Etapa 34
Sarakhs, Iran (OIMC) - Maimana, Afeganistão (OAMN) - Cabul, Afeganistão (OAKB)
Distância : 880 km
Tempo de voo: 3:30
Combustível: 30 galões
Bem, a ideia hoje era fazer uma etapa nocturna, seguindo o conselho do
Ulpianus. Infelizmente está lua nova e quando fui experimentar voar, a noite estava completamente negra, só se vendo os instrumentos do avião. Sendo assim, o voo nocturno fica adiado para outras núpcias.
Seguindo a rota dos "Istões", depois do Irão segue-se o Turcomenistão e com destino final no caloroso Afeganistão.
5 minutos depois da descolagem, uma última vista sobre a cidade de Sarakhs e do Irão. Não me canso de repetir, este país foi uma surpresa em termos de paisagens e fico ansioso por cá voltar.
Se há coisa que tenho aprendido nestas aventuras, é que os desertos são grandes, muito grandes e não é fácil sair deles. O sul do Turcomenistão é dominado pelo deserto do Karakum. Não rivaliza com os gigantes como o Saara, mas ainda assim ocupa um honroso décimo lugar no ranking dos maiores do mundo.
E ao contrário do Saara que começa aos poucos, este entra logo a matar. Logo no arranque, era isto que se via.
E pouco depois, foi sempre a piorar.
A única cicatriz nesta imensa pele de areia, é o imenso rio Murgab. Uma grande barragem a meio do seu percurso, potenciou água no deserto e consequentemente, a agricultura nas suas margens.
Vista da barragem.
Como todos sabem o Afeganistão tem sido e continua a ser um país atormentado por constantes conflitos. Estava naturalmente reticente em sobrevoa-lo. Mas vários contactos que tenho nas forças armadas estacionadas no país, garantiram-me que desde que seguisse escrupulosamente o planos de voo, não teria problemas.
Assim sendo, e seduzido por outro país que promete magníficas paisagens, lá segui em direcção ao Afeganistão.
A cidade de Maimana, o meu destino intermédio de hoje. Já no Afeganistão e mesmo no fim do deserto, é a minha porta de entrada da zona mais montanhosa do globo.
Aqui, estive pouco mais de meia hora, apenas para comer um kebazinho e dar de beber ao caracol.
Mal descolei, reparei que seguia um vale muito engraçado por entre as montanhas à volta desta cidade. Resolvi brincar um bocadinho e voar baixinho para variar.
Depois foi subir, subir, subir.
Até Cabul, ainda tenho mais de 400 quilômetros sobre alta montanha.
Para isso tive de levar o Caracol aos seus limites e esta segunda parte do voo foi quase toda muito próximo do tecto máximo do meu avião. Por estar a voar tão perto dos limites do avião, pelo aspecto agreste da paisagem por debaixo de mim e principalmente pela imensidão e extensão destas condições, esta foi uma segunda parte bastante tensa e que exigiu muita concentração.
Já estou habituado a sobrevoar montanhas, e estas ainda nem era as mais altas, mas a extenção desta paisagem, sem dúvida que me marcou.
Por fim, o imenso vale de Cabul.
Vista da cidade e do seu aeroporto.
Uma das condições para ter autorização de aterrar em Cabul, foi que teria de fazer uma das aproximações à pista standard dos aviões grandes, pois além de ser um espaço aéreo muito saturado, tem muitos voos militares à mistura e é a única zona onde me garante segurança no ar.
Assim, antes de me fazer à pista ainda tive de voar mais de 30 quilômetros no sentido oposto para seguir as instruções da carta de aproximação. Esta é uma fase do voo toda feita seguindo os instrumentos.
A final.