Opinião - Fotografia: 'as shot' ou 'post-production'?

epa, quem foi o ganda animal que fotografou a jessica alba? aquela iluminação da foto original é vergonhosa... lol enfim...

claro que tem que ser encomendados, cuidados, alterados. ninguem quer ver as imperfeiçoes da jessica alba. ela é um icone; tem que ser tratada como tal. não pode ter falhas, tem que ser tudo perfeito.
é uma suposição do que nós achamos que ela deve de ser.

pelo menos, é assim que eu vejo as coisas. para que retratar (e aqui falo novamente da rapariga lol) a jessica alba na sua forma "real"? não é melhor recorrer ao imaginário, e adoçar um pouco a coisa?
 
Eu acho que isso da Jessica Alba já está muito alterado, se ainda fosse só a iluminação e umas imperfeições na pele ainda era como o outro, agora ficou mais magra e cresceu um bocado de cabelo ali do lado esquerdo...lol já passa a ser um bocado foto-manipulação.

Mas concordo em parte com o kryo, acaba-se por recorrer um pouco ao imaginário de cada um e adoçar um pouco a coisa. :D
 
Aquilo que o Kryo referiu é algo permanente no mundo profissional, quando a fotografia não tem propriamente um fim artístico mas sim comercial. Aí é um vale tudo, interessa é a foto (ou melhor, a imagem...) cumprir o seu objectivo, nem que esse seja meter a Queen Latifah com um corpo de fazer inveja à Hale Berry.
 
Aquilo que o Kryo referiu é algo permanente no mundo profissional, quando a fotografia não tem propriamente um fim artístico mas sim comercial. Aí é um vale tudo, interessa é a foto (ou melhor, a imagem...) cumprir o seu objectivo, nem que esse seja meter a Queen Latifah com um corpo de fazer inveja à Hale Berry.

Isso verifico especialmente nas imagens das embalagens de alimentos e nas "MAXMEN's". :D

Mas no sentido artístico não poder-se-à fazer a mesma manipulação, sendo que o que importa é a imagem final? Aqui as opiniões parecem divergir mas talvez por uma exposição mais detalhada se consiga uma maior aproximação.

Se exemplificarmos com a música, podemos admitir que um compositor/músico recorra a quaisquer instrumentos e processamentos áudio para produzir uma sinfonia, sendo que o resultado final se traduz numa peça monumental e ecléctica de música que recebe o admiração de massas. Neste caso avalia-se a música em si, o som, a harmonia, a melodia, aquilo que se sente ao ouvir a música. A técnica do artista e a sua habilidade em usar as ferramentas não são discutidas; importa sim o resultado final.

Por outro lado, com o mesmo exemplo, se for feita uma avaliação com base na experiência e técnica do artista o fruto dessa avaliação pode ser totalmente diferente.

Talvez no mundo da fotografia se passe o mesmo: ou se avalia o resultado final (não importa o percurso) ou se avalia a técnica (ou ambas, se bem que nesse caso a entropia e subjectividade são maiores), a experiência fotográfica do artista. Aqui penso que não se pode dizer que só um deles é criativo porque a criatividade tanto pode ser aquando a escolha e captura da foto como também no pós-processamento.

Porém surge uma outra questão: o que define um fotógrafo? Quais os limites da sua actuação como fotógrafo?

Será que o artista fotográfico que processa os seus trabalhos (não importa o grau de alteração) pode ser chamado de, simplesmente, fotógrafo?

Visto que para alguns a fotografia é aquela mais "pura" e mais "natural" ao passo que para outros o que importa é o resultado final, haverá necessidade de criar uma outra designação para identificar este "novo" tipo de artista que não apenas captura imagens mas também as manipula de forma a que já se entra no design, pintura, fotomontagem, etc, para minimizar a divergência?

Ou acham que a situação não passa por isso?

O que pensam sobre isto?
 
**** que pariu! tinha um ganda texto sobre o assunto, e sem querer fechei a página antes de carregar em reply!!!

bem, dizia eu..

como provenho das artes gráficas, a mim não me faz confusão haver manipulação digital ou analógica da foto. acho que é apenas um meio para atingir um fim. de forma a representar melhor o idílico que o autor pretende.
mais, não acham que uma longa exposição, com dois ou tres ND ao nascer do sol na costa é manipulação? estamos aqui a alterar a realidade.. o mar não é um lençol..
claro, os mais puritanos dizem logo: "ah e tal, só és bom fotografo no digital porque manipulas". alto! no analógico também é possível manipular, basta ter um estúdio em casa.
com o digital é notoriamente mais simples, e ao alcance de qualquer um.

aqui há uns dias o Michael C postou uma imagem, e disse que não gostava de interferir no ambiente, que gostava sim de fotografar tal como encontrou o objecto (acho que foste tu, caso contrário, aqui ficam as minhas desculpas).
conheço vários fotógrafos profissionais, com longas e já firmadas carreiras no meio, que discordariam dele aqui. em várias fotos minhas e dos meus colegas, os meus professores por diversas vezes disseram que interviriam aqui e acolá, ora para tirar um prego, ora para tirar uma folha, etc, de forma a equilibrar melhor a cena.
não será isso também uma forma de manipulação?

também, e a par do que acontece no mundo da moda e glamour, na publicidade então, chega a ser ridículo por vezes. substituir gelo por vidro ou plástico, gelados por uma massa feita à base de leite, para manter o aspecto gelado mas não derreter, etc etc.
isso também é manipulação, só que não acontece em pós-processamento; acontece antes, e de forma pensada.

em fotos de autor, eu não condeno a manipulação. tirar fios, endireitar cabelos, remover pequenas coisas, não me faz confusão; aqui o sentido estético da coisa fala mais alto.
mas em temas como foto-jornalismo e fotografia social já me faz muito mais confusão.

e mais não seja, quem fotografa em RAW tem que forçosamente manipular a imagem haha
 
Quando se trata em fotografia como fim o de exprimir uma ideia, como habitualmente se faz, a edição não tem qualquer mal.

No que toca a fins comerciais a edição faz ainda mais sentido. É usada sempre.

No que toca a concursos e de avaliação de qualidade fotográfica, a edição não deve ser usada.
 
Quando se trata em fotografia como fim o de exprimir uma ideia, como habitualmente se faz, a edição não tem qualquer mal.

No que toca a fins comerciais a edição faz ainda mais sentido. É usada sempre.

No que toca a concursos e de avaliação de qualidade fotográfica, a edição não deve ser usada.

Se forem concursos sérios nem sequer são permitidas edições profundas, que passem para lá de uns ajustes de WB e curvas.
 
exactamente


Para tornar tudo ainda mais sério, era tudo disparar com a mesma máquina hehehe

O que significa que nesses casos o que se avalia é predominantemente a técnica do artista e não propriamente a fotografia como um resultado final. Esta só serve para qualificar a habilidade do fotógrafo.
 
O que significa que nesses casos o que se avalia é predominantemente a técnica do artista e não propriamente a fotografia como um resultado final. Esta só serve para qualificar a habilidade do fotógrafo.

Isso que estás a descrever é uma redundância. Se o fotógrafo for bom, a fotografia vai ser boa, o resultado final. Uma coisa está implícita na outra :)
 
Para mim as coisas são simples:

Se usarmos JPEG: a foto é para usar como ficou ou, eventualmente, rodar a imagem ou fazer crop.

Se usarmos RAW: a foto tem de ser post-processada. Isso inclui obrigatoriamente acertar a calibração da camara, exposição, o WB e os levels. A rotação da imagem e o crop são opcionais. Para mim isto não é mais que o equivalente digital do que em filme se faz na revelação e na cópia mexendo só nos tempos, na química e, finalmente, na tesoura ou guilhotina. Mesmo em fotojornalismo esta é, em princípio, uma prática completamente aceitável e justificada.

Mas há limites. Por exemplo, no célebre caso da foto do O J Simpson na Time Magazine uma simples alteração dos níveis têm um efeito dramático:

ojcovers.gif



Post-processamento também pode ser "edição de imagem", mas ai já estamos a falar a um nível completamente diferente e que permite acrescentar ou retirar elementos da imagem com brushes e layers. Em filme também se fazem coisas dessas, com processos como raspar o filme ou duplas exposiçoes, mas é um processo muito mais delicado pois o "undo" é dispendioso ou mesmo impossível. O caso mais paradigmático é a fotografia no tempo de Stalin, em que fotos antigas eram manipuladas para eliminar pessoas que entretanto foram consideradas "indesejáveis".

yezhov-orig.jpg

Antes

yezhov-alt.jpg

Depois

Neste caso, na perspectiva fotojornalística, estamos claramente a "falsificar" ou "fabricar" uma suposta "realidade".

Fora do fotojornalismo, o conceito de "verdade" pode ter pouco ou nenhum significado, pelo que a "manipulação" com brushes pode ser não só aceitável como desejável. Exemplo: retrato uma rapariga linda que acontece que, naquele dia, tinha uma borbulha no meio da testa. Esta não é uma "característica" da sua face, mas sim uma circunstância temporária completamente irrelevante para fazer um retrato "fiel". Nesta situação, o heal brush é obrigatório. Por estranho que pareça, as borbulhas, e outras pequenas imperfeições, ganham um protagonismo exagerado quando fotografadas devido a persistência no tempo da imagem fotografica. Por isso, a borbulha na foto, apesar de real, acaba por distorcer a nossa percepção do rostro e tem de ser removida para conseguir maior fidelidade!
 
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