Nova história de (quase) horror, desta vez com a Apple espanhola

Demiurgo

Xerife de Nottingham
Isto não há nada como dar uma no cravo e outra na ferradura.

A Apple, graças à imbecilidade da lei espanhola sobre garantias de produtos (que transpous mal a directiva correspondente), apenas dá um ano de garantia aqui em Espanha.

Ou melhor, dá um ano como nós conhecemos a garantia aí em Portugal: problema detectado, computador levado à loja e eles que arranjem.

Para o segundo ano (isto é lindo...) cabe ao comprador arranjar uma declação de um técnico (presumo que acreditado pela Apple...lol) efectuada perante notário (ai as burocracias) como o problema x teve origem na produção.

Em direito, chamamos a isto inversão do ónus da prova e prova (quase) diabólica.

Basicamente o que se passa com o meu PB de ano e meio é um acumular de pequenos problemas: o sleep não funciona muito bem, algumas teclas quando estão quentes parece que têm artroses e o gravador de cds cada vez que lhe meto um disco parece o monstro das bolachas.

Enfim, nada que me impeça de utilizá-lo.

Para executar a minha garantia de dois anos tenho de ir directamente a Portugal, da mesma forma que um apple comprado na noruega tem 5 anos de garantia e para se executar a dita, só nesse país.

Acho que aqui todos conhecem o bem que funciona o apoio técnico da nossa interlog (da última vez foram 2 ou 3 meses por uma porcaria de um teclado bluetooth!).

Obrigado Apple por só dares um ano de garantia global (da marca) nos teus produtos (e por venderes o apple care a preços de assalto).

Obrigado também por apenas em 2008 irmos ter uma linha de apoio portuguesa.
 
Não, nada mais. Foi só o que me disse o tipo da linha técnica da apple espanhola (o qual, graças ao outsorcing se encontra na Irlanda lol).

Vale o que vale.

PT
 
Correcção:
Particulares-> Minímo 2 anos (pode ser mais se a marca quiser).
Empresas-> Minímo 1 ano (pode ser mais se a marca quiser).
:)

yup é mesmo isso.

o que é uma palhaçada, por exemplo se a factura for de uma empresa que tenha o nome do titular, por exemplo: Antonio Campos Pinheiro (a inventar), a maior parte das marcas conta a garantia como 2 anos, não vão verificar, no entanto a compra foi feita para uma empresa.

Ou se apanhares com a epson que no final de um ano se a impessora deixar de ligar, não dão garantia pois não é defeito de fabrico, é o mesmo que dizer, se usar e avariar a culpa é sua.
 
Nothing,

Não sei, já imprimi a legislação espanhola e logo a tarde no escritorio vou verificar isso.

Não sei porquê mas cheira-me que vou ter de enviar uma cartita para o departamento legal da apple espanhola a pedir explicações...

PT
 
Já tive a ler com atenção a legislação espanhola, a qual (e retiro as minhas anteriores palavras) é bastante similar à portuguesa e parece transpôr correctamente a directiva.

Tem piada ir às apple stores espanhola, inglesa e portuguesa e comparar os termos e condições (link no fundo da página de entrada da store) das três lojas.

As duas primeiras são idênticas: a apple dá um ano de garantia (ponto 10.1), mas esta garantia não afecta os direitos legalmente devidos aos consumidores (ponto 10.3). Também era melhor que afectasse...

A portuguesa dá uma garantia de dois anos e tem (do ponto de vista do jurista) uns termos e condições melhor redigidos.

Os espanhóis limitaram-se a traduzir (e de uma forma não totalmente perceptivel) o texto inglês.

Afinal de contas também consigo dizer bem da apple imc :-D.

Por fim, vou ligar para a apple espanhola a pedir o contacto do departamento jurídico. Quero que me sustentem juridicamente o motivo pelo qual se recusam a reparar equipamentos no segundo ano de garantia.

Isto, sem ir ainda à responsabilidade do produtor/fabricante (também prevista nas legislações espanhola e portuguesa) e que permite ao consumidor, em certos casos, saltar o vendedor e ir directamente accionar a garantia junto do produtor/fabricante.

Adivinha-se uma troca de mails bem divertida.


Gajo,

Se algum dia estiveres no estrangeiro e te suceder o mesmo...vais ver que a estória passa rapidamente a ser de horror :-D.

PT
 
A estória transforma-se definitivamente em horror.

Ontem estive outra vez às turras com a 2ª linha de suporte técnico da apple que me brindou com algumas pérolas:

"Usted não é cliente apple porque comprou o portátil em Portugal." (Ipsis verbis, tirando a tradução, claro)

"Este serviço (o apoio técnico e o contacto do departamento legal da apple) é apenas para clientes espanhóis."

"Portugal é um mercado de segunda linha para a Apple."

"Se quer o segundo ano de garantia, vá à loja ***** onde comprou o computador."

"Portugal e Espanha não partilham o mesmo rei."

"Eu conheço perfeitamente a lei espanhola mas não vou discutir direito consigo."

E quando lhe falei na responsabilidade do produtor, prevista na lei espanhola e também na portuguesa: "A si não se aplica a lei espanhola, pois não comprou cá o portátil."

Nunca tinha tido uma conversa tão agressiva com um suporte técnico (confesso: também não fui a pessoa mais simpática à face da terra).

Naturalmente vai seguir cartinha para o departamento jurídico da Apple situado algures em França.

Mas penso que já percebi quais as motivações da Apple para ter esta leitura abjecta da lei de protecção dos consumidores espanhola:

1 - Apple Care: Um seguro para 2º e 3º ano de vida do portátil que dá um lucro gordinho para a Apple (por ex., o custo para um MBP são 409 euros)

2 - Diminuir naturalmente os custos com reparações E no caso português deixar a batata quente do custo da reparação durante o segundo ano nas costas do importador (Apple IMC).

A segunda razão pode explicar a lentidão nos serviços de reparação da Apple IMC e, eventualmente, más reparações ou reparações de segunda qualidade quando comparadas com a qualidade das reparações aqui em Espanha.

Aqui em Espanha, dentro da garantia de 1 ano, em qualquer loja Apple trocam a peça avariada em 2-3 dias desde que haja em stock no armazém situado na Holanda. E não discutem com o cliente. Se está avariado, troca-se e já está (lógica decorrente do facto do custo não fica na loja franchisada, mas sim na Apple que não cobra essas peças à loja).

E antes de devolverem o bicho, torturam-no com uma bateria de testes.

Parece-me ser um serviço que dá mais e maiores garantias do que o equivalente português.
 
Vai actualizando isso por favor

Gosto bastante de seguir estas touradas

Já agora e tu saberás isso melhor que eu penso que as garantias são simplesmente europeias. eles tem que arranjar um produto comprado de Lisboa a Varsóvia não?
 
timber

Aí é que está o busilis. Como a Apple internacional considera que só dá um ano de garantia "comercial" de cariz "mundial", se alguém compra uma máquina em países com garantia legal superior e tem um problema no período superior ao primeiro ano, eles recusam-se a repará-la num país em que só vigore a garantia de um ano.

Vejamos exemplo prático: portátil comprado em Portugal, Irlanda ou Noruega (2, 3 e 5 anos de garantia legal) com uma avaria nesse período superior a um ano.

Se estiveres em Espanha eles dizem-te simplesmente para ires ao país de origem resolver o problema, pois a Apple só dá um ano de garantia "comercial" e na sua (abjecta, deturpada e vergonhosa) leitura, a lei espanhola também só a obriga a dar um ano.

Ora vejamos o exemplo prático inverso: portátil comprado em Espanha com um ano de garantia. Dentro do período de garantia estamos em Portugal com o portátil e ele tem uma avaria. Como em Portugal tecnicamente não há Apple, duvido que a Apple IMC fosse reparar o portátil EXCEPTO se a tal estiver obrigada pelo contrato de importador que tem com a primeira (o que desconheço se existe).

Estou seriamente a pensar em meter uma acção de defesa do consumidor aqui em Espanha contra a Apple.

PT
 
Continuo a ter uma dúvida mesmo vendo isso à luz da leitura da Apple

Se tu compraste em Portugal (ou na Polónia) segundo esse sistema deles terias 1 ano de garantia Apple e 1 ano de garantia Europeia.

Ora a partir desse momento qualquer país UE não seria obrigado a honrar o segundo ano de garantia? Ou não no caso da Espanha devido à critividade legislativa que vens vindo a relatar?.
 
timber,

O problema é que o segundo ano não é de garantia europeia é uma garantia legal decorrente (no nosso caso) da legislação portuguesa.

As directivas no geral - e esta em particular - não dão às pessoas direitos directamente. Implicam apenas ao Estado o dever de legislar nesse sentido. E mesmo que o Estado não legisle ou legisle mal, não podes invocar os direitos dados pela directiva contra outro particular.

Até porque em primeira linha a garantia legal de 2 anos em Portugal é uma obrigação do vendedor.

Quanto à tua segunda dúvida é para isso que existe na directiva, na legislação portuguesa e na espanhola uma coisa chamada responsabilidade do produtor (em termos técnicos, do fabricante) e é nessa tecla que eu tenho vindo a bater.

Claro que a Apple assobia para o ar...

PT
 
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