Já não é a primeira vez que discuto este assunto (o esquiso sabe
), e digo-o sem qualquer tipo de problemas: o Ubuntu vai trazer a longo prazo mais desvantagens que vantagens ao universo GNU/Linux.
Quando eu comecei nestas andanças, o maior trunfo do Linux não era a performance, o funcionar em sistemas antigos,
yada yada yada. Era a sua userbase. Praticamente toda a gente tinha interesse no sistema operativo, em perceber como funcionava e como podia melhorá-lo. Quando te deparavas com um problema, o procedimento a seguir era: RTFM, depois Google, depois fórums da distro. Claro que perdias algum tempo extra, mas no final acabavas por não só perceber como resolver o teu problema mas por aprender o suficiente para que da próxima vez já nem precisasses de ir pesquisar. E mesmo quando ias em último caso postar num fórum, quem respondia tinha (na grande maioria das vezes) o cuidado de te explicar detalhadamente o que tinhas de fazer, os passos que tinhas de seguir e os cuidados que tinhas de tomar.
Hoje em dia, e muito por causa do Ubuntu, assiste-se ao que eu gosto de chamar de fenómeno
sudo chmod 777.
Se alguém tem problemas em, por exemplo, correr um executável, qual é o primeiro passo a tomar? "
man? Consola? WTF?!11oneone". Pesquisar no Google demora muito tempo, e pesquisar no fórum ainda mais. Siga de postar a dúvida mais básica, mesmo que esteja respondida no primeiro sticky.
Depois vem a parte pior, a da "ajuda" propriamente dita. Há sempre algum gajo que, mesmo embora use Linux há 3 semanas e tenha aberto a consola 4 vezes para fazer paste de qualquer coisa que leu na web, vai postar "faz
sudo chmod 777". Só. Não dá a mínima noção do que é o sudo (por falar nisso, há aí uma thread interessante que discute sudo vs su, do tempo em que o ruimoura ainda era defensor acerbado de linux
), do que faz o chmod ou mesmo dos potenciais riscos que aquele comando pode trazer ao sistema. O utilizador, como prefere copiar o mínimo de comandos possível, vai executar aquilo, responder na thread "
obrigadão mans funcionou buéda bem linux rula m$ suxxxx" e sugerir a mesma solução idiota da próxima vez que alguém tiver um problema semelhante. E é assim que em alguns anos se destrói um sistema de permissões de um filesystem.
De que me interessa ter uma userbase de milhões e milhões de pessoas, se 90% são pessoas que não querem ter a mínima noção do que é o kernel ou de como utilizar a consola? Como disse o TuxBoss, no dia em que essas pessoas deixarem o Linux não deixam nem saudades nem qualquer tipo de contributo.
Já sei que vai haver aqui gente a responder-me "ah, mas ó prodg, o Linux não pode ser só para os geeks, assim nunca vamos ultrapassar o windows!". E a esses eu respondo: quero lá saber do Windows. Não estou minimamente interessado em que o Linux seja o SO com mais utilizadores à escala mundial. Interessa-me, sim, que o Linux seja o melhor. Enquanto não vierem para este lado os idiotas que carregam "YES" em qualquer dialog, por mim está tudo óptimo. Troco sem pestanejar uma userbase grande por uma userbase informada.