Satisfeitos com a gama dinâmica da musica que ouvem?

mdiogofs

Power Member
Numa secção de áudio portátil, muito se tem falado em equipamento e talvez pouco em qualidade da fonte.

Algum tempo atras introduzi o tópico do Tidal, um serviço de streaming em formato lossless, quando este foi disponibilizado em Portugal: https://forum.zwame.pt/threads/chegou-o-tidal-streaming-de-audio-em-formato-lossless.904339/

Nesse tópico, o utilizador Wildstar introduziu um conceito determinante. Algo que eu desconhecia, mas que desde a algum tempo para cá desconfiava que existisse. Porque sentia que algo estava errado. No mesmo volume, como poderia Justin Bieber produzir globalmente "tanto som" como por exemplo os Metallica (exemplo ilustrativo)...E porque certas musicas parecem mais uma "salganhada" de áudio do que outras, mesmo estas ultimas sendo de composição mais complexa...

Mas volto a dizer que o maior problema, de longe, é a Loudness War.
Quando um serviço, dito audiófilo, finalmente arranjar genuínos masters não comprimidos, take my money.

O que e a Loudness War?

Resumidamente, é o nome dado à tendência para aumentar os níveis de áudio em música gravada, desde o início da década de 1990, que muitos críticos acreditam que reduz a qualidade de som e diversão do ouvinte. Mais informação no link do post do Wildstar em cima.

Ou o que o seguinte vídeo explica muito bem:


Agora, segue-se a pergunta do tópico: Sentem muito ou pouco este efeito na musica que ouvem?

Naturalmente depende de vários factores: da nossa percepção pessoal, experiencia e conhecimento do assunto, equipamento utilizado, gravações/álbuns que ouvimos, etc...

Acho este site muito útil e fidedigno, ao dar-nos informações da gama dinâmica das gravações: http://dr.loudness-war.info/

Da minha parte, este "problema" afeta bastante o prazer que retiro ao ouvir musica, e recentemente tenho ouvido gravações mais antigas e com gamas dinâmicas mais alargadas. Para dar um exemplo pessoal, fico triste por as gravações dos Anathema sofrerem deste "mal", pois gosto muito desta banda e imagino as emoções que poderia ter se as gravações tivessem boas gamas dinâmicas...
 
@starcraft2 Não me parece haver corte de frequências, mas sim o aumento do volume das frequências com menor volume. O corte no video é de volume, nas frequências com mais volume. Quando depois há um aumento geral de volume em todas as frequências, as frequências que sofreram o corte de volume recuperam o volume que perderam (mas o técnico é que define o volume que quer), mas, e aqui é que está o problema, as frequências que tinham bastante menor volume em comparação com as de volume "máximo", tem agora um nível de volume muito mais próximo do nível de volume destas últimas, ficando com uma gama dinâmica muito mais baixa. Ou seja, onde anteriormente conseguias reconhecer frequências com volume mais baixo e outras com volume mais alto, com este mastering típico da "Loudness War" todas as frequências parecem ter diferenças de volume muito mais próximas entre si, e sobretudo a música parece-te muito mais alta em relação ao mastering "original" ou de gama dinâmica ampla, no mesmo nível de volume. Se antes tinhas por exemplo uma frequência a tocar ao nível de volume 5 e outra com nível de volume 10, e conseguias perceber bem a sua diferença e distinguir bem os dois sons entre si em volume, agora com uma a nível 8 e a mesma a nível 10, isso deixa de acontecer, e o espaço sonoro fica mais preenchido e "barulhento". Tens muito menos o que podemos chamar de silêncio de fundo, que evidencia a claridade de cada som, pois as frequências com menor volume estão agora com maior volume e ocupam muito mais esse espaço, que anteriormente estava vazio em volume. E não adiante diminuir ou aumentar o som no reprodutor de som para aumentar a gama dinâmica, este bloco assim definido de música/ o volume ajusta-se no total e transversalmente, como sabemos.

E percebe-se, a meu ver, bem no video: a mesma música a soar bem e depois a soar mal, com os sons mais indistinguíveis e parecendo mais barulho que música. A Loudness War é tramada para a qualidade da música. Só de imaginar os músicos a compor com tanta intensidade e paixão e depois os produtores a estragarem o seu trabalho, algo que poderia ser delicioso de se ouvir. O objectivo é vender, logo parece que a musica assim masterizada tocada na rádio e em sistemas de qualidade menor enche mais o ouvido à população no geral, literalmente. É quantidade de música (em volume e no geral, ao fazer todas as frequências notarem-se bem) vs qualidade de música, em que cada frequência tem o seu volume naturalmente (ou quase) criado.
 
Realmente afecta bastante a música. Acho q tenho discos antigos sem esta marosca no volume. Por outro lado a maioria deve ter o ajuste metido.
 
Muito bem, mdiogofs!
Só agora vi o teu post. Concordo totalmente. Andamos numa época de artificialidade, pouca autenticidade. Os volumes de toda a gama de frequências estão artificialmente altos, sem verdadeira amplitude dinâmica, sem diferença entre sons que são naturalmente baixos e outros altos, de onde se poderia extrair o melhor prazer de audição. O vídeo que colocaste exemplifica com perfeição.
Às vezes coloco de propósito uma faixa no Audicity, selecciono tudo e clico "Amplificar" (com o valor negativo calculado automaticamente pelo programa) para retirar o absurdo loudness de toda a gama de frequências. Claro que não melhora a qualidade, não vai ampliar nada a dinâmica, mas pelo menos assim não me destrói os timpanos no volume que habitualmente ouço.
É como bem dizes, os sons de menor volume, que deveriam estar baixos de forma natural, são editados artificialmente altos e "barulhentos", distorcendo a claridade e a transparência.
O Zeos alerta esta situação e explica um pouco neste vídeo de 2014:
Perdeu-se o hábito de sussurrar (falar baixinho), nem no cinema :-), fala-se sempre alto.
E na gravação de música, se o vocalista sussurrar, lá está o raio da produção a gravar/editar com os mesmos decibéis que os agudos de guitarra, por ex.
Álbums bem gravados? Pois é, apesar do high-teck do presente, temos de recuar no passado para os conseguir ouvir.
Abraço.
 
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