DS 999: Nine Hours, Nine Persons, Nine Doors (Chunsoft)

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Nine Hours, Nine Persons, Nine Doors, 999 para os amigos, é o primeiro capítulo da série Zero Escape e um dos melhores jogos da NDS, que não recebeu o louvor merecido por parte da comunidade gaming.
Na verdade, 999 é uma visual novel, género aparentemente pouco apreciado por estes lados, ao misturar puzzles com longas paredes de texto, levando a que a Europa nem sequer tivesse direito à sua versão (mas ainda bem que a NDS é region free!).
No entanto, e ao contrário do que a propria editora esperava, o jogo foi um dos sucessos do catálogo norte-americano no fim de vida da NDS, levando a que a sequela, para a 3DS, já chegasse até nós.

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Em 999 controlamos Junpei, o jovem protagonista que faz parte de um total de nove pessoas misteriosamente transportadas para o interior de um barco abandonado, sem saberem os motivos ou de que forma isso aconteceu. Todos tem um relógio de pulso com um algarismo único que pode ser usado para abrir portas numeradas. Ninguém se lembra do porquê nem de quando lhes foi colocado aquele relógio no pulso, que acaba por servir de porta de entrada para o Nonary Game, um jogo criado pelo auto-denominado "Zero", onde cada porta numerada requer que três a cinco relógios sejam validados no portal correspondente a essa porta, para a fazer abrir. Se o jogo for... mal jogado e as regras não forem respeitadas, cada um dos participantes forçados tem um relógio bomba dentro do seu corpo que os punirá com... a morte.

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É neste clima de tensão e horror que Jumpei e o colegas devem encontrar a porta marcada com o número 9, que, supostamente, abre caminho para fora do barco. Isto terá de ser cumprido num prazo de nove horas, findas as quais o barco afunda-se, levando os participantes do Nonary Game para as profundezas do oceano.

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Para além de o jogo ter muito texto - que pode aproximar alguns, como eu, e afastar outros - a leitura deste revela-se fundamental para a progressão, não só para conheceremos as relações entre personagens e os pensamentos de Junpei, mas também porque têm de ser tomadas decisões que ditarão o rumo do jogo. E neste jogo as nossas decisões tem verdadeiramente impacto no final! E os produtores não tiveram pejo em criar finais tristes e deprimentes.
Na verdade, há seis desfechos completamente diferentes, sendo que apenas um deles é considerado como o final verdadeiro e completo. E vamos ter de suar para lá chegar. A história está de tal forma bem construída que qualquer um dos seis finais apresenta reviravoltas e revelações essenciais para compreender os motivos das personagens e explicar vários mistérios e incoerências que vão surgindo no decorrer da aventura, nomeadamente o facto de cada um daqueles 9 desgraçados estarem naquele barco da morte. É, portanto, quase obrigatório procurar todos os finais para tornar a narrativa compreensível e obter o máximo desta experiência. Embora as playthrough posteriores à primeira possam ter alguns momentos mais mortos, pois já conhecemos alguns daqueles blocos de história, acreditem que é uma experiência que vale bem a pena.

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O jogo intervala, portanto, os momentos de puzzles, longos diálogos e as secções de exploração. O jogador tem liberdade para explorar os vários espaços que compõem este luxuoso paquete de enormes dimensões, desde os quartos, os lúgubres corredores, um casino, cozinha, cabine do capitão do navio, casa das máquinas, entre outros espaços que fazem parte do barco. Esta exploração permite recolher informações e objetos que se tornam úteis durante o avanço do jogador, avanço esse que normalmente está bloqueado por portas que se encontram trancadas por uma série de mecanismos e que requerem a prévia resolução de vários quebra-cabeças. Embora sejam maioritariamente simples, providenciam ainda assim um bom estímulo ao intelecto.

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A OST também é bastante boa, criando uma sensação de desconforto e até de insegurança nos momentos certos, perdurando no nosso imaginário por muito tempo. Em termos visuais, as expressões de cada personagem são transmitidas a partir de sprites 2D desenhados em estilo anime e que, pessoalmente, foram inteiramente do meu agrado. Pena que as entregas seguintes da série Zero Escape tenham piscado o olhos ao 3D, abandonando os belíssimos sprites 2D deste 999.

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Para mim, 999 é das melhores experiências da NDS, ainda que, admita, que não seja um jogo para todos, dada as suas características mais peculiares e que se afastam do pecúlio de ação e disparo que marca uma boa parte do mundo dos videojogos dos últimos anos. Para a malta que gosta de visual novels bem escritas este jogo é imprescindível. Para a malta que nunca pôs as patinhas num jogo deste género... 999 é o jogo ideal para vos tornar fã.
Quem é que já jogou este clássico da NDS? Que tal foi a vossa experiência?

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A versão original da DS só peca pela ausência dum flowchart, questão que foi corrigida nas versões mais recentes para as outras consolas.

É uma óptima experiência e a sequela, Virtue's Last Reward, não lhe fica atrás. A terceira entrada da série ainda está por jogar.
 
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