Óbviamente que escolher o pior jogo de todos os tempos é uma tarefa tão ou mais difícil como escolher o melhor. Há muitos gostos, muitas prespectivas.
Há jogos que aparecem do nada, e revelam-se tão catastroficamente maus que desaparecem quase imediatamente da nossa memória. Mas o mais grave, para mim, são as sequelas terríveis. Temos um jogo excelente, magnifico, interessante. Sai a sequela e arruina tudo, troca tudo, até parece um crime usar o mesmo nome.
Por isso, a sequela que mais ódio (ódio, mesmo) tive de jogar foi o UFO: Aftermath.
Os jogos X-Com (UFO Defence, Terror From the Deep, Apocalypse) foram talvez das melhores pérolas underground que alguma vez surgiram no mundo dos jogos. O TFTD nem tanto, pois era apenas o primeiro com gráficos alterados e uma história aquática, pouco interessante.
O X-Com: Apocalypse levou o jogo numa direcção diferente, com batalhas em tempo real.
Acho que qualquer site de reviews vai dizer, no mínimo, sobre estes jogos, que são dos grandes clássicos de sempre.
Embora tenha adorado o X-Com: UFO Defense, foi o Apocalypse que gostei mais. Havia uma dinâmica como nunca tinha visto. O objectivo era proteger a última cidade do planeta das incursões inter-dimensionais dos ET's. Havia montes de prédios, cada um pertencente a alguma entidade, que ficava muito chateada se lhe causassemos danos nos confrontos com as naves inimigas. Os OVNIS chegavam, e tinham missões específicas. A maior parte das vezes era descarregar pessoal para infiltrar organizações, etc. Mas às vezes vinham mesmo com o objectivo de destruir uma instalação vital (muitas vezes a base do X-Com).
As organizações tinham uma relação com a X-Com que se ia alterando conforme o desenrolar da acção. A Marsec, a maior fornecedora de equipamento militar e aeronaves, uma vez, não gostou dos danos acidentalmente causados pelas minhas naves numa das fábricas deles, e então puseram-se do lado dos ET's. Não me forneciam equipamento, e cortaram relações. Foi gravissimo, pois eu dependia deles.
Mas os ET's não perdoam. Eles não se preocupam sobre quem está ou não do lado deles, o objectivo é controlar a cidade, e para isso há que enfraquecer as defesas da cidade. Decidiram, portanto, atacar estações da polícia e armazéns de armamento. Quando atacaram um dos armazéns da Marsec, eles mudaram logo de ideias em relação aos ET's, e ficaram do meu lado.
É daquelas coisas que parece pequena e insignificante, mas dá uma dinâmica completamente diferente ao jogo.
Também havia conflitos entre gangs, com a polícia metida ao barulho. Havia raids, ataques, muita maneira de enfraquecer uma organização hostil. Todas elas tinham, já agora, um orçamento delineado, e os fundos não eram ilimitados. Daí, se uma delas estivesse a causar problemas, rebentar-lhe com os edifícios causava uma despesa tão grande que ficariam sem fundos para nos chatear, durante as próximas semanas. Claro que o mais provável é que, mal tivessem disponibilidade financeira, respondessem com um raid à nossa base, podendo matar os nossos queridos e preciosos cientistas e engenheiros.
Na parte táctica, o jogo era um mimo. Os soldados procuravam cobertura, abrigavam-se, entravam em pânico, e cada um deles tinha um valor que ía para lá do simples soldado descartável. Dava-lhes nomes, cuidava deles, ficava chateado quando deixava um deles morrer. Como nos jogos anteriores, os soldados evoluiam conforme a experiência, ganhando mais força, saúde, pontaria, resistência, etc, e eram promovidos de vez em quando.
E aí entra o UFO: Aftermath. Sabendo-se que seria uma tentativa de remake do X-Com: UFO Defense, o primeiro (e mais apreciado) de todos, já era de esperar que as espectativas superassem o que o jogo podia oferecer.
Mas acho que ninguém estava à espera de nada tão mau. Não havia base-building, uma peça fundamental dos jogos anteriores, os soldados eram desprovidos de qualquer intelectual, tendo o jogador de fazer TUDO por eles, O combate entre naves era simplesmente MAU, com o jogador apenas a necessitar de clicar no botão "ok, vai atrás dele", e a história era tão alternativa que era impossível identificar-se com alguma coisa.
Todos os pontos fortes dos clássicos foram simplesmente largados, com a desculpa de serem difíceis demais. Isto não é, nem por sombras, algo que se faça a um jogo da categoria do X-Com. Ter levado com 6.4 no GameSpot já me pareceu bom demais.
Já agora, reviews:
X-COM: UFO Defense
X-Com: Apocalypse
UFO: Aftermath
EDIT:
Ok, sei que já me alonguei demais, mas esqueci-me de mencionar a fantástica IA dos inimigos, que vão aprendendo a fazer embuscadas, e outros movimentos tácticos mais complexos...