Horizon Zero Dawn - PS4
Gostei, sim senhor. Estava a ver os créditos finais e a pensar que já la ia algum tempo que algo não me agarrava para desvendar o que vinha a seguir. Não é nada de extraordinário, nem algo que fosse um twist gigantesco e imprevisível, mas está bem muito bem contado, e sobretudo deixou-me sempre muito curioso para o que vinha a seguir, inquisitivo sobre o segredo, o grande segredo, que nos ajuda a perceber a história. O sistema de diálogo é um pouco estranho, pois parece que não dá para recusar nenhuma das interações que temos com alguns npc’s, ou mesmo que o que dizemos não tem impacto nenhum, mas no final acaba por compensar, apesar de não ser essencial, ajudar quem precisa, incluindo nisto algumas das fetch quests pelo caminho. Já agora, gostei da distinção que o jogo faz entre fetch e missão secundária, onde aqui era claro que havia sempre mais qualquer coisa para além do” vai-me buscar isto/aquilo”.
Existem dois personagens que ajudam a carregar muito do que de bom tem esta parte do jogo ligada à narrativa. A própria personagem principal, cuja pessoa que lhe dá voz sou fã, e uma outra que não se pode dizer, mas que aprecio particularmente, sendo eu fã de séries. Os rumblings da Aloy são interessantes, quer quando estamos sozinhos, ou em algumas das conversas que temos com npc’s. Apesar do jogo sofrer de um dos males dos jogos de mundo aberto, que é o desvio de atenção da quest principal levar por vezes a distanciamento da narrativa e consequente “perda de memória” pela situação ou personagens, senti que muitas das atividades que fazia, quer com quests secundárias ou de fetch, tinham interesse suficiente para as fazer.
O mundo aberto é grande e interessante o suficiente para o explorar, o que só prova ainda mais que maior não significa sempre melhor. Apesar disto, foi estranho ver determinadas partes do cenário a avisarem que estava a sair para fora do mapa e o jogo ia fazer load do save anterior. Existe um pouco de divisão do jogo em dois se quisermos, uma parte mais “nórdica” e de tutorial vá, e outra mais ligada a outro tema, onde por vezes dava a sensação de o jogo nos dizer, “agora a partir daqui é a outra parte diferente do jogo”, sendo isto em aspeto e inimigos. Ainda assim dava grande gozo de passear, poucas vezes usando, para minha surpresa, as mounts.
O outro grande protagonista, ou protagonistas, são claro os dinos robô. Para além do seu aspeto diferenciado e techy, são sempre muito agradáveis de lutar, se bem que os glinthawks podem ir para um sítio que eu cá sei. Apesar dos designs mais atrativos de Thunderjaw e Stormbird, o meu preferido e temido era sem dúvida o Behemoth, um autêntico camião com patas que vinha em direção a nós. Isto liga a dois pontos que são sem dúvida dos melhores do jogo, o combate e o aspeto técnico. O arco e o seu combate está excelente, super fluido com imensas opções de setas e combinações com os diferentes arcos e ferramentas que temos. Mais do que isso, não me cansava de o usar porque cada dino obriga a uma abordagem diferente, e um arco não funciona para tudo, o que obrigava a ser mais estratégico para ser mais eficaz, tornando a coisa sempre relativamente fresca. Havia, mais para o final uma combinação de duas coisas mais potente, mais ainda assim a variedade estava quase sempre presente. Já o combate corpo a corpo com a lança está demasiado automático, com o personagem a deslizar por vezes pelo chão se um inimigo estivesse suficientemente perto, o que não me agradou particularmente.
No aspeto técnico, bem o que mais me impressionou de longe foi a performance. O jogo é de 2017 e tem um aspeto fabuloso. Os personagens são impecáveis quer na qualidade quer nas vozes, falando no geral. Não fosse isto suficiente, mas a performance quase não mexe dos 30fps, o que dadas algumas situações com explosões e animais metálicos a tentarem tratar-me da saúde presumo que não fosse fácil. Só me lembro de uma situação onde tenha notado que desceu um pouco, envolvendo isto destruição de cenário com rochas e árvores, ainda assim, foi uma excepção, resultando num autêntico portento visual.
Até agora parece tudo muito bem, mas há dois aspetos que francamente me deixaram desapontado, e que são, sendo honesto, maus. São eles a AI dos inimigos humanos e a terrível câmera de conversas que temos em praticamente tudo o que não seja cutscene. O primeiro tem sobretudo a ver com a pouca ameaça que inimigos humanos representam, em grande parte pelo seu sistema de agro, que fica alerta e nos instantes seguintes, mesmo após verem algum companheiro morto, volta tudo ao normal como se nada se tivesse passado. Isto aliado a irem contra todas as minhas armadilhas que lhes colocava por vezes debaixo do nariz não ajuda a que fossem interessantes de lutar, sendo um motivo de aborrecimento.
A eterna câmera por detrás do ombro na maioria das conversas irritava-me profundamente. Isto porque para além de alguns espasmos estranhos nas expressões faciais, especialmente quando havia necessidade de movimento ou a cabeça de algum olhava para o chão ou para cima, há cortes/edits que não percebia, sobretudo porque eram aqueles onde normalmente se usam para dar sensação de “algum tempo depois”, quando a conversa ainda estava a decorrer...
Era de longe aquilo que mais me “tirava” do jogo, pois ver conversas com este tipo de direção, com cortes constantes ou expressões estranhas, aliados a mudanças no tom, dava por vezes a sensação, exagerando claro, de estar a ver uma paródia.
Mas enfim, que isto já vai longo, está aqui uma fundação muito boa. Acho que foi o RuiBK que o disse, isto era um Assassin’s Creed dos antigos. Sinceramente fez-me lembrar o primeiro, com coisas boas que nas sequelas foram sendo melhoradas. É interessante porque vai buscar elementos a muitas coisas, sem nunca ir ao extremo das inspirações. Sistema de pistas do Witcher, combate semelhante a MH, mundo aberto grande sem ser gigante, elementos RPG minimalista com as habilidades a serem pouco transformativas na maneira de jogar, entre outros aspetos.
Apesar de ter as minhas ressalvas em alguns pontos vale muito a pena jogar, mas bolas Guerrilla a resposta que eu mais queria ficou no território do cliffhanger... talvez no próximo.
Não compararia isto ao AC1. O AC1 é uma boa ideia,mas fraquejou na forma como estruturaram a execução dessa ideia. Quanto muito diria que saltaram directamente para o 2,em que a execução está no ponto ideal e agora só precisa de acrescentos incrementais para adicionar ideias novas/umas horas de conteúdo.
The Order 1886 (PS4) - 8,5/10.
Dado o bad press, nunca tive grandes esperanças perante este jogo. Mas o negócio lá apareceu e a 10€ metido em casa, avancei.
Terminei hoje e só tenho a dizer que quanto a mim, este jogo é um hiddengem e não merece nem de perto as notas negativas que obteve.
Vivemos num mundo em que parece que a linearidade perdeu todo o espaço. Qualquer jogo que não seja openworld, que faça o jogar perder dezenas e dezenas de horas por vezes em actividades repetitivas, não é bem visto.
Já eu, sinto falta de jogos lineares como existiam antigamente. E este The Order enquadra-se precisamente nisso: é um óptimo jogo linear.
Os excelentes ambientes, com um detalhe bastante interessante da época, juntamente ao gameplay slowpaced, encaixam perfeitamente com a história desenvolvida.
Mas,vejo ali um potencial que podia ter sido aproveitado para fazer um jogo bem mais longo, até porque ficam algumas questões por responder, talvez por o estudo ter acreditado numa continuação.
Por este motivo, tem 8,5/10. Recomendo!
Os jogos lineares ainda existem,costumam é trazer um multiplayer junto(basta olhares para os exclusivos da Sony como o Uncharted ou Last of Us), ou fazem parte de uma estrategia maior da editora(Bethesda com os Wolfensteins),ou tentativas de começar franchises(Quantum Break na MS).
Este jogo tinha tido uma luta menos ardua no mercado se tivesse trazido um modo player vs everything e a treta das barras pretas tivessem ficado pelo caminho.
Dante´s Inferno(Xbox One X)
Este é um daqueles casos em que as vezes menos pode ser mais(aka um protagonista mudo tinha ajudado este jogo). É que pese embora eu goste do conceito e a execução do mesmo(diferentes círculos do inferno=diferentes niveis) e a gameplay até seja engraçada, o personagem principal disto(Dante) cria-me muitos anti-corpos,tanto mais que não faço intenções de voltar a jogar o jogo. No inicio do jogo ele é pintado como uma vitima, e o discurso dele até se entende. Mas há medida que se vão fazendo revelações acerca do que aconteceu antes do jogo, um tipo começa a ficar cada vez mais espantado com o descaramento necessário para manter o choradinho do inicio do jogo. É de malucos. Se ele ainda fosse crescendo ao longo do jogo, era o mal ao menos. Mas só mesmo no fim do jogo é que ele abre os olhos à triste desculpa de ser humano que é. Isso e houve ali um momento que justifica o inicio do jogo em que fiquei "wow,a serio?Como porra é que esse gajo descobriu isto e conseguiu fazer esta viagem".
Gostei do Dead Space 1/2 e achei que ia gostar deste,logo quando bateu no EA Access achei que tinha de aproveitar. Mas já vi que as vezes essa logica não dá frutos. Gostei mais do que um God of War 1 e 2,mas ainda fica atrás de um God of War 3.Um pedaço jeitoso bem atrás.
Shadow of The Tomb Raider
Era um daqueles que até gostava da direcção dos jogos anteriores deste reboot. Não era contra as tombs tornarem-se obrigatorias e por tabela levarem um upgrade. Achava que era neste que algumas das decisões relativas à narrativa iam ser redesenhadas. Achava que o equilibrio acção vs exploração estava bem conseguido.
Infelizmente maioria disto levou uma mudança,mudança essa que não me caiu lá muito bem.As tombs levaram um upgrade,mas nada de muito profundo(e de grosso modo continuam opcionais). Coisas como o papel do Jonah, a maneira como a Lara encara o papel dela no contexto do jogo,ainda continuamos na lenga-lenga da treta do costume(vilões,sinto que houve uma melhoria como o principal,mas o secundário está lá só para 2 ou 3 cenas e de resto é um não assunto) . Houve menos combate, e as áreas de exploração tornaram-se maiores mas algumas sem combate(pontos extra negativas para a Hidden City obrigar a andar com apenas dois fatos específicos).
Mas não é como se o jogo não tivesse pontos positivos. A partir do momento em que o acabo é porque a experiência foi agradável o suficiente. Neste caso a base da gameplay vinda do Rise foi expandida com mais uns brinquedos(coisas como a takedown que é uma homenagem ao Predator).O jogo ter focado nos mitos Maias e ter ido para a America do Sul foi interessante e criou alguma variedade face aos anteriores.Foi bom ver mais partes da infância da Lara. Mais secções subaquáticas.
No fim de contas gostei do jogo,mas fico com um sentimento de que podia ter sido melhor. Agora é ver o que o futuro reserva,tendo em conta o Shadow é o fim desta fase pós-reboot. Curioso se vão saltar para o personagem clássico a seguir.
Vanquish
A tentativa da Platinum de fazer um tps. E nota-se um bem,tendo a minha experiência anterior com o estúdio ser Bayonetta e Metal Gear Rising:Revengeance.Boss battles com adversários enormes? Check. Algum nonsense sem vergonha nenhuma de tal(e aqui fico com a distinta impressão de eles estarem a fazer satira da ideia do tipico heroi de acção de hollywood/shooters no mercado hoje em dia)?Check. Senti falta foi mas é dos 60 fps...
De resto gameplay é frenetica para caraças,pese embora se não houver cuidado as munições voam sem um gajo notar e depois há aquela quebra de ter de andar pelo campo de batalha a mendigar munições. O meele é um bocado curto(dar uns 3 ou 4 murros até ao fato sobreaquecer),mas sempre compõe o ramalhete do combate. A historia é Tom Clancy versão nonsense japonesa(aka os russos que fizeram um golpe de estado na Russia atacaram a America e é necessario responder,mas com twists pelo meio)
Musica dá para o gasto(pessoalmente preferi mais do Bayonetta e Revengeance).
Em retrospectiva,só me custou a falta dos 60 fps e o jogo não ser um bocado mais liberal com a munição. De resto,bela experiencia e ainda vou revisitar-lo mais para a frente para limpar uns achievements que deixei.
Dishonored 2
Gostei do primeiro e por essa linha de pensamento este tinha de vir para cá. Demorou um bocado a compra e outro bocado a estrear,mas mais vale tarde que nunca.
Coisa que nota-se logo e que gostei muito é ambos os protagonista terem uma voz. Parece ser uma coisa basica,mas no 1 o Corvo nunca falava. Isto permitiu podermos ver a personalidade do nosso personagem. Não consigo é desvendar se o dialogo ao longo do jogo depende do Chaos,isto é se consoante ele for alto ou baixo o tom do nosso personagem muda. Este primeiro ficheiro decidi ir com a Emily e High Chaos, e notei um certo tom mais agressivo. Ela falava de uma foram em que ela não olharia a meios para conseguir a sua vingança e todos pagariam da mesma forma. E por falar em voz,sacaram assim uns coelhos da cartola neste jogo.Pontos extra para o Vincent D´Onofrio para o subvilão.Só tenho pena de terem mudado o personagem do Outsider,o actor novo não encaixa tão bem.
A historia é tal como a do 1 uma historia de vingança, de recuperar aquilo que foi roubado aos nossos personagens. Diria que a estrutura do 1 foi transposta de grosso modo para estes,com multiplas escolhas a influenciar certos momentos chave ,que depois reflectem-se no final. O facto de podermos escolher entre o Corvo e a Emily foi algo bem vindo,mesmo que a versão definitiva da historia seja aquela com a Emily.
A Delilah dos dlcs do 1 regressa, e desde já digo que maneira como ela foi usada como a vilã elevou o jogo. Um tipo até percebe o porque de ela ser como é, o porque dela achar que está no seu direito de roubar o trono à Emily.
Gameplay,é a tradicional da saga. Múltiplas maneiras de executar missões,desde a jogar sem poderes até usar de tudo um pouco. Combate puro e duro ou stealth. Múltiplos caminhos para escolher quando estivermos a explorar os níveis para apanhar as runes e bone charms. Há um nivel ali no ultimo terço do jogo que traz uma mecânica nova que é muito interessante a maneira como eles implementam(engraçado que é a segunda vez que algum faz algo daquele genero em 2016, o outro jogo foi o Titanfalll 2). Um aparte, achei que os poderes da Emily podia ser melhor trabalhados. Podia trocar alguns que me parecem redundantes por outros.
Resumindo e concluido,gostei mais do que o primeiro e ajudou a solidificar a minha ideia que a Arkane é um estudio de topo.Agora é ver no que é que o Deathloop dá.