Etapa 47
Paro, Butão (VQPR) - Guwahati, India(VEGT) - Jorhat, India (VEJT)
Distância : 590 km
Tempo de voo: 2:40
Combustível: 25 galões
Depois de uns merecidos dias de repouso neste incrível país, aproveitamos uma melhoria no tempo para mais uma etapa.
Mas antes tenho de falar um pouco do Butão, um país com pouquíssima visibilidade que pouca gente conhece.
É um país muito pequeno, literalmente entalado no meio de gigantes.
E não, não estou a falar das montanhas. Com a China a Norte e a India a Sul, e ainda o Nepal a Oeste, ele tem como vizinhos os dois mais populosos países do mundo. Mais de um terço da população mundial pode dizer sem mentir que é vizinha do Butão.
Além disso, este país tem uma economia ainda mais pequena que a sua área. A maior parte da população pratica agricultura de subsistência, por isso é fácil de concluir que o dinheiro não abunda por estes lados.
O que existe em abundancia neste reino é felicidade. Na realidade o Butão tem um dos mais altos índices de felicidade no mundo. Parece que o velho ditado que o dinheiro não trás felicidade não deve ser totalmente falso.
É um país extremamente religioso, quase exclusivamente Budista.
Além disso, sendo eles tão desprendidos do dinheiro, não é com admiração que constato que são extremamente protectores dos seus bens naturais e do seu ambiente. Só por curiosidade, as maiores montanhas do mundo que ainda não foram escaladas são todas no Butão, devido à proibição das autoridades que as protegem deste novo tipo de turismo. Basicamente são o oposto do seu vizinho Nepal.
A cidade de Paro não é a sua capital mas por ter o único aeroporto do país, é a sua porta de entrada. O vale de Paro, que lhe empresta o nome é lindíssimo com inúmeros mosteiros. O facto de não se vislumbrar um único prédio nem uma única fábrica ajuda e de que maneira à beleza.
Até o seu aeroporto com os seus famosíssimos edifícios ao estilo tradicional reflectem esta magnífica simbiose entre as pessoas e o meio natural a que chamam a sua terra.
Não quero impor juízos de valor sobre nenhum estilo de vida. O deles ou o nosso. Mas não posso ficar indiferente e tenho forçosamente de pensar nisso. Voltando aos ditados, talvez aquele que diz que no meio é que está a virtude tenha algum peso nesta questão.
Agora voltando à aviação, os nossos pássaros prontos para mais um voo. O meu e o do Trindade em primeiro plano e o Cessna 414 do João, pequenino ao longe.
Como seria de esperar, usamos o vale para conseguir subir.
Hoje o voo será todo assim, entalados entre duas camadas de nuvens a roçar as montanhas.
Aqui e ali um ou outro pico ainda nos obriga a alguns desvios, mas por estes lados os Himalaias já não assustam.
Em jeito de agradecimento pela hospitalidade com que nos receberam em Paro, aceitamos transportar de borla alguns mantimentos para Guwahati. Esta é uma terrirola no cimo de uma montanha e o aeroporto é incrível.
Os três duques!
O resto do voo foi mais do mesmo, sem precalços. A única diferença é que saímos das montanhas e tínhamos a planície por baixo de nós.
Por ser um aeroporto de grande tráfego, à chegada tivemos de nos separar por ordem do controlador aéreo papa evitar o conflito de tráfego. Eu desta vez fui à frente.
A aproximação obriga-nos a voarmos umas dez milhas para lá do aeroporto até ao rio de brahmaputra.
Este rio, o oitavo maior rio do mundo, precorre vários países e muito mais à frente irá juntar-se ao rio Ganges e juntamente com outros formam o famoso delta do Ganges.
A final foi sem história.
Esta dispensa apresentações.