Etapa 19
Tirana, Albania (LATI) - Atenas, Grécia (LGAV)
Distância : 740km
Tempo de voo: 3:00
Combustível: 28 galões
"Não há fome que não dê em fartura".
Depois de uma entrada quase desastrosa na Europa, com tempestades, gelo e sustos...muitos sustos, hoje seguiu-se mais uma etapa solarenga e tranquila. E que etapa!
Com 740 quilômetros e três horas de voo, foi a etapa mais longa até agora e também a que mais prazer me deu.
O dia tinha tudo para começar bem. Estava bem dormido,estava bom tempo, o trajecto prometia ser bonito e acima de tudo iria contar mais uma vez com a companhia do nosso comandante de estimação. Resolvidos os seus haveres com as Croatas, eis que o comandante Trindade se apresentou ao serviço para mais uma etapa. Desta vez, voltou a trazer o seu Mooney igual ao meu,
Ultima vista do vale de Tirana.
Tenho pena que estes Albaneses sejam um povo tão fechado, porque do ar têm um país maravilhoso.
Uma das coisas que salta à vista é a estereotomia quase milimétrica dos campos agrícolas.
O plano é seguirmos mais ou menos ao longo da costa até um VOR numa ilha já na Grécia, e depois virar 90º à esquerda, para o interior.
Duas imagens da paisagem Albanesa.
Já a chegar ao nosso primeiro destino, a ilha de Corfu, onde estava situado o nosso primeiro VOR desta etapa.
A partir daqui, o voo seguiu para o interior através no Norte da Grécia.
Aqui já a sobrevoar os montes Pindo. Estes formam uma cadeia montanhosa que percorre a Grécia de Norte a sul e na antiguidade eram chamados da coluna vertebral da Grécia.
E é precisamente nestes montes Pindo que se situa o nosso principal ponto turístico da etapa de hoje e razão da nossa incursão para o interior. O vale de Metéora com os seus famosos mosteiros. Tal como a cidade de Kotor, da etapa anterior, também este vale já foi palco uma importante cena de um dos filmes de James Bond e também é classificado como Património Mundial pela Unesco
Estes rochedos são famosos por terem nos seus topos um dos mais importantes complexos de mosteiros do Cristianismo Oriental.
Infelizmente, os modelos do Microsoft Flight Simulator não lhes faze justiça.
No entanto não resisti a uma pequena ousadia. Não sei se os monges terão apreciado.
A partir daqui foi retomar a altitude de cruzeiro e rumar a sul, direcção a Atenas.
Aqui já sobre a ilha Egina, no golfo Sarónico ao largo de Atenas.
E finalmente o nosso destino final, a majestosa cidade de Atenas. Berço da civilização ocidental e da democracia.
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MINI-AULA
Para quem não sabe, na maioria dos aeroportos grandes e de medias dimensões, existem rotas pré-definidas de chegada e partida dos aviões cujos pilotos têm de seguir rigorosamente sempre sob a monitorização dos controladores aéreos dos respectivos aeroportos.
Existem sempre diversas rotas tanto de chegada como de partida e a rota a usar depende sempre da origem ou destino do avião, da pista que está a ser usada nesse dia e eventualmente outra qualquer razão e quem tem a última palavra sobre a rota a usar é sempre o controlador aéreo.
As rotas estão descritas em cartas que os pilotos devem sempre ter e como boa prática convém que os pilotos estudem minimamente essas cartas antes de usar os aeroportos, para facilitar no momento as orientações dos controladores. Além disso algumas destas rotas podem ser bastante complexas e de difícil execução e se os pilotos não souberem antecipadamente o que fazer pode ser muito complicado ou mesmo impossível executa-las correctamente no momento.
Estas rotas não só descrevem a posição do avião mas também as altitudes a que devem voar em determinada localização.
Os objectivo da existência destas rotas são essencialmente dois:
-Por um lado garantir que inúmeros aviões não entrem em conflito espacial e consequentemente haja colisões. Logo estamos a falar de segurança.
-Por outro facilitar a apróximação dos aviões à pista ou caso se trate de descolagem, facilitar a transição entre a pista e as rotas de cruzeiro dos respectivos aviões.
Estas rotas começam muitos quilômetros antes da chegada aos aeroportos e acabam no início da aproximação final. Sendo que estas aproximações em definição já não fazem parte das rotas de chegada. Para as de partida é o inverso. Começam depois da descolagem e estendem-se por vários quilômetros até às rotas de cruzeiro.
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Visto que o nosso aeroporto de destino é precisamente o aeroporto internacional de Atenas, hoje pela primeira vez aterrei usando uma destas rotas que acabei de descrever. Aqui já sobre o aeroporto de Atenas, já a meio da tal rota.
Se alguém precisar, têm aqui em PDF as cartas deste aeroporto.
http://www.matraair.hu/charts/LGAV.pdf
Um voo tão fantástico como o de hoje tinha de terminar com uma aterragem em formação.
Neste caso, sendo eu o lider da formação na aterragem , coube ao Trindade a dificílima tarefa de garantir a integridade da formação.
Para quem não sabe, aterrar em formação é mesmo muito difícil e nos simuladores ainda mais. Não só temos de estar sempre a monitorizar os instrumentos como ainda temos de estar sempre a olhar para o lado para controlar a formação.
O facto de eu e o Trindade já voarmos juntos à mesmo muitos anos e na maior parte do tempo em simuladores de aviação de combate, faz com que este procedimento se torne quase natural e intuitivo, mas para isto acontecer, foram centenas de aterragens juntos e desconfio milhares de horas de voo em conjunto.
Nota:Na aviação civil, e especialmente nestes aeroportos, aterrar em formação é de todo proibido salvo raras excepções como em festivais aéreos. Por isso, nesse aspecto, a nossa aterragem não é realista.
Aqui, já na final, a controlar a posição do Trindade.
Visto que a pista tem de dar para os dois, decidimos que eu ficava com o lado esquerdo.
E por fim....o final.
Esta foi, sem sombras de dúvidas, a minha etapa preferida até agora.