A arte de ver

Que grande feira que para aqui vai!
Nunca tinha lido este tópico, e li-o agora muito rapidamente, concordei com algumas posições, e discordei de outras, o que acaba por ser perfeitamente natural, mas foram discutidos pontos que eu considero bastante relevantes.
Não vou entrar em grandes debates, até porque neste momento não tenho tempo para isso (curiosamente, estou a estudar para uma frequência de história da arte e do design).
Por exemplo, achei bastante pertinentes as posições do Adolfo Dias, e atenção que não estou a dizer que concordo com elas, pois também acho que toda a questão do gosto é muitas vezes desprezada por muitos "academistas" das artes. É fundamental uma pessoa poder dizer, gosto disto, ou não gosto daquilo. Agora, é também fundamental, uma pessoa depois de fazer essa afirmação, saber explicar os motivos que o levaram a gostar ou não de uma coisa, caso contrário essa posição é completamente nula. Ninguém gosta ou desgosta de algo porque sim ou porque não, por vezes nem sequer sabemos bem quais os argumentos para tal, mas eles estão lá e devemos procura-los, e debate-los, sim, porque os gostos também são discutidos e educados.
Daí ser também fundamental a questão da formação, que o Rui estava a defender. Parece-me relativamente pacífico que quanto maior for a nossa formação, mais "ferramentas" teremos precisamente para justificar as nossas tomadas de posição. Vejamos no caso da arte, se tivermos o senhor X que é uma pessoa que sempre viveu no mundo rural, a cuidar dos seus terrenos e do seu gado, e nunca saiu da sua aldeia, e tem uma formação escolar básica, por exemplo até ao 4º ano, juntamente com o senhor Y que dedicou grande parte da sua vida ao estudo da obra de, por exemplo (já que o Adolfo Dias falou nele), Picasso, em frente a uma obra precisamente de Picasso, e lhes pedirmos as suas opiniões, certamente teremos opiniões distintas, focadas em aspectos completamente díspares uns dos outros, no entanto, ambas as opiniões, desde que justificadas serão perfeitamente válidas, aliás o senhor X, poderá ter argumentos com os quais o senhor Y poderá concordar e até agradecer lhe terem sido mostrados pois com todo o conhecimento que tem sobre a vida e obra do artista criador da obra, nunca iria ter o afastamento necessário ou até o background cultural completamente distinto para reparar neles. Agora, provavelmente, o senhor Y que estou picasso a vida inteira, terá uma certa legitimidade para poder afirmar certas coisas sobre a sua obra que o senhor X não terá, assim como provavelmente conseguirá entrar em conversas sobre promenores técnicos, influências, podendo mesmo arriscar-se a falar nos objectivos das suas obras, etc etc..
Bem, eu tenho que ir estudar, e já estou a começar a alongar-me, queria só deixar aqui também a minha opinião sobre outra questão que li, que é a de que não se aprende a ver, nem a desenhar, etc, isso para mim é completamente falso. Eu não acredito que o tipo X tem um dom para fazer não sei o quê, nem em gajos que já nasceram artistas. Acredito sim, que certas pessoas, nasceram e foram desenvolvendo pre-disposições para certas áreas, mas que de pouco ou nada lhes servem se não forem desenvolvidas.
Um exemplo, há quem diga que eu desenho bem (pessoalmente não acho que desenhe assim tão bem, mas isso é outra questão), mas a verdade é que para eu desenhar como desenho hoje (independentemente de desenhar bem ou mal), já fiz milhares (e não estou a inventar) de desenhos em toda a minha vida. Quando era puto, desde cerca dos meus 4 anos, passava a vida a desenhar, e foi assim até aos dias de hoje. Ando sempre com blocos comigo, porque a qualquer altura vejo algo que me interessa, ou tenho uma ideia qualquer para uma ilustração, e sinto a necessidade de a registar. É a mesma coisa com o chamado saber ver, ou criar composições, é tudo uma questão de treino. É extremamente raro alguém que tenha aquilo que alguns chamam de dom e eu como já o disse chamo de pre-disposição (que diga-se acho que tem uma componente genética, mas é maioritariamente cultural) conseguir bons resultados sem praticar. Assim como é extremamente raro, alguém que não tenha esse tal "factor", mas que treine e pratique incansavelmente não conseguir bons, ou até excelentes resultados. Muitas vezes o que as pessoas precisam é de um elemento catalizador que lhes desperte a vontade.

ps: Para o autor do tópico, o que eu te aconselho mesmo, é a comprares no mínimo um bom livro de história de arte e começares a estudar desde a pré-história até aos dias de hoje, preferencialmente de forma cronológica. Depois vais começar a aperceber-te daquilo que realmente gostas, dos movimentos, dos artistas, etc, e então vais facilmente encontrar esses tais livros que procuras. E depois vais ver que vais começar a ler e a descobrir e a investigar sobre o que gostas muito, o que te é indiferente, e até o que não gostas mesmo nada, porque vais ter o bichinho de saber mais sobre essas coisas. E depois vais descobrir obras fantásticas da autoria de artistas que não gostas particularmente (isto acontece-me muito com pintores cujas telas me passam completamente ao lado, e no entanto os desenhos e esquissos são espectaculares), e vais começar a gostar de coisas que anteriormente não gostavas e gostar menos de outras que anteriormente adoravas. Mas nunca tudo isto te trará tanta realização se não o fizeres por ti. Obviamente que podes e deves consultar outras pessoas, mas faz tu as tuas pesquisas e descobre tu aquilo que gostas, é o melhor que te posso recomendar.

Edit: Eu já sabia que ia sair um wall of text, e quase nem desenvolvi argumentos.. Estes temas são muito complicados para debater em foruns..
 
Última edição:
Gostei da tua exposição e argumentação, dasens. Quanto ao começar por um bom livro de história de arte, é isso mesmo que vou fazer. Sinto que necessito ver obras de diversos artistas para desenvolver o meu próprio estilo. E claro, aprender muito e praticar muito antes de chegar a essa meta.

Curiosamente e contrariando a opinião de algum membros que aqui postaram, já sinto diferenças nas minhas fotos, após a leitura de um livro sobre Composição de um pintor norte americano, que me fizeram começar a olhar para as coisas de outra forma, encontrando formas abstractas onde eu não as via, vendo linhas onde jamais as vi, curvas, movimento, harmonia, fluidez, etc. Está a ser uma experiência muito interessante. Vou na rua e dou comigo a olhar para coisas que nunca olhei antes. E claro, já consigo imaginar como poderá sair uma foto daquilo que estou a ver. E igualmente interessante é que já começo a saber criticar as minhas fotos, o que é muito positivo. CONCLUSÃO: É muito bom estudar composição e design, para quem se debate com problemas de criatividade, harmonia, estética, etc. Isto é um processo evolutivo de ANOS, mas cada dia é uma experiência nova e a evolução vai-se sentindo na nossa forma de representar arte, que neste caso é a fotografia.
 
Eu gosto de mousse de chocolate, terei que ir fazer um curso de engenharia alimentar ou de chef de cozinha para saber porque gosto da mousse? Lá me interessa se os grãos de cacau foram torrados à temparatura X, ou remexidos 8 vezes por dia por anões da Birmânia...

Se calhar é por essas questões não te interessarem que não as sabes..
Mas a questão nem sequer é essa.. Certamente sabes porque é que gostas mais de mousse caseira do que da instantânea (ou vice-versa, nunca se sabe), porque é que gostas mais quando comes mousse nuns sítios do que nos outros (porque o chocolate é diferente, porque leva menos açucar, etc).
Eu quando escrevi já sabia que tinha que vir alguém com um exemplo de alimentação, que é um bocado diferente daquele que estava a ser falado, no entanto, caso um cozinheiro esteja a tentar fazer a melhor mousse de chocolate possível, e perguntava-te qual era a que tu gostavas mais, e tu dizias é a do sítio X. E ele de seguida perguntava-te porquê? E tu respondias porque sim. E se outra pessoa na mesma situação indicasse igualmente a mousse do sítio X, mas argumentando que era realmente porque os grãos de cacau foram torrados à temperatura X, e remexidos 8 vezes por dia por anões da Birmânia. Qual achas que seria a validade da tua escolha? Nenhuma. Eu não percebo como é que alguém pode defender a falta de argumentos para justificar uma escolha ou um gosto. Como neste invulgar exemplo que está aqui a ser discutido, achas que interessa alguma coisa ao cozinheiro saber se tu comes a mousse do sitio X, ou do Y ou até feita em casa? Ele quer é saber o que te faz gostar daquela mousse. Passando para o abstracto, "ninguém" quer saber do teu gosto só por si, precisamente porque aquilo de que tu gostas só por si não vale nada, e esse teu gosto só ganha significado com os motivos que lhe são inerentes.
 
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É fundamental uma pessoa poder dizer, gosto disto, ou não gosto daquilo. Agora, é também fundamental, uma pessoa depois de fazer essa afirmação, saber explicar os motivos que o levaram a gostar ou não de uma coisa, caso contrário essa posição é completamente nula.

Eu não acredito que o tipo X tem um dom para fazer não sei o quê, nem em gajos que já nasceram artistas.

em relação à primeira parte é em parte o que eu tinha dito.
mm n sabendo o pq da pintura ser assim posso desgostar pelo simples facto de achar que o verde e o azul misturado fica feio.

qt ao resto discordo.
há pessoas que nascem com talento, senão era meter um gajo qualquer que nc tocou piano na vida numa academia e esperar que saisse de lá um Mozart

eu n sei desenhar absolutamente nada, um amigo meu desenha bastante bem. sai-lhe naturalmente
 
há pessoas que nascem com talento, senão era meter um gajo qualquer que nc tocou piano na vida numa academia e esperar que saisse de lá um Mozart

Como disse o dasens, convém haver alguma pré-disposição, um "jeito" para a coisa... Mas tal como não é qualquer um que entra numa academia e se torna um Mozart, também não é qualquer um que sem passar por uma faz o mesmo. Ou seja, esforço por si só pode não ser suficiente, mas o talento também não o é.

E em relação à evolução, eu comprovo isso todos os dias em mim próprio. Quando fiz as primeiras reportagens a minha visão achava aquilo tudo feito e fotografava um bocado na base do "o importante é apanhar o gajo, porque de feio não passa". Hoje, depois de mais de 20.000 fotos só em reportagem, tenho uma visão completamente diferente das coisas e já acho que há planos/ângulos/enquadramentos que dão muito mais graça à coisa.
 
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em relação à primeira parte é em parte o que eu tinha dito.
mm n sabendo o pq da pintura ser assim posso desgostar pelo simples facto de achar que o verde e o azul misturado fica feio.

qt ao resto discordo.
há pessoas que nascem com talento, senão era meter um gajo qualquer que nc tocou piano na vida numa academia e esperar que saisse de lá um Mozart

eu n sei desenhar absolutamente nada, um amigo meu desenha bastante bem. sai-lhe naturalmente
Sem dúvida que é inato, mas aperfeiçoa-se e com MUITO trabalho. Como diz no artigo no link acima, milhares de horas. E aqueles que não nasceram com o "dom", se puserem o mesmo esforço, também chegam lá. O que quero dizer com isto e no que diz respeito à fotografia é que a arte de ver, de entender e interpretar imagens, a sua estrutura, dinâmica, efeitos psicológicos e mensagem, de contar uma história através de uma fotografia, aprende-se. Aprende-se estudando composição e design, aprende-se vendo, aprende-se estudando o trabalho de outros, aprende-se praticando e praticando e lendo mais e continuando a praticar até desenvolvermos o nosso próprio estilo.

Se alguém te ensinasse a desenhar, linha por linha, traço, por traço, em que tivesses que repetir a mesma coisa milhares de vezes, garanto-te que ao fim de milhares de horas de treino estavas a desenhar de olhos fechados. O mesmo com o piano, o mesmo com artes marciais, o mesmo com culinária, o mesmo com qualquer coisa. Tudo se aprende. A questão é gostar, para ter a pré disposição de aprender e investir "10.000 horas" do teu tempo, parafraseando o outro.

E quanto aos meninos que nascem com o dom de desenhar, como disse o dasens, começam desde putos a desenhar todos os dias e ainda hoje, em adultos o fazem. Se assim não fosse, não desenhavam nem metade do que desenham hoje.


EDITADO - Adorei ISTO pela simplicidade e eficácia (Composition Refresher)
 
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Como disse o dasens, convém haver alguma pré-disposição, um "jeito" para a coisa... Mas tal como não é qualquer um que entra numa academia e se torna um Mozart, também não é qualquer um que sem passar por uma faz o mesmo. Ou seja, esforço por si só pode não ser suficiente, mas o talento também não o é.

E em relação à evolução, eu comprovo isso todos os dias em mim próprio. Quando fiz as primeiras reportagens a minha visão achava aquilo tudo feito e fotografava um bocado na base do "o importante é apanhar o gajo, porque de feio não passa". Hoje, depois de mais de 20.000 fotos só em reportagem, tenho uma visão completamente diferente das coisas e já acho que há planos/ângulos/enquadramentos que dão muito mais graça à coisa.


então estamos de acordo que pode haver algum que tem esse dom naturalmente e sem esforço...
e que apesar de alguns poderem chegar perto desse nivel com esforço outros por mt que "marrem" nc vão passar de medianos

já agr e por curiosidade para que publicações fotografas? visto que disseste atras que uma delas te pedia criatividade acima do normal e as outras relativa criatividade...
 
então estamos de acordo que pode haver algum que tem esse dom naturalmente e sem esforço...
e que apesar de alguns poderem chegar perto desse nivel com esforço outros por mt que "marrem" nc vão passar de medianos
Não foi o que eu disse. Sou o primeiro a dizer precisamente o contrário. Sem esforço, nem com todo o talento do mundo. E acredito perfeitamente que é possivel passar de mediano só pelo esforço.
Acho o esforço um factor com tanto ou mais peso que o talento.

já agr e por curiosidade para que publicações fotografas? visto que disseste atras que uma delas te pedia criatividade acima do normale as outras relativa criatividade...
Várias da Edimpresa, mas a que pede criatividade fora do normal é uma publicação interna da Siemens.
 
No k toca ao fotojornalismo realmente nem sempre tem uma vertente criativa, embora eu ache k o bom fotojornalismo deva ter. Uma coisa e certa, se se vir as fotos do world press photo, normalmente tem uma componente estetica e criativa muito grande. Ou sao fotos de grande sensibilidade.
Na fotografia de autor aplica-se o mesmo principio. Eu pessoalmentre gosto k as fotografias tenham uma historia por tras. Mesmo fotografia de moda. Acho k devem ter um pouco de historia ou um conceito minimamente interessante. E claro k isso muitas vezes so se percebe quando alguem nos explica o k sepassou em determinada fotografia.
O fotojornalismo é altamente criativo. Quando "desencapado", trata-se essencialmente de contar histórias sobre o mundo em que vivemos. Independentemente de qual é a história que o fotojornalista está a contar, o valor universal do fotojornalismo é a sua abilidade inerente de comunicar (de uma forma visualmente dinâmica) sobre o mundo em que vivemos e também questionar o mundo em que vivemos. É um meio poderoso que serve como documentação visual (história) e que pode criar mudanças no mundo em que vivemos. Muito do trabalho de famosos fotojornalistas como Henri Cartier-Bresson, Robert Capa, Alfred Eisenstaedt, Leonard Freed, Robert Frank, etc, reside agora no mundo da arte, como trabalhos de belas artes a preto e branco. Para lá de todos os outros géneros de fotografia, as imagens tiradas por fotojornalistas são aquelas que são mais firmemente encaixadas na memória do público e que são mais frequentemente veneradas.

Dou um exemplo de um curso de fotojornalismo que fiz que consistia em 4 secções:

1. VER (aprender a ver uma fotografia antes de a tirar)
2. COMPOSIÇÃO (em fotojornalismo as regras convencionais de composição são atiradas pela janela fora e substituidas por composições mais dinâmicas e fluidas. No entanto isto tem o que se lhe diga, no que diz respeito à criatividade - que se aprende)
3. TIMING E SORTE (como o timing e a sorte trabalham juntos de modo a fazer de uma fotografia vulgar, extraordinária, ou de uma fotografia extraordinária, vulgar)
4. EMOÇÃO

É como disse no início, um género de fotografia que exige trabalhar a criatividade. Quem pensa que fotojornalismo é apanhar um actor ou um cantor pimba conhecido, fazer-lhe um grande plano, com um bom enquadramento e tal e tá a andar, que se desengane, porque isso não é fotojornalismo.
 
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Acabando de ler este tópico vou dar a minha opinião,

Antes de tudo o que devemos considerar arte, para a discutir?
Se a fotografia é arte, qualquer foto é uma obra de arte? Se tirar uma foto ao chão, criei uma obra de arte?
E uma pintura ou um desenho? A pintura é arte. O desenho é arte. Se desenhar um circulo no papel será arte? Se pedir a um miudo de 4 anos para pintar esse mesmo círculo de vermelho será que criou arte?
Na literatura é a mesma coisa, na música...

Depois vem a questão, será a arte subjectiva ou objectiva?

Podemos ser objectivos e tomar estas coisas como má arte?
Podemos ser objectivos e tomar estas coisas como não pertencentes ao campo da arte?

Podemos ser subjectivos, aparecendo alguém que diga que gostou da foto do chão, e sermos forçados a dizer que a fotografia do chão é uma obra de arte como todas as outras. Tão boa como uma qualquer de um fotógrafo de renome.

Todos nós teríamos muita dificuldade em admitir que uma fotografia do famoso ansel adams é tão boa como uma foto tirada por alguém, acidental ou proposamente, ao dito chão.

E tomando que toda a gente concordaria com estas conclusões, e tomando a arte como objectiva, quem vai defenir que uma arte é melhor ou pior que outra?

Vamos dar prioridade aos "criticos de arte" em principio certo? em PRINCIPIO vamos dar prioridade a quem sabe mais certo?

Não estou a dizer que as nossas opiniões têm de se reger em torno do que os criticos afirmam. Mas que devemos ceder aos factos por eles emitidos. Concordámos com a objectividade da arte, por isso temos de admitir que uma obra de arte é superior a outra porque um grupo de elite o disse.

Acho interessante quando a minha stora diz que a arte é subjectiva e defende que picasso foi o melhor pintor do mundo.
Isto é a minha esquematização do assunto.

EDIT: Por esta razão, vou concordar com o Rui, e não com o Adolfo. E também queria lembrar que nem todas as fotos e pinturas têm de ter uma explicação ou história. Mas na minha opinião há, de facto, obras boas e obras más.
 
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Eu acho que vocês se estão a esquecer de uma das coisas que normalmente faz algo passar de algo banal a arte: o contexto.

Vamos ver por exemplo um artista chamado Malevitch, para quem não conhece, é um pintor suprematista que pintou um quadro muito famoso: http://wiki.stoa.usp.br/images/1/14/Quadrado.jpg

Exacto, é um quadrado preto sobre um quadrado branco. E sim, é arte, e não é subjectivo, se não percebem, têm que aprender toda a vida de o artista, toda a história da arte dessa época e entender a razão que o levou a fazer uma coisa tão banal "que qualquer pessoa consegue fazer".

A mesma coisa se passa com a fotografia, uma coisa é gostar ou não gostar, outra coisa é perceber e saber apreciar a sua qualidade e a sua técnica. Eu não preciso de saber absolutamente nada de arte para olhar para uma fotografia e gostar ou odiar, mas preciso de saber ver o que se passa para além do óbvio para a entender.

Uma coisa que me irrita é a mania das pessoas hoje em dia se armarem todas em críticas (já com filmes e música é a mesma coisa) Lêem coisas na net e consideram-nas factos para sempre.

Coisas do género: "Pena o horizonte estar torto e teres alguns brancos queimados".
E se o fotografo intensionalmente quis deixar o horizonte torto para criar algum dinamismo, e deliberadamente queimou alguns brancos para transmitir algo mais?

Mas sim, acho que a conversa de subjectividade na arte é valida, porque, dando-vos aqui um exemplo, e eu não me considero de todo uma pessoa que pinte/desenhe bem, no exame nacional de desenho do 12º ano tive 10, pedi recurso e tive 17.
Bem, considerando que eram desenhos, e não exercicios de geometria descritiva, apenas o gosto do professor e uma visão mais aberta me possibilitou mais 7 valores.

Mas acho que as pessoas também são muito pouco receptivas a criticas por parte dos outros (exemplo disse é o site olhares, se alguém se atrever se quer a dizer "É pena estar um bocado subexposta" levam com 20 macacos em cima a dizer para nunca mais comentar porque não vale a pena)

Mas pronto... Eu concordo que não é por ser um artista de renome e conhecido que algo vindo dele vai ser bom, mas há que ter em conta todo o seu contexto e o seu percurso ao longo da vida para poder perceber a razão pelo qual ele fez o que fez.
 
Eu acho que vocês se estão a esquecer de uma das coisas que normalmente faz algo passar de algo banal a arte: o contexto.

Vamos ver por exemplo um artista chamado Malevitch, para quem não conhece, é um pintor suprematista que pintou um quadro muito famoso: http://wiki.stoa.usp.br/images/1/14/Quadrado.jpg

Exacto, é um quadrado preto sobre um quadrado branco. E sim, é arte, e não é subjectivo, se não percebem, têm que aprender toda a vida de o artista, toda a história da arte dessa época e entender a razão que o levou a fazer uma coisa tão banal "que qualquer pessoa consegue fazer".

A mesma coisa se passa com a fotografia, uma coisa é gostar ou não gostar, outra coisa é perceber e saber apreciar a sua qualidade e a sua técnica. Eu não preciso de saber absolutamente nada de arte para olhar para uma fotografia e gostar ou odiar, mas preciso de saber ver o que se passa para além do óbvio para a entender.

Uma coisa que me irrita é a mania das pessoas hoje em dia se armarem todas em críticas (já com filmes e música é a mesma coisa) Lêem coisas na net e consideram-nas factos para sempre.

Coisas do género: "Pena o horizonte estar torto e teres alguns brancos queimados".
E se o fotografo intensionalmente quis deixar o horizonte torto para criar algum dinamismo, e deliberadamente queimou alguns brancos para transmitir algo mais?

Mas sim, acho que a conversa de subjectividade na arte é valida, porque, dando-vos aqui um exemplo, e eu não me considero de todo uma pessoa que pinte/desenhe bem, no exame nacional de desenho do 12º ano tive 10, pedi recurso e tive 17.
Bem, considerando que eram desenhos, e não exercicios de geometria descritiva, apenas o gosto do professor e uma visão mais aberta me possibilitou mais 7 valores.

Se a arte fosse 100% subjectiva como é costume dizer, simplesmente não faziam testes de desenho aos alunos.

Concordo com a parte das críticas. Para todos os efeitos é um defeito que um estranho aponta, que não estava na situação que tu estavas e/ou se calhar nao percebeu o porque da subexposição e de linhas tortas.
É obvio que muita gente pede criticas e só quer é ver criticas e na verdade é assim que se deve ser, mas é preciso aprender a aceitá-las primeiro, e isso demora tempo para algumas pessoas.

PS: Tens um link a explicar o quadrado preto desse pintor? Sempre tive curiosidade em saber o que está por detrás dessa pintura.
QUE, para reforçar a minha ideia, acho-a completamente estúpida, (talvez porque ainda não li a historia), mas admito que seja uma pintura de topo e muito famosa, porque é um facto.
 
Coisas do género: "Pena o horizonte estar torto e teres alguns brancos queimados".
E se o fotografo intensionalmente quis deixar o horizonte torto para criar algum dinamismo, e deliberadamente queimou alguns brancos para transmitir algo mais?

e se eu n gostar de horizontes tortos nem brancos queimados?
lá por ser uma opção do autor, mesmo entendendo isso n tenho que gostar nem aplaudir.

e se o autor n o fez realmente pq quis, mas pq é nabo?
qts "fotografos" n há ai que mandam uma flashada na cara de alguem e queimam a cara td? dps dizem "ah e tal foi intencional" :rolleyes:

n tenho que entender para dar a minha opinião.
tenho que entender para criticar

n tenho de gostar pq é famoso

as minhas ciriticas passam por dar a minha opinião e de como o teria feito.
 
Acho que vocês estão a fugir ao assunto do tópico. Chamei-lhe a arte de ver, mas o objectivo é mostrar e discutir ferramentas que ensinem a ver criativamente. Como foi ali mostrado em cima o livro do Michael Freeman (uma pena ninguém ter vindo dar a sua opinião sobre este soberbo livro e trocarem-se ideias sobre o tema), o livro que eu referí do Ian Roberts, e outros. O que vocês estão a discutir já existe um tópico para isso.
 
Andre_pais: Tem a ver com a espiritualidade, o cósmico e o infinito (o branco) em relação ao homem e ao material (o preto), algo nessas linhas. Ele tem toda uma exposição neste estilo chamada 0,10 que foi onde o quadro foi apresentado pela 1ª vez. Tive a pesquisar, e este site parece fazer uma boa análise do quadro http://www.arte.abstrata.nom.br/analise.html

adolfo dias: mas foi exactamente isso que eu disse, uma coisa é gostar, outra é perceber. Lá porque não gostas, não quer dizer que esteja mal, certo?

E bem, quanto a esses fotógrafos que mandam a tal flashada na cara e dizem que foi de propósito, basta tal como eu disse, ir ver a galeria dele e saber se foi de propósito ou não. Não estamos aqui a falar de pseudo-fotógrafos, estamos a falar de fotógrafos a sério, em que o gostar ou não gostar pode ser subjectivo sim, mas o entender e analisar acaba sempre por ser objectivo: ou é boa, ou não é. E isso reflecte-se sempre na exposição da obra.

Tens toda a liberdade de dar a tua opinião, e ninguém é perfeito. Eu gosto quando me fazem críticas constructivas, mas que fundamentem bem o porquê. Eu percebo a tua "revolta". Ninguém tem que gostar só porque toda a gente abana positivamente com a cabeça e alguma coisa vale milhões, mas é arte, e é impossível agradar a todos.
 
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e se eu n gostar de horizontes tortos nem brancos queimados?
lá por ser uma opção do autor, mesmo entendendo isso n tenho que gostar nem aplaudir.

e se o autor n o fez realmente pq quis, mas pq é nabo?
qts "fotografos" n há ai que mandam uma flashada na cara de alguem e queimam a cara td? dps dizem "ah e tal foi intencional" :rolleyes:

n tenho que entender para dar a minha opinião.
tenho que entender para criticar

n tenho de gostar pq é famoso

as minhas ciriticas passam por dar a minha opinião e de como o teria feito.

Mas a ideia era de se uma foto X tiver esses "defeitos" intencionais, que tem de se perceber o motivo. Pode-te não agradar, e achar que ficava melhor se não tivesse os tais brancos queimados, mas que o autor fez isso com um objectivo tens de admitir.

A ideia que te estão a tentar impingir, e não digo que tenho razão nem que tu tenhas razão, é que podes gostar e não gostar, mas para realmente criticar convém que percebas a obra em causa, e se for necessário que aceites a obra como importante, bem conseguida etc.

É um assunto complicado, afinal como se pode não gostar de uma obra e aceitá-la como bem conseguida? O máximo que se pode fazer é ler sobre o porquê dessa obra ser considerada boa...

Por exemplo. Os Maias, de Eça de Queirós.
Li até metade, mas estudei profundamente o livro (pelo menos assim o penso, derivado das tediosas aulas de português) e posso dizer que não gostei de ler o livro, mas que admito-o como uma grande obra de arte e dou-lhe todo o mérito por ser o que é - um marco na literatura portuguesa.

Sim, estamos a fugir ao assunto do tópico, mas estas conversas desviam sempre, é quase impossivel manter um assunto destes "na linha"
 
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Chamei-lhe a arte de ver, mas o objectivo é mostrar e discutir ferramentas que ensinem a ver criativamente. Como foi ali mostrado em cima o livro do Michael Freeman (uma pena ninguém ter vindo dar a sua opinião sobre este soberbo livro e trocarem-se ideias sobre o tema), o livro que eu referí do Ian Roberts, e outros. O que vocês estão a discutir já existe um tópico para isso.

Sobre o livros do Michael Freeman e do Ian Roberts não posso opinar, porque (ainda) não li. E até tenho bastante curiosidade em relação ao primeiro.

Mas posso recomendar o livro "Learning to See Creatively" do Bryan Peterson que, tal como o título indica, se dedica precisamene a ensinar a ver criativamente usando equipamento fotográfico.

Por exemplo, um dos "exercícios" que recomenda logo no início e que nunca esquecerei é, usando a mesma distancia focal, tirar uma série de fotos ao mesmo motivo a diferentes distancias e alturas (em pé, de joelhos, deitado) para aprender a ver "como a lente vê."

O livro está densamente ilustrado com exemplos e contra-exemplos (coisa rara).

Conjuntamente com o livro "Understanding Exposure", do mesmo autor e mais virado para a técnica da captura em si, faz parte da minha "biblioteca essencial" de fotografia.
 
Olá Strobe. Gostei do livro "Learning to See Creatively" do Bryan Peterson, como um 1º contacto com o tema composição e design, mas de facto aquilo que se aprende no livro do Michael Freeman, no que diz respeito a aprendermos a tirar melhores fotografias e inclusivé tornarmo-nos mais críticos em relação ao nosso trabalho é de facto inegualável e muito, mas mesmo muito superior ao do Bryan Peterson. Digamos que o 1º funciona bem como uma introdução a este tema, o 2º como um aprofundamento muito eficaz e muito mais a fundo deste tema e o 3º (do Ian Roberts), um passo à frente, onde a fotografia já começa a ser vista e tratada como arte e com resultados extraordinários no nosso trabalho. Aliás, este livro foi feito para pintores, no entanto, perfeitamente aplicável à fotografia.

Neste momento e após ter lido o "Photographer's Eye" do Michael Freeman, já dispensava o "Learning to See Creatively" do Bryan Peterson, apesar de ser da opinião que quantos mais BONS livros se ler melhor, pois é sempre bom ir buscar visões diferentes de cada autor. Ou até mesmo, inspiração, quanto mais não seja pelas fotografias apresentadas, onde o Bryan Peterson "brilha". Há sempre qualquer coisa nova que se aprende da visão individual deste ou daquele autor sobre este tema.

Ainda continuo na pesquisa de mais livros sobre este tema, pois acho que nunca é demais e é um tema que para além de me estar a paixonar me está a trazer resultados surpreendentes nas minhas fotografias, o que é muito gratificante.
 
Última edição:
A ideia que te estão a tentar impingir, e não digo que tenho razão nem que tu tenhas razão, é que podes gostar e não gostar, mas para realmente criticar convém que percebas a obra em causa, e se for necessário que aceites a obra como importante, bem conseguida etc.

lá está...

"n tenho que entender para dar a minha opinião.
tenho que entender para criticar"

eu n critico trabalhos, dou a minha opinião acerca deles.
"podias ter feito assmi ou assado"
"n gostei de X ou Y"
"acho a foto banal, sem um motivo de interesse, daquelas que qq pessoa tira com o tlm no fim de semana"

acho que nc vim praqui filosofar " o teu trabalho n presta pq n seguiste a regra dos terços" ou "tens o horizonte torto, logo nc poderá ser considerada uma foto boa e manda a foto pro lixo"
 
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