Ui, podia ficar aqui o dia todo...
Obstáculos ridículos: Estamos a jogar um jogo com uma personagem altamente treinada em técnicas de combate e sobrevivência, mas quando chegamos a uma porcaria de um muro com meio-metro de altura, temos que ir à volta ou ir procurar uma chave para abrir uma porta. Yeah, conseguimos chegar ali depois de termos morto 50 gajos com uma pistola e uma faca, mas não podemos saltar um muro que nos fica pela cintura... E quando não é o muro são filas de carros, montinhos de entulho, meia-dúzia de tábuas... Culpados: Resident Evil, Call of Duty, Rainbow Six (excepto o Vegas), e muitos mais...
Geração espontânea: Estamos muito bem numa sala totalmente vazia e activamos um alarme. Imediatamente, aquela dispensa de 4 metros quadrados que há 20 segundos atrás estava totalmente vazia transforma-se num local de produção em massa de soldados inimigos, que imediatamente se dirigem para a localização do jogador. Culpados: Project IGI, entre outros...
O fantástico poder curativo do off-screen: Acabamos de eliminar uma horda de inimigos numa sala. Saíamos dessa sala e, voltando a entrar logo de seguida, TODOS os inimigos estão lá novamente, cheios de vitalidade. Culpados: Devil May Cry, Metal Gear Solid, e outros...
AI - Artificial Incompetence: Pego numa sniper e aponto a um grupo de três guardas que estão a conversar. Mato um deles, os outros dois continuam a conversar alegremente. Mato o segundo, e o que resta fica a falar sozinho até acabar a frase pré-programada, e só então dá o alarme. Estou numa sala com 3 inimigos. Mato um à facada, ninguém dá conta. Mato outro ao murro, o que sobra não ouve nada... Uso uma pistola para matar o último, toda a gente no mapa ouve e vem a correr ter comigo. Faço parte de um esquadrão de assalto de elite e os meus companheiros ficam presos numa porta ou numa escada, isso quando não estão a matar-se com granadas. Faço disparar um alarme num certo local. Desvio-me desse local e fico a ver os guardas a passarem a correr por mim, para irem ao local exacto onde disparei o alarme. Saco de um garrote (um fio com duas pegas na ponta) e todos os civis à minha volta correm em pânico... Culpados: Project IGI, The Elder Scrolls IV: Oblivion, Delta Force, Hitman, etc...
O fato dos mil bolsos: Posso levar pistolas, metralhadoras, granadas, lança rockets, caçadeiras, munições, C4, rádio, rações, revistas porno dentro de uma mochila ou nos bolsos do meu fato. Culpados: Hitman, Metal Gear Solid, muitos outros...
Ainda há muitas mais coisas que me chateiam e que se repetem, mesmo em jogos modernos. Sei que há jogos que pretendem ser realistas, outros que não, mas um jogo tem que ser consistente. Se se preocupa tanto com outros aspectos tácticos/realistas, porque é que falha em coisas tão óbvias (Hitman, Metal Gear e Rainbow Six, por exemplo)? Porque é que eu tenho que estar a planear uma ofensiva ao detalhe, a definir estratégias de ataque, a escolher as melhores armas, tudo para ser "realista", mas não consigo saltar a porcaria do muro de meio metro?
Acho que a questão não está propriamente em como é que o jogo espelha a realidade, mas sim em como o jogo elabora a sua própria realidade. Ou seja, se num jogo eu vejo uma casa com janelas, presumo imediatamente que as devo poder partir e entrar por elas. Porque hei-de estar limitado à porta principal? É uma questão de aumentar a interactividade e as possibilidades. Para mim, é aí que está o verdadeiro potencial "next-gen".