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Indiscutivelmente, um dos títulos mais importantes dos anos 90 foi o primeiro Resident Evil, pelo que ninguém ficou surpreendido quando o segundo capítulo foi anunciado. Resident Evil 2 (RE2) também conhecido como Biohazard 2 no Japão, foi lançado para a PlayStation em 1998, tendo versões posteriores para a Nintendo 64, Dreamcast e Game Cube. Desenvolvido por uma equipa de apenas 40 pessoas ao longo de um ano e nove meses, Resident Evil 2 foi dirigido por Hideki Kamiya e produzido por Shinji Mikami, que tomaram a difícil e corajosa decisão em cancelar a versão inicial do jogo, reconhecida atualmente como Resident Evil 1.5, e que diferia drasticamente do produto final. Este cancelamento foi feito já numa fase bastante avançada do desenvolvimento, depois de ter sido considerado "mais do mesmo", com os produtores a quererem trocar a mansão assombrada por uma cidade apocalíptica.
A história passa-se dois meses após os eventos do primeiro jogo, na pequena cidade americana de Raccoon City, cujos moradores foram transformados em zombies pelo T-vírus, uma arma biológica desenvolvida pela empresa farmacêutica Umbrella Corporation. Ao fugirem da cidade, os dois protagonistas, Leon S. Kennedy e Claire Redfield, encontram outros sobreviventes, e são confrontados pelo criador mutante do G-vírus, uma variação mais poderosa do T-vírus.
Após o sucesso estrondoso do título original, não fazia sentido mexer na fórmula vencedora, assim a jogabilidade de Resident Evil 2 também se concentra em quebra-cabeças, exploração e elementos típicos dos survival-horror, tais como a munição muito limitada, a escassez de número de saves (para gravar é preciso termos no nosso inventario as míticas barras de tinta para a impressora) ou os corredores escuros e sombrios, não havendo muito por onde se esconder.
A principal diferença do jogo com seu antecessor é o "sistema zapping", que fornece a cada personagem histórias únicas e obstáculos diferentes. O jogo está dividido em 2 discos (um para cada personagem) e apesar de ambos os cenários serem cronologicamente simultâneos, algumas das ações feitas pelo jogador do primeiro cenário vai afetar a personagem do segundo cenário (incluindo acesso a certas áreas). Como resultado, os jogadores podem jogar por um dos quatro possíveis cenários dependendo da ordem de personagens que eles escolham ("Leon A" e "Claire B", ou "Claire A" e "Leon B"). As diferenças entre os dois personagens são mais balanceadas em Resident Evil 2. Ambos podem guardar a mesma quantidade de itens e tem as suas próprias vantagens e desvantagens, apesar de cada desafio poder ser resolvido por qualquer um dos personagens. Claire pode usar um lockpick para abrir gavetas e trancas simples, send que Leon tem de usar pequenas chaves que encontra pelo jogo; já Leon tem um isqueiro que pode usar em qualquer momento, enquanto Claire precisa encontrar um e carregá-lo manualmente.
Inicialmente, Mikami tencionava que RE2 fosse o último jogo da série, tendo criado uma estória com um final fechado e conclusivo, que pudesse perdurar por muitos anos no imaginário coletivo dos jogadores. No entanto, esta decisão foi criticada pelo supervisor Yoshiki Okamoto, que achou que se a estória terminasse desta forma não haveria espaço para a Capcom voltar, um dia, a pegar na série. Em vez disso, Okamoto impos a criação de um universo ficcional que transformaria Resident Evil numa macrossérie de jogos, no qual continham estórias com elementos comuns que poderiam ser contadas, permitindo inúmeras abordagens a RE. Assim, foi feita uma reformulação enorme na estória de RE2, sendo de destacar a transformação de Elza Walker em Claire, de forma a introduzir uma conexão com o enredo do primeiro jogo. Começava assim o franchise desta série.
Nunca é fácil suceder ao um dos jogos mais importantes da sua geração, mas a verdade é que Resident Evil 2 foi bem recebido pelos críticos e pelos jogadores, que o consideraram uma sequela digna do original, ajudando a PS1 a voar das prateleiras (recordo que até 1999 o jogo foi exclusivo da 32 Bits da Sony, tendo depois versões para a N64 e para a Dreamcast).
Apesar de a jogabilidade já estar datada, RE2 é uma referência deste género e, para muitos, o melhor survival horror de sempre, título que o excelente remake de 2019 só veio reforçar.