De facto esse é um dos problemas das consolas, para um jogo ter realmente sucesso tem quase necessariamente de ser o mais mainstream possível e ter uma grande campanha de marketing a acompanhar. Vive-se demasiado dos blockbusters, a grande maioria dos jogos têm mais de 80% das vendas nos primeiros 2 ou 3 meses e , mesmo em termos de online os títulos que se mantém no topo são os grandes franchises como COD, Halo, GTA ou Gears, o resto tem grandes dificuldades em manter uma comunidade de jeito e alguns meses depois já desapareceram do mapa. Pelo menos o XBLA, PSN e Wiiware têm oferecido algumas oportunidades aos indie developers de marcarem lugar nas consolas, apesar de ainda terem uma boa dose de limitações.
É por isso que há uma grande quantidade de géneros que supostamente serão de "nichos" - como por exemplo simuladores de combate ou jogos de Grand Strategy, que são dois géneros com um grau de complexidade muito elevado e pouco atractivos para as massas - e que ainda assim são bastante lucrativos, pois vendem bem durante muito tempo e mantêm comunidades estáveis capazes de suportar o jogo durante vários anos. A maioria nem faz ideia da existência de alguns destes títulos mas curiosamente chegam a vender mais dum milhão, o que é mesmo muito bom tendo em conta os baixos custos de desenvolvimento que apresentam e o tamanho reduzido das equipas envolvidas na sua criação.
A nível mainstream, diria que um bom exemplo é a série Battlefield. Veja-se o Battlefield 2, um jogo que saiu em 2005. Por esta altura já ultrapassou os 5 milhões de unidades vendidas e continua a ter uma grande comunidade online. Por outro lado, o Bad Company vendeu 1.6 milhões no total (X360/PS3) e já há muito tempo que não consta do Top 10 de jogos mais jogados no XBL e PSN, isto em duas plataformas que têm o grosso das suas vendas nos meses iniciais. Com o Bad Company 2 a caminho (desta feita também para PC) e a comunidade online a diminuir cada vez mais, a probabilidade de atingir o mesmo sucesso que o Battlefield 2 é mesmo muito reduzida.
Ainda temos alguns casos mais notáveis, como o Starcraft. É um jogo com 11 anos que já ultrapassou os 11 milhões de vendas, e curiosamente vendeu mais de 1.5 milhões desde que o Starcraft 2 foi anunciado em Maio de 2007. Quem diz Starcraft diz outros tantos, mas é certo que a Blizzard, Maxis e Valve são três das produtoras onde este sucesso é ainda mais evidente e os seus jogos acabam por vender muitos milhões durante grandes períodos de tempo. Isto só vem demonstrar a importância de cativar uma fanbase na plataforma em vez de lançarem jogos na tentativa de lucrar com as tendências actuais do mercado, tal como tem acontecido ultimamente com a enchente de shooters que se tem verificado. A userbase das consolas simplesmente não é suficiente para acomodar dezenas ou centenas de jogos com comunidades activas como acontece no PC, quer a nível de preferências, maturidade ou quantidade de utilizadores, que é um dos principais motivos para os jogos continuarem a vender durante vários anos.
Relativamente aos extras, diria que é mais uma das razões capazes de alienar uma fanbase. Não há qualquer necessidade de cobrar por estes extras banais, mas por incrível que pareça até DLC simplesmente ridículo como "
horse armor" (Oblivion) vendeu bem nas consolas segundo a Bethesda, apesar de cobrarem 200 MSP. Felizmente existem comunidades de modding para PC e os developers oferecem este conteúdo gratuitamente. Por outro lado temos as expansões, que são algo pelo qual estou disposto a pagar, pois adicionam imenso conteúdo ao jogo (em vários casos chegam a ser quase como uma sequela) e são lançadas a preço reduzido, suportando a comunidade e ajudando a prolongar a vida do jogo. É pena esta tendência não ser adoptada nas consolas - provavelmente o melhor exemplo é o The Lost and The Damned para o GTA IV -, porque seria bem melhor do que as sequelas recicladas que são lançadas frequentemente.