Bem.. Depois de ler e ler e ler sobre a inclusão dos drivers da nVidia no Feisty Fawn, uns contra, outros a favor, outros assim, assim.. Finalmente formei uma opinião... E cada vez concordo mais com a decisão da Ubuntu..
É preciso distinguir duas coisas.. Uma é os programas em si, e ai, o Ubuntu, é muito firme na defesa do software livre, todos os programas incluidos no Ubuntu são e a acreditar no que eles dizem serão escolhidos de entre o mundo do software livre. De forma a garantir que as liberdades que esta distribuição defende se mantêm..
Mas depois há uma outra realidade, que é o software que habilita o uso do hardware que dispomos. E aqui, é preciso ver que o projecto Ubuntu não se destina a criar software, embora façam alguns, mas apenas a escolher, integrar e distribuir... Por isso, não cabe à Ubuntu fazer drivers para que o hardware funcione... A escolha é.. Usa-se os que há, ou deixa-se o hardware desactivado?
A decisão começou por ser simples quando se falava de firmwares carregados no boot.. Quase todas as distros trazem esses firmwares binários.. E ai não vejo ninguém a dizer que não vai usar a placa Wireless porque aquele firmware binário lhe retira a liberdade de o modificar.
A questão das gráficas é mais complicada. Mas o principio é o mesmo.. As aceleradoras 3d modernas, são cada vez mais complexas com sistemas baseados em shaders, e afins, que é coisa que drivers como o "nv" que vem com o xorg não activam sequer. Mais uma vez a questão é.. Usa-se o software para habilitar o hardware, mesmo não sendo livre, ou deixa-se o hardware desactivado? E não adianta dizerem que os drivers nv dão para tudo.. Porque quem compra uma GeForce XPTO que até tem mais poder de processamento do que o próprio processador do PC espera dela graficos 3D e não o que uma matrox com 10 anos oferece.. E aqui não há alternativa, porque nas ATI por exemplo tanto quanto sei será usado o driver livre, uma vez que é uma alternativa viável.
Por isso, para mim, esta questão moralmente está ao mesmo nivel do uso de firmware nos modems, ou nas placas wireless, ou até ao nivel do uso de software proprietario na BIOS.. O principio é sempre o mesmo, é software que lida com o hardware e se fosse livre e modificavel poderiamos sempre melhora-lo, altera-lo, etc.. etc.. Quem em casa tiver um sistema completamente limpo que atire a primeira pedra à Ubuntu..
Por fim, vem a questão que alguns apontam que é: qual é o mais benéfico no longo prazo...
O que muitos dizem é que assim a nvidia não tem motivos para libertar os drivers, o que a mim me parece evidente é que 10 anos da estratégia que essas pessoas defendem deram em... Basicamente não deu em nada de nada..
Mas por outro lado, todos os outros SO's estão a mudar-se ou já se mudaram de malas e bagagens para desktops 3D, bonitos e atraentes visualmente.. Se o Linux não der este passo também, será para muitos considerado obsoleto. E isso sim, prejudica o Linux no longo prazo, porque o Linux só terá o poder de conseguir influenciar a Nvidia e os OEM's, quando tiver uma base de utilizadores grande o suficiente.. Aliás, e quanto mais hardware suportar out of the box, mais facil será fazer contratos com fabricantes OEM, etc.. etc.. etc...
Quanto a mim, depois de muito ler sobre o assunto, não tenho duvidas que o Ubuntu, fez uma boa decisão.
E agora mesmo, mesmo só para acabar, para aqueles que já sei que vão dizer que a nvidia não respeita a licença GPL do kernel.. Bem, ai o proprio Linus já veio dizer que isso não é tão linear. Porque dificilmente se pode afirmar que uma peça de software que nem sequer foi desenvolvido inicialmente a pensar no Linux como é o caso dos drivers Nvidia seja software derivado do kernel Linux.. Portanto, se o proprio Linus diz que não é certo que haja qualquer violação, não queiram vocês vir com certezas absolutas..