Impressões: KZ ATR
Construção e “design”
Os ATR não são IEM’s com uma
construção fantástica. São normais. Mas se tivermos em conta o preço, são claramente acima da média.
As “shells” são totalmente feitas de plástico, mas bem construídas. O cabo tem “strain-reliefs” em todos os sítios onde é suposto haver, com a exceção da entrada dos IEM’s em si. Veremos se isto trará problemas no futuro. O material do cabo em si não é o ideal. Não possui muito efeito de memória, mas tem uma textura algo “pegajosa”.
Em termos de
conforto, nada a apontar. São desenhados para usar com o cabo por trás da orelha e não funcionam bem com ele virado para baixo. Pessoalmente, gosto muito deste tipo de “fit”, mas conheço quem não goste. Os IEM’s em si têm um tamanho razoavelmente grande, mas para mim que não tenho orelhas especialmente grandes, não senti problemas.
O
isolamento é, mais uma vez, normal. Um pouco melhor que os Sony EX15 ou os Philips 3590 e a par dos Hifiman RE-400. Chega perfeitamente para o uso habitual nos transportes.
Som
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Configuração 1: OnePlus One 64GB [+] MP3 256~320Kbps
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Configuração 2: PC genérico [+] ODAC [+] FLAC
Antes de ter composto esta análise, os IEM’s foram submetidos a um período de “burn-in” de aproximadamente 100 horas. Ouvi uma grande variedade de música, dando enfase em Clássica, Pop-Rock, Alternativa e música orquestral (OST’s).
Não é difícil ficar-se algo viciado com o som destes KZ. Normalmente associa-se este “vicio” a uma resposta de graves algo frontal, mas não se trata apenas disso.
Sim, os
graves têm ênfase em relação ao neutro. Mas não chegam a ser exagerados na maioria da música. Surpreendem imenso pelo impacto e controlo. Não são algo suavizados como nos Sony EX15, têm uma resposta mais rápida e concreta. Conseguem ter uma extensão melhor que nos meus Aurisonics Rockets, apesar de estes terem um médio-grave mais realista. “Impacto” é a palavra que mais me vem à cabeça quando penso nos graves dos ATR.
A
gama média tem pontos fortes e menos fortes. É sem qualquer sombra de dúvida mais detalhada que, quer nos Sony EX15, quer nos Philips 3590. Não apresenta a mesma suavidade dos EX15, é ligeiramente mais agressiva. Mas é mais cheia do que nos Phillips, especialmente nas vozes masculinas, onde os Phillips, na minha sincera opinião, têm sérios problemas. A sibilância não costuma ser problema, exceto em algumas gravações menos boas.
O mesmo que disse da gama média, posso dizer dos
agudos. Têm um detalhe surpreendente e fazem-me lembrar um pouco dos agudos nos Hifiman RE-400, com uma boa energia, mas sem perder a compostura. Perdem apenas um pouco no refinamento em música mais complexa e a volumes muito altos.
Têm um som muito espaçoso. Mais que qualquer um dos IEM’s que tenho, com a exceção dos Fiio EX1, que são um “benchmark” no que toca ao
palco e separação instrumental, aspecto no qual os ATR mesmo assim surpreendem.
Conclusão
Não vou enganar ninguém. Em termos objetivos, estes KZ não competem com IEM’s a custar 200x mais. Ainda assim, conseguiram agarrar mais a minha atenção na maioria das minhas audições casuais do que qualquer outro IEM que tenho.
Depois de vários anos neste hobby, a gastar desde 5€ a várias centenas de euros em equipamentos, aprendi muita coisa. A melhoria em termos de qualidade nunca foi nem nunca será linear com o gasto que fazemos. Se a isso aliarmos o elevadíssimo fator de subjetividade que existe no áudio, é muito fácil uma pessoa ficar desiludida quando gasta muito dinheiro nalguma coisa. Já me aconteceu várias vezes.
Os ATR são o exemplo perfeito de um produto que contraria o caminho que muitas marcas nos querem levar a fazer. Não sei para onde vão os 5€ que gastei. Mas com a óbvia boa margem que a loja terá, pouco sobrará para a marca. É mesmo impressionante como algo com esta qualidade consegue ser feito por tão pouco.
Recebem a minha mais alta recomendação para qualquer tipo de pessoa que necessite de uns In-Ear para uso casual, sem sequer ter em conta o preço.
Destaco pela positiva:
- Som muito competente, independentemente do preço;
- “Design” inspira confiança.
Destaco pela negativa:
- Cabo mediocre (justificável pelo preço).