Eu vou ser honesto, não tenho certeza do modelo económico Spotify ser lucrativo. O modelo livre passa um anúncio comercial sonoro a cada três músicas tocadas (salvo erro), pelo que deduzo que o modelo premium seja o que sustenta o sistema. Mas tudo correto, livre com qualidade média e com anúncios, premium com qualidade máxima e sem anúncios. Teoricamente corretíssimo.
Não sei é se estará a dar dinheiro (entenda-se dar lucro) ou não e entenda-se lucro não já mas em termos de estar provado que é um modelo sustentável e lucrativo a médio/longo prazo. Acho que isso ainda não está demonstrado, a avaliar pelos resultados contabilísticos da empresa ao longo dos anos e pelas projeções.
Mas falando de filmes e séries... e lembrando-nos que temos que estar a olhar para o ecrã porque falamos de conteúdo de vídeo... Ora bem: publicidade na página do stream (por cima, por baixo, nos lados); publicidade antes de começar a ver; publicidade durante a reprodução (tal como a pausa para publicidade na tv) e por mim podiam fazer 4 a 6 paragens por filme de duas horas; e ainda podem meter publicidade em cima da tela, seja encolhendo ligeiramente o ecrã para lá meter uns banners durante uns segundos (como já fazem por exemplo nas televisões dos States) ou até espetar um banner em cima do ecrã durante uns segundos (como também muitos nos States fazem!
). Para além disto há ainda os tradicionais dados (ou metadados) que se recolhem dos utilizadores do site.
Isto são muitas maneiras de fazer dinheiro e ainda há muitas mais maneiras de inovar mas nem vale a pena inventar mais. Um site assim que reunisse conteúdo era dos sites mais acessados no planeta.
Este modelo nem justificava ter um modelo pago. Ou melhor justifica sempre (obvio, dah!) mas o que quero dizer é que não seria necessário sequer haver um modelo pago para garantir a sustentabilidade do projeto.
Olhando para a coisa, a lógica será cada qual fazer o seu site de streaming. Tal é a mina de dinheiro e a facilidade com que tal se faz que não justifica estar a licenciar ou a consignar o conteúdo a terceiros, por lógica cada grupo fará o seu site, por exemplo um site para passar o conteúdo das empresas subsidiárias da 21st Century Fox. Dou este exemplo específico porque estes detêm grande parte do Hulu, não é uma posição maioritária mas também não é pequena.
Cada qual com o seu site, sendo só é mesmo necessário lá ir para se ver o conteúdo. Seria algo parecido como voltar aos modelos de tv antes de haver a televisão paga, que diga-se de passagem dava dinheiro. Mas este modelo será sempre muitíssimo mais lucrativo do que era a tv livre, as formas de vender publicidade são mais alargadas, existe a recolha de dados e interatividade e nem vale a pena falar que os custos são drasticamente menores. Manter um canal de tv no ar custa x, ter mil 'salas de streaming online' custam todas juntas muito menos do que manter um único canal de tv no ar que só passa um conteúdo de cada vez.
Ah e claro, torna a pirataria obsoleta. Continuará a existir pirataria e sempre haverá pirataria, mas fará o peso dela cair abruptamente e para valores talvez até sem expressão.
O futuro é isto. Mas o que me chateia é que toda a gente do meio sabe isto, desde o CEO até ao estagiário na sala de correspondência. Por isso digo que não há lógica nenhuma em andar a perder tempo com guerras a sites piratas quando a solução é simples. Estas guerras têm mesmo que ter outra explicação qualquer, um bocado para o lado do obscuro.