Anacom obriga Altice a permitir acesso à rede de fibra ótica em 612 freguesias

Mas isso faria sentido num contexto em que quando os concorrentes entram, entram num contexto de monopólio próprio. Como aconteceu no caso da rede de cobre/ADSL.

No caso da fibra isso não aconteceu. Partiram todos essencialmente do zero, uns investiram mais outros menos, uns tiveram uma estratégia mais bem sucedida outros menos.

E pode haver milhares de artigos sobre o paradigma regulatório, não é por isso que achar tudo normal. Sobretudo quando parte das situações que pretendem resolver foram causadas por decisões do próprio regulador / governo.
O senso comum diria que quem investe e quem inova deve colher os frutos desse investimento mas existem abundantes casos em que a presença de "poder de mercado" e de uma "posição dominiante" conduziram a situações altamente lesivas da concorrência. Partirem todos do zero no ano t é irrelevante pq o que conta é a estrutura do mercado relevante num determinado momento.

Agora, a parte que interessa: É tão invevitável o abuso das empresas que detêm esse poder, que o interesse púiblico se coloca, arrisco dizer, sempre, do lado do funcionamento equilibrado dos mercados, estimulando a concorrência. É por isso que existem reguladores setoriais e um regulador transversal que no caso dos primeiros, são recentes e ainda têm muito que evoluir. Pode haver erros de regulação, mas neste caso a anacom nao está a inventar a roda. O mecanismo já existe e foi criado precisamente para estes casos.
 
Nunca parte do zero quem herda a infraestrutura de uma antiga empresa pública, quem herda o core da rede em fibra (por muito que o last-mile seja ADSL), quem herda a responsabilidade regulatória que já existia de ter uma oferta aberta a terceiros em ADSL (se acaba a rede ADSL não me choca que essa obrigação seja transferida para a nova rede) e existe uma óbvia e brutal vantagem por terem herdado toda a infraestrutura de condutas e postes.
 
Ah, já percebi que não achas o termo o melhor. Tudo bem, entendido.

A questão é… quando comprou/herdou, herdou também as responsabilidades… não herdou só os direitos…

E é função dos reguladores e do Estado desmantelar estes monopólios dos incumbentes
 
Ah, já percebi que não achas o termo o melhor. Tudo bem, entendido.

A questão é… quando comprou/herdou, herdou também as responsabilidades… não herdou só os direitos…

E é função dos reguladores e do Estado desmantelar estes monopólios dos incumbentes
Não, quando comprou nada fazia prever que várias décadas depois ainda continuasse a ser castigada, nos investimentos realizados após a compra.

Este alegado monopólio na fibra não existia à data da compra. Pelo que usar essa desculpa da "herança" não faz nenhum sentido.
 
@nipnip monopólio está sobretudo na rede principal e na infraestrutura de suporte, postes e condutas, a facilidade com que construíram a rede.

E por outro lado no monopólio do mercado em determinadas freguesias.
 
@nipnip monopólio está sobretudo na rede principal e na infraestrutura de suporte, postes e condutas

E por outro lado no monopólio do mercado em determinadas freguesias.
Mas essa primeira parte já tem várias ofertas reguladas.

O monpolio em algumas freguesias só existe por uma motivo, a Altice quis investir lá. Os outros não.

Esta decisão, independente do que o regulador diz e com o apoio de quem, na minha opinião é uma aberração, e a médio/longo prazo faz é com quem ninguém tenha coragem de investir nessas zonas. Afinal para quê se se arriscam a uma decisão depois os obrigar a abrir mão dessa vantagem competitiva única que é esta presente onde outros não estão?
 
Concordo que se deva ceder postes e condutas para facilitar o acesso às outras operadoras, discordo que tenha de ceder um investimento onde se tenha injetado dinheiro de privados na construção de uma rede FTTH que custou milhares de milhões de euros a uma empresa
 
Esta decisão, independente do que o regulador diz e com o apoio de quem, na minha opinião é uma aberração, e a médio/longo prazo faz é com quem ninguém tenha coragem de investir nessas zonas. Afinal para quê se se arriscam a uma decisão depois os obrigar a abrir mão dessa vantagem competitiva única que é esta presente onde outros não estão?
Não é abrir mão, é obrigar a fazer uma oferta a preços justos e razoáveis em zonas em que há monopólio
 
A consequência é a mesma. Abrir mão da vantegem de estar presente onde outro não estão (porque não investiram para isso).
Bem, a parte de eles investiram nisso e os outros nao não é bem assim...
Todos os postes e infraestruturas que existem nessas freguesias foram construídas quando a pt era publica, ou seja com dinheiro público. E se assim é, para mim é justo que toda a concorrência possa ter acesso a essa mesma infraestruturas.
 
Bem, a parte de eles investiram nisso e os outros nao não é bem assim...
Todos os postes e infraestruturas que existem nessas freguesias foram construídas quando a pt era publica, ou seja com dinheiro público. E se assim é, para mim é justo que toda a concorrência possa ter acesso a essa mesma infraestruturas.
Outra vez arroz? O acesso a essas infraestruturas já tem ofertas reguladas...
 
Está bem, mas eles têm uma vantagem, o direito de controlo que têm sobre essas infraestruturas facilitou-lhes muito a vida (ao contrário dos outros, que pagam preços obscenos) e partem com a base de clientes do tempo de monopólio em que os clientes transitam diretamente da linha telefónica que têm há 50 anos para fibra
 
O problema foi que neste país as infraestruturas principais redes de fibra optica postes e condutas por onde passam os cabos não ficaram asseguradas por empresas privadas grossistas neutras mas sim por operadoras grossistas e ao mesmo tempo retalhistas.
Os sucessivos governos a bem do país e dos respectivos cidadãos e empresas deveriam ter regulamentado que apenas operadores grossistas poderiam instalar redes de fibra e usar postes ou condutas para fazer chegar as respetivas redes aos consumidores finais. Depois a partir daqui seria da responsabilidade dos operadores privados retalhistas MEO, NOS, Vodafone, Nowo , ONi , DIGI, Liga T etc fornecer os serviços de telecomunicações aos consumidores domésticos e empresas.
 
Concordo que se deva ceder postes e condutas para facilitar o acesso às outras operadoras, discordo que tenha de ceder um investimento onde se tenha injetado dinheiro de privados na construção de uma rede FTTH que custou milhares de milhões de euros a uma empresa
Aqui nota-se alguma confusão na informação que tem saído sobre este caso (e podia ter citado muitas outras mensagens deste tópico), suspeito que até por ignorância dos jornalistas. O problema não é o dinheiro de privados ou a regulação de mercado. O problema é mesmo o dinheiro público. E o problema não é a rede da meo. O problema é a rede da fibroglobal, que depois foi comprada pela meo. Essa rede foi financiada pela União Europeia através de um programa criado para levar redes de nova geração a zonas rurais onde o investimento de privados não seria rentável. O problema é que esse financiamento europeu tinha como condição que essa rede grossista fosse aberta a todos os retalhistas a preços concorrenciais e condições equalitárias. A fibroglobal ganhou o concurso para a zona centro e ilhas como a dst ganhou para as zonas norte e sul. E a dst está a cumprir com o contrato de financiamento com preços e condições que são conhecidas do regulador, ao ponto de os isps oferecerem ao cliente preços e serviços iguais aos da sua própria rede. A fibroglobal (agora da meo) desde o inicio fez um preço especial à meo e pede um balúrdio aos outros operadores. Daí a regulação estar a fazer o seu trabalho.
 
@tigerpunk Também demonstras algum desconhecimento, o regulador faz avaliações e impõe / aprova os preços nas duas redes grossistas.

Quanto ao resto não me recordo de nenhum país com boas comunicações que tenha um modelo de separação entre grossistas e retalhistas.

Mas por cá de certeza que um modelo desse género ia ser fantástico.
 
@tigerpunk Também demonstras algum desconhecimento, o regulador faz avaliações e impõe / aprova os preços nas duas redes grossistas.

Quanto ao resto não me recordo de nenhum país com boas comunicações que tenha um modelo de separação entre grossistas e retalhistas.

Mas por cá de certeza que um modelo desse género ia ser fantástico.
Não defendo a separação de grossistas e retalhistas. É um modelo que pode funcionar mas, num país pequeno como Portugal, termos cada operador a construir a sua rede também pode funcionar a até tem sido o mercado a criar algumas "partilhas" em zonas de menor densidade populacional.
A questão é que quando existe financiamento público, nacional ou europeu, a separação da actividade grossista e retalhista tem de existir através da regulação de preços e condições que garantam acesso livre a todo o mercado.
Financiamento público para beneficio de uma única empresa seria peculato.
 
Ok , concordo na rede Fibraglobal, que é uma fatia pequena da rede FTHH da Altice, mas o resto da sua rede foi construída por dinheiro privado, chegando a lugares onde as outras históricas jamais irão investir…Isto é como teres construído a tua casa e obrigarem te a meter inquilinos a força.Mas mesmo assim, creio que a Altice vá inflacionar os preços na mesma, mas o mais certo também é vender a operação em Portugal e quem comprar, com certeza um fundo, e aí, talvez já se acabe esse processo.
 
Back
Topo