Negócio fechado: Cofina compra Media Capital
O grupo
Cofina e a
PRISA chegaram a acordo nas primeiras horas da madrugada deste sábado (21) para a venda da
Media Capital, grupo detentor da
TVI, depois de semanas de negociações,
avança a agência EFE.
A aquisição dos 94,69% que a espanhola
PRISA detinha na holding de media portuguesa será feita por 170,6 milhões de euros. Além disso, adquirirá as restantes ações e ficará ainda com a dívida, num negócio que ascende aos 255 milhões de euros. O valor contrasta com os 400 milhões de euros que a
Altice quis oferecer na venda que acabou chumbada pela Autoridade da Concorrência.
Paulo Fernandes, administrador da Cofina, garante, em declarações dadas ao Jornal de Negócios, que este continuará a ser “
um grupo de media independente e capaz de reforçar o papel que os media têm enquanto pilar essencial à vida de uma sociedade democrática“.
Numa mensagem enviada às redações é garantido que vai “
manter as linhas editoriais dos diferentes meios de comunicação social” e sublinha que quer manter “
todos os profissionais que estejam dispostos a colaborar neste novo projeto”. Realça ainda “
esta aquisição permite, que após alguns anos, um dos principais grupos de meios de comunicação social, volte a ter um acionista de matriz nacional“.
Ao nível da produção, a Cofina tem como objetivo delinear um caminho em que seja intensificada “
a criação de conteúdos de perfil exportador, tendo em vista a transposição para a legislação nacional da designada ‘diretiva Netflix’” — a diretiva em causa obrigará a que as plataformas de streaming tenham uma percentagem mínima de conteúdos nacionais dentro dos seus catálogos, o que poderá ser aproveitado pelas produtoras locais.
De acordo com um comunicado da PRISA, os fundos gerados pela venda da dona da
TVI serão usados para amortizar a dívida do grupo. De acordo com o jornal
La Vanguardia, a PRISA está focada em reduzir o endividamento e focar-se nas áreas de informação e educação, abandonando o investimento em setores não estratégicos, nos quais se incluía a participação em Portugal.
O que é que falta para a venda acontecer mesmo?
A venda à Cofina tem ainda de ser aprovada pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social e pela Autoridade da Concorrência, que poderão obrigara a alguns “remédios”, como venda ou alienação de ativos, caso entendam que a fusão dos dois grupos possa gerar concentração excessiva no setor.
Além disso, de acordo com o
El País, tem ainda de ser aprovado um aumento de capital na Cofina, ser obtido um perdão de dívida por parte de alguns credores da PRISA e a transação tem de ser aprovada por todos os acionistas.
O aumento de capital na Cofina está garantido, de acordo com um comunicado da empresa portuguesa, em mais de 50% pelos acionistas de referência, mas é possível “
que entrem novos investidores com posições qualificadas“. É aqui que deverão juntar-se os dois investidores mencionados pela imprensa nos últimos dias:
Mário Ferreira e
Abanca.
Um interesse antigo
Foi
no dia 14 de agosto, em comunicado, que o grupo Cofina afirmou estar em negociações “em regime de exclusividade” para uma potencial aquisição da participação da Prisa no Grupo Media Capital.
Estas negociações iniciaram-se em julho e foram o culminar de quase uma década de interesse que a dona do Correio da Manhã, CMTV e Jornal de Negócios tinha pela Media Capital, dona não só da TVI mas também da Media Capital Rádios, da Rádio Comercial, Cidade, M80, entre outras.
Já em 2009, quatro anos antes do lançamento da CMTV, o grupo Cofina tornou público o seu interesse na compra de uma participação maioritária na Media Capital. Antes disto, no ano passado, a
Altice tinha entretanto também demonstrado interesse e a operação de venda parecia estar praticamente finalizada até ser travada pela Autoridade da Concorrência. A justificação para esta decisão foi a conclusão de que o negócio iria ter um custo estimado de 100 milhões de euros aos concorrentes, custos que afetavam também aos consumidores.
A Prisa, principal detentora do grupo em causa, atravessou recentemente um processo de reestruturação com
a saída da ex-presidente executiva Rosa Cullell e a sua
substituição por Luís Cabral.
Avanços, recuos e suspensões
Logo após as notícias que confirmavam o interesse de Paulo Fernandes, dono da Cofina, na compra da participação maioritária da Media Capital, a CMVM suspendeu as ações dos dois grupos, exigindo mais esclarecimentos acerca do negócio.
O grupo Cofina emitiu um comunicado mais esclarecedor, no qual referia que os dois grupos se encontravam “
a negociar, em regime de exclusividade que vigora durante um período de 30 dias, que pode ser prorrogado por vontade das partes, os termos e condições de uma potencial aquisição, pela Cofina, da participação da Prisa na Grupo Media Capital SGPS“. Após este comunicado a entidade reguladora levantou a suspensão.
As ações da Media Capital dispararam 34,39% após a revelação do interesse por parte do grupo Cofina e o conhecimento público das negociações exclusivas. O prazo final para as negociações estava apontado, à data, para o início de setembro.
“Negociações intensas”
A 17 de setembro, a CMVM voltou a suspender as ações dos dois grupos alegando que que estava a aguardar “
a divulgação de informação relevante ao mercado”.
A Cofina reagiu, declarando em comunicado que decorriam “
negociações aprofundadas com a Prisa, que se têm desenvolvido de forma muito intensa nas últimas horas, no sentido de alcançar um acordo para a aquisição pela Cofina da Media Capital“.
Acrescentou ainda que não seria possível estimar uma data concreta para a obtenção de um acordo que “
em todo o caso, sempre dependerá da aprovação prévia pelos órgãos de administração da Cofina e da Prisa”.
Caso o contrato de compra e venda fosse, à data, formalizado, a Cofina tinha já anunciado a “
divulgação de um anúncio preliminar de oferta pública de aquisição sobre as ações remanescentes da Media Capital”, que deverá ser agora o passo seguinte.
A emissão segue dentro de momentos.
Fonte:
https://espalhafactos.com/2019/09/21/negocio-fechado-cofina-compra-media-capital/