@CS-TOD ,
- Deixa repetir para ver se eu entendi bem. Clientes do MEO que recebem as box sem HDD, já vêm com essa funcionalidade de poderem ter gravações na cloud? Sendo assim não entendo a linha comercial do MEO! Porque é que me incentivaram a optar por uma box inferior quando me podiam vender a 4k. Talvez poderá haver uma política de implementação mais conservadora para ver se o dimensionamento desta nova solução está a dar resposta. Já agora obrigado por partilhares a informação
@jorge.antunes ,
- Não sei que tipo de solução que a MEO implementou e até que ponto a "cloud é cloud" no que toca a estas gravações. Mas eu trabalho na industria ( não sou de vendas ) e posso dizer com conhecimento próprio que muitas das lacunas e desvantagens que falas para os utilizadores depende muito dimensionamento e da solução encontrada.
#1 maior latência:
- Sim é verdade que uma equipamento local, STB é potencialmente mais rápido mas por uma questão de mercado os operadores nunca vão investir em milhares de STB super rápidas ( tudo com nvidia shields por exemplo ). Na melhores das hipóteses investem em HW que possibilita oferecer as funcionalidade que se comprometeram dar aos clientes com performance "aceitável".
- No entanto num sistema de central de gravações o mesmo poderá acontecer, contudo, dada a natureza de centralização é mais fácil de investir e os custos bastantes mais baixos. O mesmo é verdade que a longo prazo, se operadora lançar novas actualizações basta actualizar o sistema a nível central enquanto actualizações que envolvem STB além de demoradas poderão ser muito mais caras dado o enorme parque. As coisas complicam ainda mais quando temos parques de X fabricantes. Enfim as vezes nem é culpa de quem fabrica os STB, é mesmo a gestão do parque e a relutância do operador em descontinuar certos equipamentos ( €€€€ ).
- No que toca a latência, com fibra é mais certo que a MEO consiga uma média de latência cerca de 10ms de rede a qualquer ponto central da rede. Relativamente a streamers, eu trabalho com equipamento que envia o primeiro pacote em menos de 0,5 segundos depois de ler o primeiro i-frame ( ainda falta a questão do GOP ). Portanto não estou a ver como 0,5 segundos + 10ms da rede podem ser fatais para o utilizador em termos de experiência. Já o GOP é fatal, mas ai é porque o operador quer poupar nos transcoders e no bitrate (MEO é especialista nisso ). Já no que toca à leitura do primeiro i-frame que depende do GOP, isso é igual seja num sistema centralizado de gravações ou mesmo localmente com um STB. Dada as limitações do equipamento ( STB ) que o operador normalmente vende diria que a latência acrescida com um sistema de gravações é pouco relevante.
- Resta agora saber qual é a solução de storage e o dimensionamento dos recursos. Se o "storage" não tiver dentro da infra-estrutura do MEO diria que é muito mais complicado, tanto a nível de latência que pode ser atenuada com os streamers, como a nível legal. O conteúdo é o bem mais valioso e sinceramente coloca-lo fora da infra-estrutura é uma redução de custos que nem todos os operadores querem arriscar. Contudo é uma questão de políticas e jurisdição e as vezes poupar dinheiro ao máximo é a regra número 1.
- Em relação ao Trick-Play ( Andar para frente e trás ) depende se os conteúdos já estão em CACHE ou não. Existem várias optimizações a esse nível e diferentes soluções. Mas diria que por regra a maior parte do conteúdo popular não deverá apresentar problemas. Contudo existe sempre situações que poderão ocorrer onde o conteúdo que não esteja em cache tenha que ser descarregado desde o inicio e claro nessas situações existem sempre esperas. Isso também tem a haver muito com outras variáveis directamente ligadas ao dimensionamento da solução. Não sei se o MEO usa sistemas de cache para as gravações, mas também existe outras desvantagens em não usa-los.
#2 gravações apagam-se ao fim de 6 meses:
- O espaço tem custos, centralizar poupa-se sempre mais espaço que em qualquer solução com storage local. Contudo se o operador optar por garantir X de quota por utilizador não estou a ver como isso poderá ser inferior a uma solução local. Existem operadores que garantem os conteúdos por x tempo outros garantem x espaço.
- Conheço operadores que garantem para sempre* ( não creio que seja para sempre mas deve ser por mais de 1 ano certamente ). Aqui a permanência dos conteúdos também se prende muito pelas questões de licenciamento e quem é dono do conteúdo cobra sempre mais para deixar os clientes finais poderem ficar com ele virtualmente "para sempre".
#3 se o sistema estiver sobrecarregado
- Isto é verdade e tem a ver com as questões de dimensionamento. Da mesma forma que um operador tem que ter uma boa gestão do parque de STB também terá que haver boa gestão da CDN. No final uma boa gestão de qualquer rede é essencial para oferecer um bom serviço. Se tiveres conteúdo localmente, a rede até pode estoirar que tens o conteúdo localmente. Em OTT tens o download-to-GO que podes carregar o mas rápido possível para o STB ou dispositivo e poder ver mais tarde ou mesmo no avião. Em IPTV o STB pode ir guardando alguns conteúdos em cache, mas acho que a tendência do mercado é mesmo cortar em tudo o que é storage no STB.
#4 breaks:
- Se o sistema tiver mal dimensionado isso poderá acontecer. Pessoalmente eu prefiro uma política de configurar sistemas para rejeitar novos utilizadores em vez servi-los e estragar a experiência de utilização dos já servidos. Alguns operadores poderão não achar piada que o problema se evidencie de forma tão transparente, mas o bom é garantir o serviço a quem já está a ser servido.
Sim, pessoalmente acho que manter os dois sistemas poderia ser uma questão opcional por agora. Mas vendo as coisas a longo prazo, manter várias plataformas de gravação a funcionar em paralelo tem os seus custos e possivelmente terão que tomar a decisão de cessar a comercialização de STB com HDD.