Quando este jogo foi anunciado na E3 de 2021, eu evitei 99% do marketing deste jogo após o anúncio. Automaticamente ficou na lista de jogos a adquirir para este ano. Já previa que teria em mãos um bom Metroid, sabendo que o Metroid Dread estava a cargo da MercurySteam. E na minha opinião, eles se superaram, em comparação com o Metroid Samus Returns da 3DS.
Metroid Dread segue o mesmo estilo que a série Metroid nos tem habituado. Mas com este jogo, foi-nos introduzido um tipo de inimigo diferente: os EMMI. São robôs feitos de materiais muito resistentes, a ponto da Samus nunca conseguir atacar um EMMI, por mais upgrades que ela tenha. Estes EMMI's costumam a rondar em zonas específicas. São predadores. Eles conseguem ouvir barulho que façamos se tivermos a alguma distância deles, e vão logo à fonte do som. Se formos detetados por um EMMI, a nossa única solução é fugir. E mesmo que por vezes consigamos tentar nos esconder de um EMMI, ele pode nos apanhar. Se isso acontecer, ainda temos 2 chances de escapar a um EMMI, por fazer parry a ele. Mas a janela de tempo que nós temos para fazer um parry com sucesso é tão curta, que na maioria das vezes, sermos apanhados por um EMMI é quase sinónimo de Game Over. A única forma de conseguirmos derrotar um EMMI é por obter uma Omega Cannon, que é um item que obtemos após derrotarmos um mini-boss localizado na zona desse EMMI, e só podemos usar 1 Omega Cannon por EMMI. Pessoalmente, não achei os EMMI assustadores. Mas podemos ter aquela sensação de suspense quando queremos passar por uma zona EMMI sem sequer o EMMI nos ouvir. Pior é quando estamos numa zona EMMI e não sabemos onde ir. Só contribui para o suspense.
Fora isso, o jogo é o que tipicamente vemos nos jogos Metroid. Temos exploração, upgrades que nos permitem aceder a novas áreas, temos backtracking, bosses épicos, itens difíceis de obter. Mas está tudo tão bem feito e bem interligado. O jogo está dividido por áreas diferentes, todas elas ligadas por meio de elevadores. Mas existem teleporters que permitem-nos aceder a secções de outras áreas que apenas podemos aceder dessa maneira. Fez-me lembrar do facto de terem posto teleporters no Metroid Samus Returns, mas a diferença é que nesse jogo, podíamos fazer teleport para outra secção da mesma área ou para outra área completamente diferente. Podíamos escolher o "destino". Mas no Metroid, os teleporters têm uma "ligação" específica. Cada teleporter está categorizado por uma cor. Isso faz com que um teleporter só dê para ser usado de maneira a chegarmos ao teleporter destino da mesma cor. Eu interpreto isso como uma maneira diferente de implementar atalhos entre áreas do jogo, assim como em passados jogos da série.
Os bosses deste jogo são brutais. Temos alguns mini-bosses, como aqueles que temos que derrotar nas zonas EMMI. E temos bosses principais com diversas fases no mesmo boss. O que me impressiona é que há bosses com diferentes maneiras de os derrotarmos. Por exemplo, o penúltimo boss tem 2 fases. E na segunda fase, podemos fazer shinespark nele, apesar com alguma dificuldade. Mas se fizermos shinespark com sucesso, o boss automaticamente fica derrotado. Eu não soube disso por iniciativa própria. Vi um vídeo de alguém a fazer. Mas não deixa de ser épico. E mais épico ainda, imo, é que existe um boss no jogo onde, se obtermos um determinado item antes do boss (item este que para obtermos, é necessário fazer sequence break), conseguimos atacar/derrotar esse boss de uma maneira única. Isso ainda não vi como se faz, nem o resultado. Mas não deixa de ser épico ver que os produtores do jogo sabiam que ia haver malta a fazer sequence breaks ao jogo, obtendo itens mais cedo que o esperado, e resolveram "recompensar" esses mesmos jogadores mais dedicados.
Um ponto muito forte deste jogo é a história. Já se sabia que aparentemente Metroid Dread iria marcar o fim da saga sobre Metroids. Mas ao jogar este jogo, ele consegue fazer ligação com praticamente todos os jogos da série 2D. Até faz ligação à manga de Metroid, que explica a origem da Samus. E a forma como a história acaba é simplesmente brutal. Nunca se viu a Samus como se vê aqui. E quando acabamos o jogo, mal podemos esperar para ver como será o futuro da Samus.
As únicas falhas que tenho a apontar ao jogo é a AI que se chama ADAM, e a música. O ADAM no início do jogo aborrecia-me. É uma AI que fala com a Samus em salas específicas, à semelhança do que vemos em Metroid Fusion. Mas o que o ADAM geralmente dizia era o óbvio. Chegava ao ponto que querer fazer skip às falas dele. Mas a meio do jogo o ADAM começou a ter melhores falas, a expor alguma informação não tão óbvia, e ele deixou de ser tão chato. Já sobre a música, a música em si não é má. Só que quando se trata de música de Metroid, automaticamente lembramo-nos de temas clássicos como os temas de Super Metroid, Zero Mission, Fusion ou até Metroid Samus Returns. Aqui no Dread não há temas tão emblemáticos. Ainda assim, temos pelo menos um tema que é recorrente na série, e esse tema é usado em cenas épicas do jogo, especialmente em uma cena a meio do jogo que até me deu arrepios de quão épico foi.
Ainda assim, o jogo é espetacular. Eu joguei 4 vezes. A primeira vez joguei ao meu ritmo, em modo normal. A segunda vez joguei em modo Hard, e ao mesmo tempo quis terminar o jogo com os itens a 100%. A terceira vez quis terminar o jogo em modo normal em menos de 4 horas. E a quarta fez quis voltar a terminar o jogo em menos de 4 horas, mas desta vez em modo Hard. As recompensas por alcançarmos essas façanhas são peças de arte que vemos na galeria do jogo. Ao conseguirmos colecionar 100% de itens em cada área do jogo, desbloqueamos uma peça de arte que retrata algum evento que se passa em ZDR antes dos eventos do jogo, sendo ao todo 6 peças de arte. E ao termos as 6 peças, desbloqueamos uma peça de arte que representa a série 2D de Metroid, onde em destaque está a Samus no seu Varia Suit ao estilo do Metroid Samus Returns. No que toca a terminarmos o jogo em menos tempo, quanto menos tempo terminarmos, mais arte desbloqueamos. Também são 6 peças de arte, em que cada peça representa um jogo da série 2D, incluindo o Metroid Other M. E ao temos essas 6 peças de arte, desbloqueamos uma peça de arte "igual" à que mencionei à pouco, que representa a série 2D, mas em vez da Samus estar no seu Varia Suit, esta no seu Zero Suit Samus.
Por falar em obter os itens a 100%, diria que este jogo é dos mais fáceis de se obter, mas não tão fácil como o Samus Returns. Ao contrários de outros jogos da série, sempre que vemos um item no ecrã, o mesmo fica "registado" no mapa. E conseguimos saber se o item está por adquirir ou se já foi adquirido. No entanto, há itens que estão "escondidos" dentro de blocos, algo normal da série. A diferença é que, em vez que termos uma bola numa área do mapa a apontar onde o item está, o mapa fica com uma secção a piscar em tom branco, e temos que descobrir onde o item está. Mas isso torna-se fácil quando obtemos mais itens, como o Pulse Radar, ou a Power Bomb. Mas os itens mais difíceis de obter, e os que sabem melhor, são os que requerem que usemos speed boost e/ou shinespark. Em alguns casos, requer muita prática e sabermos dominar a mecânica de shinespark. Mas quando finalmente obtemos o item, sentimo-nos mais satisfeitos por termos conseguido fazer com sucesso todo o processo de shinespark do que propriamente obtermos o item em questão.
Há muito mais que podia falar sobre o jogo. E no tópico do jogo irei debroçar-me sobre a história dele e o que nos pode reservar o futuro da série. Mas relativamente ao Metroid Dread, estou super satisfeito pelo jogo, e contente pelo trabalho da MercurySteam. Só tenho pena que eles não tenham creditado todos os que estiveram envolvidos no projeto. Mas isso é outra conversa. Metroid Dread para mim leva um 9.5/10.
PS: Espero que Metroid Dread seja visto pela Nintendo, e pela indústria em geral, como um jogo de sucesso. Para além de querer ver mais jogos da série, gostava de ver mais jogos 2D, especialmente algumas séries a ressurgir. Por exemplo, gostava tanto que a Capcom fizesse Megaman X9 em 3D, mas na perspectiva 2D, na RE Engine. Acho que seria brutal.
PS2: Sempre que voltar a jogar Metroid Dread, e entrar no quarto abaixo, irei dar uma pequena gargalhada. Alguns vão perceber o que quero dizer