Linux nas Universidades

Ora bem, em relação a software fora do domínio da LEIC tenho de admitir que não posso opinar muito (assumi, não sei bem porquê, que eras da LEIC). No entanto, conheço o suficiente para saber que não é muito fácil arranjar soluções opensource ao nível das que descreves para substituír esse software (assim de repente só vejo o mathematica para susbstituír o matlab).

Eu acho que estás a abordar a faculdade da maneira errada. O objectivo da faculdade, discutível (mas utopicamente), é dar-te bases para te introduzir no mercado de trabalho. Para isso é essencial que trabalhes com as ferramentas que normalemnte são usadas na área do curso que frequentas. E quer queiras quer não, essas ferramentas normalmente são pagas e são para ser usadas em windows. Para quem está na LEIC, é uma questão de interesse pessoal o instalar linux e apostar em perceber como funciona, até para se quiser, se trabalhar nessa área no futuro. Agora para 99% dos futuros engenheiros (informáticos ou não informáticos), as ferramentas com que se trabalha no mercado de trabalho, são muitas das que são usadas no IST. E não quero com isto dizer que o IST é diferente das outras faculdades.

A única coisa que acho mal é não haver um grupo de linux à altura. Já tentei que houvesse, mas não houve muito interesse, então também caguei e deixei andar.
 
Eu acho que estás a abordar a faculdade da maneira errada. O objectivo da faculdade, discutível (mas utopicamente), é dar-te bases para te introduzir no mercado de trabalho. Para isso é essencial que trabalhes com as ferramentas que normalemnte são usadas na área do curso que frequentas. E quer queiras quer não, essas ferramentas normalmente são pagas e são para ser usadas em windows.


Como calculava, o problema dá-se ao nível da definição de ensino superior... se é para ser unicamente uma base para o mercado, então eu teria ido para um curso profissional! A questão do ensino superior é, para mim, muito mais que isso. Deve ser um pilar da sociedade com alguma separação da industria (e não colado à industria, como o querem pintar!) E se falamos de industria é porque estamos desde já a admitir que a formação em ciências tecnológicas é diferente da formação em humanidades (não me refiro a conteúdos, obviamente!), o que nunca pode ser porque caímos no risco de não ter recursos humanos e pesquisa nas outras áreas (visto que estando colado à indústria, dá dinheiro). A educação superior devia ser a nível económico uma aposta no futuro mas não na lógica de fazer como na escola = dinheiro. O ensino superior devia "produzir" pensadores e não meros "trabalhadores finos". Esta é a minha visão das coisas.


FRISO: esta união que se está a forçar, entre ensino superior e indústria, ainda vai dar grande bosta. É claro que num mundo em que toda a gente está ligada ao televisor a fazer zapping, ou a um outro qualquer aparelho tecnológico que produza passividade, esta bosta passa bem despercebida, mas eu não quero esse mundo;
 
Como calculava, o problema dá-se ao nível da definição de ensino superior... se é para ser unicamente uma base para o mercado, então eu teria ido para um curso profissional! A questão do ensino superior é, para mim, muito mais que isso. Deve ser um pilar da sociedade com alguma separação da industria (e não colado à industria, como o querem pintar!) E se falamos de industria é porque estamos desde já a admitir que a formação em ciências tecnológicas é diferente da formação em humanidades (não me refiro a conteúdos, obviamente!), o que nunca pode ser porque caímos no risco de não ter recursos humanos e pesquisa nas outras áreas (visto que estando colado à indústria, dá dinheiro). A educação superior devia ser a nível económico uma aposta no futuro mas não na lógica de fazer como na escola = dinheiro. O ensino superior devia "produzir" pensadores e não meros "trabalhadores finos". Esta é a minha visão das coisas.


FRISO: esta união que se está a forçar, entre ensino superior e indústria, ainda vai dar grande bosta. É claro que num mundo em que toda a gente está ligada ao televisor a fazer zapping, ou a um outro qualquer aparelho tecnológico que produza passividade, esta bosta passa bem despercebida, mas eu não quero esse mundo;

A função do ensino superior é formar profissionais, com base de conhecimento e com competências enquadradas com o mundo real. Não estou a ver maneira de introduzir o linux obrigatoriamente (de forma que realmente valesse a pena) em cadeiras do IST.

Como sabes, é complicado arranjar soluções para muito software que se usa profissionalmente e, no fim de contas, o que interessa é que tu tenhas competências alinhadas com aquilo que é pedido pelas empresas que te vão albergar no futuro.

Tudo o resto parte da curiosidade, da capacidade que cada um tem de ver outras competências que pode explorar e que poderão ser uma mais valia em termos pessoais e de diferenciação e do facto de as pessoas realmente terem interesse e gostarem da área em que trabalham.

Acho que esta discussão faz mais sentido enquadrada no âmbito da LEIC, do que por exemplo de mecânica, aeroespacial, matemática aplicada e outras.

Para dizer que se usa linux só porque se obriga a usar aplicação X ou Y, não acho que faça sentido. Mais vale ficar como está.

Como tu mesmo disseste, o objectivo é criar pessoas capazes de resolver problemas, e não me parece que alguém que saia da LEIC (por exemplo), mesmo sem competências profundas relativas a linux, não consiga (embora com mais esforço) caso precise adaptar-se. Acho é que toda a gente desta área, por ter consciência da importância de ter conhecimentos abrangentes, por curiosidade e mesmo por uma questão de se manter ao corrente das tecnologias, devia pelo menos investir tempo pessoal em utilizar linux e aprender pelo menos a mexer no sistema operativo, na shell, etc.

Mas também considerando que tanta gente vai para eng. Informática apenas porque gosta de estar na net, no msn, de jogar e outros que tais (e não estou a generalizar) não me espanta muito.
 
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A função do ensino superior é formar profissionais, com base de conhecimento e com competências enquadradas com o mundo real. Não estou a ver maneira de introduzir o linux obrigatoriamente (de forma que realmente valesse a pena) em cadeiras do IST.

Lá está: formar profissionais? Não! Formar pessoas que tenham capacidade pare se tornar em profissionais :P Linux obrigatório? Não! A vergonha não está em não ser obrigatório, está no facto de não partir das pessoas a sua utilização. A faculdade devia era ter uma postura no sentido da adopção/criação de ferramentas livres. Como disse, se juntares todo o dinheiro que se gasta em licenças e pagares para te fazerem uma aplicação que te faça ABC em vez de ABCD e o partilhares com o mundo (basta fazeres acordos com a faculdade vizinha), amanha terás um que fará ABCDEFGHIJ... e:
  1. Estás numa universidade-> "mão de obra gratuita"
  2. Não precisas de fazer isto de uma assentada!
  3. Esquecer guerras entre faculdades
  4. organização
  5. vontadade em andar para a frente
Se calhar estou a ser demasiado optimista mas te digo que é possível, sempre que haja vontade e organização.

Como sabes, é complicado arranjar soluções para muito software que se usa profissionalmente e, no fim de contas, o que interessa é que tu tenhas competências alinhadas com aquilo que é pedido pelas empresas que te vão albergar no futuro.

Se fosse assim, tinhas muita gente a ser formada em folhas de cálculo :P

Acho que esta discussão faz mais sentido enquadrada no âmbito da LEIC, do que por exemplo de mecânica, aeroespacial, matemática aplicada e outras.
Não partilho desta opinião. Em qualquer uma! O facto de uma universidade promover uma cultura "opensource" trás implicações ao nível das PME's. Nem deve ser mensurável, o alivio financeiro de tal postura no inicio de uma empresa pequena. Esse erro do "nas outras eng. não faz sentido" é um grande erro! Hoje em dia tudo é software (simulação). Não faz mais sentido apostar em software para informáticos, que para outros. O facto de haver mais software opensource no mundo da informática, deve-se a que o movimento nasceu neste mundo. Não quer dizer que não se espalhe! De facto, eu gostava muito que sim e há bastantes indícios que sim.

Para dizer que se usa linux só porque se obriga a usar aplicação X ou Y, não acho que faça sentido. Mais vale ficar como está.

Como está é mau...mas tens razão.

Mas também considerando que tanta gente vai para eng. Informática apenas porque gosta de estar na net, no msn, de jogar e outros que tais (e não estou a generalizar) não me espanta muito.

Esse é um dos maiores problemas e, infelizmente, não é só em informática.
 
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Eu partilho da tua visão, até porque acho que fomentar o uso de aplicações open-source poderia trazer mais valias depois ao mercado empresarial, principalmente às PME que usam windows e outras aplicações pirateadas, para não pagarem as licenças (e arriscam-se a levarem com a ripa no caso de uma auditoria).

No entanto, acho que é também importante saírmos com competências desenvolvidas no uso de aplicações que são usadas no mercado empresarial. E aí são as aplicações windows-based que dominam, quer queiramos quer não.

Eu apenas estava a limitar a discussão à LEIC, uma vez que estamos a falar de linux. Se já no mercado da informática é complicado competir com o windows a nível empresarial, seja porque razões forem, imagina noutras áreas. Não é fácil encontrar alternativas aquele software específico que domina áreas não tecnológicas.

Quanto aos dois últimos pontos. Como está é mau, mas parte também de cada um mudar o que está. Comecei a usar linux desde os primeiros tempos e como eu muitos outros. A faculdade nunca precisou de ter um papel activo, desde que as pessoas se interessem (como tu, eu, e muitos outros).

Em relação ao pessoal que escolhe cursos um pouco "ás cegas", não se pode fazer nada quanto a isso. Há-os em todo o lado e quanto a isso, cada um sabe de si.
 
Estudo na LEIC-Alameda, o linux até foi usado em laboratórios de Física II o ano passado. As cadeiras são possíveis todas de se fazer com Linux, já só faço boot do Windows nas férias e cada mais noto que o Windows é um sistema inferior e pouco robusto. Contudo parece que aqui ninguém gosta de Linux..
 
(...) já só faço boot do Windows nas férias e cada mais noto que o Windows é um sistema inferior e pouco robusto. Contudo parece que aqui ninguém gosta de Linux..

Boot no windows? Na minha máquina? Só quando o meu irmão a apanha ;) E só o tenho instalado porque tenho muito espaço e se aparecer uma emergência a nível de trabalho, não me terei de preocupar.
 
Boot no windows? Na minha máquina? Só quando o meu irmão a apanha ;) E só o tenho instalado porque tenho muito espaço e se aparecer uma emergência a nível de trabalho, não me terei de preocupar.

No portátil as necessidadades de trabalho não me permitem que deixe completamente o windows, mas também só o uso quando estou a trabalhar em alguma coisa que o exiga mesmo, caso contrário, estou sempre no linux.

No desktop só tou com linux.
 
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