Tenho o Pimax 8KX, na sua última versão (que não foi publicitada), aquela que já só funciona a 90Hz, lançada algures em novembro ou dezembro de 2021. Uma das formas de a distinguir da versão anterior é pela ausência de um cabo externo de áudio a ligar os dois auscultadores.
Esta é a minha opinião e desculpem-me por ser longa (Ui!, havia muuuiito mais para dizer!) e por não ter papas na língua.
Se estou satisfeito? Sim.
Não há problemas? Há. Tenho um problema de configuração de software que me impede de usar o som dos auscultadores deste capacete. Sei que é de software, pois quando mexo neste, por vezes o som funciona.
Tem boa imagem? Tem, mas como o campo de visão (FOV) é muito grande, é fundamental o capacete estar bem alinhado na cara, a distância interpulilar corretamente configurada (é capaz de ter que ser configurada para valores inferiores dos medidos pelo teu oftalmologista) e, muita atenção!, tens que saber configurar a opção FOV offset, que parece-me corresponder à distância nasopupilar, medida tão fundamental como a distância interpupilar e que o pessoal se esquece ou ignora. Aliás, muitos fabricantes de capacetes VR ainda ignoram a possibilidade do ajuste das lentes e/ou ecrãs para terem em conta dos desvios nas distâncias nasopupilar que a maioria de nós sofre, pois são poucos os que possuem rostos perfeitamente simétricos. Acresce aí o ter-se um computador muito, muito potente, coisa que vou falar mais abaixo. Se o computador não for muito potente, não esperes uma imagem com grande qualidade. Sei que é desagradável ler isto, mas é a verdade.
É pesado? É, especialmente se jogas na posição de sentado, como eu faço (jogo essencialmente Skyrim LE usando o software Vorpx). Mas o meu prévio HTC Vive Pro, que é mais leve, também me pesava na frente do rostro e era bem mais quente do que este Pimax 8KX. Além de que as lentes embaciavam muito mais facilmente...
Tenho um bom suporte da marca? Teoricamente, sim. Tive anteriormente dois HTC Vive (o original e o Pro 1) e nunca esta marca me contactou por e-mail, identificando um técnico que pessoalmente poderia me configurar remotamente o meu computador para melhor tirar partido do meu capacete VR. Os únicos e-mails que recebi da HTC foram só de promoção de venda de novos produtos que tinham à venda. Acresce que existe um fórum da Pimax em que o pessoal verdadeiramente entrejuda-se e no qual a própria Pimax intervém. Estou em vias de o usar para tentar descobrir qual é o meu problema de sofware que me faz desativar o encaminhamento do som para os alfitalantes do meu capacete.
É caro? É, se bem que me tenha custado, numa campanha promocional em fevereiro deste ano, cerca de menos 350€ do que os "normais" 1500€ pedidos.
Tem boa qualidade? Sim, para o que oferece tem boa qualidade. Pode-se dizer que os HTC tem um
feeling de possuírem melhor qualidade de construção, mas isso por vezes não se traduz depois no funcionamento. O mostrador digital, dentro dos ecrãs, que mostra a distância interpupilar nos HTC sempre teve um funcionamento caprichoso, sendo visíveis só se rodássemos o pauzinho de ajuste muito depressa e mesmo assim com um
delay na informação mostrada, enquanto que no Pimax funciona como deve ser. Junta a isso o facto das lentes no HTC Vive Pro mudarem de posição, caso façamos um movimento muito brusco com a cabeça lateralmente, enquanto que no Pimax as lentes se mantém fixas no local onde as deixamos após o ajuste da distância interpupilar.
É um capacete que dá para usar com um computador mais fraquinho? Esquece... Esquece mesmo! O VR exige um computador muito, mas muito potente! Tenho um i7-
12700K, com uma RTX
3090, e só me pergunto quando é que vai sair a RTX 4090, sendo que na altura vou precisar, quase de certeza, de um processador ainda mais potente. O capacete funciona com computadores menos potentes (atenção que a placa gráfica tem que ser uma RTX!!!), mas depois não se venham queixar de que a imagem não é grande coisa, pelo menos comparativamente com capacetes VR mais baratos.
Acresce igualmente que o efeito warp (a imagem parece ondular, quando se vira a cabeça horizontalmente) decorre da placa gráfica (e também pode ser do processador) a borrar-se toda para conseguir fazer os frames, no tempo certo, para a grande resolução que estivermos a mandar para o capacete (seja um Pimax 8KX ou qualquer outro). Experimentei isso quando configurei o meu Skyrim para a resolução 8K, coisa que amassou por completo a RTX 3090, mas já vi pessoal no YouTube a queixar-se que a culpa é de capacete, quando na realidade é fraca placa gráfica que usam no seu setup!
A maioria do pessoal parece não perceber (ou percebem, mas não aceitam...) como funciona o VR. São duas imagens diferentes (não!, não é a mesma imagem, só que duplicada) feitas em simultâneo, tiradas de dois pontos ligeiramente à parte um do outro (no que corresponde basicamente à posição de cada um dos nossos olhos), sobre o mesmo cenário, sendo uma imagem enviada para um dos ecrãs do capacete VR, e a outra imagem enviada para o outro ecrã desse mesmo capacete. Agora exijam ao vosso computador que cada uma dessas imagens seja a 4K. E que sejam feitas, cada uma delas, 90 vezes por segundo (90Hz)... Já começam a perceber (e a interiorizar!) o que é o significado de "(...) tem que ser um computador muito, muito potente"?
Nota: Com exceção dos capacetes VR de há cerca de 4 ou mais anos atrás, a maioria dos computadores por aí são insuficientes para verdadeiramente tirarem todo o partido do potencial de qualidade de imagem dos capacetes VR mais recentes, sejam Pimax ou outra marca qualquer com altas resoluções. Aliás, os capacetes VR literalmente comem resolução, sendo que geralmente a qualidade da imagem é notoriamente melhor quando maior for a resolução que lhes for enviada. É a falta de resolução que estraga mais a qualidade da imagem no VR, do que o ver-se o SDE! Infelizmente, só me lembro de até agora ter visto um YouTuber, um dos menos vistos pelo pessoal, a referir este "problema" do VR. Já experimentei a mandar imagens verdadeiramente a 8K para este Pimax 8KX, a qualidade da imagem é de babar, mas o número de frames é para esquecer...
Vê-se ainda o SDE (o screen door efect)? Sim, vê-se. Ou melhor, praticamente não se vê, mas o mesmo está lá e vai estar durante mais uns bons anos, independentemente do que a marca X ou Y, ou o (geralmente mentiroso) do YouTuber A ou B diga. Só vais ver o SDE se olhares para cenas monocromáticas de cor clara (como um céu azul claro), mas o principal problema é o facto dos espaços entre os píxeis serem espaços negros, sem emissão de luz. Se não existissem, a imagem seria ainda mais luminosa.
Valeu a pena comprar este Pimax 8KX relativamente ao HTC Vive Pro?. No meu caso (e falo só por mim!!!!!), sim, valeu. É que ao fim de 4 anos de VR, primeiro com o HTC Vive original e posteriormente com o HTC Vive Pro, fartei-me de ver o mundo VR através do reduzido campo de visão que é uma máscara de mergulho (admira-me como é que o pessoal com capacetes da HP e da Oculus suporta FOV ainda menores!). E também já estava farto do SDE, especialmente sobre as coisas na imagem que estivessem à distância.
No entanto, para quem ter um FOV reduzido não faz diferença (não faz diferença até experimentarem um grande FOV, esta é que é a verdade!), há capacetes bons bem mais baratos. E se tiverem um HTC Vive Pro 1, muito cuidado que os novos capacetes VR, mesmo os badalados HG Reverb G2 e os Varjo Aero, enfiam a viola no saco quando se trata de fazerem imagens com um bom contraste, verdadeiros negros e tempos de resposta de erã imediatos. E, sim, estes aspectos influenciam muito na qualidade da imagem e na experiência VR!!! LCD é LCD e OLED é OLED! Os HCT Vive Pro ainda são uns excelentes capacetes VR, sendo que qualquer placa RTX
3080 ou superior tira todo o sumo em termos de qualidade de imagem destes capacetes, sem grandes quebras do número de frames. Infelizmente, no YouTube há bem poucos YouTubers que chamem atenção para isto. Quando aos futuros capacetes VR com ecrãs MiniOLED, não é com os minúsculos ecrãs OLED que estão em desenvolvimento que vão destronar a atual geração de ecrãs LCD. O VR quer resolução
e FOV, se possível com um mínimo de uso de lentes de ampliação.
Nota final: Atenção que esta versão do Pimax 8KX que tenho só funciona com as Nvidia RTX! Está anunciado na página da Pimax, mais para o fim dessa mesma página. Também acho uma aberração não funcionarem com as atuais placas da série 6000 da AMD, mas o problema parece ser alguma incompatibilidade de software das placas da AMD (por alguma razão é que deixei de usar processadores e placas da AMD, depois de serem, pelo menos os processadores, a minha escolha durante cerca de 20 anos). E, sim, onde se gasta mais dinheiro até nem é no capacete VR, mas no maldito do computador que alimenta esse mesmo capacete. Daí que me dá vontade de rir os capacetes VR que anunciam que não precisam de um computador para funcionarem. Só se for para jogar joginhos com gráficos da treta...
Está dito!