Depois de ler isto tudo, bem quase tudo, deixem-me dizer que nada disto importa no mundo real, ponto.
Então começas por dizer uma grande asneira. Por várias razões mas uma delas é que lá por ser a práica comum não quer dizer que seja inteligente.
E não venham para cá com as mesmas filosofias do que é livre é bom, que têm de haver interioperatibilidade, porque isso são tudo tretas,
Tretas são o que tu disseste.
Eu também já pensei assim, só que cheguei à empresa e o chefe só disse: "O programa X, Y e Z são para manter, porque temos confiança no produto e no suporte técnico",
Isso não chega.
Em primeiro lugar, ter confiança num software proprietário é um acto de fé, e o mesmo se pode dizer em relação ao seu suporte. O que não faltam são casos em que essa confiança foi atraiçoada, porque o software deixa de responder às necessidade e o fabricanet não tem interesse em mudar o software, ou simplesmente deixa de fabricar e distribuir o software e quem fica agarrado são os clientes que não podem fazer nada quanto a isso.
Por isso esse argumento não é baseado na realidade.
o programa x, y e z só correm no Windows, o que vou fazer instalar o wine e ver se consigo pôr aquilo a funcionar no linux. Chego a outro departamento, e dizem-me o programa de conversão de cad para cnc tem de se manter, motivo, o utilizador já está habituado ao produto, já existem rotinas feitas, a produtividade com aquele programa é a mais elevada, e o programa só funciona com o windows.
Isso não é motivo suficientemente forte para impedir uma migração o software que usamos no Presente é sempre mais produtivo no Presente, porque já temos experiência nele, mas isso não impede que o no futuro se usarmos outro que o outro seja o mais produtivo, para além de que prendermo-nos a uma plataforma é mau para o negócio porque limita as escolhas tecnológicas e a gestão de TI.
Ou seja, novamente apesár de serem fáceis esses argumentos, eles não são suficientemente fortes se analisarmos as coisas a fundo.
Ah e no mundo real, os chefes tem sempre razão, mesmo que estejam errados, eles tem sempre razão, nós é que um dia iremos ter razão, e se o chefe quiser.
Ok, já sabemos que és lambe botas...
As empresas não querem saber de livredades nem maravilhas do género só querem as coisas a funcionar e à maneira delas e mais nada.
Acaste de provar tudo o que eu disse: para trabalharem à maneira delas, elas precisam de liberdade.
Eu não uso o IE no trabalho...e trabalho para a plataforma web, onde o IE deve ter uns 90% de share.
Deve ter muito menos que isso. Há varias razões
* nem todo o software que acede à web são browsers uma boa parte devem ser outros softwares (bots, etc...) e muito do software do mercado dos dispositivos moveis não usa ie (alguma vez viram symbian, ou GNU/Linux que são os sistemas operativos mais usados em telemoveis a correr ie?);
* quer o Opera, quer o Firefox, quer o Safari, juntos ultrapassam certamente os 10% (devem estár entre 10 e 15%, sendo que na Europa são mais) o que sumado ao que disse antes faz com que a share do ie tenha que ser menor que 90%;
Acho que estás a assumir demais que todos os erros que se encontram são só relativos a segurança...
De forma alguma!!
Nem todos os utilizadores de pc's se preocupam constantemente em saber se o sistema deles é ou não seguro. As pessoas querem é usar o sistema, "mai' nada"...
Acho que estás enganado. A m$ usou essa desculpa à uns anos quando o director do desenvolvimento do window$ disse que os produtos da m$ não tinham sido desenhados a pensar em segurança. Mas isso é errado.
Os utilizadores podem não ter consciência dos riscos que correm (a maior parte não tem), e a maior parte assume que a industria de software é tão madura quanto as outras e que por isso pensa na segurança das pessoas. Mas isso não quer dizer que não queiram saber da segurança, querem e a verdade é que quando percebem os riscos e a falta de qualidade nessa àrea eles ficam zangados.
Esse tipo de argumento é um argumento que defende a continuação do desleixo e da imaturidade da industria de software e é inaceitável.
Uns cobram a distribuição, outros o direito de utilização... A meu ver, são apenas opções e ópticas diferentes de mercado...
São forma diferentes dizes bem, mas que se materializão de formas diferentes no que tem a ver com a ética. Porque embora sejam à primeira vista ambos válidos a verdade é que quando analisamos em profundida e com a consciência que o software não é como os outros produtos porque tem uma natureza diferente, podemos perceber que fazer uma coisa é legitima do ponto de vista ético e outra não.
Quanto compras uma cadeira compras a cadeira e podes fazer o que quiseres com ela, podes modifica-la, etc... Porque é que não haveriamos de poder fazer o mesmo com o software? Afinal de contas também o compramos!
Usas palavras um pouco fortes a meu ver... "Extorção"?!?!?! Acho um pouco radical.
Uso palavras realistas!
O licenciamento proprietário seja de software seja de especificações tem o objectivo de exercer poder, de controlar quem pode aceder à informação e de comunicar e de forma compatível com todos os outros. A necessidade de interoperar para estarmos presentes de forma competitiva no mercado ou por motivos mais ligados com utilizações não profissionais, é na sociedade de informação inegável. Quem não puder interoperar fica de fora. Exercer o controlo da possibilidade de interoperar de forma proprietária é a meu ver extorção, para além de ser impeditivo de qualquer tipo de competição baseada no mérito, ou nas necessidades reais dos consumidores e não de artificios legais.
De qualquer forma, se por acaso um determinado produto proprietário (fechado) não quer abrir mão do seu "know how" (propriedade intelectual), então há bom remédio para isso. Faz-se uma solução que faça concorrência (paralelo) ao produto...
Há vários problemas com essa afirmação:
Problema 1
Quando os protocolos, formatos de dados, ou especificações de interoperação com hardware e/ou software são proprietários então existe o problema do licenciamento das especificações necessárias para poder criar implementações concorrentes.
Alguns fabricantes proprietários licenciam as especificações de forma a que qualquer um possa implementar o que quiser como, quiser e com os termos de licença que quisérem, no entanto são uma minoria quase sem significado e ainda assim muitos deles acabam por ou não fornecer toda a informação, ou por criar extenções às especificações que mantêm em segredo, alias não consigo lembrar-me de um único caso em que uma destas coisas não aconteça.
Outros fabricantes proprietários licenciam as especificações de forma proprietária, ou seja, limitando quem, quando e como podem implementar as especificações e quais os termos de licenciamento dessas implementações. Na maior parte dos casos isto tem por objectivo impedir o acesso às especificações de projectos de Software Livre, ou de qualquer outro fabricante proprietário que possa ser uma real ameaça competitiva real. Ora isto limita sériamente qualquer competição e alternativa util e por isso impede que uma quantidade significativa de consumidores possa ver essas alternativas como viáveis. Ou seja, existe apenas uma ilusão de concorrência.
Outros simplesmente não licenciam as especificações, o que força os concorrentes a recorrer à engenharia reversa.
A engenharia reversa pode garantir-te alguma compatibilidade, em coisas simples, ou ao fim de muitos anos, pode mesmo garantir compatibilidade significativa. No entanto a engenharia reversa não produz o suficiente para se criar produtos que possam competir totalmente com o produto que está a ser alvo dessa engenharia reversa, pois não consegue, fornecer o suficiente para as coias mais complicadas/complexas e porque é um jogo de apanhada, no qual acontece sempre o mesmo: quando o fugitivo está quase a ser apanhado, muda as regras do jogo, forçando o outro a recuar muitos metros dando de novo a vantagem ao fugitivo.
Problema 2
Em muitos casos e em muitos países a engenharia reversa, não só é proibida, como quem a realizar corre o risco de ir preso por violação de direito de autor, pior ainda é nos países em que há patentes de software (EUA e Japão) em que também podem estar a violar alguma patente. E ainda mais as leis que proibem a engenharia proibem cada vez mais, com penas mais pesadas e existem em cada vez mais países.
Quem promove este tipo de leis?
Obviamente que os fabricantes proprietários preocupados com a perda dos seus monopólios.
Ou seja, embora essa pareça ser uma solução simples e apelativa, na verdade, soluciona muito pouco, e é pouco util na maioria dos casos.
Mas é claro que isto já foi pensado, o problema é que mesmo depois de criar soluções concorrentes, as pessoas continuam a usar as proprietárias... É isso que chateia as pessoas, e que faz elas "exigirem" a partilha de conhecimento ao qual "acham" que têm direito...
Foi pensado e foi feito e como vimos pelo que expliquei antes não resolve o problema de falta de concorrência e a única forma de resolver é acedendo a especificações.
Repara, que as informações que se pedem não são as especificações de todo o software, nem das partes do software que podem ser diferenciadoras quando se compete com base no mérito das funcionalidades do software para a sua função nucleo e não em artificios para restringir a liberdade dos utilizadores. São apenas as necessárias para garantir interoperatibilidade, são coisas pequenas, mas que fazem toda a diferença no que toca a haver a possibilidade de haver competição real.
Se por acaso, eu quiser cobrar por esse conhecimento, então posso fazê-lo, pois sou "livre", e da mesma maneira, as pessoas são "livres" de o aceitar ou não...
Toda a liberdade tem limites. És livre de cobrar, mas não o qualquer valor, nem de qualquer forma. É por isso que nas sociedade modernas, democráticas e livres, existem entidades reguladoras que garantem que o interesse geral da sociedade em que haja competição baseada no mérito e de forma justa é preservado sobre o interesse de lucro de uma pessoa, é também por isso que certas actividades são controladas pelo estado de forma a garantir um equilibrio que garanta o interesse geral da sociedade sobre o interesse individual a lucrar. Sem impedir o direito ao lucro, mas limitando-o e compatibilizando-o com o interesse geral. No que toca ao software e a outras tecnologias e mudanças em outros sectores afectados pela evolução tecnológica o equilibrio ainda não existe do ponto de vista legal, muito pelo contrário, em vez de estarmos a aproximarmo-nos desse equilibrio como aconteceu no Passado em relação ao direito de autor e a outras leis temos acentuado o desiquilibrio. Até nas sociedades capitalistas o direito ao lucro tem limites.
É claro, se eu quiser "cobrar" a uma pessoa a "o acesso/utilização do meu conhecimento", e lhe disser que apenas o "acedem/utilizam" caso comprem também o conhecimento deste meu amigo aqui ao lado....
Cobrar pelo acesso é legitimo em muitos casos (não vou dizer todos, porque não é verdade), mas o resto é pura extorção, colonalismo do pensamento, é um atentado à liberdade, aos direitos humanos (principalmente nos países mais pobres e nos países que dependem da importação de tecnologia) e é para além de ilegal totalmente ediondo.
Bem, nesse caso estamos a fumentar um monopólio
Oligopólio...
Aqui é que disseste tudo, e acabaste de me dar razão...
Nope!
O monopólio do qual a m$ foi acusada, foi de favorecer produtos deles com outros produtos deles,
Não foi só, e é por isso que ainda há disputa no que toca ao processo com a UE. A UE está a obrigar a m$ a publicar especificações e a m$ para além de se ter recusado inicialmente, acabou por entregar documentação sem qualidade suficiente para ser minimamente util (segundo um especialista escolhido pela m$ e nomeado pela UE para dar o parecer) e ainda por cima para atirar areia para os olhos das pessoas criou uma oferta de licenciamento parcial de código-fonte, que também não é o que a UE pediu (aliás a UE disse mesmo que não queria isso como parte da solução para esta questão e eu concordo totalmente com isso). Para além disso existem diversos processos de violação das leis de competição contra a m$ com base em várias coisas diferentes.
Primeiro falas na obrigação de partilha de conhecimento do qual as pessoas não têm nenhum direito,
Isso é falso! Têm o direito! E a prova disso é que a m$ foi obrigada quer nos EUA, quer na UE a fornecer essa informação. Acontece que nos EUA, o tribunal permitiu à m$ escolher os termos nos quais fornece a informação e obviamente que os termos escolhidos foram termos que impedem que qualquer concorrente a sério aceda a essa informação por razões de incompatibilidade de licenciamento e pelos preços praticados, na UE a Comissão foi mais inteligente e está a obrigar a m$ a fazer a coisa em termos compatíveis com todos os tipos de licenciamento e a preços razoáveis para todos.
No fim, dizes que para se responsabilizar alguém, é forçosamente necessário extorquir-lhes dinheiro
Muito pelo contrário, uma indmenização por danos causados por incompetência, ou por negligência não é de forma alguma extorção, para além de ser algo decido pelos tribunais. E não constituir por isso de qualquer maneira extorção, nem nada que se lhe assemelhe do ponto de vista moral. O que seria de nós se as empresas não fossem responsáveis pela qualidade dos seus produtos e que não tivessem de assumir responsabilidade por pagar os danos causados na maior parte das industrias.
Os direitos dos consumidores são extorção?
Isto mostra alguma incoerência, ao mostrar um altruísmo atroz e louvável, mas que pode ser mascarado, já que não se vê mal nenhum na optica yankee de que "tudo e todos podem ser processados custe o que lhes custar"...
Estás totalmente errado! Eu acho é que para haver responsabilização as empresas têm que pagar os custos da reparação dos danos causados, caso contrário não há qualquer responsabilidade por parte da empresa e quem sai prejudicado por atitudes criminosas é o consumidor.
Começo mesmo a pensar que a tua actividade principal é mesmo relacionada com administração de sistemas, e não própriamente com desenvolvimento de software
Faço das duas. Numas alturas faço mais uma coisa noutras mais outra.
Tou a ver que quando vendes um serviço, também não dás garantias nenhumas ao teu cliente...
Não podes falar disso sem saberes. Sempre que apropriado fazem-se aquilo que é a única garantia no mercado da informática que são os sevice level agreements, que forçam os prestadores de serviços a garantir um nível de qualidade sob a pena de o cliente não ter de pagar, ou de receber pelo prejuízo causado pela quebra do nível de qualidade de serviço. Infelizmente são poucas as empresas que actuam desta forma.
Concordo contigo, mas também eu não me lembro de dizer isso...
Não disseste directamente, mas disseste algo que poderia sugerir isso.
Os clientes têm na mesma essa escolha, quer paguem pela sua utilização ou pela sua manutenção...
Quando estão presos a formatos de ficheiros, protocolos, ou outras coisas então não têm essa liberdade de escolha.
???????????????????? Isso seria louvável se estivesses a trabalhar para ti, sendo para um cliente, tens é de o servir o melhor que puderes, pois é para isso que és pago...
Existem duas coisas, chamadas ética profissional e brio profissional. A um profissional não cabe apenas satisfazer as necessidades do cliente, cabe também a um profissional a obrigação moral, ética e muitas vezes legal (não estou a falar especificamente de informática), de fazer as coisas de forma socialmente responsável e segura. É por isso que em muitas áreas existem a ordens profissionais.
Mas sim, infelizmente a acessiblidade/universalidade raramente é algo com a qual os clientes se interessem.
É por isso que deveria haver legislação nesse sentido...