Sr. Durão tenta levar patentes de software na Europa para a frente

Como diz a minha mãe... "money talks, bullsh!t walks..."

Será possível nós excluirmos esse senhor da nacionalidade portuguesa? Que vergonha...
 
blastarr disse:
As grandes Corporações têm dinheiro e influência para comprar e patentear mesmo coisas que não foram inventadas por eles, concorrência desleal portanto.

E não é só as grandes corporações poderem patentear carradas de coisas, do mais sofisticado ao mais simples que se possa imaginar (tipo "double-click"). É que cada uma delas "arma-se" com toneladas de patentes, depois entram em acordos entre elas de "não agressão" e/ou troca de patentes e o que temos? Uma pequeno grupo de corporações passam a controlar tudo e a não deixar ninguém "levantar cabelo".

Mais alguns tópicos para este assunto:

1. Não é o Parlamento Europeu o mau da fita neste assunto. O PE é, aliás, o bom da fita, pois são eles que estão a favor que se reveja e reinicie todo o processo.

2. A má da fita é a Comissão Europeia (CE). Estão a ver? Aquele grupinho (ou grupelho) de comissários europeus, que nem sequer são eleitos (como o PE) mas sim nomeados.

3. Foi a CE que criou o texto actual. Texto esse que começou há uns anos, pela CE e que já foi apresentado, numa primeira leitura, na PE. Nessa altura o PE não aprovou e antes propôs grandes alteraçõe ao texto. Alterações essas que eram boas para os "anti-patentes de software" na vertente dos métodos e conceitos. Boas porque não permitiam a patentabilidade dos tais métodos, conceitos, ideias. Consideraram basicamente que o "copyright" é suficiente e já proteje programas. Coisa que está correcta, no meu entender.

4. A CE pegou nas alterações do PE, removou tudo e ainda aumentou mais a gravosidade da situação. Texto esse que está agora em discussão.

5. Os "meninos" da CE têm, entretanto, procurado fazer a sua proposta "entrar pela porta do cavalo". Ou seja, esta história da União Europeia (UE) tem umas regras algo esquisitas e diria, pouco democráticas. Existe uma coisa que são os A-Item (Items A). O que é isto? É algo a que, supostamente, já se terá chegado a concenso no seio da União e que como tal, pode ser ratificado num Conselho de Ministros da União. Tipo quando os Ministros das Pescas e Agricultura se reúnem para discutir sobre os seus assuntos específicos (alargamento de quotas de pesca, por exemplo). Pois bem, os nossos meninos da CE, já tentaram por, pelo menos, 2 vezes, fazer a sua proposta avançar em reuniões de ministros de Pescas e Agricultura. Ou seja, na agenda duma dessas reuniões adicionam a proposta como Item A e, caso nenhum dos países representados, pelos ministros (das pescas a discutir patentes de software!!!!!!!), levante nenhuma objecção a proposta fica imediatamente aprovada. O que sucedeu foi que, nessas 2 ocasiões. teve de ser alguém da Polónia (grandes heróis, diga-se de passagem) que lá apareceu a objectar. O homem nem era de Pescas, era, creio, secretário de Estado da área de Informática e foi até lá para objectar.

6. Mas a Polónia não é de ferro e deve ter sido bastante apertada (lembrem-se que eles entraram agora e têm uma agricultura a precisar de muitos apoios, etc), não só por alguns países, como se especula que grandes companhias, tipo Siemens, Philips, etc, etc, lá terão ido falar com o Governo e dizer que, assim não dá, não deixam isto avançar e nós não investimos aqui. Resultado: a Polónia já não levantará mais objecções, por sua iniciativa.

7. Já depois disso, o PE, através, primeiro, de uma comissão da área da justiça (JURI) e, depois, numa reunião de lideres de todos as famílias politicas, disse, por unanimidade, que o assunto teria de ser abortado e voltar à estaca zero ("restart").

8. Mesmo com todas estas premissas, a CE, cega e surda, continua a querer avançar com o assunto tal como está.

9. A culpa não é propriamente do Durão Barroso, pelo menos a culpa principal. O Durão é mais uma marionete que para lá anda. O problema é que o processo já estava há muito em marcha quando ele foi para lá e ele não é ninguém para dizer que agora se vai parar. Maiores culpados são o Comissário dos Assuntos Internos, McCreevy, que, coincidência (not!) é da Irlanda. Caso não saibam a Irlanda, por ser um paraíso fiscal para as empresas estrangeiras, tem lá sediadas montanhas de empresas americanas, nomeadamente a M$. E aqui é que a porca torce o rabo. Estas empresas investem fortemente na Irlanda e esta tem de os proteger na UE.

10. Sabiam que a M$ (e as outras) só pagam 10% de IRC na Irlanda? E sabiam que tudo o que a M$ vende na Europa é vendido a partir da Irlanda? Isso quer dizer que apenas pagam 10% sobre os lucros de TUDO o que é vendido, seja em que país for. E como já pagaram lá, quando transferem a massa para os EUA, não pagam mais nada, porque já pagaram uma vez.

11. E a M$ quer avançar com isto a todo o custo por uma única razão: LINUX. Que se desiludam se pensam que é por outra razão. O facto é que a M$ está aterrorizada com o Linux. Pode não parecer, olhando para as respectivas quotas de mercado hoje, mas pensem. A M$ usou sempre as mesmas tácticas para destruir a concorrência: ou os comprava ou fazia-lhes a vida negra (comercialmente) por todas as formas, fossem elas legais ou não (exemplo: Netscape, onde foram condenados na Justiça; claro que depois veio a Administração Bush [grandes amigos das corporações] e acabaram por não os sancionar quase nada). Ora estas tácticas, com o Linux, não funcionam. Não podem comprar o Linux (kernel) porque pertence a uma infinidade de pessoas (que contribuiram para ele) e não está nem estará à venda. E quem escreve o kernel não anda à procura de lucro. Logo não os podem destruir sobre este prisma. Pensem também o que se passa actualmente: tudo o que é jovem estudante, nestas áreas, está a ser exposto ao Linux nas Universidades. Mais e mais pessoal se interessa e passa a ficar fan. E o que sucederá daqui a uns tempos? Esse pessoal acabará por ir para empresas e alguns assumirão lugares de chefia. Logo tenderão a influenciar a adopção do Linux nessas empresas. E não só na área de servidores. A parte de desktop tem avançado e continua a avançar a todo o vapor. Mais uns tempos e o nível de "user-friendliness" do Linux vai-se assemelhar muito ao do Windows. Também o número e qualidade de aplicações para Linux vai aumentando.

12. O que pode então fazer a M$? Patentear tudo e mais alguma coisa. É o que têm estado a fazer desde há uns anitos, desde que começaram a aperceber-se da ameaça Linux. E para quê? Para não permitir que essas "features" ou métodos possam ser usados pelos programadores de Linux. E não só para isso. Mesmo que tenham uma patente e que esta não faça sentido (porque já alguém antes da M$ a tinha inventado e demonstrado/usado) ou não se aplique exactamente ao assunto, podem perfeitamente lançar processos em tribunal contra "developers" de "open source". Resultado: esse pessoal, normalmente, não tem recursos para se defender, não ganha nada por aquilo que faz e tem de desistir do trabalho. É esta a estratégia da M$. É por isso que eles andam desesperados para que as patentes avancem na Europa.

13. Entretanto e mesmo que a CE, com o seu actual fantoche a liderar (tirando o Delors, foram todos uns fantoches, por isso é só mais um) avance com a proposta, esta ainda terá de ir ao PE, para uma segunda leitura e aprovação final (ou não). E é aí que a coisa pode ser chumbada definitivamente e ter de se reiniciar. Mas não é fácil embora hajam sinais encorajadores. E não é fácil porque tem de existir uma maioria qualificada a rejeitar. Isto quer dizer que 50% + 1 dos deputados europeus têm de rejeitar. Mas não são 50% +1 dos presentes nesse dia. São 50% +1 de todos os deputados eleitos. Os que faltarem nesse dia contarão a favor da aprovação. Estão a ver a democraticidade da coisa?!?!?

Mais alguns tópicos:

a) O único país que se opôs, a 100% a esta fantochada, na altura em que foi votada em Conselho de Ministros, foi a Espanha. Nenhum outro país o fez. Estou a falar da proposta que anda agora em cima da mesa, portanto após ter saído da primeira leitura do PE.

b) Os parlamentos de 4 países (Holanda, Alemanha e mais 2 que, de momento, não me recordo) votaram, indicando ao respectivo (des)Governo que se oponha, no seio da UE (Conselho de ministros) a esta fantochada. Apesar disso, esses Governos têm-se mantido mudos e quedos.

c) Tenho acompanhado esta saga porque também venho a seguir, desde há muito, uma outra saga, o processo SCO v. IBM (e SCO v. Daimler Chrisler e SCO v. Novell e Red Hat v. SCO e SCO v. Autozone), através do site www.groklaw.net . Neste site, favorável às cores do "open source" mas onde se procura fazer um repositório exaustivo de tudo o que tem sucedido nestes casos, procura-se fazer a defesa do "open source", na arena da Justiça, através de pesquisa de informações. E apesar da ideia inicial ter sido a de procurar seguir apenas o referido processo (de certo modo conhecido como SCO v. Linux), o site tem procurado ser uma voz contra tudo o que sejam ataques ao "open source", venham eles de onde vierem. E é aí que entra esta questão das patentes de software na Europa.

Se chegaram até aqui: PARABÉNS. ;) E parabéns a mim que me meti para aqui a escrever a pensar que alguém terá pachorra de ler tudo isto. :joker:
 
Em relação à mensagem anterior, desculpem algum erro ortográfico, falta de pontuação, etc, mas não há pachorra para rever aquilo tudo. Sorry.

Outra coisa, algumas coisas estão um pouco simplificadas porque não dá para estar a explicar tudo pormenorizadamente. Nalguns casos teria de ir pesquisar e em qualquer caso ficaria um testamento ainda maior do que já está.

A ideia no fundo é esta: esta treta das patentes no software só interessam às grandes corporações. E na área da Informática, que é o que mais nos interessa, por estes forums, interessa quase exclusivamente à M$. E se interessa à M$ isso não pode ser bom para os seus concorrentes, especialmente para o Linux, único concorrente real que resta (e restará por muitos e bons, espero! até à M$ ter de se vergar).

A propósito de patentes, uma coisa gira: segundo parece, os codecs que a M$ uso no seu (?) WMV parecem basear-se em grande parte em patentes que pertencem à Sony e à Philips. Mas a M$ tem sempre dito que o WMV é de sua exclusiva autoria. Está-se a preparar uma possível grande batalha legal (ou de acordos muito curiosos nesta área) bastante interessante. Poderia significar a saída da M$ desta área onde têm apostado forte. E reparem que a Sony é concorrente da M$, nomeadamente com o Blu-Ray. A M$ está do lado do HD-DVD e propôs uma versão do seu codec WMV, denominado VC1 (salvo erro) para ser um dos standards do HD-DVD. Ora se a Sony estiver para aí virada, a M$ pode vir a sofrer as "passas do Algarve" nesta sua divisão de negócio. :x2:
 
johnzap, eu cheguei até ao fim. Bom post.
Já agora, podias adicionar ai algumas referências para além do http://www.groklaw.net/ para o psl se poder informar melhor.
Tambem segui o caso SCO vs IBM e derivados durante algum tempo, mas depois acabei por perder a paciência uma vez que aquilo era uma palhaçada total e andava de requirimento em requirimento.
 
johnzap bom post, obrigado pelo tempo e informaçao prestada :)

Sem dúvida é preocupante de a M$ consegue as pantentes que quer...a ver vamos no que dá.

[]´s
 
uma crónica mt interessante de ler:

Open Source "Uma questão fundamental para a Europa e o mundo"


No seminário que organizou dedicou uma sessão ao software de código livre ou open source, onde não faltou a habitual polémica com um representante da Microsoft. Parece-lhe que, para a Europa, a aposta no software open source é importante?
A questão do open source é fundamental. Eu diria mesmo que é a questão mais importante, neste momento. No mundo da tecnologia de informação e não apenas para a Europa mas para o mundo. E a última coisa que se deve fazer é transformar isto numa questão ideológica, como a Microsoft deseja, tentando apresentar os defensores do open source como um grupo de anarquistas ou comunistas digitais. Foi o open source que fez a Internet. Sem open source a Internet não existiria e uma grande parte das operações que fazemos no dia-a-dia não existiriam.
Todos os protocolos e todo o software fundamental que deram origem à Internet foram produzidos fora de empresas comerciais, por universitários ou inovadores, colaborando voluntariamente, pela pura paixão de criar. O princípio do open source não é algo que tenha sido inventado ontem. A ciência sempre funcionou em código aberto. Muita gente não sabe que dois terços dos servidores de Internet usam o software Apache, que é open source.
Mas é qual a razão da sua defesa do open source?
É uma questão de qualidade. O open source é muito melhor software, é mais robusto e menos vulnerável aos vírus.
Por muitos milhares de programadores que a Microsoft possa contratar isso não é comparável com uma rede mundial de voluntários que vão aperfeiçoando o software.
Uma das vantagens desta rede de criadores é que ela dá origem a uma enorme diversidade. Por isso, os vírus têm a vida mais complicada.
A IBM neste momento apoia o open source - nada impede aliás que sobre código livre se desenvolvam aplicações comerciais. Há muitos milhares de empresas que vivem disso.
Acha que deveria haver um critério de preferência do software open source por parte da administração?
Sem dúvida nenhuma. Pela simples razão de que há maior qualidade, maior capacidade de adaptação às necessidades concretas dos utilizadores e é muito mais barato. É estúpido pagar mais por software de pior qualidade.
É verdade que, como não existe um serviço de manutenção de muitas das aplicações open source, há alguns problemas. Mas a administração pode dar o exemplo, como está a fazer o Brasil. O Brasil está a preparar uma lei que vai obrigar toda a administração brasileira a usar software open source. Não vai impedir as empresas de usar outros produtos, mas a sua administração vai tomar essa medida.
Falou-se no seminário que seria muito interessante se o Brasil e Portugal tomassem uma iniciativa conjunta neste sentido, aproveitando a sua língua comum. Podia criar-se uma indústria de software livre em Portugal, com um fácil acesso a um grande mercado como o Brasil e de forma articulada com este esforço da administração brasileira. Este esforço podia mesmo apoiar-se em empresas como a IBM, a Oracle ou a Sun, que hoje em dia trabalham em open source. Há, neste momento, mais multinacionais de informação a trabalhar em código aberto que em software Microsoft. Se são comunistas digitais, então a IBM tornou-se comunista.
in publico
 
post mto interessante _zZz_

saiu tb um artigo extenso na visão, a ver se o posto nesta thread ou numa nova, k ja ta a ficar offtopic

EDIT: nessa noticia do publico, ver tambem os links em baixo, completam a noticia e têm informação que tem mais a ver com este post
 
Última edição:
Vão continuando a postar aqui ou noutras threads cenas relacionadas com este assunto, uma vez que é material para a apresentação que vou fazer sobre open-source em portugal (aplicações e projectos).
 
Não, eu ando a investigar por mim mesmo, mas têm posto links bastante interessantes, de onde até tenho retirado alguma informação.
Se bem que a minha palestra não se encontra directamente relacionada com este tema . n vou falar sobre patentes
 
corrijam.me se estiver enganado mas as janelas , o rato , o conceito de multitarefa, taskbar's ... nada disto foi criado pela M$ sendo assim e se a M$ pode patentear mta coisa entao kem criou isto tudo tb pode patentear... enfim... isto tá mto complicado... ha mto pouco exclarecimento sobre isto tudo... patentes sobre conceitos acho mto complicado , n me parece
 
Mesmo não sendo criado por eles, podem comprar compainhas mais pequenas, e depois conseguir as patentens. Basta dinheiro, gira tudo à volta de dinheiro....e se n for a microsoft é outra igual ou pior. E depois ou compras o software ou n operacionas um pc... a ver vamos o desenvolvimento disto

[]´s
 
johnzap disse:
(...)
9. A culpa não é propriamente do Durão Barroso, pelo menos a culpa principal. O Durão é mais uma marionete que para lá anda. O problema é que o processo já estava há muito em marcha quando ele foi para lá e ele não é ninguém para dizer que agora se vai parar.
(...)
c) Tenho acompanhado esta saga porque também venho a seguir, desde há muito, uma outra saga, o processo SCO v. IBM (e SCO v. Daimler Chrisler e SCO v. Novell e Red Hat v. SCO e SCO v. Autozone), através do site www.groklaw.net . Neste site, favorável às cores do "open source" mas onde se procura fazer um repositório exaustivo de tudo o que tem sucedido nestes casos, procura-se fazer a defesa do "open source", na arena da Justiça, através de pesquisa de informações. E apesar da ideia inicial ter sido a de procurar seguir apenas o referido processo (de certo modo conhecido como SCO v. Linux), o site tem procurado ser uma voz contra tudo o que sejam ataques ao "open source", venham eles de onde vierem. E é aí que entra esta questão das patentes de software na Europa.

Relativamente ao Durão Barroso... é só o nomeado (ainda ninguém conseguiu descubrir porquê) para presidente da Comissão Europeia. Se ele pode fazer alguma coisa? Claro que pode, é o PRESIDENTE. Se concordo contigo que é mais uma marioneta e nada vai fazer? :rolleyes: É mais do que óbvio. Esperemos que o PE vete a proposta.

Tive curiosidade (não conhecia a empresa) de ver o site dessa SCO, que parece ter processos contra toda a gente :-D. Na "company info" vi que era uma empresa americana que desenvolve software para as PME's e usam UNIX, mas as 5 reasons :confused:...
 
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