Isto é uma consequência historicamente natural na Apple.
Primeiro faz a desnatação do mercado nos segmentos elevados, depois conforme a tecnologia se massifica e a concorrência se especializa/intensifica, vai atrás dos segmentos noutro ramo de preços.
Vimos isso com o iPod. O iPod era um produto
caríssimo, facilmente custava 400€. Construiu um nome e uma popularidade grande e um enorme efeito halo. Em 2004, Pod mini a 200€. Boom. Vendas do iPod explodem (de seguida ainda explodem mais com o nano -> especialização após um primeiro "teste de águas").
MacBook Pro unibody. Espetáculo etc. Em 15 e 17". Apenas mais tarde é introduzido um unibody 13" para as massas - de seguida feito o upgrade para Pro.
iPad. iPad 2 "low-cost" na altura do 3.
iPad mini, a especialização para o segmento dos 300 e picos USD/eur.
O próprio iPhone teve um spin-off para iPod touch... mas numa altura em que ainda havia muito mercado de preço elevado para desnatar, não fazia sentido economicamente dar-lhe a funcionalidade telefone.
O iPod touch deste ano é um aparelho fantástico que como telefone seria um estrondo. O iPhone mais barato não vai fugir muito a isto, largando no entanto o alumínio (embora não me admire nada que futuras gerações venham a incorporar melhores materiais).
Isto é totalmente coerente com o que a Apple sempre fez. Os aparelhos velhos ajudavam a preencher este buraco, mas eram um remendo fraco. Ninguém quer o modelo do ano passado. As pessoas preferem novidades em policarbonato colorido (sobretudo no mercado que a Apple vai almejar) do que alumínio antigo, e o que a Apple perde no desenvolvimento ganha na conta de materiais. Também não vai usar hardware do 3GS pois não há ganhos económicos em recuperar hardware descontinuado com perdas de economias de escala, custos de manutenção de ecossistema e desenvolvimento de software, goodwill etc.
A Apple não vai deixar um bolo cada vez mais apetecível em cima da mesa para outros fabricantes comerem, isso é de certeza.