é o resultado de uma lei que regula o funcionamento da chamada economia de mercado e que se chama Lei da Oferta e da Procura. De forma simplista, diz que o preço de um bem ou serviço é ditado pelo equilibrio que se estabelece entre quem vende e quem compra (e não por iniciativa exclusiva de um dos lados).
Acho piada como é que para os serviços de um Designer, a iniciativa do preço tem que cair para os lados do cliente; mas para quem pretende contratar um Advogado, por exemplo, já sabem que vão ter que alinhar pela bitola daquilo que o profissional pedir.
Numa verdadeira economia de mercado, (leia-se: digna desse nome) o trabalho de outrém não é desvalorizado para amendoins, como tantas vezes se assiste; não só no caso dos Designers.
Se o mercado dos videojogos, por exemplo, funcionasse dessa maneira; já há muito que teriam tido a mesma evolução de preços dos DVD, que passaram dos 35 para os 19/20€; e estariamos agora a pagar perto de 30/35€ por um jogo e não os 65/70€ que actualmente nos pedem.
Isto da lei da oferta e da procura é muito bonito, mas é quando as coisas não são corrompidas pela falta de cultura/visão de toda uma sociedade que se acha no direito de cobrar quatorze contos no preço de uma peça de cultura como um jogo, (um valor claramente inflacionado não só pelos impostos "inventados" à pressão pelo nosso sistema fiscal, como tentativa de justificar o avultado preço pedido por uma peça de cultura como se de um luxo se tratasse; como pela cota parte de vezes que cada intermediário "deita a mão" à sua parcela de lucro, também neste caso inflacionada) e ao mesmo tempo acha-se no direito de pagar uns míseros 10 contos pelos
serviços e tempo dispendido de um profissional em trabalho e pesquisa, que não só andou anos a fio a estudar e a formar-se em variados tipos de cultura visual, para ser realmente capaz de levar a cabo um trabalho deste calibre com ponta, pés e cabeça de modo a que o resultado final não seja o de um trabalho feito às 3 pancadas por um qualquer "photoshopeiro" aí da esquina!
Chama-se a isto, inversão/crise de valores!
atenção, que uma coisa é um site mau, outra é um site básico. uma página de apresentação com os serviços da empresa e os contactos é suficiente para muitas empresas. é preciso algum site xpto para isto? não.
Não. Não é preciso um site todo "xpto" para isso, mas é preciso um site funcional e
legível!
Lá porque o site é suposto ser "básico" não significa que se devam descurar todas as regras de composição, leitura e proporções "básicas" para uma "peça visual" ser bem "lida"!
Estas regras valem tanto para sites, logótipos, páginas, capas de revistas, CD's, livros, etc...
Senão qualquer zé-manel da esquina que tivesse uma cópia do photoshop ou do freehand fazia "design"; e não era preciso um gajo andar anos a fio a marrar esta matéria na escola, a aprender regras de composição, teorias de gestalt, escolha de fontes apropriadas, harmonização do aspecto visual do site/logótipo/imagem corporativa com o conceito da empresa, etc, etc, etc...
Quando se pedem os serviços a um Advogado ou a um Engenheiro, toda a gente já assume que vai largar uma pequena fortuna; mas quando é para contratar os serviços de um Designer, põem-se a regatear como se estivessem a regatear com as varinas da feira. Como se um Designer valesse menos do que outro profissional qualquer e não tivesse direito a uma remuneração justa de acordo com as horas de trabalho dispendidas, férias, subsídios, etc..
O reflexo da falta de esclarecimento de toda a cultura visual no nosso país. O mesmo país que despreza meios de comunicação tão eficazes como a banda-desenhada, relegando-a como "coisas para putos"!
E com os videojogos passa-se rigorosamente a mesma coisa!
Cumps!
\w/