Trabalho IT e vida pessoal

Ao início, quando comecei, o que tinha medo era do que não sabia (e era muita coisa) e ao mesmo tempo das exigências deste mundo (o querer as coisas "para ontem").

Nesta área diria que a parte de não saber é de certa forma positivo pois quando sentes que já sabes tudo na função que desempenhas é sinal que já estás a estagnar.

Agora o que mais me mete receio são as exigências e a pressão constante do querer o software para ontem.

No meu caso, sou de suporte e manutenção, lido com vários clientes, tenho que fazer desenvolvimentos (fora da óptica de um projeto) e misturado com resolução de situações críticas na hora (erros e bugs). Quem me faz pressão são os clientes.

Mas também vejo aqui relatos de casos em que chega trabalho ao fim do dia para ser entrega no dia seguinte. Isso causa-me confusão em termos de como é possível em software e me causa ansiedade em relação a esta área.

Isto é 100% cultura da empresa. Se tivesse que adivinhar diria que é uma empresa portuguesa e que andam frequentemente atrás do prejuízo a apagar fogos. Como é tudo urgente e não há tempo para fazer nada bem dá-se umas marteladas para resolver o problema e o ciclo continua.
O management provavelmente não percebe em que consiste desenvolvimento de software com qualidade e opta sempre pelo "rápido e barato" e nunca por fazer as coisas bem. O turnover é alto e os melhores acabam por sair porque rapidamente percebem que ali vão estagnar.
Fiquei muito longe?

A melhor forma de resolver o teu problema é pensares nos problemas que estas a ter, ir a entrevistas e fazer perguntas certeiras para não caíres noutra armadilha. Mas tem em mente que empresas portuguesas que fazem as coisas bem são a excepção e não a norma.
 
@RCLMaduro eu mudei da área da saúde para IT precisamente para ter todas essas coisas que dizes que não tens, ou seja, fins de semana, tempo livre de qualidade, descanso, entre outras.

E consegui tudo isso de uma forma que até eu fiquei surpreendido, pois estava à espera de melhor, mas não de tão melhor em relação ao que estava habituado antes. Por isso até agora (espero não engolir estas palavras no futuro), 5* nesse departamento.

Ao início até acontecia eu querer fazer mais, e dizerem-me para ter calma que não é para fazer tudo num dia, e que o descanso é importante para a qualidade de trabalho... Decididamente eu estava habituado a um ritmo de trabalho totalmente diferente, muito mais intenso. De início até me custou um pouco sentir que estava "parado" e que não estava a "produzir" quando pelos vistos aquilo era o ritmo normal do funcionamento de uma empresa (pelo menos desta), eu é que estava (muito) mal habituado.

Tudo isto para dizer que se calhar o problema não será a área de IT em si, mas a sub área onde estás ou a cultura da empresa em que trabalhas.
 
Última edição:
Ao ler o teu post revi-me em várias coisas.

O meu primeiro trabalho foi precisamente numa posição de suporte a produção. Basicamente, tinha uma plataforma de tickets onde recebia reporte de incidentes, tinha de analisar os logs aplicacionais e verificar se o problema estava no core da aplicação (e nesse caso, corrigir no código Java) ou se era de um serviço externo como CRM (e nesse caso, encaminhar para a respectiva equipa). Para além disso, outra responsabilidade da equipa onde estava inserido era a monitorização da infraestrutura de produção e de testes, e também releases para ambos os ambientes. Havia ainda outra componente de suporte 24/7 durante 1 semana, que ia rodando pelos vários elementos da equipa, pois eram aplicações críticas (software do suporte ao cliente e lojas físicas).

É verdade que haviam alguns issues que eram de baixa prioridade e não fazia mal se "ficassem um pouco para trás", mas era recorrente haver problemas com alguma importância e consequentemente havia uma pressão do lado do cliente. Lembro-me de uma vez que me estavam a ligar - sem exagero - de 10 em 10 minutos a perguntar o estado da situação. A maior parte das situações mais graves eram causadas por um conjunto de factores, nomeadamente: código mal optimizado ou más práticas; infraestrutura com poucos recursos face à criticidade do negócio e à carga que tinha de suportar (apesar de sermos responsáveis pela manutenção e monitorização da infraestrutura, a mesma pertencia ao cliente e todas as decisões de upgrades ou não eram decididas e feitas pelo cliente); e alguns bugs causados por falta de testes pela pressão do negócio para as coisas irem para produção. Aos poucos fui-me sentido desgastado, os fins-de-semana que estava em on-call mais valia ficar em casa, e comecei a sentir que não tinha vida pessoal.

A solução foi mesmo mudar de empresa e de emprego para a posição de developer - que era aquilo que sempre quis desde o início - e agora sinto muito menos pressão. É verdade que depende muito da empresa e do projecto. Estou a trabalhar numa equipa de desenvolvimento num produto próprio da empresa, apesar de ser via consultora..., e tenho sorte que há flexibilidade e tirando raras excepções, não há prazos rígidos. Inclusive, preferem que demore mais tempo e fique bem feito e com qualidade do que as coisas serem feitas à pressa. Existem revisões de código rigorosas antes do código ir para produção. Não vou dizer que o stress desapareceu totalmente porque sou junior e ainda tenho muito que aprender, mas praticamente desapareceu.

Da minha experiência anterior, como relatei acima, acho que as posições de suporte são bastante ingratas e desgastantes. Muitas vezes, és tu que levas "porrada" do cliente por factores externos sob os quais não tens controlo, simplesmente porque estás na linha da frente e és responsável por garantir que as coisas estão a funcionar corretamente, apesar de não teres sido tu a escrever o código que foi para produção, e muitas vezes sem ter visibilidade técnica sobre o que vai entrar na próxima release e depois tens de fazer suporte/manutenção disso.

Portanto, a minha sugestão é: se sentes que o teu trabalho te está a consumir por dentro, o melhor a fazer é mesmo mudar de emprego.
 
Obrigado pelas vossas opiniões pessoal.

Esta discussão no reddit (também relacionado com IT) vai de encontro ao que aqui falo:

Ao início, quando comecei, o que tinha medo era do que não sabia (e era muita coisa) e ao mesmo tempo das exigências deste mundo (o querer as coisas "para ontem").

Agora o que mais me mete receio são as exigências e a pressão constante do querer o software para ontem.

No meu caso, sou de suporte e manutenção, lido com vários clientes, tenho que fazer desenvolvimentos (fora da óptica de um projeto) e misturado com resolução de situações críticas na hora (erros e bugs). Quem me faz pressão são os clientes.

Mas também vejo aqui relatos de casos em que chega trabalho ao fim do dia para ser entrega no dia seguinte. Isso causa-me confusão em termos de como é possível em software e me causa ansiedade em relação a esta área.

Boas, o problema não é a área em si, são as empresas, os gestores, as mentalidades e nós próprios.
Se dizes que és muito preocupado e stressado (o que não é de todo mau atenção) irias ter exactamente os mesmos problemas noutra área qualquer, porque normalmente o pessoal stressado e demasiado preocupado não consegue distinguir algo que é realmente urgente de algo que só é urgente para alguns (normalmente quem ganha comissões, prémios etc acha que é tudo para ontem).

Todos nós queremos ter um emprego que nos permita ter um bom ordenado, mas se não tiveres tempo para gastar o dinheiro que ganhas não vale a pena. Nunca tenhas medo de mudar de empresa, não deixes de fazer o que realmente gostas só porque achas que vais ter mais stress, arrisca, explora e vais acabar por encontrar a empresa que te deixa trabalhar no que gostas sem te estar a pedir tudo para ontem.
 
Boas, o problema não é a área em si, são as empresas, os gestores, as mentalidades e nós próprios.
Se dizes que és muito preocupado e stressado (o que não é de todo mau atenção) irias ter exactamente os mesmos problemas noutra área qualquer, porque normalmente o pessoal stressado e demasiado preocupado não consegue distinguir algo que é realmente urgente de algo que só é urgente para alguns (normalmente quem ganha comissões, prémios etc acha que é tudo para ontem).

Todos nós queremos ter um emprego que nos permita ter um bom ordenado, mas se não tiveres tempo para gastar o dinheiro que ganhas não vale a pena. Nunca tenhas medo de mudar de empresa, não deixes de fazer o que realmente gostas só porque achas que vais ter mais stress, arrisca, explora e vais acabar por encontrar a empresa que te deixa trabalhar no que gostas sem te estar a pedir tudo para ontem.

Grande verdade mas é talvez a mais dificil de reconhecer.
 
Sim, como já te disseram provavelmente o problema é a empresa / posição onde estás, mas há até outros factores (tipo a cidade onde moras).

O meu primeiro emprego nesta área foi um pouco assim. Comecei a minha carreira numa consultora (uma das Big Four). Basicamente saltava de projecto em projecto, e há projectos bons e projectos maus. Eu comecei com um projecto bom: não havia muita pressão, mas trabalho fora de horas era algo que poderia acontecer a qualquer momento. Eu podia estar em casa depois do jantar e de repente receber um email que tinha de responder. Claro que tínhamos de satisfazer as expectativas do cliente, mas no geral era um bom projecto. Aproximadamente um ano após ter começado nesta empresa, tive um mau projecto. Entrava ás 9h, saía às 21h, quase todos os dias, durante uns 3 meses. O cliente era uma empresa estrangeira, portanto fomos lá para o final do projecto. Lembro-me perfeitamente... um dos dias em que lá estivemos foi feriado, e até nesse dia trabalhámos, no Hotel. Nesse dia, ao jantar, a chefe disse-nos "Vocês têm tido sorte até agora com os projectos que tiveram, mas na verdade isto é um projecto normal".

Nesse mesmo dia decidi que não queria continuar a trabalhar ali. Se trabalhar 12h por dia durante meses é um projecto normal... não obrigado.

Ao mesmo tempo que estive a trabalhar nesta empresa, foi também a primeira vez que vivi no centro de Lisboa, e sozinho. O meu dia-a-dia era assim: Acordar de manhã, vestir fato e gravata, andar até ao metro. Descer escadas, subir escadas, apanhar o metro, mudar de linha, descer mais escadas, subir o triplo das escadas, subir a pé a avenida até chegar ao edifício já quase a suar. Trabalhar durante X horas a olhar para um portátil com um ecrã de 14". Fim do dia, apanhar o mesmo metro para casa, chegar a casa, jantar em frente ao computador, ficar o resto da noite em frente ao computador, banho e dormir.
Por um lado tinha zero vida pessoal, quase não tinha amigos, estilo de vida muito sedentário. Por outro lado, fiquei a odiar a algazarra dos transporte públicos de manhã.

-----------------

3 meses depois desse mau projecto despedi-me porque consegui emprego na Suíça e mudei completamente de vida. A minha nova empresa está perto da cidade de Genebra, mas fora da cidade, e eu moro por perto. Tenho autocarro em frente à porta de casa que me deixa em frente à empresa em 10-15 minutos sem mudar de transporte. O horário é mais ou menos flexível, mas regra geral trabalho entre 8h30 e as 17h30. Tenho de fazer 8 horas por dia e os meus superiores insistem em não fazer overtime (embora de vez em quando não haja como evitar). Se há de vez em quando urgências? Sim, mas poucas. Os clientes são internos, portanto o estilo de trabalho é muito mais relaxado. Ninguém espera que eu responda a um email após as 17h. E se eu não estiver disponível, os meus colegas têm competência para ajudar. O trabalho regra geral fica no trabalho e não interfere na vida pessoal. E isso está relacionado não só com a empresa, mas também com o país. Por exemplo, acho que nos países nórdicos existe muito mais respeito pela vida pessoal - Portugal é terrível nesse aspecto, onde muitas vezes os patrões esperam que estejas disponíveis a toda a hora.

Portanto, a minha sugestão é que pares um pouco para reflectir sobre o que sentes. É só uma questão de stress no trabalho e overtime? Ou existem factores ambientais (local onde moras, pessoas com quem te relaccionas, etc)? Se calhar está na altura de mudar tudo isso que achas que está mal ou é tóxico. E se mudar tudo isso significa despedires-te e ires morar com os teus pais novamente ou dividir casa enquanto procuras algo melhor, eu acho que não há vergonha nenhuma nisso. Eu estou aqui faz 5 anos, mas o meu contrato acaba em 1 ano - se não conseguir uma extensão de contrato provavelmente vou mais um vez mandar tudo ao ar e mudar de país novamente à procura de uma situação onde possa estar ainda melhor. Claro que isto é mais fácil porque não tenho filhos... mas mesmo se tivesse filhos, acho que mudar de ambiente e experimentar novas formas de viver faz maravilhas para a nossa mentalidade.

[EDIT] Ah, e repara: podes mudar de casa, mudar de vida... mas a tua experiência vai sempre contigo.

Boa sorte.
 
Última edição:
Boas pessoal.

Obrigado pelas vossas contribuições e opiniões.

Isto é 100% cultura da empresa. Se tivesse que adivinhar diria que é uma empresa portuguesa e que andam frequentemente atrás do prejuízo a apagar fogos. Como é tudo urgente e não há tempo para fazer nada bem dá-se umas marteladas para resolver o problema e o ciclo continua.
O management provavelmente não percebe em que consiste desenvolvimento de software com qualidade e opta sempre pelo "rápido e barato" e nunca por fazer as coisas bem. O turnover é alto e os melhores acabam por sair porque rapidamente percebem que ali vão estagnar.
Fiquei muito longe?

Mais ou menos. Sim, é uma empresa portuguesa. E há a questão de ser tudo urgente e dessas marteladas. Mas no meu caso o apagar fogos e essas coisas que falas existem porque trabalho no departamento de suporte. O suporte é que passa por tudo isso.

Ao ler o teu post revi-me em várias coisas.

O meu primeiro trabalho foi precisamente numa posição de suporte a produção. Basicamente, tinha uma plataforma de tickets onde recebia reporte de incidentes, tinha de analisar os logs aplicacionais e verificar se o problema estava no core da aplicação (e nesse caso, corrigir no código Java) ou se era de um serviço externo como CRM (e nesse caso, encaminhar para a respectiva equipa). Para além disso, outra responsabilidade da equipa onde estava inserido era a monitorização da infraestrutura de produção e de testes, e também releases para ambos os ambientes. Havia ainda outra componente de suporte 24/7 durante 1 semana, que ia rodando pelos vários elementos da equipa, pois eram aplicações críticas (software do suporte ao cliente e lojas físicas).

É verdade que haviam alguns issues que eram de baixa prioridade e não fazia mal se "ficassem um pouco para trás", mas era recorrente haver problemas com alguma importância e consequentemente havia uma pressão do lado do cliente. Lembro-me de uma vez que me estavam a ligar - sem exagero - de 10 em 10 minutos a perguntar o estado da situação. A maior parte das situações mais graves eram causadas por um conjunto de factores, nomeadamente: código mal optimizado ou más práticas; infraestrutura com poucos recursos face à criticidade do negócio e à carga que tinha de suportar (apesar de sermos responsáveis pela manutenção e monitorização da infraestrutura, a mesma pertencia ao cliente e todas as decisões de upgrades ou não eram decididas e feitas pelo cliente); e alguns bugs causados por falta de testes pela pressão do negócio para as coisas irem para produção. Aos poucos fui-me sentido desgastado, os fins-de-semana que estava em on-call mais valia ficar em casa, e comecei a sentir que não tinha vida pessoal.

A solução foi mesmo mudar de empresa e de emprego para a posição de developer - que era aquilo que sempre quis desde o início - e agora sinto muito menos pressão. É verdade que depende muito da empresa e do projecto. Estou a trabalhar numa equipa de desenvolvimento num produto próprio da empresa, apesar de ser via consultora..., e tenho sorte que há flexibilidade e tirando raras excepções, não há prazos rígidos. Inclusive, preferem que demore mais tempo e fique bem feito e com qualidade do que as coisas serem feitas à pressa. Existem revisões de código rigorosas antes do código ir para produção. Não vou dizer que o stress desapareceu totalmente porque sou junior e ainda tenho muito que aprender, mas praticamente desapareceu.

Da minha experiência anterior, como relatei acima, acho que as posições de suporte são bastante ingratas e desgastantes. Muitas vezes, és tu que levas "porrada" do cliente por factores externos sob os quais não tens controlo, simplesmente porque estás na linha da frente e és responsável por garantir que as coisas estão a funcionar corretamente, apesar de não teres sido tu a escrever o código que foi para produção, e muitas vezes sem ter visibilidade técnica sobre o que vai entrar na próxima release e depois tens de fazer suporte/manutenção disso.

Portanto, a minha sugestão é: se sentes que o teu trabalho te está a consumir por dentro, o melhor a fazer é mesmo mudar de emprego.
Acho que o teu caso foi pior que o meu. Mas também sinto o mesmo no que dizes no fim em relação às posições de suporte: ingratas e desgastantes. E neste momento, sinto-me desgastado.

No meu caso funciona assim:
  • São-me atribuídos tickets de suporte, dos mais variados assuntos, clientes e graus de urgência.
  • Para além disso estou alocado a determinados clientes, tendo que lhes dar prioridade.
  • Para além disso também tenho que fazer desenvolvimento de novas funcionalidades - pequenos projectos até duração de 50 horas. Para mim isso acaba por ser um problema, pois não consigo concentrar-me e fazer desenvolvimentos, pois tenho interrupções constantes (mails, tickets atribuídos, telefonemas) - isso faz com que me atrase muito e arraste os desenvolvimentos, falhando os prazos. Esta parte mexe comigo, o ter que fazer desenvolvimento ao mesmo tempo suporte, não me conseguindo concentrar no que estou a fazer (estou constantemente a consultar o email).
  • Acabo por ter muita dispersão.
  • Estou sujeito a pressão por parte dos clientes - tudo é para "ontem".
  • Sinto muitas vezes desorganização e CAOS no trabalho.
  • Em relação aos tickets, ainda não fechei uns e já estão a vir uns poucos - sensação de trabalho cumulativo e que nunca acaba.
  • Geralmente no trabalho, das 9 às 18h/18h30 estou sempre tenso, nervoso, preocupado, com receio de coisas novas que cheguem. As horas mais produtivas que tenho é depois das 18h00/18h30. Aí é que me consigo concentrar melhor.

Portanto, a minha sugestão é que pares um pouco para reflectir sobre o que sentes. É só uma questão de stress no trabalho e overtime? Ou existem factores ambientais (local onde moras, pessoas com quem te relaccionas, etc)? Se calhar está na altura de mudar tudo isso que achas que está mal ou é tóxico. E se mudar tudo isso significa despedires-te e ires morar com os teus pais novamente ou dividir casa enquanto procuras algo melhor, eu acho que não há vergonha nenhuma nisso. Eu estou aqui faz 5 anos, mas o meu contrato acaba em 1 ano - se não conseguir uma extensão de contrato provavelmente vou mais um vez mandar tudo ao ar e mudar de país novamente à procura de uma situação onde possa estar ainda melhor. Claro que isto é mais fácil porque não tenho filhos... mas mesmo se tivesse filhos, acho que mudar de ambiente e experimentar novas formas de viver faz maravilhas para a nossa mentalidade.

Sinto stress no trabalho e overtime. Neste momento estou muito isolado: moro sozinho, não tenho vida social nem pessoal (também nunca fui de ter muita) e não tenho amigos.
 
  • Geralmente no trabalho, das 9 às 18h/18h30 estou sempre tenso, nervoso, preocupado, com receio de coisas novas que cheguem. As horas mais produtivas que tenho é depois das 18h00/18h30. Aí é que me consigo concentrar melhor.
És mais produtivo pós horário de trabalho? Continuas a trabalhar depois da hora de saída?
 
  • São-me atribuídos tickets de suporte, dos mais variados assuntos, clientes e graus de urgência.
  • Para além disso estou alocado a determinados clientes, tendo que lhes dar prioridade.
  • Para além disso também tenho que fazer desenvolvimento de novas funcionalidades - pequenos projectos até duração de 50 horas. Para mim isso acaba por ser um problema, pois não consigo concentrar-me e fazer desenvolvimentos, pois tenho interrupções constantes (mails, tickets atribuídos, telefonemas) - isso faz com que me atrase muito e arraste os desenvolvimentos, falhando os prazos. Esta parte mexe comigo, o ter que fazer desenvolvimento ao mesmo tempo suporte, não me conseguindo concentrar no que estou a fazer (estou constantemente a consultar o email).
  • Acabo por ter muita dispersão.
  • Estou sujeito a pressão por parte dos clientes - tudo é para "ontem".
  • Sinto muitas vezes desorganização e CAOS no trabalho.
  • Em relação aos tickets, ainda não fechei uns e já estão a vir uns poucos - sensação de trabalho cumulativo e que nunca acaba.
  • Geralmente no trabalho, das 9 às 18h/18h30 estou sempre tenso, nervoso, preocupado, com receio de coisas novas que cheguem. As horas mais produtivas que tenho é depois das 18h00/18h30. Aí é que me consigo concentrar melhor.
Existem estratégias para criares uma disciplina e conseguires levar a coisa de uma forma menos caótica.

Estas são as minhas:
- Saber distinguir entre urgente e importante;
- Categorizar os tickets e estabelecer prazos para pegar neles. A tua empresa deve ter definido com os seus clientes tempos de resposta;
- criar períodos dedicados a ver/responder emails (desativar as notificações do Outlook ajuda);
- criar períodos para te concentrares a desenvolver;
- antes de começar a fazer coisas, ver o que existe e preparar o dia. Eu, uso um caderno onde todas as manhãs organizo o meu dia.

Podes sempre usar um sistema de recompensas pessoal. Apenas funciona se não tiveres um backlog de trabalho: sempre que terminares uma tarefa antes de tempo, não pegues na próxima antes do que tinhas programado. Usa esse tempo para desanuviar a cabeça.

Existe quem defenda que tudo o que vem por email não é urgente. Se o fosse, ligariam! O que quer dizer que quem envia o email pode esperar um pouco.

Pede formação nesse sentido na tua empresa. Se tu sentes essa dificuldade é natural que outros colegas teus a tenham. Deverá ser benéfico para todos.
 
Só venho aqui contribuir com isto: "tudo" é urgente. E raramente é. Como já disseram, se é mesmo urgente ligam. Usa isso em teu benefício.
Se estás a dar estimativas para o desenvolvimento que fazes, começa a dar uma margem maior. Se te impõem prazos, explica detalhadamente a tua situação. Se não te ajudarem, pede para te darem algum tipo de formação que possa ser útil.

Ter "vida" fora do trabalho ajuda. Tenta dar-te mais com malta do trabalho que seja fixe, ou tenta criar relações fora daí. Nem que seja arranjar um ou dois spots para ir tomar o pequeno-almoço ou beber café com regularidade.
 
Tópico extremamente interessante.
@OP Desde Fevereiro até agora, tens conseguido mudar alguma coisa tendo em conta os inputs aqui referidos?
 
Back
Topo