montados na máquina.

De salientar que quando alguém diz que "detesta fotos com flash" usualmente quer dizer que detesta "fotos iluminadas com um a luz dura e com a mesma direcção da lente." Ora são precisamente estas duas características que são drasticamente reduzidas com a técnica de "bounce."

Usar o flash fora da cabeça (o que obviamente só é possível com um flash externo) permite alterar ainda mais a qualidade da luz e/ou conseguir efeitos dramáticos através do posicionamento da fonte de luz. Neste caso, usar luz dura (flash sem bounce) pode ser uma opção criativa viável pois já não estará na mesma direcção da lente.

Finalmente, o flash é uma luz de grande qualidade em termos de cor, só comparável com a luz de um dia ensolarado. Por isso não é de espantar que as cores fiquem muito mais vivas quando iluminadas com flash em vez de iluminação artificial vulgar.

Este é apenas um cheirinho do que se pode fazer com flashes para modificar a qualidade de luz.


Equilibrar a exposição. Fazer "fill flash" é usar o flash para equilibrar a iluminação entre um primeiro plano e um fundo muito iluminado (ex.: retratos em contra-luz).

Para a função de "fill" é crítica a velocidade máxima de sincronismo (a velocidade máxima à qual o conjunto máquina/flash consegue funcionar em simultâneo). O flash é uma luz intensa, mas de muito curta duração. Por isso, para aumentar a sua contribuição relativa convém usar velocidades de obturação altas (a luz ambiente contribui menos) e aberturas grandes (para o mesmo intervalo de tempo é capturada mais luz). No entanto, devido às limitações mecânicas do obturador a velocidade de sincronismo está geralmente limitada a cerca de 1/250 (dependendo da máquina).

Uma forma de ultrapassar esta limitação é a função de sincronização de alta velocidade (na Nikon, esta função chama-se Auto-FP). O que esta função faz é emitir uma série de pulsos de flash de potencia moderada, de modo a simular uma fonte contínua. Com esta função, o obturador pode funcionar a velocidades superiores à velocidade máxima de sincronismo.


Congelar movimento. Usar flash equivale muitas vezes a usar um obturador com a mesma duração do flash, mesmo que a velocidade do obturador seja superior a esse valor. Para congelar movimentos muito rápidos, os flashes compactos são melhores que os flashes de estúdio pois permitem durações de flash mais curtas.

A função estroboscópio do flash (disparar flashes a intervalos regulares) permite capturar vários momentos de um movimento numa única longa exposição, mas esta técnica é usada mais para efeitos científicos do que com efeitos artísticos.

O que já é mais comum é usar uma combinação de flash com longa exposição para conseguir "movimento com arrastamento". Para esta técnica é fundamental uma exposição suficiente para capturar o arrastamento e um flash sincronizado à segunda cortina do obturador. Isto é, o flash vai disparar muito perto do final da exposição e não no início como acontece normalmente. Assim, o que é capturado pelo flash é o estado final do movimento que é bem mais natural do que capturar o início.
 
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Comentários:
Os comentários devem ser relativos ao artigo e usados para expressar a vossa opinião sobre o tema, adicionar informação ou alertar para incorrecções.
 
Bom artigo :)
Uma pergunta de um caracter assim mais prático:
Um flash de potencia semelhante a um Canon 430EX é suficiente para iluminar uma sala grande inteira (para ai 10x10m)? Fazendo bounce no teto por exemplo.

Já agora, ficava bem se fosse acrescentada uma parte sobre as diversas formas que há para disparar um flash externo, vantagens, desvantagens, etc ;)
 
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Um flash de potencia semelhante a um Canon 430EX é suficiente para iluminar uma sala grande inteira (para ai 10x10m)? Fazendo bounce no teto por exemplo.

Isso é altamente subjectivo. Tudo depende dos parâmetros que puderes usar. Se puderes usar aberturas grandes e ISOs elevados, é suficiente para iluminar um auditório inteiro, mas se estiveres restrito nesse aspecto, pode ser insuficiente.

Para te dar um exemplo mais concreto, no meu trabalho raramente posso usar menos de 5.6 e mais de ISO800, sendo preferível F8 e ISO400. Nesta situação, se estiveres a fazer bounce, é normal o 430EX não ser suficiente.
 
Viva.

Muito útil este post para quem, como eu, comprou um flash agora. Sabes onde posso encontrar mais informação (tutoriais e ou outro tipo de documentação) sobre a utilização do flash? Sei que a melhor documentação será o relato das minhas próprias experiências, mas alguma documentação para fazer um ponto de partida seria útil.

Obrigado
 
Caro Strobe,, aproveito esta sua explicação para colocar algumas dúvidas.

Em salas com tecto de madeira e paredes pintadas, o bounce não funciona, nem no tecto nem nas paredes, nestes casos qual é a melhor maneira de utilizar o flash, é a tal folha branca presa com um elástico?

Já agora, no TTL é necessário carregar no botão para fazer disparar o flash antes de cada foto?
Ele e máquina não vão fazendo as contas deles consoante eu mudo as aberturas e as velocidades? É que geralmente quando tiro duas fotos com aberturas e velocidades diferentes elas acabam por ser muito semelhantes dando a entender que o flash compensa sempre para os mesmos valores, isto é no TTL não dispara de forma igual numa abertura 1/10 ou a 1/200 com a mesma abertura de lente.

Mais uma dúvida, possivelmente a mais disparatada. O Flash em TTL , como é que ele sabe se vou fazer bounce ou disparar directo na cara da pessoa? Teoricamente as contas dele deviam ser para disparar directo, mas isso acho que implicava que, ao fazer bounce, a luz fosse pouca, a minha dúvida no fundo é, devo eu forçar o flash em + 1/3 ou mais quando pretendo fazer bounce?

Pelo que eu percebi do seu post, em manual a única coisa que se mexe é a potencia, entre 1/1 e 1/64, consoante as condições da foto, percebi bem?

Ainda mais uma, com o Canon 430 ex, mesmo focando perto do objecto, com as luzes apagadas, e manualmente a por a 1/64, o sacana ilumina-me uma sala de 3X5m aparecendo na foto as paredes da casa, como é que vocês fazem para aparecer só os pés e o resto tudo preto como o breu?
Eu já tentei com um lençol preto atrás mas com flashada, acaba-se sempre por perceber que o lençol, mesmo preto está lá.

Para finalizar, eu posso utilizar o flash em conjunto com uma luz daquelas que diz day-light, da Phillips, ou vou ter aberrações cromáticas?

Peço desculpa pelo testamento de dúvidas,
Agradeço desde já a paciência,
Cumprimentos, FG
 
Última edição pelo moderador:
Bem, antes de mais, agradeço-te que não escrevas a branco. Há muitos utilizadores que usam o fórum com fundo claro e esses deixam de conseguir ler.

Em salas com tecto de madeira e paredes pintadas, o bounce não funciona, nem no tecto nem nas paredes, nestes casos qual é a melhor maneira de utilizar o flash, é a tal folha branca presa com um elástico?
O bounce até funciona com tectos pretos, o que muda é a percentagem de luz que é reflectida e se esta vem ou não com color cast (apanha a cor do tecto/parede).
No entanto, o cartão branco com o elástico não tem nada a ver com isto. Essa técnica serve para projectar alguma luz para a frente, de maneira a preencher um pouco as sombras na cara das pessoas. Por exemplo, se estiveres a fazer bounce no tecto, as pessoas tendem a ficar com sombra nos olhos.

Já agora, no TTL é necessário carregar no botão para fazer disparar o flash antes de cada foto?
Ele e máquina não vão fazendo as contas deles consoante eu mudo as aberturas e as velocidades? É que geralmente quando tiro duas fotos com aberturas e velocidades diferentes elas acabam por ser muito semelhantes dando a entender que o flash compensa sempre para os mesmos valores, isto é no TTL não dispara de forma igual numa abertura 1/10 ou a 1/200 com a mesma abertura de lente.
Não, em TTL basta disparares e tirar a foto. Os pré-flashes que ele refere são automáticos. Julgo que nem todas as máquinas fazem pré-flash, o que reduz a precisão do TTL, já que a máquina em vez de "calcular" está a "adivinhar". E aí, se quiseres, podes "obrigar" a máquina a fazer um pré-flash com o botão de AEL (ou *). A vantagem disso é que aumenta a precisão da exposição e podes fazer a medição onde quiseres e depois reenquadrar.

Mais uma dúvida, possivelmente a mais disparatada. O Flash em TTL , como é que ele sabe se vou fazer bounce ou disparar directo na cara da pessoa? Teoricamente as contas dele deviam ser para disparar directo, mas isso acho que implicava que, ao fazer bounce, a luz fosse pouca, a minha dúvida no fundo é, devo eu forçar o flash em + 1/3 ou mais quando pretendo fazer bounce?
O flash sabe para onde é que está apontado. Se olhares para o ecrã do 430EX, quando não está virado para a frente, em vez do valor do zoom, ele indica "--" (se o zoom estiver em automático).

Pelo que eu percebi do seu post, em manual a única coisa que se mexe é a potencia, entre 1/1 e 1/64, consoante as condições da foto, percebi bem?
Não, no flash podes mexer também no zoom e (obviamente) na direcção.

Ainda mais uma, com o Canon 430 ex, mesmo focando perto do objecto, com as luzes apagadas, e manualmente a por a 1/64, o sacana ilumina-me uma sala de 3X5m aparecendo na foto as paredes da casa, como é que vocês fazem para aparecer só os pés e o resto tudo preto como o breu?
Eu já tentei com um lençol preto atrás mas com flashada, acaba-se sempre por perceber que o lençol, mesmo preto está lá.
Para o fundo não se ver, tem que ser escuro e estar longe, para apanhar o mínimo de luz possível e por consequência reflectir também o mínimo. No entanto, se um 430EX a 1/64 te está a iluminar demasiado, podes sempre reduzir a exposição na máquina (reduzes a abertura ou o ISO).

Para finalizar, eu posso utilizar o flash em conjunto com uma luz daquelas que diz day-light, da Phillips, ou vou ter aberrações cromáticas?
As aberrações cromáticas não têm nada a ver com isto. Sim, podes usar o flash em conjunto com outras luzes. Deves é ter em consideração que o flash é bastante mais potente que uma lâmpada fluorescente normal. Além disso, a lâmpada fluorescente, por ser luz contínua, é afectada pela velocidade de obturação, coisa que o flash não é.

Para finalizar, e porque depois disto tudo já te deves ter esquecido: Não escrevas a branco sff. :D
 
Caro Riu, muito obrigado pelas explicações, foram de facto claras e tiraram-me as dúvidas que expus.

Peço desculpa por, mais uma vez, ter escrito a branco, estava de facto convencido que tinha seleccionado o texto e limpado a formatação, pelo visto não o fiz.
Já alterei o background para dayfluid, penso que assim não volto a cometer o mesmo erro.
Cumprimentos,
FG
 
Viva.

Muito útil este post para quem, como eu, comprou um flash agora. Sabes onde posso encontrar mais informação (tutoriais e ou outro tipo de documentação) sobre a utilização do flash? Sei que a melhor documentação será o relato das minhas próprias experiências, mas alguma documentação para fazer um ponto de partida seria útil.

Obrigado
Pergunto o mesmo. Tb acabei de comprar um flash externo e o mais possível de luzes e técnicas sobre como (bem) utilizar era bem vindo.

Já agora, se eu utilizar um difusor de flash em retrato, não faz muito sentido fazer bounce, já que os olhos ficam com sombra, correcto? Assim presumo que o bounce seja mais para utilizar para fotografar uma sala sem pessoas, por exemplo?
 
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Já agora, se eu utilizar um difusor de flash em retrato, não faz muito sentido fazer bounce, já que os olhos ficam com sombra, correcto? Assim presumo que o bounce seja mais para utilizar para fotografar uma sala sem pessoas, por exemplo?

Não, o difusor à partida vai mandar alguma luz para a frente, mesmo estando o flash apontado ao tecto. Se não, metes um cartão preso com um elástico, para reflectir luz para a frente.
 
A ideia do difusor (ou uma das) é mesmo essa. Daí ele ser saído do flash. Se o virares para o tecto há parte da luz que vai matar a sombra debaixo dos olhos.
 
Já agora, se eu utilizar um difusor de flash em retrato, não faz muito sentido fazer bounce, já que os olhos ficam com sombra, correcto? Assim presumo que o bounce seja mais para utilizar para fotografar uma sala sem pessoas, por exemplo?

Estamos a falar do difusor tipo "tupperware" montado directamente na cabeça de flash, certo?

Contrariamente ao que muita gente pensa, o efeito desse "difusor" não é "suavizar" a luz, mas sim espalhá-la em todas as direcções (o flash fica a comportar-se com uma fonte de luz omni-direccional em vez de ser uma fonte de luz fortemente direccional). Por isso a técnica de bounce continua a fazer sentido.

Para preencher as sombras dos olhos num retrato o normal é fazer aquilo que o Rui Marto disse: fazer bounce (com o flash sem difusor) e usar um cartão para desviar alguma luz na direcção da cara.
 
Sim, estamos a falar exactamente desse tipo de difusor.

E a que distãncia fica o cartão do flash? Encostado ao flash? Há alguma imagem onde eu possa ver isso "montado"?

Então esta técnica dá melhor resultado que um difusor, certo?
 
E a que distãncia fica o cartão do flash? Encostado ao flash? Há alguma imagem onde eu possa ver isso "montado"?
Não me digas que nunca viste fotógrafos com isso... Sim, fica encostado ao flash, com um elástico à volta. Vê abaixo:
http://www.google.pt/images?q=bounc...urce=og&sa=N&hl=pt-pt&tab=wi&biw=1440&bih=733

Então esta técnica dá melhor resultado que um difusor, certo?
Nem melhor, nem pior, são coisas diferentes. O difusor apontado directamente, ilumina as pessoas, mas espalha alguma luz em volta para não ficar um ambiente escuro. O bounce ilumina tudo num determinado raio. O cartão aqui é apenas para eliminar as tais sombras provocadas pela luz vinda de cima, no entanto, se estiveres a fazer bounce com um difusor, este acaba por também reduzir ou eliminar as sombras. O lado negativo de fazeres isto com o difusor, é que o flash vai precisar de usar muito mais potência, sem necessidade.
 
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