Porque é que nos querem explorar?

Explorar significa, neste contexto, que está-se a pagar menos do que o trabalho vale.

Na minha opinião o trabalho não vale aquilo que tu achas que vale, vale aquilo que o mercado aceita, ou seja se num pais 80% da população tem curso superior o que vai acontecer é que os trabalhos não direccionados a trabalhores com ensino superior passarão a ser mais caros visto que há poucas pessoas "capazes" de os desempenhar.

o que dita o valor a pagar por um salário é o confronto entre a procura e a oferta por esse trabalho e não aquilo que achas que vale porque é especializado, porque os trabalhadores têm formação etc

Exactamente...é incompreensível como trabalho especializado é pior pago que trabalho não-especializado. Algo tem de mudar (michael c)

Para mim o que é incompreensível é como é que o trabalho por ser especializado vale mais à partida que outro qualquer, para mim o valor do trabalho mede-se de acordo com os beneficios que dele possam advir e claro o mercado dita as regras de acordo com esse valor.

Algo tem de mudar (michael c)

Aqui concordo plenamente, algo tem de mudar! aliás já algo mudou (da parte dos empregadores) , isto é os salários que se pagam hoje em dia em muitas àreas são mais baixos do que anteriormente devido a haver bastante mão-de-obra disponível.

Da parte de quem procura emprego também algo tem de mudar ,isto é, não podem continuar a acreditar que por terem a especialização X ou Y valem mais que os outros, não podem dizer que são explorados porque em minha opinião não são, ou então são explorados e ao mesmo tempo exploradores pois pretendem receber salários mais altos que os outros por acharem que "valem" mais, quando se sabe que trabalhar nas obras, na limpeza, na conzinha etc não é nada fácil, mas quem decide o que vale mais é sempre o mercado!

Enfim volto à primeira reposta:

Para mim o problema está aqui:

"O nosso primeiro-ministro disse que a única forma de obtermos uma melhor qualidade de vida, melhores salários, é através de melhor formação."
 
Concordo com tudo menos com o sentido de se perguntar: porque é que nos querem explorar?

A 'exploração' não é um acto premeditado e mal-intencionado por parte do capitalista (aquele que compra e usa a mercadoria força de trabalho). É a base do modo de produção em que hoje vivemos. O capitalista até pode ser uma pessoa com qualidades extraordinárias e o assalariado ser uma autêntica besta como ser humano, que isso não afecta em nada o modo como se dá a exploração.

A relação de troca, no mercado de trabalho, consiste em dois movimentos: o trabalhador assalariado troca a sua mercadoria (M) (força de trabalho) por uma quantidade de dinheiro (D) (a mercadoria do capitalista) para com esta poder adquirir outras mercadorias (M) para a sua subsistência (M -> D -> M); do outro lado, o capitalista troca dinheiro (D) pela mercadoria do trabalhador (M) para com esta aumentar o seu capital (D) (D -> M -> D). Ou seja, ambos são vendedores e compradores, mas com mercadorias distintas e de valor de uso desigual.
Nesta relação, só por si, não é criada riqueza: um compra o outro vende. Uma quantidade de mercadoria é trocada por outra quantidade de mercadoria (de igual ou desigual valor).

A exploração, isto é, a criação de mais-valia (a diferença entre o valor produzido pelo trabalho e o salário pago ao trabalhador), dá-se no momento da produção e não da troca. O capitalista compra a força de trabalho pelo seu valor de uso; a realização desse valor é o próprio trabalho. É esse trabalho que, em conjunto com os restantes meios de produção, produz outros valores de uso, outras mercadorias que o capitalista colocará no mercado.

É no momento da troca (força de trabalho por dinheiro) que a exploração se revela, mas não é aí que ocorre.
 
Última edição:
Até podias ter razão, não fossem 2 pequenos pormenores, primeiro Portugal é dos paises com menos licenciados na Europa, depois porque nos paises onde a taxa de licenciados deve andar por volta 80% (Noruega,Dinamarcca,Finlandia,etc) estes ganham bastante mais.

Na minha opinião o trabalho não vale aquilo que tu achas que vale, vale aquilo que o mercado aceita, ou seja se num pais 80% da população tem curso superior o que vai acontecer é que os trabalhos não direccionados a trabalhores com ensino superior passarão a ser mais caros visto que há poucas pessoas "capazes" de os desempenhar.


se é especializado é porque é mais difícil de ser feito, logo deve ser melhor remunerado (Atenção, quando digo especializado, não tem que ser obrigatóriamente um licenciado), depois porque se tu pedires um orçamento para um trabalho especializado (ex:contratas uma empresa para fazer o site da tua empresa) e outro para um trabalho não especializado (ex: a limpeza para a tua empresa), qual dos 2 será mais elevado? Então qual dos trabalhadores das empresas envvolvidas deve ganhar mais?

Para mim o que é incompreensível é como é que o trabalho por ser especializado vale mais à partida que outro qualquer, para mim o valor do trabalho mede-se de acordo com os beneficios que dele possam advir e claro o mercado dita as regras de acordo com esse valor.

Aqui estás a cair em contradição com o parágrafo anterior, em que dizes que o trabalho tem de ser remunerado em função dos benefícios que dele possam advir, ora se as empesas têm actualmente mais lucro do que há uns anos atrás, porque é que baixaram a remuneração?

Aqui concordo plenamente, algo tem de mudar! aliás já algo mudou (da parte dos empregadores) , isto é os salários que se pagam hoje em dia em muitas àreas são mais baixos do que anteriormente devido a haver bastante mão-de-obra disponível.

Vamos por partes, então se tu tiveres uma especialização numa área não vales mais que os outros que a não têm?!?!?
Os exemplos de profissões que deste, construção civil e cozinheiro, quer numa quer noutra se fores especialista ganhas balúrdios (e mesmo assim não tanto como há uns anos). Em relação às limpezas (que não é uma profissão especializada), conheço casos de quem ganhe 700€ trabalhando só das 13h às 18h.
Referes várias vezes que não achas que o pessoal esteja a ser explorado... pois para mim, com ordenados de 500€ e as empresas a terem cada vez mais lucros, eu acho que é mais que exploração. Para mim, menos de 750€ de ordenado é exploração, seja em que profissão for, a excepção é quando a empresa NÃOPODE MESMO pagar mais, e não, quando não paga mais para ter maiores lucros.

Da parte de quem procura emprego também algo tem de mudar ,isto é, não podem continuar a acreditar que por terem a especialização X ou Y valem mais que os outros, não podem dizer que são explorados porque em minha opinião não são, ou então são explorados e ao mesmo tempo exploradores pois pretendem receber salários mais altos que os outros por acharem que "valem" mais, quando se sabe que trabalhar nas obras, na limpeza, na conzinha etc não é nada fácil, mas quem decide o que vale mais é sempre o mercado!




Para mim o problema está aqui:

O nosso primeiro-ministro
 
Última edição:
slack,

ao ler isto quase fiquei com pena dos capitalistas:007:

exploração acontece quando o capitalista dá um prémio aos accionistas, que não fizeram um chavo pela empresa, aos admnistradores que levam outro balúrdio em prémios... e depois diz que não pode aumentar os trabalhadores por causa da crise!!!

A 'exploração' não é um acto premeditado e mal-intencionado por parte do capitalista
 
Para mim o que é incompreensível é como é que o trabalho por ser especializado vale mais à partida que outro qualquer, para mim o valor do trabalho mede-se de acordo com os beneficios que dele possam advir e claro o mercado dita as regras de acordo com esse valor.

Então com isto posso concluir que achas bem que alguem que investiu numa formação e tem conhecimentos especificos para determinadas áreas (design, programação web) e que desempenha e constroi produtos que pouca gente sabe como fazer ganhe menos do que alguem que dobra roupa numa loja e põe no sitio (função que praticamente qualquer pessoa pode desempenhar sem conhecimentos prévios, dei este exemplo sem qualquer demérito para quem exerce estas funções)?

Mas então não é óbvio que por o trabalho ser especializado tem de valer mais?:p Por isso é que é especializado, significa que nem toda a gente o pode fazer...toda a gente pode varrer ruas mas nem toda a gente pode e sabe como fazer uma instalação electrica duma casa. Quem ganha mais? Um electricista ou um varredor? Pois...e então será de mais EXIGIR que alguem que investiu 16 anos na sua formação académica e que tem, à partida, conhecimentos que pode solidificar na sua área de formação superior ganhe um salário superior a quem simplesmente desistiu da formação e passou simplesmente a varrer ruas para ganhar a vida (mais uma vez sem demérito)?


Aqui concordo plenamente, algo tem de mudar! aliás já algo mudou (da parte dos empregadores) , isto é os salários que se pagam hoje em dia em muitas àreas são mais baixos do que anteriormente devido a haver bastante mão-de-obra disponível.

Sim, há mais mão de obra especializada, mas os tempos tambem mudaram e a mão-de-obra qualificada é cada vez mais uma permissa básica que tem de ser paga por parte das empresas...

Da parte de quem procura emprego também algo tem de mudar ,isto é, não podem continuar a acreditar que por terem a especialização X ou Y valem mais que os outros, não podem dizer que são explorados porque em minha opinião não são, ou então são explorados e ao mesmo tempo exploradores pois pretendem receber salários mais altos que os outros por acharem que "valem" mais, quando se sabe que trabalhar nas obras, na limpeza, na conzinha etc não é nada fácil, mas quem decide o que vale mais é sempre o mercado!

Trabalho especializado tem de ser melhor pago que o não especializado. Ponto final. É assim em todos os países civilizados e em Portugal não pode ser diferente. Todos os trabalhos são dificeis, trabalhar numa cozinha já é trabalho especilizado, um trolha tambem, um mecânico idem e um canalizador tambem. Não precisas de ter formação superior pra exerceres um trabalho especializado. Mas quando a tens e quando exerces funções especificas como programação ou design web tens de ser remunerado como operário especializado de formação superior. Quem decide o que vale mais é o mercado, mas o mercado não pode ser uma selva em que as pessoas trabalhem de graça...sim, porque é quase disso que estamos a falar.



Enfim volto à primeira reposta:

Para mim o problema está aqui:

"O nosso primeiro-ministro disse que a única forma de obtermos uma melhor qualidade de vida, melhores salários, é através de melhor formação."

E disse muito bem. Nunca vi nenhum país evoluir de forma solidificada sem apostar na formação dos seus recursos humanos...não vejo o que esta frase tem de especial. Formação não é ensino superior. Alguem que ande a varrer ruas e tire uma especialização para passar a ser electricista já está a apostar na sua formação e se vier a exercer funções como electricista graças à formação que obteve passa a ser melhor remunerado...e se assim for, essa pessoa melhorou ou não a sua qualidade de vida?

Cumps,
michael c
 
Última edição:
A 'exploração' não é um acto premeditado e mal-intencionado por parte do capitalista (aquele que compra e usa a mercadoria força de trabalho). É a base do modo de produção em que hoje vivemos. O capitalista até pode ser uma pessoa com qualidades extraordinárias e o assalariado ser uma autêntica besta como ser humano, que isso não afecta em nada o modo como se dá a exploração.

A relação de troca, no mercado de trabalho, consiste em dois movimentos: o trabalhador assalariado troca a sua mercadoria (M) (força de trabalho) por uma quantidade de dinheiro (D) (a mercadoria do capitalista) para com esta poder adquirir outras mercadorias (M) para a sua subsistência (M -> D -> M); do outro lado, o capitalista troca dinheiro (D) pela mercadoria do trabalhador (M) para com esta aumentar o seu capital (D) (D -> M -> D). Ou seja, ambos são vendedores e compradores, mas com mercadorias distintas e de valor de uso desigual.
Nesta relação, só por si, não é criada riqueza: um compra o outro vende. Uma quantidade de mercadoria é trocada por outra quantidade de mercadoria (de igual ou desigual valor).

A exploração, isto é, a criação de mais-valia (a diferença entre o valor produzido pelo trabalho e o salário pago ao trabalhador), dá-se no momento da produção e não da troca. O capitalista compra a força de trabalho pelo seu valor de uso; a realização desse valor é o próprio trabalho. É esse trabalho que, em conjunto com os restantes meios de produção, produz outros valores de uso, outras mercadorias que o capitalista colocará no mercado.

É no momento da troca (força de trabalho por dinheiro) que a exploração se revela, mas não é aí que ocorre.

Concordo com tudo no entanto qualquer trabalhador que com o seu salário vá ao mcdonalds está a "explorar" aqueles que no mcdonalds trabalham pois está a fazer uma troca proveitosa para ele (caso contrário não a faria), no fundo o que ele está a fazer é um investimento em mão-de-obra que lhe permite poupar tempo (e dinheiro) pois se fosse a casa fazer um hamburguer e as batatas não poderia ter tempo para dedicar ao seu trabalho ou até para não fazer nada.

A mais valia (e a exploração) dá-se quando o trabalhador na posse do seu salário troca o seu dinheiro por mão-de-obra no mcdonalds.

Ou seja tanto explora o empregador através da relação que descreves acima como explora o trabalhador através do exemplo que dei.

Ou seja, ambos são vendedores e compradores, mas com mercadorias distintas e de valor de uso desigual (slack_guy)> VERDADEIRO

Esse "ambos" nessa frase tanto pode ser:
O empregador e o empregado ou
O trabalhador que vai ao mcdonalds e investe num meio de produção trocando o seu dinheiro pela mercadoria/mão de obra

Ou todos tentam explorar todos e não faz sentido perguntar porque é que nos querem explorar ou então não há exploração quando pagas 5euros por um hamburguer no mac.

Se o empregado do mac recebesse 85% do que ganha um programador talvez tivesses de pagar muito mais por uma ida ao mac.

Faz todo o sentido o empregado do mac dizer: porque é que (as pessoas que aqui comem) nos querem explorar, trocando o seu dinheiro pela nossa mão-de-obra.

Resumindo o que dizes do mercado e aquilo das relações M > D > M penso que é obvio para qualquer um (pelo menos para mim é) dai não entender onde queres chegar.
 
Estive a ler todas as postagens aqui deste assunto, e resolvi também participar para contar um pouco o que já passei/passo.
Estou no Brasil, em uma empresa de TI/internet, e creio que por cá não é muito diferente de Portugal.
Estive a trabalhar por 11 anos em uma multinacional (ganhando bem)... resolvir sair desta empresa pois desejava trabalhar por conta própria!
Comecei a trabalhar na área de internet... (isto a +/- 10 anos), como muitos aqui a fazer páginas de internet simples. E por cá (ainda hoje) acontece exatamente a mesma coisa que acontece por aí. Uma equipe de bons profissionais, apresentam um orçamento de por exemplo US$ 1000 a US$ 2000, e algum "sobrinho", ou "puto", apresenta um orçamento de US$ 100. Perdi MUITOS contratos, mas sempre com a consciência tranquila de ter apresentado um preço justo de minha parte, mas que o cliente (na maioria das vezes por desconhecimento), preferiu o serviço "mais barato". Mas... conseguiamos "alguns" contratos com base no nosso conhecimento técnico que era muito bom...

Pois bem, deste processo todo, começamos a desenvolver um serviço na internet que nos dava mais retorno financeiro (sejamos claros... TUDO gira em torno do dinheiro, seja de quem está comprando/contratando como de quem está vendendo/propondo). E por força do destino, acabou que passamos a ser o outro lado da moeda, ou seja, passamos a contratar serviços de internet (web designer, programador, etc), pois já tinhamos liberado os que trabalhavam conosco nesta área, e nós (os que continuaram na empresa), estávamos sem disponibilidade de tempo...

1) "Formação Profissional": Já tivemos aqui dos 2 casos: Profissionais com "canudo", que não tinham NENHUM gabarito, e profissionais sem nenhuma especialização que eram surpreendentes. Resultado: hoje, olhamos a formação profissional, mas não descartamos quem não a tenha e apresentar alguma outra comprovação (como portfolio), e SEMPRE iremos testar o profissional.

2) Salários: Já pagamos a um "Programador", US$ 1500 (o que para cá é um altíssimo salário), e foi dinheiro jogado no lixo, mas também já pagamos US$200 por um serviço de programador, que também foi dinheiro jogado no lixo... Ambos os profissionais tinham qualificações, mas não tinham VISÃO do que a empresa queria. Solução: O programador não pode ser um geek que não entenda o resto da operação da empresa, e não pode ficar preocupado com o "código", mas tem que se preocupar com o resultado, com manutenção futura do código, etc...

3) Webdesigner: nesta área temos MUITA oferta (igual a aí em Portugal), o problema é que a maioria deles, não tem a mínima noção de que o serviço TEM QUE ser integrado com o resto do site, com o resto do conteúdo, com a programação, com o "peso"/performance da página, com a usabilidade, etc. Ou seja, fazem o "design" e os demais que se adaptem ao que ele fizer, pois "ele é o artista". Solução: os webdesigner TEM QUE se aproximar da programação e da parte operacional da empresa. De nada adianta um design bonito que não seja funcional e não dê "resultado" como um todo.

4) Freelance: o mercado cada vez mais será composto por profissionais autônomos. Os encargos trabalhistas (pelo menos por cá), são inviáveis para uma empresa. Cá pagamos o salário em dobro (metade vai para o profissional e outra metade vai impostos e encargos trabalhistas), o que resulta em que muitos estão a constituir "empresas pessoais", e com isto trabalhar como prestadores de serviço. É a realidade... dificilmente irá mudar, portanto, é procurar entender melhor como tirar proveito disto.

Bom, esta postagem já está a ficar meio longa... vou ficando por aqui... mas antes, quero falar que nem por isto deve-se desanimar... muito pelo contrário... o mercado com certeza irá se ajustando.
 
Estive a ler todas as postagens aqui deste assunto, e resolvi também participar para contar um pouco o que já passei/passo.
Estou no Brasil, em uma empresa de TI/internet, e creio que por cá não é muito diferente de Portugal.
Estive a trabalhar por 11 anos em uma multinacional (ganhando bem)... resolvir sair desta empresa pois desejava trabalhar por conta própria!
Comecei a trabalhar na área de internet... (isto a +/- 10 anos), como muitos aqui a fazer páginas de internet simples. E por cá (ainda hoje) acontece exatamente a mesma coisa que acontece por aí. Uma equipe de bons profissionais, apresentam um orçamento de por exemplo US$ 1000 a US$ 2000, e algum "sobrinho", ou "puto", apresenta um orçamento de US$ 100. Perdi MUITOS contratos, mas sempre com a consciência tranquila de ter apresentado um preço justo de minha parte, mas que o cliente (na maioria das vezes por desconhecimento), preferiu o serviço "mais barato". Mas... conseguiamos "alguns" contratos com base no nosso conhecimento técnico que era muito bom...

Pois bem, deste processo todo, começamos a desenvolver um serviço na internet que nos dava mais retorno financeiro (sejamos claros... TUDO gira em torno do dinheiro, seja de quem está comprando/contratando como de quem está vendendo/propondo). E por força do destino, acabou que passamos a ser o outro lado da moeda, ou seja, passamos a contratar serviços de internet (web designer, programador, etc), pois já tinhamos liberado os que trabalhavam conosco nesta área, e nós (os que continuaram na empresa), estávamos sem disponibilidade de tempo...

1) "Formação Profissional": Já tivemos aqui dos 2 casos: Profissionais com "canudo", que não tinham NENHUM gabarito, e profissionais sem nenhuma especialização que eram surpreendentes. Resultado: hoje, olhamos a formação profissional, mas não descartamos quem não a tenha e apresentar alguma outra comprovação (como portfolio), e SEMPRE iremos testar o profissional.

2) Salários: Já pagamos a um "Programador", US$ 1500 (o que para cá é um altíssimo salário), e foi dinheiro jogado no lixo, mas também já pagamos US$200 por um serviço de programador, que também foi dinheiro jogado no lixo... Ambos os profissionais tinham qualificações, mas não tinham VISÃO do que a empresa queria. Solução: O programador não pode ser um geek que não entenda o resto da operação da empresa, e não pode ficar preocupado com o "código", mas tem que se preocupar com o resultado, com manutenção futura do código, etc...

3) Webdesigner: nesta área temos MUITA oferta (igual a aí em Portugal), o problema é que a maioria deles, não tem a mínima noção de que o serviço TEM QUE ser integrado com o resto do site, com o resto do conteúdo, com a programação, com o "peso"/performance da página, com a usabilidade, etc. Ou seja, fazem o "design" e os demais que se adaptem ao que ele fizer, pois "ele é o artista". Solução: os webdesigner TEM QUE se aproximar da programação e da parte operacional da empresa. De nada adianta um design bonito que não seja funcional e não dê "resultado" como um todo.

4) Freelance: o mercado cada vez mais será composto por profissionais autônomos. Os encargos trabalhistas (pelo menos por cá), são inviáveis para uma empresa. Cá pagamos o salário em dobro (metade vai para o profissional e outra metade vai impostos e encargos trabalhistas), o que resulta em que muitos estão a constituir "empresas pessoais", e com isto trabalhar como prestadores de serviço. É a realidade... dificilmente irá mudar, portanto, é procurar entender melhor como tirar proveito disto.

Bom, esta postagem já está a ficar meio longa... vou ficando por aqui... mas antes, quero falar que nem por isto deve-se desanimar... muito pelo contrário... o mercado com certeza irá se ajustando.

Excelente post. Desde já os meus parabens. Quanto ao ponto 4) Freelance, não poderia estar mais de acordo. Acho que o trabalho como prestador de serviços vai ser comum no futuro, alias, já o é agora, especialmente na área web. Se tem desvantagens, também é verdade que tem imensas vantagens. Eu sou freelancer e adoro sê-lo, trabalho MUITO mais que se trabalhasse por conta de alguém, mas vejo isso como um incentivo e prefiro trabalhar a mais do que a menos...

De qualquer forma, gostei da forma como abordaste a questão e acho que aqui estamos exactamente igual.

Cumps,
michael c
 
slack,

ao ler isto quase fiquei com pena dos capitalistas:007:

O capitalista precisa de comprar força de trabalho para subsistir como capitalista (deixemos isto de forma simples para não complicarmos a explicação com o mercado do dinheiro e as trocas de mercadorias entre capitalistas). Caso contrário, torna-se proletário (dependente da venda da sua força de trabalho) ou da caridade do Estado.

Porém, com os desenvolvimentos técnicos e científicos, desenvolvem-se igualmente os meios de produção (máquinas, técnicas e instrumentos de trabalho, metodologias, etc). Este desenvolvimento conduz à substituição gradual (mas inexorável) do trabalho humano por trabalho mecanizado. Esta substituição do homem pela máquina cria excedentes da mercadoria força de trabalho. Não é por acaso (nem pela má-vontade dos capitalistas enquanto indivíduos, nem pela preguiça dos assalariados) que o número de assalariados desempregados (assalariáveis) e de indivíduos à margem do mercado de emprego aumenta (aliás, em alguns países, há já uma geração de pensionistas que na sua vida não teve participação activa no mercado de trabalho).
Este excedente de mercadoria força de trabalho que existe no mercado é um dos factores que mais contribui para o seu preço baixo (em termos médios).

Por exemplo: o mercado de engenheiros informáticos em Portugal é (ainda) deficitário (ao contrário do que aparenta). Há empresas que procuram estes profissionais há anos, mas sem sucesso. O facto de haver mais procura do que oferta permite, ao assalariado, receber pelo seu trabalho um valor mais elevado. Mais: o facto de haver uma oferta menor que a procura, faz elevar o salário daqueles que, embora não tendo uma certificação reconhecível, desempenham funções equivalentes. Mais ainda: o facto de estes assalariados sem certificações 'oficiais' poderem desempenhar funções equivalentes às dos que as têm faz baixar o preço da mercadoria força de trabalho destes últimos. Este é um dos factores que levam a que muitos jovens recém licenciados nas engenharias informáticas equacionem a emigração para mercados onde a remuneração da sua mercadoria seja mais elevada.
 
um exemplo do dinheiro:

o site actual dos xutos e pontapes foi um professor meu que fez prai em 2002, e este ano os xutos abriram um novo concurso para o novo site.
o meu professor lá fez os layouts e fez a apresentação na reunião e etc....conhecedor também das supostas empresas que iam fez um orçamento justo mas não alto para poder ter alguma vantagem no concurso.
conclusão, quem venceu foi uma rapariga que vai fazer o site de graça.
é certo que até um de nós com formação ou não, até faziamos de graça se nos aparece-se a coca-cola ou nike, e digo de graça só pelo facto de podermos ficar com um trabalho destes no nosso portfolio...mas claro refiro-me mais a este post pela forma de como o dinheiro teve de certeza absoluta peso na decisão final.
 
A mais valia (e a exploração) dá-se quando o trabalhador na posse do seu salário troca o seu dinheiro por mão-de-obra no mcdonalds.

A troca de uma mercadoria por outra não é fonte da exploração (se não contarmos com os usurários, casas de penhor, etc).
No macdonalds não se compra compra mão-de-obra, compram-se mercadorias que tenham valor de uso. A força de trabalho do trabalhador do macdonalds não tem qualquer valor de uso para outro que não o capitalista que a emprega. Um hambúrguer não produz dois hambúrgeres; esta mercadoria esgota-se no momento do seu consumo, ao contrário da força de trabalho que tem a qualidade de produzir mais mercadorias com valor de uso.

O trabalhador que vai ao mcdonalds e investe num meio de produção trocando o seu dinheiro pela mercadoria/mão de obra
Um hambúrguer não é um meio de produção. No teu exemplo, meio de produção seria o fogão ou a fritadeira das batatas... O hambúrguer é uma mercadoria que incorpora uma certa quantidade de outras mercadorias, entre elas, força de trabalho, que se esgota com o consumo.

A relação que se estabelece na compra de um hambúrguer é entre o consumidor (assalariado, capitalista, desempregado, reformado, etc) que tem dinheiro e o capitalista (que detém o controlo sobre os meios de produção e forças de trabalho necessários à fabricação e venda do hambúrguer) que tem a mercadoria. Para o comprador do hambúrguer, este é o fim de um ciclo: D -> M. Para o capitalista, este é começo de um novo ciclo: M -> D.

Se o empregado do mac recebesse 85% do que ganha um programador talvez tivesses de pagar muito mais por uma ida ao mac.

A quantidade de qualificações sociais e capacidades individuais necessárias para o trabalho de produção de um hambúrguer não é a mesma que a necessária para produzir um sistema informático de controlo de tráfego aéreo, mas pode ser equivalente à necessária para produzir uma página HTML, por exemplo. Ou seja, a força de trabalho de um pode ser medida em N quantidades de força de trabalho (socialmente necessária) do outro.
Se houver falta de mão-de-obra com as qualificações necessárias para produzir hambúrgueres, o preço que o capitalista terá de pagar para a obter será mais elevado. O preço das mercadorias produzidas por uma mão-de-obra mais cara tende a ser mais elevado. E aqui entram as economias de escala (deslocalização, contratação de mão de obra sub-qualificada, reorganização de processos de produção, novas técnicas de produção, etc) que fazem com que aumente a produção reduzindo custos, de forma a que o valor-preço de um hambúrguer não exceda uma quantidade superior ao seu valor de uso, comparativamente aos valores de uso de outras mercadorias, de tal maneira que ninguém o queira comprar.

Faz todo o sentido o empregado do mac dizer: porque é que (as pessoas que aqui comem) nos querem explorar, trocando o seu dinheiro pela nossa mão-de-obra.

Quem os explora não são os consumidores; é o capitalista que lhes paga um valor inferior ao valor do seu trabalho incorporado nas mercadorias.
 
Última edição:
Olá a todos!

Neste momento, confesso sentir-me extremamente orgulhoso por ter despoletado toda esta troca de ideias e opiniões. Este tópico merecia ser lido por todos quanto se estão a iniciar em qualquer profissão que seja.

Eu sou contra a ideia de que os licenciados são melhores do que os não-licenciados. Eu já trabalhei enquanto não-licenciado, e não me achava em nada inferior aos outros. No nosso país, temos dois tipos de grupos de pessoas que tiram um curso:

1 - o grupo das pessoas que querem tirar o curso para ter mais formação, e consequentemente aumentar o grau de possibilidade de ter um bom posto de emprego;

2 - o grupo das pessoas que querem tirar o curso apenas para se vangloriar, ou porque acham que é sinónimo de melhores salários.

Bom, eu acho que a verdadeira questão que se coloca aqui, é que não devemos analisar este tipo de situações de forma superficial. Tal como muitos já referiram acima, eu sou da opiniao de que a formação tem de ser obrigatoriamente sinónimo de melhor recompensa. E esta nem precisa de ser sempre monetária, embora esta vertente tenha de estar sempre presente.

Eu gostava de saber se vocês colocam em causa o dinheiro que gastamos com os nossos médicos. Eles são formados. Será que preferiam poupar metade do dinheiro e ir ao curandeiro da esquina? E o vosso carro? O mecânico costuma ser um pouco carote... mas se calhar é melhor não arriscar e colocar a "saúde" do vosso carro no dono do café da esquina que sabe mudar umas velas...

Meus amigos, é assim que as coisas funcionam em todos os países do mundo. Mão-de-obra qualificada tem de ser bem remunerada. Ponto final. Quero lá saber o Web Designer ganha mais do que o Pixeleiro ou o Trolha, quero lá saber se o Advogado ganha mais do que a Empregada de Limpeza. O que quero saber é do que nós ganhamos, e daquilo que é justo que nos paguem. O Estado, através do IEFP, refere como valor justo para um salário de um recém-licenciado (e volto a sublinhar, JUSTO) dois ordenados mínimos nacionais + subsídios.

Sabem de quem é a culpa desta "exploração" ? Toda nossa. Nossa porque precisamos do dinheiro. Muitos de nós não se dão ao luxo de recusar trabalhar por uma ninharia, porque os patrões apontam para o lado e dizem: "Não queres? Há mais 350 como tu lá fora!".

Tudo isto é uma questão de mentalidade, e, claro, de política e de economia pura.
 
eu não sou hipócrita eu faria o mesmo eu reclamo do lado que tiver se tiver do lado do trabalhador exijo melhor salário se for empregador pago o mínimo possível, é aquela hipocrisia "isto das cunhas é uma vergonha" mas qual de nós não aceitaríamos uma cunha, vivemos na selva se eu puder pagar 500 em vez de 1000 pagaria só 500 porque quanto mais puder dar a minha família daria , e atenção não tenho uma empresa compreendo é os 2 lados, se o governo deixa isso acontecer não culpem as empresas.
 
Última edição:
Discussao agradavel :007:
So a minha opiniao: nao podes simplesmente pensar no trabalho psicologico, estas a esquecer-te do trabalho fisico. Quem e que achas que chega a casa mais cansado? E a nivel de horarios qual e que sao os piores? Pensando no tempo livre quem tem mais? Nao podemos simplesmente pensar na dificuldade do trabalho psicologic :009::009::009:
Posso dizer que trabalhei durante alguns meses a ganhar menos que o ordenado minimo, sem estar legal e a fazer horas a mais :mad::mad::mad: , mas o que preferias? Isso ou nada?
 
Eu sou contra a ideia de que os licenciados são melhores do que os não-licenciados. Eu já trabalhei enquanto não-licenciado, e não me achava em nada inferior aos outros.

'Inferior' e 'superior', da forma que referes, são valorizações sociais e, essa discussão, assenta mais em preconceitos que fomos assumindo e reproduzindo ao longo de anos.

O que interessa é que para o desempenho de uma função social é necessária determinada quantidade de qualificações e aptidões. Ao compararmos duas funções com base na quantidade de qualidades que cada uma requer, podemos dizer que uma função é superior à outra numa dada realidade, mas não podemos dizer o mesmo das pessoas que desempenham essas funções. O que está a ser comparado são funções, não as pessoas.

Hoje em dia, a passagem de atestados de qualificações está voltada quase exclusivamente para o mercado de trabalho, para a reprodução da diferenciação qualitativa da mercadoria força de trabalho. Mais atestados -> mais dinheiro; melhores atestados -> ainda mais dinheiro. A tal ponto que, olhando para o mundo, facilmente nos esquecemos que aqueles que mais ganham não são os que têm mais e melhores atestados (ou certidões, canudos, diplomas, etc).

Eu gostava de saber se vocês colocam em causa o dinheiro que gastamos com os nossos médicos. Eles são formados.

Não é (apenas) por serem formados, é porque são poucos. Na verdade, são mesmo muito poucos para as necessidades que temos.

E o vosso carro? O mecânico costuma ser um pouco carote... mas se calhar é melhor não arriscar e colocar a "saúde" do vosso carro no dono do café da esquina que sabe mudar umas velas...

Depende do estrago :) se for velas levo ao "dono do café da esquina que sabe mudar umas velas"; se for motor vai à marca. Estou a caricaturar uma situação que depende de muitas variáveis: o valor do carro, a proximidade de uma oficina, a existência de outras oficinas nas redondezas, a reparação necessária, a disponibilidade financeira, etc, etc.
Não há uma resposta definitiva e universal à tua pergunta.

O Estado, através do IEFP, refere como valor justo para um salário de um recém-licenciado (e volto a sublinhar, JUSTO) dois ordenados mínimos nacionais + subsídios.

O 'valor justo' do salário é menor que o valor total das mercadorias produzidas pelos assalariados durante o tempo de trabalho contratado. Se assim não for, o capitalista tem de: 1) fechar a empresa; 2) repercutir noutros salários essa diferença; 3) recorrer ao crédito; 4) meter dinheiro do bolso para sustentar a situação.

Sabem de quem é a culpa desta "exploração" ? Toda nossa. Nossa porque precisamos do dinheiro. Muitos de nós não se dão ao luxo de recusar trabalhar por uma ninharia, porque os patrões apontam para o lado e dizem: "Não queres? Há mais 350 como tu lá fora!".

'Muitos de nós' precisam de dinheiro para sobreviver e a única mercadoria que têm é a força de trabalho.

Tudo isto é uma questão de mentalidade, e, claro, de política e de economia pura.

Eu posso mudar de 'mentalidade' e recusar-me a trabalhar por menos que X. Mas depois, tenho de ir à pesca e à caça. Ou então faço como muitos fazem: torno-me um 'desempregado por conta própria', aquilo a que se chama free-lancer.
 
slack_guy, deixa-me confessar-te que adoro ler os teus posts. Apesar de a nossa opinião se distanciar em um ponto ou outro, acho fantástica a forma como expões os teus pontos de vista e opiniões acerca da temática que estamos a abordar: com sinceridade, sensatez e carisma.

Os meus parabéns. ;)
 
Só não percebo porque é que a Microsoft é considerada a melhor empresa para trabalhar, segundo um estudo feito. Ou seja, paga bem, dá bastantes regalias (creches,ginásios,etc) e para além disso o Bill Gaitas ainda consegue ser um dos homens mais ricos do mundo.
É esta mentalidade típicamente portuguesa que estraga isto tudo, só vemos o nosso lado. Eu se pudesse dar 1000€ a um empregado não lhe ia dar 500€, e digo isto sem hipócrisia é uma questão de mentalidade, porque não dar 1000€ se o empregado merece e eu tenho hipótese disso?

eu não sou hipócrita eu faria o mesmo eu reclamo do lado que tiver se tiver do lado do trabalhador exijo melhor salário se for empregador pago o mínimo possível, é aquela hipocrisia "isto das cunhas é uma vergonha" mas qual de nós não aceitaríamos uma cunha, vivemos na selva se eu puder pagar 500 em vez de 1000 pagaria só 500 porque quanto mais puder dar a minha família daria , e atenção não tenho uma empresa compreendo é os 2 lados, se o governo deixa isso acontecer não culpem as empresas.
 
Exacto pessoas sem personalidade infelizmente o problema das pessoas não é venderem-se porque todos nós temos um preço , é venderem-se por um preço tão baixo!!!
 
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